O CORREDOR NOROESTE (RIO MADEIRA) COMO CANAL LOGISTICO PARA ABASTECIMENTO DO NORDESTE: UMA PROPOSTA A PARTIR DOS ESTOQUES GOVERNAMENTAIS.



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Transcrição:

O CORREDOR NOROESTE (RIO MADEIRA) COMO CANAL LOGISTICO PARA ABASTECIMENTO DO NORDESTE: UMA PROPOSTA A PARTIR DOS ESTOQUES GOVERNAMENTAIS. IVO MANOEL NAVES; JOÃO BATISTA SOARES; UNB BRASILIA - DF - BRASIL ivo.naves@apis.com.br APRESENTAÇÃO ORAL Estrutura, Evolução e Dinâmica dos Sistemas Agroalimentares e Cadeias Agroindustriais O CORREDOR NOROESTE (RIO MADEIRA) COMO CANAL LOGISTICO PARA ABASTECIMENTO DO NORDESTE: UMA PROPOSTA A PARTIR DOS ESTOQUES GOVERNAMENTAIS. Grupo de Pesquisa: 4 - Estrutura, Evolução e Dinâmica dos Sistemas Agroalimentares e Cadeias Agroindustriais. Resumo O Governo Federal remove parte dos seus estoques formados no Mato Grosso para o Nordeste para atender o Programa Vendas em Balcão, por intermédio do modal rodoviário, que não é recomendando para longas distâncias. Propõe-se que, a exemplo da iniciativa privada, seja utilizada a multimodalidade proporcionada pelo Corredor Noroeste ou do Rio Madeira. Palavras-chaves: Logística, Estoques Públicos, Corredor Noroeste (Rio Madeira). Abstract The Federal Government transfers parts of their supplies feed from Mato Grosso to Northeast to meet the needs of the Purchase in Counter Program, through the road modal, which in not recommended to long distance. We propose the utilization of the multimodality provided by the Northwestern Corridors or from Madeira River s.

Key Words: Máximo: Logistics, Public Supply, Northwestern Corridors (Madeira River s). 1 - INTRODUÇÃO Em decorrência da execução da Política de Garantia de Preços Mínimos - PGPM são formados estoques públicos, normalmente em regiões superavitárias em produção, como o oeste do Mato Grosso. Depois de armazenados, tais estoques são devolvidos ou comercializados para o mercado através de vendas ou instrumentos de subvenção econômica. Partes destes estoques são removidas por razões estratégicas (localização, abertura de espaço, risco de perda, etc) ou para atender demandas de programas de abastecimento específicos, como o Programa Vendas em Balcão. O Programa Venda em Balcão, operacionalizado pelo Governo Federal, através da Companhia Nacional de Abastecimento Conab proporciona aos pequenos produtores acesso aos estoques públicos, auxiliando no suprimento de matérias primas necessárias ao desenvolvimento de suas atividades econômicas que geram renda e emprego locais. Tem, pois, objetivos e resultados sócio-econômico reconhecido. Normalmente os pólos de distribuição localizados no Nordeste são supridos por estoques formados no oeste do Mato Grosso, transportados pelo modal rodoviário, apresentando, assim, alto custo logístico, em face da distância média entre os pontos de origens e destino (em média 3.900 km.) e demais imperfeições do mercado de fretes rodoviário brasileiro, impactando o custo final do Programa e, portanto, dos gastos públicos com a PGPM. Para minimizar o custo de logística na exportação da produção agrícola daquela região, a iniciativa privada tem transportado parte da produção de soja e milho, utilizando os modais disponíveis no que conceitua-se como Corredor Noroeste ou do Rio Madeira, ou seja, por via rodoviária de Mato Grosso até Porto Velho (RO), seguindo daí pela Hidrovia do Rio Madeira até Itacoatiara (AM), onde é embarcada para países do Hemisfério Norte. Em face de tal cenário, emerge a proposta da remoção de milho depositado no oeste do Mato Grosso para atender pólos de distribuição do Programa Vendas em Balcão no Nordeste, por intermédio da intermodalidade proporcionada pelo Corredor Noroeste (Rio Madeira), conforme esquematização demonstrada na Figura 1.

