O SETOR DE TURISMO NA REGIÃO NORDESTE: MEDIDAS E IMPACTOS A PARTIR DA MATRIZ INSUMO- PRODUTO INTER-REGIONAL

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Transcrição:

O SETOR DE TURISMO NA REGIÃO NORDESTE: MEDIDAS E IMPACTOS A PARTIR DA MATRIZ INSUMO- PRODUTO INTER-REGIONAL Poema Iss Andrade de Souza * Joaqum José Martns Gulhoto ** Raul da Mota Slvera Neto *** RESUMO O setor de tursmo tem chamado atenção no cenáro nternaconal devdo ao elevado crescmento das atvdades turístcas no mundo. Nesse contexto, o Nordeste do Brasl possu grandes vantagens comparatvas, pos é uma regão com dotação de fatores propícos ao aprovetamento econômco dessas atvdades, como, por exemplo, o ltoral extenso formado por belas praas. Assm, neste estudo foram analsadas as partcpações das atvdades turístcas na economa do Nordeste e suas relações ntersetoras, a partr de uma matrz nsumo-produto nter-regonal, referente ao ano de 2009, de forma nédta. Também foram nvestgados os mpactos do aumento da demanda do tursmo no Nordeste sobre a desgualdade de renda na regão e no Brasl. Os resultados encontrados mostram uma partcpação do setor de tursmo equvalente a 2,77% do PIB do Nordeste, enquanto que no Brasl essa partcpação fo de 2,27%. Assm, o setor de tursmo fo mas mportante para a economa nordestna, se comparado às demas regões do país. Verfcou-se, também, que o Nordeste tem um peso maor no setor de tursmo do país, do que sua partcpação méda na economa braslera, em termos de emprego e renda. De fato, há evdêncas de uma especalzação da economa nordestna no setor de tursmo no país. Palavras-chave: Tursmo. Matrz nsumo-produto. Nordeste do Brasl. ABSTRACT The toursm sector has emerged on the nternatonal scene due to the hgh growth of tourst actvtes n the world. In ths context, the Northeast of Brazl has comparatve advantages, because t has an extensve coastlne wth beautful beaches. Therefore, n ths study the partcpaton of tourst actvtes n the Northeast economy and ts relatonshps among sectors were analyzed from an nter-regonal Input-Output Matrx, for the year 2009, n a poneerng way. In addton, ths study nvestgated the mpacts of ncreased toursm demand n the Northeast on ncome nequalty n that regon and n the country. The results show a share of the toursm sector equvalent to 2.77% of GDP n the Northeast, whle n Brazl ths share was 2.27%. Thus, the toursm sector was more mportant for the Northeastern economy, compared to other regons of the country. It was found also that the Northeast has a hgher weght n the toursm sector of the country, than your average share of the Brazlan economy n terms of employment and ncome. Indeed, there s evdence of the Northeastern economy specalzaton n the toursm sector n the country. Keywords: Toursm. Input-output matrx. Northeast of Brazl. * Doutora e mestre em Economa pela Unversdade Federal de Pernambuco (UFPE). Professora adjunta da Faculdade Marsta do Recfe (FMR). poema.ss@ gmal.com ** Lvre-docente pela Unversdade de São Paulo (USP) e pós-doutor em Economa pela Unversty of Illnos at Urbana-Champagn (UIUC). Professor ttular e vce-dretor da Faculdade de Economa, Admnstração e Contabldade da USP e pesqusador do Conselho Naconal de Desenvolvmento Centífco e Tecnológco (CNPq). *** Pós-doutor pela Unversty of Illnos at Urbana-Champagn (UIUC) e doutor em Economa pela Unversdade de São Paulo (USP). Professor do Departamento de Economa e do Programa de Pós-graduação em Economa da Unversdade Federal de Pernambuco (UFPE) e pesqusador do Conselho Naconal de Desenvolvmento Centífco e Tecnológco (CNPq). XI ENCONTRO DE ECONOMIA BAIANA SET. 2015 ECONOMIA REGIONAL 434

