INTERNALIZAÇÃO DO EFD-CONTRIBUIÇÕES NOS CLIENTES DE UM ESCRITÓRIO CONTÁBIL Náthali Baldissera 1 Diana de Almeida e Silva Stedile 2 INTRODUÇÃO Esta pesquisa apresenta como tema central a internalização da EFD-Contribuições nos clientes de um escritório contábil. Desse modo a questão de pesquisa que se quer responder neste estudo é referenciar os procedimentos a serem observados na estruturação, geração e validação da EFD-Contribuições nos clientes de um escritório de contabilidade a fim de internalizar o processo. Assim, seu objetivo é analisar os procedimentos a serem observados na estruturação, geração e validação do SPED nos clientes de um escritório de contabilidade. Esta proposta de justifica, pois com o avanço da tecnologia os órgãos públicos aprimoraram a exigência de entrega de arquivos digitais, proporcionando ao fisco o cruzamento dos registros gerados pelos sistemas de gestão dos contribuintes, limitando os ilícitos tributários. Assim, faz-se necessário criar procedimentos de geração dos arquivos, bem como a validação das informações geradas para evitar futuras autuações por informações incorretas e também incompletas. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA O Sistema tributário Nacional é constituído pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, com poder de tributar, disciplinando ou instituindo a arrecadação dos Tributos. O sistema tributário nacional é constituído pelo direito tributário que estuda os princípios e normas. Disciplinam a ação estatal de exigir tributos, se preocupa com as relações jurídicas em decorrência da tributação e se estabelecem entre o fisco e os contribuintes. (CREPALDI, 2009, p. 1). De acordo com o Código Tributário Nacional (CTN), tributo é definido pelo art. 3º da seguinte forma: Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. 1 Aluno(s) do Curso de Ciências Contábeis da FSG. 2 Professor Orientador do Projeto, Trabalho ou TCC
O Programa de Integração Social e a Contribuição para Financiamento da Seguridade Social são espécies de procedência das contribuições sociais, considerando-se a semelhança entre a instituição desses tributos e a aplicação de sua arrecadação nas finalidades a que se destinem. A contribuição social é uma espécie de tributo e está prevista no art. 149 da CF/88 sendo devida tanto pelas pessoas físicas como pelas jurídicas de forma direta ou indireta. Compete exclusivamente à união. PIS é a Contribuição para o Programa de Integração Social, criada em 1970 pela Lei Complementar nº 7 para motivar a participação dos empregados no resultado e crescimento empresarial, criando uma poupança individual para cada trabalhador. COFINS é a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social, instituída pela Lei Complementar nº 70 de 1991, tem como objetivo a seguridade social (INSS), compreendendo [...] um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. (art. 194, CF/88). Segundo Ávila (2005, p. 13) a origem da COFINS foi na [...] Constituição Federal de 1988, artigo 195, I, em sua redação original, prevendo a cobrança de contribuição social sobre o faturamento. Ainda na legislação brasileira tributária existem duas metodologias para apurar o lucro das organizações. São destacados por pilares de regras gerais de apuração: incidência cumulativa e não cumulativa. O lucro real nos termos da legislação do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica é definido com base no lucro contábil. Já, o lucro presumido consiste em presumir um percentual da renda aplicada sobre a receita operacional, acrescida de outros ganhos, tornando-se uma opção simplificada para a apuração da renda das pessoas jurídicas. Quanto ao SPED o mesmo prevê a forma de cumprimento das obrigações acessórias realizadas pelos contribuintes, substituindo a emissão de livros e documentos contábeis e fiscais em papel por documentos eletrônicos, integrando a validade jurídica no reconhecimento do uso da certificação digital. A EFD-Contribuições é um dos subprojetos do SPED e inicialmente foi realizada para informar as bases de apuração dos débitos e créditos de PIS e COFINS e demais informações referentes a estas contribuições, porém a partir de 2012 foi incluída a desoneração da folha de pagamento com base no INSS sobre a Receita Bruta e não mais sobre a Folha. A escrituração fiscal digital EFD-Contribuições é um arquivo digital instituído no âmbito da Receita Federal pelo Sistema Público de Escrituração Digital. Instituída pela
Instrução Normativa nº 1.052 de 5 de julho de 2010, visa a padronização das contribuições de PIS e COFINS e na organização do cumprimento das obrigações acessórias, alterando a forma de escriturar os registros e declarações já entregues a Receita Federal do Brasil. A EFD- Contribuições passou a contemplar, conforme arts. 7º e 8º, da Lei nº 12.546/2011, a escrituração digital da Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta, incidente nos setores de serviços e indústrias, no auferimento de receitas referentes aos serviços e produtos nela relacionados. METODOLOGIA Quanto à metodologia, trata-se de uma pesquisa bibliográfica e exploratória e estudo de caso com abordagem qualitativa. O método de pesquisa utilizado compreendeu pesquisa bibliográfica para a construção da fundamentação teórica e pesquisa exploratória observando os processos da empresa e contemplando os objetivos deste trabalho. A coleta de dados através de entrevistas semiestruturadas deu-se por meio de dois