Figura 1 Remoção de estoques públicos do oeste do MT para pólos de distribuição do 2,1 - OBJETIVOS GERAIS Operacionalizar alternativa de escoamento que possibilitará a economia de divisas com importação de produtos agrícolas para atender demanda dos Estados do Nordeste, reconhecidamente importadores de produtos. Propor ações de logística visando otimizar o processo operacional da produção até o destino final. 2 - OBJETIVOS O transporte de estoques públicos, através da esquematização da Figura 1, é uma alternativa para atender demanda do Programa Venda em Balcão no Nordeste e, também, uma nova opção para o escoamento da produção agrícola do Centro-Norte, principalmente do noroeste do Mato Grosso, de forma competitiva e racional, que, depois de consolidada, possibilitará a economia de divisas pelo país com importação de produtos agrícolas, uma vez que o abastecimento de parte da demanda dos Estados Nordestino é realizado por intermédio de importações da Argentina e do Estados Unidos. Assim, este trabalho tem-se os seguintes objetivos: Propor alternativa de minimização dos gastos governamentais com transportes de produtos do oeste do Mato Grosso para atender pólos de distribuição do Programa Vendas em Balcão no Nordeste. Induzir os agentes de mercados a adotarem uma nova sistemática de logística, viabilizando o escoamento da produção agrícola do oeste do Mato Grosso para o abastecimento da Região Nordeste.

3 - PROBLEMÁTICA E RELEVÂNCIA A Política de Garantia de Preços Mínimos é uma das âncoras do deslocamento e da consolidação e de sustentação do crescimento da produção agrícola brasileira para e na região do Centro Norte do País, onde também se vislumbra a expansão da produção agrícola e a geração de excedentes exportáveis e para o abastecimento interno. É onde, pois, o Governo continuará a formar estoques públicos e desencadeará ações de logísticas para a administração dos mesmos. O Programa de Vendas em Balcão, executado pelo Governo desde a década de 80, é um instrumento de alcance social e econômico. Ele se enquadra dentro das políticas públicas de sustentação dos pequenos negócios locais, que fomentam renda e empregos e, com isto, evita o aumento da pobreza e êxodos locais para territórios urbanos, inchando e agravando as condições das populações que habitam as grandes cidades. Todavia, os custos de movimentação de estoques necessários ao desencadeamento do Programa são altos. Eles são removidos pelo modal de maior predominância na matriz brasileira de transporte, o rodoviário, e deslocados em longas distâncias. Isto eleva os gastos governamentais efetuados dentro da PGPM, o que prejudica os resultados e as avaliações dos programas de remoção dos estoques públicos e de Venda em Balcão, Assim, tem-se, de um lado, a política pública de fomento da produção agrícola no oeste do Mato Grosso, e a de suporte aos pequenos produtores agroindustriais nordestinos. Por outro lado, tem-se a problemática das longas distâncias e altos custos de transportes para o deslocamento dos estoques que viabilizam o Programa Vendas em Balcão. Tal cenário induz à busca de alternativas que contribuam para atenuar os custos de transportes para o Programa. A idéia que se coloca é a da movimentação através de modais mais baratos, utilizando os conceitos da multimodalidade e dos Corredores Estratégicos de Transportes, aproveitando os meios possíveis e disponíveis para o escoamento de produtos agrícolas com minimização de custos logísticos. Nesta concepção, para os estoques públicos de milho do oeste do Mato Grosso, que são removidos para atender pólos de distribuição no Nordeste do Programa Vendas em Balcão, encaixa-se a proposta de utilização da sistemática logística utilizada pela iniciativa privada do Corredor Noroeste: transporte terrestre até Porto Velho; hidroviário pelo Rio Madeira até porto no Rio Amazonas; cabotagem até porto no Nordeste e ponta rodoviária final até o pólo de distribuição. 4 - REFERÊNCIAL TEÓRICO