1. Introdução O desempenho do setor de tursmo braslero anda pode ser consderado aquém de suas possbldades. No período mas recente, entre 2000 e 2012, o país apresentou uma taxa de crescmento médo anual de turstas estrangeros bastante tímda de apenas 1% (Mnstéro do Tursmo do Brasl, 2012). Porém, de acordos com os dados do estudo Estatístcas Báscas do Tursmo (Mnstéro do Tursmo do Brasl, 2010), o Brasl, ao longo dos anos, nunca alcançou nem 1% do total do fluxo de turstas estrangeros no mundo. Assocado a esse fato, uma análse dos dados brasleros também dsponíves no documento de Estatístcas Báscas do Tursmo (Mnstéro do Tursmo do Brasl, 2010), para o período de 1999-2009, revelou que o país apresenta um processo de perda de compettvdade na atração de turstas nternaconas, em relação a outras localdades da Amérca do Sul. Assm, as estatístcas apontam uma partcpação anda "tímda" do país no tursmo nternaconal. Os dados da OMT revelaram uma partcpação braslera de 0,55% no total de vstantes estrangeros no mundo em 2009, que correspondeu a um número total de 4.802.217 de vstantes nternaconas. Esse fluxo de tursta representou 23,42% do total de estrangeros que desembarcaram na Amérca do Sul. Vale salentar, desta forma, que há uma sub-representação braslera no tursmo nternaconal sul-amercano, pos o Brasl é o maor país em extensão terrtoral e a maor economa da regão. Portanto, quando se compara o peso do PIB braslero no PIB da Amérca do Sul, para o ano de 2009, o país atngu uma partcpação de 56%, segundo os dados da CEPAL (Comssão Econômca para Amérca Latna e Carbe, 2011). Na comparação do desempenho braslero na recepção de turstas estrangeros com a performance do Méxco, país latno-amercano que tem extensão terrtoral, número de habtantes e PIB menores do que o do Brasl, o tursmo receptvo nternaconal mexcano alcançou 4,5 vezes o número braslero, com um valor aproxmado de 21,5 mlhões de turstas, em 2009 (Mnstéro do Tursmo do Brasl, 2010). Assm, embora o Méxco tenha uma vantagem no tursmo nternaconal devdo à proxmdade geográfca com os Estados Undos, por exemplo, as nformações anterormente apresentadas dexam nítdo o baxo aprovetamento das potencaldades brasleras no tursmo nternaconal. Em relação ao tursmo doméstco no Brasl, os dados dsponíves nas Estatístcas Báscas do Tursmo (Mnstéro do Tursmo do Brasl, 2011) mostram um desempenho mas favorável do setor de tursmo braslero. No período 2000-2010, por exemplo, o crescmento de desembarques naconas de passageros em aeroportos teve uma taxa méda de crescmento 9,4% ao ano. Esse ndcador de desempenho das atvdades atreladas ao tursmo fo muto superor à méda do crescmento econômco anual braslero nesse período, o que sugere grandes oportundades de desenvolvmento do setor turístco com o fortalecmento do mercado nterno. Recentemente, alguns estudos corroboram com a dea de que o tursmo no Brasl pode desempenhar uma função relevante na geração de emprego e renda, redução da desgualdade e da pobreza no país. Um dos trabalhos poneros com este enfoque fo o de Casmro Flho (2002), que analsou a contrbução do tursmo na economa braslera a partr da construção de uma matrz nsumo-produto, o qual verfcou uma partcpação do setor equvalente a 7,54% do PIB naconal em 1999, correspondendo a um total de 7 mlhões de empregos dretos relaconados ao tursmo. O trabalho de Takasago et. al. (2010) também elaborou uma matrz nsumo - produto para o setor turístco no Brasl, referente ao ano de 2006. Todava, este estudo teve uma vantagem sobre o de Casmro Flho (2002) porque, além de ser mas atual, consderou os percentuas da mão de obra voltadas exclusvamente para o atendmento dos turstas, a partr de um XI ENCONTRO DE ECONOMIA BAIANA SET. 2015 ECONOMIA REGIONAL 435

