Palavras Chave: Ambientes Virtuais, Conhecimento, Informação
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- Lucca Bentes Figueira
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1 AMBIENTES COMPLEXOS E VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM Ivete Picarelli PUC/SP 2010 Resumo A Internet de um modo geral está abrindo espaços para novas formas de comunicação e de buscas de informação, permitindo uma nova visão mundial sem fronteiras e favorecendo a formação de grandes redes de pessoas interligadas por interesses comuns. Assim como em outras áreas, na educação cada vez mais a Internet com seus recursos está sendo utilizada, pois em franca expansão, a rede pode favorecer desde o marketing institucional, até a reflexão, produção e divulgação do conhecimento através de seus diferentes instrumentos: sites, blogs, fóruns, plataformas de estudo, comunidades de relacionamento, entre outros. Este trabalho pretende refletir sobre a necessidade de um novo pensar e fazer pedagógico com a utilização da Internet e das Tecnologias da Informação e Comunicação TIC - na educação, sob o prisma do Pensamento Complexo para que possibilitem um real avanço cognitivo em nossos alunos e alunas, de modo a garantir a efetiva comunicação e a transformação da informação em conhecimento analisada como um processo auto-eco-organizacional. Palavras Chave: Ambientes Virtuais, Conhecimento, Informação
2 2 AMBIENTES COMPLEXOS E VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM Ivete Picarelli PUC/SP 2010 Introdução A Internet de um modo geral está abrindo espaços para novas formas de comunicação e de buscas de informação, permitindo uma nova visão mundial sem fronteiras, favorecendo a formação de grandes redes de pessoas interligadas por interesses comuns. Na educação, assim como em outras áreas, a Internet está em crescente uso. Segundo dados do MEC Ministério da Educação e Cultura em 2009 cerca de alunos do Ensino Superior optaram por estudar na modalidade a distancia 1. Números como estes, nos permitem dizer que esta modalidade está sendo utilizada cada vez mais pelos brasileiros, que por diferentes motivos, pensam na EAD - Educação a Distancia - como uma modalidade de ensino que promove a formação ou a qualificação não presencial. Porém, o fato de termos a disposição um amplo número de informações e ferramentas nesta grande rede mundial, cada vez mais utilizada com finalidade educacional, não garante necessariamente a comunicação na educação, como também não garante a transformação da informação em conhecimento. Este artigo pretende refletir sobre a necessidade de um novo pensar e fazer pedagógico com a utilização da Internet e das Tecnologias da Informação e Comunicação TIC - na educação, para que possibilitem um real avanço cognitivo em nossos alunos e alunas. Informação não é Conhecimento O direito à informação na educação é fundamental num estado democrático, mas devemos garantir que ela chegue ao aprendiz com sentido, contextualizada, para passar a ser real a quem a detêm. 1 acessado em 20/11/2009
3 3 Uma preocupação constante quando se utiliza a Internet nas práticas educacionais é a grande quantidade de dados e informações disponíveis nestes ambientes, fazendo com que sua transformação em conhecimento requeira mais que tarefas e estudos de memorização. Valente (2005) e Morin (1990), dizem-nos que uma informação é equivalente a um dado, e difere de conhecimento.este processo de transformação da informação em conhecimento é organizacional, ou melhor, auto-eco- organizacional, pois depende de cada pessoa, das situações vivenciadas por ela e de sua interação com a sociedade e com o meio biológico em que está envolvido e compreende segundo Morin (2000) quatro níveis: o contextual, o global, o dimensional e o complexo. Quando não se consegue estruturar uma informação nesta organização que se faz em torno da interação entre sujeitos e ambiente, a informação não se sustenta não se estabelece e passa a ser desconsiderada pelo indivíduo Este processo tem início na contextualização, ou seja, na forma como cada pessoa interpreta e dá significado, de acordo com a sua apropriação individual, à informação. A contextualização da informação em ambientes virtuais de aprendizagem é necessária, mas não consegue sozinha organizá-la em conhecimento. Depende também da forma como ocorre a rede de relações, a interação entre diferentes sujeitos, sujeitos e tecnologias, sujeitos e o meio físico e virtual, professor e aluno, sujeito