Em 1996 o Ministério da Agricultura divulgou 1 estudo demonstrando a expansão da produção agrícola em direção ao Norte e que o escoamento da produção agrícola do norte e oeste do Mato Grosso, com vistas à exportação, apresentaria custos logísticos menores utilizando-se multimodalidade disponibilizada pelo Corredor Noroeste ou do Rio Madeira. Em 1997 a Conab, no Relatório de 1996 do Departamento de Movimentação e Estoques Governamentais, a proposta de trabalho de estudar da viabilidade técnica de remoção dos estoques públicos através do Rio Madeira (pg. 24). Em estudos do GEIPOT 2, de 1999 e 2001, os Corredores Estratégicos de Transportes em direção ao Norte e Nordeste são destacados como de fundamental importância estratégica para o país, barateado o custo logístico total dos produtos exportados e para o aumento da competitividade e a renda do produtor brasileiro, baseando-se em quatro premissas. Primeira: tem origem nas regiões de fronteira agrícola e de potencial expansão. Segunda: utilizam a multimodalidade, minimizando o rodoviarismo. Terceira: estão mais próximos dos portos dos países do hemisfério norte, tendo, pois, um custo de frete internacional menor, E quarto, por desafogarem a malha rodoviária e os portos do Sul e Sudeste, reconhecidamente congestionados e saturados. Em estudo publicado em 2005 3, a Conab fez um relato do sistema de escoamento da produção agrícola brasileira, mostrando a importância e a potencialidade da utilização dos Corredores de Transportes, destacando que: É imprescindível que a matriz de transporte brasileira seja alterada, aumentando a participação dos modais ferroviários e hidroviários e com larga utilização da intermodalidade (pg. 5). Em outro estudo ainda em 2006 4, a Conab apresenta um diagnóstico da produção agrícola nas localidades de influência do Corredor Noroeste, destacando a 1 LICIO, A.; CORBUCCI, R. A agricultura e os corredores de transporte multimodais. Brasília, DF: Revista de Política Agrícola, ano 5, n 2, p. 22-36, 1996.. 2 EMPRESA BRASILEIRA DE PLANEJAMENTO DE TRANSPORTE GEIPOT. Corredores Estratégicos de Desenvolvimento: Relatório Final Fevereiro 1998. Brasília, DF: GEIPOT. 1998. 328 p.. Corredores Estratégicos de Desenvolvimento: Relatório Final Setembro 2001. Brasília, DF: GEIPOT. 2001. 221 p. 3 COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO - CONAB. As vias de escoamento da safra brasileira. Brasília, DF: Conab, 2005, 67 p. 4 COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO - CONAB. Corredores de Escoamento da Produção Agrícola. Brasília, DF: Conab, 2005, 67 p.

potencialidade de crescimento da produção agroindustrial daquela área, apontando o Corredor do Rio Madeira como um canal de escoamento competitivo. A hidrovia (do Madeira)... se apresenta como a alternativa modal mais competitiva no escoamento da produção agrícola do estado de Rondônia e do oeste do Mato Grosso, com destino às regiões Norte, Nordeste e mercado de exportação (pg.6). Confirmando tais estudos, o volume de carga embarcada no porto de Porto Velho, com vistas à exportação, cresceu de 319,4 mil t em 1997 para 2,3 milhões de t em 2005. Um crescimento de mais de sete vezes. A capacidade operacional projetada para os portos de Porto Velho e Itacoatiara é de 3 milhões de toneladas anuais. 2500 2000 complexo soja milho mil toneladas 1500 1000 500 0 97 98 99 "00 01 02 03 04 05 06 ano Figura 2 - Porto de Porto Velho (RO) Evolução das quantidades exportadas Fonte: HERMASA 5 - ESTUDO DE CASO Em 2007 foi apresentada, no curso de mestrado em Agronegócios da Unb, dissertação 5 propondo e comparando os custos logísticos entre a remoção de milho do oeste do Mato Grosso para abastecimento do Programa Vendas em Balcão no Nordeste pelo Corredor Madeira com o tradicional transporte rodoviário, concluindo que: 5 NAVES, Ivo Manoel., A remoção dos estoques públicos através do Corredor Noroeste: uma análise sob a ótica da logística do agronegócio. 2007, 144 p. Dissertação (Mestrado em Agronegócios). Universidade de Brasília/Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, 2007.