levantamento do IPEA (Insttuto de Pesqusas Econômcas Aplcadas). Assm, por exemplo, do total dos alojamentos, 73% eram voltados para o tursmo, já no que se refere ao setor de almentação, esse percentual fo de 11,92%. Esses ajustes permtram uma estmatva mas precsa sobre a mportânca econômca do setor turístco na economa braslera, que, em 2006, atngu 5% do PIB naconal. No contexto do tursmo braslero, o Nordeste se destaca por possur o ltoral mas extenso do país, composto por belas praas, e um clma quente, além dos dversos aspectos culturas nerentes à regão, consderados atratvos turístcos com grandes potencaldades de aprovetamento econômco. Essa potencaldade turístca do Nordeste pode ser aprovetada de forma a tornar-se um mecansmo voltado para a redução da desgualdade de renda e pobreza no Brasl, uma vez que o tursmo tem potencaldades de crescmento e representa um setor onde a geração de emprego e de renda estão nteramente baseados nas vantagens ou dotações locas de recursos, e a regão nordestna braslera concentra a maor proporção de pobres, alcançando aproxmadamente 53% da pobreza no país em 2009 (IPEADATA), além de elevada desgualdade de renda. É fato que o número de estudos sobre a mensuração dos mpactos econômcos do setor turístco no Brasl anda é lmtado, o que torna ndspensável o desenvolvmento de novas pesqusas voltadas para o setor, que poderão ser nstrumentos adequados para a formulação de polítcas públcas para o fortalecmento das atvdades turístcas no país. Nesse sentdo, o Nordeste apresenta lmtações anda maores de dados referentes aos mpactos socoeconômcos do tursmo em relação ao que ocorre no Brasl. Desta forma, o presente trabalho pretende dmnur esta lacuna do número reduzdo de estudos realzados sobre o setor de tursmo na economa braslera e, especalmente, no Nordeste. Assm, com o objetvo de mensurar a contrbução econômca do tursmo na regão Nordeste, em termos de emprego e renda e a contrbução das atvdades turístcas na redução da desgualdade de renda do trabalho, pretende-se utlzar uma Matrz Insumo-Produto (MIP) nterregonal para o Brasl referente ao ano de 2009. A MIP nter-regonal nclu nformações ntersetoras da matrz nsumo-produto, além de nformações das Contas Econômcas Integradas, da PNAD (Pesqusa Naconal por Amostra de Domcílos) e da POF (Pesqusa de Orçamentos Famlares), que engloba aspectos de geração de renda entre os setores na economa. Neste trabalho, a MIP nter-regonal rá ncorporar também nformações sobre a dstrbução da renda do trabalho e o consumo do tursmo por faxa de renda estabelecda, com o ntuto de verfcar os mpactos das atvdades turístcas nas remunerações dos trabalhadores no setor. Além desta ntrodução, a estrutura deste artgo está composta em mas 5 seções. A seção 2 traz uma revsão de lteratura sobre a relação entre o setor de tursmo e o desenvolvmento econômco. A seção 3 apresenta a metodologa referente ao modelo nsumo-produto. A seção 4 traz a análse da prmera parte dos resultados, que se refere ao dmensonamento da economa do tursmo no Brasl, com destaque para a regão Nordeste. A seção 5 contém a segunda parte da análse de resultados, com a análse de mpactos das atvdades turístcas na geração de emprego, renda. Por fm, a seção 6 traz as consderações fnas deste estudo. XI ENCONTRO DE ECONOMIA BAIANA SET. 2015 ECONOMIA REGIONAL 436