e realidade, e sujeito e comunidade. É a visão global do processo que faz com que entendamos as partes, ao mesmo tempo em que sua análise e suas interações nos dão a visão global do processo. Segundo Moraes (2002) e Morin (2000) devemos considerar também neste processo as multidimensões dos processos educacionais que nos permite analisar as diferentes facetas das interações, os diferentes modos como as relações podem ocorrer, e o modo como as diversidades podem favorecer os processos de ensino e de aprendizagem. E finalmente, os ambientes virtuais destinados a educação devem favorecer a construção da informação em conhecimento pela perspectiva da complexidade onde todos os elementos constitutivos e inseparáveis que os formam são analisados como numa rede em que as interações e os diálogos possibilitados entre estes elementos e o meio
4 4 ambiente biológico e social, em uma concepção global, caracterizam-se como um sistema aberto, capaz de se auto-organizar diante de situações de incerteza e caos, em busca de um novo equilíbrio. Esta organização do conhecimento envolvendo o contexto, o global, a multidimensão e o complexo favorecem a organização da informação e a construção do conhecimento, lembrando sempre que ao construir um conhecimento, o sujeito torna-se disponível para organizar novos conhecimentos, conforme explicado na figura 1: Figura 1: Organização do conhecimento elaborado pela autora INFORMAÇÃO CONTEXTUAL (meio social e cultural, paradigmas, interações) MULTI- DIMENSIONAL (reconhecer diferentes dimensões no processo, como emoção e razão) GLOBAL (descontextualização,visão global do processo, autoorganização) COMPLEXO (reconhecer que é um sistema aberto às trocas, às interações, interferências e emergências) CONHECIMENTO Portanto, para uma educação de qualidade deve-se considerar que os ambientes virtuais de aprendizagem são além de uma grande fonte de informações, acessíveis a um clique no mouse, um ambiente favorável ao processo auto-eco-organizacional essencial à construção do conhecimento. Comunicação e Conhecimento Este processo auto-eco- organizacional de transformação da informação em conhecimento, envolve outro fator; a comunicação efetiva entre os sujeitos envolvidos.
5 5 Esta comunicação ocorre na intrínseca relação entre a explicação (do professor) e a compreensão (do aluno). Sendo assim, entre a informação e o conhecimento, existe ainda a comunicação e a compreensão, que sendo subjetivas, nunca são iguais nos sujeitos envolvidos. Mas, a grande dificuldade que Morin (2003) vê na comunicação, não é a explicação e nem a compreensão, é a existência de paradigmas como estruturas de pensamento que não se alteram: tudo aquilo que não entrar no seu esquema será afastado, como insignificante (Id., Ibid., p. 127). Em ambientes virtuais de aprendizagem a explicação pode ser favorecida pelo diálogo em rede, pelo debate e enfrentamento de idéias, nos diferentes espaços de interação assíncrona ou síncrona como fórum, bate-papo, correio, já que não existe a figura do professor explicando. Pode ser também incentivada pela mediação pedagógica que garanta a problematização e argumentação na procura de respostas e pelo estar junto virtual (PRADO; VALENTE, 2002), que provoque o pensamento pela reflexão, ao mesmo tempo em que acolhe e diz estou aqui, garantindo um acompanhamento do processo de construção do conhecimento. Podemos afirmar que, através do uso das tecnologias, aumenta-se o número de informações disponíveis e novas formas de comunicação podem ser introduzidas no sistema escolar. Porém, a qualidade desta comunicação e a transformação das informações em conhecimento dependerão, em grande parte, da mediação feita pelo professor e das propostas metodológicas apresentadas pelas instituições educacionais. A mudança de paradigmas e concepções do educador e das instituições educacionais se constitui muitas vezes no elemento dificultador na comunicação efetiva que leva à aprendizagem em ambientes virtuais. Assim, o papel do professor, como sujeito detentor do poder, de discursar sobre teorias inatingíveis e incompreensíveis ao aluno, perde o significado neste novo paradigma de ensino e aprendizagem em rede, sistêmico, onde cabe ao professor permitir o diálogo, a reflexão, a relação teoria e prática, e provocar o desequilíbrio cognitivo do aluno, através de situações-problema, questionamentos, desafios, simulações, para que, através da auto-eco-organização, novos níveis de conhecimento possam ser estabelecidos.