... a remoção de milho das praças Campos de Júlio e Sapezal, no oeste do Mato Grosso, por meio do Corredor Noroeste e via cabotagem até o Nordeste, para atender os pólos de distribuição do Programa de Vendas em Balcão nos Estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, tem menores custos logísticos que a utilização somente do modal rodoviário. Na melhor das hipóteses (Sapezal), tem-se uma economia de R$ 1,3 milhão ou de 10,2% (R$ 14,8 milhões no modal rodoviário, contra R$ 13,4 milhões pelo Corredor Noroeste) para cada cota mês do Programa (40 mil t/mês). No ano (12 cotas) a economia seria de R$ 15,6 milhões. (pg.124) A diferença econômica encontrada pode ser considerada como não significativa e está relacionada aos altos custos de transbordo; a necessidade de acondicionamento (ensaque) para o transporte em contaneirs até os portos do Nordeste, a baixa oferta (somente duas empresas operam rotineiramente na rota) e aos altos custos dos fretes de cabotagem e os poucos portos de destino que são operados no Nordeste o que eleva os fretes rodoviários nas pontas finais. (pg. 124) Por ser de difícil mensuração, fatores de externalidades não foram computados, tais como a economia de combustíveis e a preservação ambiental, ambos favoráveis à multimodalidade. A primeira impacta o saldo da Balança Comercial do país e a segunda não contribui para o conceito de multifuncionalidade da agricultura e aumenta a degradação do meio ambiente. Ademais, aumentando o fluxo de transportes de ida no Corredor, elevar-se-á a oferta de retornos para internalização de insumos agropecuários e outros produtos demandados na região. (pg. 125) 6 - DISCUSSÃO Ao se discutir a proposta de transportar produtos do oeste do Mato Grosso para o Nordeste, através do Corredor Noroeste, surge de imediato dois questionamentos. O primeiro diz respeito a sua viabilidade econômica, em razão da necessidade de transbordos e da conhecida ineficiência de tais serviços no país, sobretudo naquela região, o que tornaria a operação onerosa. O segundo diz respeito ao fato de os agentes de mercado não estarem operando tal sistemática, o que leva a inferência de sua não eficiência ou exeqüibilidade. Relativamente aos custos de transbordos, a operação estudada e calculada na citada dissertação foi desenhada considerando os custos de cinco transbordos e ensacagem, pois o transporte de cabotagem para o Nordeste é oferecido atualmente somente para o produto ensacado e em contaneirs. Assim, os custos dos transbordos e do acondicionamento do produto (de granel para ensacado) foram computados nos cálculos apresentados e a multimodalidade mostrou-se mais econômica

Claro está, porém, que os custos apresentados são estimativos, pois tal operação ainda é inédita e, portanto, não se têm os custos efetivos. Mas tais cálculos validam estudos realizados pela ASLOG Associação Brasileira de Logística e divulgado por Caixeta Filho et al (2001), demonstrando que para o transporte em longa distância (acima de 1.200 km) o modal hidroviário é o mais recomendado. Para distâncias inferiores a 500 km o modal rodoviário é o de menor custo, ficando o ferroviário como o mais indicado para a faixa de 500 a 1.200 km. Há que se atentar, porém, para um cenário de curto prazo, onde os agentes de mercado informam que, definido um fluxo contínuo, é possível o oferecimento do transporte de cabotagem a granel até os portos de destino, o que baratearia, sobremaneira, os custos logísticos, haja vista a diminuição dos gastos com ensacamento e quebras. Relativamente à questão de os agentes de mercado não estarem operando tal rota, há que se lembrar do pressuposto da Nova Economia Institucional e dos Custos de Transação, com relação à inexistência de neutralidade e da avidez dos mesmos por lucros, o que os leva a realizar operações somente com certeza absoluta de receitas crescentes e superiores aos gastos e/ou investimentos necessários à sua consecução. Assim, enquanto não existir um fluxo consolidado de produtos a ser transportado e equacionada a questão dos transbordos, inclusive com instalação de novos e eficientes pontos, dificilmente os agentes de mercado atuarão no canal. Não se pode esquecer que a proposta é uma inovação na sistemática logística até então utilizada, o que ressalta, pois, o papel do Estado. Sabe-se que na remoção de produtos do oeste do Mato Grosso, trafegando pelo Corredor do Rio Madeira, pode-se utilizar os fretes de retorno de insumos importados do Nordeste pelo agronegócio de Rondônia e do Amazonas, tais como o sal mineral, como divulgado na Emater-RO em Revista de agosto/07 (pg. 21). Isto, no curto prazo, também baratearia os custos finais da operação via Corredor Noroeste. A presidente do porto de Porto Velho (RO), informou que a institucionalização de um tráfego da magnitude e constância do necessário ao Programa Balcão, justificaria a ampliação e modernização das instalações daquele Porto, o que baratearia os custos portuários de interior e aumentaria a capacidade de expedição. Agentes portuários atuantes em Porto Velho (RO) e Manaus (AM), afirmam que, mesmo utilizando-se a cabotagem tradicional, quando do efetivo fechamento da operação, é possível obter uma tarifa menor que a considerada na dissertação. Esta tarifa tenderia a uma curva de declínio com a institucionalização (planejamento) de um fluxo contínuo. Ademais, em razão do transporte de materiais de construção do Nordeste para aquela Região, navios e containers passariam a ter fretes de retorno, o que também baratearia o frete final. Representante das empresas de cabotagem informam que a institucionalização de um fluxo de produtos agrícolas, a granel, da região de influência do Corredor Madeira, em direção ao Nordeste, viabilizaria a instalação de Estaleiros para a construção de barcaças especiais para o transporte de cabotagem (interior) e marítimo, permitindo, a exemplo do que se tem sistematizado na Europa, o deslocamento direto de Porto Velho (RO) para portos do Nordeste, diminuindo os custos com transbordos e as tarifas de frete de cabotagem, em um futuro próximo.