questionários, compostos por um total de onze questões abertas, e aplicados a três grupos populacionais: três clientes, duas pessoas do setor fiscal e um diretor do escritório contábil. APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS Tendo em vista o objetivo central da pesquisa que é analisar os procedimentos necessários para que a estruturação, a geração e a validação da EFD-Contribuições sejam realizadas pelos clientes da empresa prestadora de serviços contábeis, Assecont, viabilizando assim, que a mesma se responsabilize apenas pela auditoria dos dados, serão levantadas as principais necessidades e dificuldades implícitas neste processo, tanto por parte dos clientes, quanto por parte da empresa. Os clientes mostram-se dispostos em arcar com os custos de treinamento e aperfeiçoamento de sua equipe por meio da consultoria oferecida pela Assecont, uma vez que os frutos oriundos do sucesso da implementação e do correto desenvolvimento do projeto EFD-Contribuições à empresa são superiores à sua complexidade e aos custos que demanda. A empresa prestadora de serviços contábeis ainda não definiu se realizará um projeto voltado exclusivamente para a consultoria em EFD, uma vez que a prática da Assecont é de executar os serviços juntamente com seu cliente, e não só orientar. Porém a idéia não é descartada pela
direção que precisaria repensar o quadro de colaboradores que requer dedicação integral à especialização no assunto para poder prestar este serviço. Quanto à proposta de intervenção foi necessário implantar algumas medidas a serem seguidas como a conscientização dos funcionários da importância da EFD-Contribuições para que se tenha êxito na implantação da geração deste arquivo nas empresas clientes, em relação às multas por atraso, fiscalização instantânea e o aproveitamento de créditos indevidos que resulta em passivo tributário. Treinamento dos colaboradores com o intuito de oferecer aos clientes treinamentos específicos e direcionados à abordagem prática e explanação de casos pertinentes à realidade dos colaboradores responsáveis pela execução da obrigação. Parametrização do sistema de gestão empresarial contratado pela empresa cliente deve atender, além das necessidades da empresa, o fisco. A integração entre a Assecont e o sistema de gestão empresarial do cliente bem como a padronização das rotinas envolvidas com a EFD-Contribuições. CONSIDERAÇÕES A pesquisa realizada possibilitou evidenciar e analisar os procedimentos observados na estruturação, geração e validação do SPED nos clientes do escritório de contabilidade, descreveu e conceituou os principais aspectos da EFD-Contribuições, verificou aspectos positivos e negativos das informações prestadas pelos clientes e analisou os procedimentos necessários para a internalização nos clientes. No entanto, além dos custos dispendidos para que os sistemas de gestão suportassem e gerassem corretamente as informações e para que os profissionais se tornassem aptos a executar o projeto SPED que tem como objetivo uniformizar as obrigações acessórias, identificar os ilícitos tributários e integração do fisco federal, estadual e municipal, foram avaliados também os aspectos positivos do SPED, como por exemplo, a redução de custos com emissão de livros com armazenamento de arquivos físicos e, principalmente, a otimização do tempo com os processos e com as diversas obrigações acessórias. Isto pode ser visualizado na análise e interpretação dos dados para desenvolvimento de relatórios gerenciais e de planejamentos estratégicos para a tomada de decisões. Ainda foram destacados os benefícios que a transparência proporcionada pelo SPED trouxeram aos contribuintes, como o fim da concorrência desleal pela inviabilidade de sonegação e de práticas ilícitas nas organizações.
Conclui-se que internalizar nos clientes da Assecont a estruturação, geração e validação da EFD-Contribuições é um projeto viável, tanto para a empresa contratante quanto para a contratada dos serviços contábeis, pois gera sustentabilidade com a informatização das informações, economia de papel, tempo, tanto para os clientes que podem direcionar seus colaboradores agora qualificados para análise de relatórios gerenciais, auxílio no planejamento estratégico e na gestão da empresa em geral, quanto para a Assecont que pode investir em novos nichos de mercado, como prestação de serviços de auditoria e consultoria especializada em SPED e, ainda, serviços jurídicos voltados aos recursos cabíveis às ações de autuações fiscais relacionadas aos tributos PIS e COFINS. REFERÊNCIAS AZEVEDO, Osmar Reis; Mariano, Paulo Antonio. SPED: sistema público de escrituração digital. 2.ed. São Paulo: IOB, 2009. BEUREN, Ilse Maria (Org.) Como Elaborar Trabalhos Monográficos em Contabilidade: teoria e prática. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009. OLIVEIRA, Luis Martins de. et al. Manual de Contabilidade tributária: textos e testes com respostas. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2009. RECEITA FEDERAL DO BRASIL. Guia Prático EFD-CONTRIBUIÇÕES. Versão 1.0.9, 2012. Disponível em: <http://www1.receita.fazenda.gov.br/sistemas/efd-piscofins/download/guia_pratico_efd_pis_cofins_versao_1.0.9.pdf>. Acesso em 25 mai. 2012. RODRIGUES, Aldenir Ortiz. et al. Escrituração Fiscal Digital (EFD-PIS/Cofins). 1. ed. São Paulo: IOB, 2011. SANTOS, Cleônimo dos. Como calcular e recolher PIS/PASEP e COFINS. 7. ed. São Paulo: IOB, 2010. Palavras-chave: COFINS. PIS. SPED. Tributos.