6 6 Conclusões provisórias A construção do conhecimento não é transmitida de forma mecânica pelo ambiente virtual, ela resulta da interação do sujeito ativo, que procura respostas aos desafios surgidos, com o ambiente e com o outro. Esta interação deve ser vista em sua totalidade, como uma rede, em conexão de informações, interdependentes e complementares. Envolve, também, a relação e a comunicação entre os sujeitos envolvidos; as ferramentas virtuais, os ambientes presenciais se houverem e as realidades de cada um. Portanto, ao se utilizar tecnologias na educação deve ser considerada a sua totalidade: objetivos, estratégias, metodologias, meios culturais, sociais e físicos em que ocorre, e nas interações entre os sujeitos envolvidos e entre a tecnologia. Porém, devemos sempre considerar que esta totalidade está presente nas partes que o constituem, pois através das interações promovidas, ele estará representado em cada um dos sujeitos envolvidos. Referencial Bibliográfico FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 29. ed. São Paulo: Paz e Terra, LÉVY, P. As tecnologias da inteligência-o futuro do pensamento na era da informática. São Paulo: Editora 34, MORAES, MC. O Paradigma Educacional Emergente. 11. ed. São Paulo: Papirus, Tecendo a rede, mas com que paradigma? In: MORAES, MC (Org.). Educação a distância: fundamentos e práticas. Campinas: UNICAMP /NIED, Complexidade e mediação pedagógica: novas perspectivas para a educação e a pesquisa. São Paulo: PUC/SP, MORIN, E. Introdução ao pensamento complexo. 4.ed. Lisboa: Instituto Piaget, Os sete saberes necessários à Educação do Futuro. 2.ed. São Paulo: Cortez, O Desafio Humano da Comunicação. In: ALMEIDA, CRS; PETRAGLIA, I; VEGA, AP (Orgs.). Edgar Morin: ética, cultura e educação. 2.ed.São Paulo: Cortez, p PICARELLI, I. Qualidades Emergentes em Ambientes Virtuais. Dissertação de Mestrado em Educação: Currículo. PUC/SP, PRADO; VALENTE, JA. A educação a distância possibilitando a formação do professor com base no ciclo da prática pedagógica. In: MORAES, MC. (Org.). Educação a distância: fundamentos e práticas. Campinas: UNICAMP /NIED, REGO, TC. Vygotsky: uma perspectiva histórico cultural na educação. 8.ed. Petrópolis: Vozes, 1999.
7 7 AMBIENTES COMPLEXOS E VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM A Educação na modalidade a distancia, em franca expansão nas instituições educacionais brasileiras, torna essencial a reflexão sobre o processo de transformação da informação em conhecimento nestes ambientes. A construção do conhecimento, não é transmitida de forma mecânica pelo ambiente virtual de aprendizagem de um curso a distancia, ela é um processo organizacional, ou melhor, auto-eco- organizacional, pois depende de cada pessoa, das situações vivenciadas por ela e de sua interação com a sociedade, com o meio biológico e físico em que está envolvido. Este processo compreende segundo Morin (2000) quatro níveis: o contextual, o global, o dimensional e o complexo. INFORMAÇÃO CONTEXTUAL (meio social e cultural, paradigmas, interações) MULTI- DIMENSIONAL (reconhecer diferentes dimensões no processo, como emoção e razão) GLOBAL (descontextualização,visão global do processo, autoorganização) COMPLEXO (reconhecer que é um sistema aberto às trocas, às interações, interferências e emergências) CONHECIMENTO Portanto, o processo auto-eco-organizacional da construção do conhecimento em ambientes virtuais estará condicionado à organização interna de cada indivíduo, à proposta metodológica educacional e à comunicação efetiva entre ambos. Quando não se consegue estruturar uma informação nesta organização que se faz em torno da interação entre sujeitos e ambiente, a informação não se sustenta não se estabelece e passa a ser desconsiderada pelo indivíduo. Ivete Picarelli PUC/SP
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