7 - CONCLUSÃO Nos últimos dez anos, inúmeros são os estudos elaborados por diversos órgãos públicos, entidades de classes e universidades que enfatizam a necessidade da reversão da política de transportes no Brasil, como fatores de competitividade do agronegócio brasileiro, concentrada em dois pilares. O primeiro da alteração da matriz rodoviária predominante no país e inadequada para longas distâncias, incrementando a utilização da multimodalidade e o dos modais hidroviário e ferroviário. O segundo, uma questão de fluxo: o escoamento através dos Corredores que levam ao Norte e Nordeste, descongestionando a malha de transporte que levam aos portos do Sul e Sudeste, minimizando o Custo Brasil. Estas premissas aplicam-se a gestão dos estoques públicos. Deste modo, a remoção de estoques do oeste do Mato Grosso para pólos do Programa Vendas em Balcão no Nordeste, através do Corredor Noroeste, apresenta-se, pois, como uma alternativa para minimizar os custos logísticos do Programa, e como uma inovação, pois o abastecimento da Região Nordeste, fortemente dependente de importações, passaria a ser feito com produto nacional. A proposta deverá ser definida após contatos com agentes de mercado envolvidos, levantadas e mapeada todas as especificidades operacionais e uma prévia realização de ações de coordenação entre os agentes de mercado, para troca de informações para maximizar os resultados a serem obtidos. Uma vez consolidado o canal logístico, o mesmo configurar-se-á em uma nova via para o escoamento da produção agrícola do oeste do Mato Grosso em direção e para o abastecimento da Região Nordeste, a ser utilizada também pela iniciativa privada em futuro próximo. Inovações e busca de menores custos são metas e objetivos estratégicos do Estado e dos agentes do agronegócio, uma vez que a importância dos custos logísticos no custo final dos produtos gerados no agronegócio está cada vez mais clara, em face ao peso no custo final do produto. 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAIXETA FILHO. J.V. et al. Transportes e Logística em Sistemas Agroindustrias. São Paulo: Atlas. COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO - CONAB. Relatório de Atividades Departamento de Movimentação de Estoques 1996. Brasília, DF: Conab, 1997, 24 p. As vias de escoamento da safra brasileira. Brasília, DF: Conab, 2005, 67 p.. Corredores de Escoamento da Produção Agrícola. Brasília, DF: Conab, 2005, 67 p.

EMPRESA BRASILEIRA DE PLANEJAMENTO DE TRANSPORTE GEIPOT. Corredores Estratégicos de Desenvolvimento: Relatório Final Fevereiro 1998. Brasília, DF: GEIPOT. 1998. 328 p.. Corredores Estratégicos de Desenvolvimento: Relatório Final Setembro 2001. Brasília, DF: GEIPOT. 2001. 221 p. LICIO, A.; CORBUCCI, R. A agricultura e os corredores de transporte multimodais. Brasília, DF: Revista de Política Agrícola, ano 5, n 2, p. 22-36, 1996.. NAVES, Ivo Manoel., A remoção dos estoques públicos através do Corredor Noroeste: uma análise sob a ótica da logística do agronegócio. 2007, 144 p. Dissertação (Mestrado em Agronegócios). Universidade de Brasília/Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, 2007.