2. O Setor de Tursmo e o Desenvolvmento Econômco: Revsão de Lteratura A exploração do tursmo traz dversos benefícos econômcos traduzdos, especalmente, em termos de geração de renda, emprego e acumulação de dvsas, como resultado, prncpalmente, da exploração da dotação de recursos locas (recursos naturas, aspectos hstórcos e culturas). Outro benefíco das atvdades turístcas, que tem sdo bastante enfatzado em anos mas recentes, é a relevânca do tursmo na redução da pobreza nos países em desenvolvmento. Destaca-se, neste sentdo, que o mas mportante mpacto pró-pobre do tursmo é resultante da maor cração de oportundades de emprego para os grupos mas vulneráves da socedade através produção de bens e servços turístcos (ASHLEY et al, 2000, apud CROES e VANEGAS, 2008). Blake et al. (2008) destacam os canas pelos quas o setor turístco pode nfluencar o nível de pobreza e dstrbução de renda em uma regão, são eles: preços dos bens e servços, rendmentos e recetas do governo. Então, através do modelo de equlíbro geral, que nclu esses canas de transmssão, é possível quantfcar os efetos do tursmo sobre a pobreza e desgualdade de renda. O trabalho de Blake fo realzado para o Brasl e, a partr dele, fo encontrado que o setor de tursmo benefca a população de baxa renda e apresenta forte potencal na redução da desgualdade de renda no país. Alguns trabalhos realzados com o ntuto de mensurar o mpacto do tursmo na economa utlzaram o modelo nsumo-produto, porque a partr dessa metodologa é possível calcular o mpacto do setor turístco e suas relações ntersetoras, como por exemplo, na produção total e no nível de empregos. Frechtlng e Horvath (1999) fzeram um estudo através da matrz nsumo-produto para estmar o mpacto do tursmo na economa de Washngton D.C, nos EUA. Os resultados encontrados mostraram que o multplcador da atvdade sobre o nível de emprego é elevado, cerca de 3/4 a mas do que o coefcente observado para as atvdades ndustras. O Insttuto Naconal de Estatístca e Geografa do Méxco (INEGI, 2014) dvulgou nformações recentes sobre a partcpação do setor de tursmo na economa mexcana, em 2012, comparando-o com o peso do setor turístco em alguns países mportantes no tursmo mundal. Assm, fo observado que as atvdades turístcas atngram uma partcpação de 8,4% no PIB da economa mexcana, valor superor ao observado no prncpal país receptor de turstas estrangeros no mundo, a França, em que o setor atngu 7,3% do PIB naconal, porém, menor do que o valor observado na Espanha que atngu 10,9% do PIB do espanhol. Com o ntuto de mensurar a mportânca econômca do setor turístco no Brasl, Casmro Flho (2002) estmou os mpactos do tursmo na economa braslera no ano de 1999, através do modelo nsumo-produto, e constatou que o setor representava 7,54% do PIB naconal e 12,2% do total de empregos do país. Takasago et al. (2010) produzram as nformações mas recentes para a partcpação do setor turístco na economa braslera, e fzeram alguns ajustes nas partcpações alguns segmentos que não são exclusvos do setor de tursmo, a partr de um estudo realzado pelo IPEA. Assm, percebeu-se que a atvdade de transporte muncpal de passageros fo a mas mportante no setor turístco, em 2006, com um peso de 22,6% no total do valor adconado, seguda da atvdade de hospedagem com 13,7%. Anda, no mesmo estudo, Takasago et al. (2010) mostraram que a partcpação do tursmo no PIB naconal, quando se consderam apenas os servços turístcos chegou a 2,3%. Porém, quando são ncluídos, tanto os nsumos usados pelo tursmo, quanto os outros servços da economa que são demandados por conta das atvdades turístcas, essa contrbução alcança 5,0%. XI ENCONTRO DE ECONOMIA BAIANA SET. 2015 ECONOMIA REGIONAL 437

Outro estudo recente elaborado por Haddad et al. (2013) analsaram os efetos do tursmo doméstco no Brasl, a partr de um modelo de equlíbro geral computável, consderando as dferentes estruturas de consumo do tursmo nter-regonal doméstco braslero, e dferentes fontes de fnancamento do consumo do tursmo, que podera ser através da redução da poupança ou do consumo de outros bens e servços. O resultado fnal apontou os efetos postvos do tursmo na redução da desgualdade nter-regonal de renda no Brasl, com os maores ganhos líqudos para a regão Nordeste. 3. Metodologa e Base de dados 3.1. O modelo básco de Matrz Insumo-Produto A matrz nsumo-produto mostra que a produção total é utlzada, em parte, como nsumos dreconados aos dversos setores e, também, destnada para atender a demanda fnal (consumo das famílas, nvestmentos, gastos do governo e exportações). O valor de produção total gerado também pode ser compreenddo como resultante da utlzação de nsumos naconas e produtos mportados, pagamento de mpostos e geração do valor adconado (nclu todas as remunerações dos fatores) na produção dos bens e servços na economa. Assm, para todo valor produzdo por setor tem-se um nível de mão de obra empregada. O QUADRO 1 exemplfca uma matrz nsumo-produto. QUADRO 1 Matrz Insumo-Produto com 2 setores Setor 1 Setor 2 Consumo Famílas Governo Investmento Exportações Total Setor 1 Z 11 Z 12 C 1 G 1 I 1 E 1 X 1 Setor 2 Z 21 Z 22 C 2 G 2 I 2 E 2 X 2 Importação M 1 M 2 M c M g M M Impostos T 1 T 2 T c T g T T e T Valor adconado W 1 W 2 W Em que: Total X 1 X 2 C G I E Fonte: Gulhoto et al.(2010). Zj é o fluxo monetáro entre os setores e j; C é o consumo das famílas dos produtos do setor ; G é o gasto do governo junto ao setor ; I é a demanda por bens de nvestmento produzdos no setor ; E é o total exportado pelo setor ; X é o total de produção do setor ; T é o total de mpostos ndretos líqudos pagos por ; M é a mportação realzada pelo setor ; W é o valor adconado gerado pelo setor. XI ENCONTRO DE ECONOMIA BAIANA SET. 2015 ECONOMIA REGIONAL 438

A partr do Quadro 1 apresentado, as dentdades contábes que compõem a produção total pela ótca das despesas e pela ótca de seus custos podem ser gualadas, conforme pode ser observado abaxo: X1 + X2 + C + G + I + E = X1 + X2 + M + T + W (1) Na reorganzação da equação 1, chega-se à segunte dentdade: C + G + I + (E M) = T + W (2) A partr das equações apresentadas, pode-se representar o valor de produção total da economa com n setores da segunte forma: n j1 z j c g 1,2,..., n I e x (3) Sendo: zj é a produção do setor que é utlzada como nsumo ntermedáro pelo setor j; c é a produção do setor que é consumda domestcamente pelas famílas; g é a produção do setor que é consumda domestcamente pelo governo; I é a produção do setor que é destnada ao nvestmento; e é a produção do setor que é exportada; x é a produção domestca total do setor. O modelo de Leontef assume uma relação constante entre os nsumos utlzados em cada setor e a produção total do setor, que fo denomnado de coefcente técnco de produção ( aj,) com a segunte notação: a j z x j j (4) Desta forma, as relações econômcas passaram a ser expressas transformando o consumo zj numa relação entre os coefcentes técncos e os valores de produção de cada setor, além, de agregar todos os componentes da demanda fnal na varável y da segunte manera: Em que: n j1 a j x y 1,2,..., n j aj é o coefcente técnco que ndca a quantdade de nsumo do setor necessára para a produção de uma undade de produto fnal do setor j e y é a demanda fnal por produtos do setor, sto é, c + g + I + e. x (5) XI ENCONTRO DE ECONOMIA BAIANA SET. 2015 ECONOMIA REGIONAL 439

A equação 5 pode ser expressa na forma matrcal, passando a ser representada por: Ax y x (6) Sendo A uma matrz de coefcentes dretos de nsumos de ordem (n x n), x e y são vetores colunas de ordem (n x 1). Com o ntuto de obter a relação entre o nível de produção para satsfazer a demanda fnal, fo desenvolvda a segunte equação: A matrz ( I A) 1 x ( I A) 1 y é denomnada matrz de coefcentes dretos e ndretos, ou a matrz de 1 Leontef, que passa a ser representada por B. Assumndo-se, B ( I A), cada elemento da matrz B é denomnado e deve ser nterpretado como sendo a produção total do setor que é b j necessára para produzr uma undade de demanda fnal do setor j. No cálculo do efeto total da demanda na economa, denomnado efeto nduzdo, deve-se tornar o consumo e a renda das famílas fatores endógenos no modelo nsumo-produto, uma vez que a partcpação das famílas no consumo fnal depende de sua renda, que é orgnára da remuneração do fator trabalho no processo produtvo, dependendo, assm, do que é produzdo em cada setor. O setor famíla será ncorporado na matrz X, atrelando-se uma nova lnha e uma nova coluna. Desta forma deverá surgr a matrz A em substtução da matrz A, da segunte forma: (7) A A H r H 0 c (8) A matrz é a nova matrz de coefcentes técncos, que engloba o vetorlnha dos coefcentes de renda das famílas ( H ), consderando-se os n-setores; e vetor-coluna A dos coefcentes de consumo dos n-setores ncas ( produção total segunte forma: X (( n 1) x1) X e de demanda fnal X X n 1 r H c ( n 1) x ( n 1) ). Portanto, surgrão novos vetores de Y ) (( n 1) x1, que são representados da Y Y (10) Y n 1 Desta forma, o modelo de Leontef passa a ser representado por: (9) X B Y (11) 1 B ( I A) (12) XI ENCONTRO DE ECONOMIA BAIANA SET. 2015 ECONOMIA REGIONAL 440

A nterpretação econômca da matrz de coefcentes técncos da matrz A revela apenas as relações dretas entre os nsumos e a produção de uma undade monetára, não consderando os efetos ndretos. Todava, a matrz de Leontef consdera todos os efetos, dretos e ndretos, de varações da demanda fnal, e pode ser escrta como uma sére convergente de potêncas, quando o n tende ao nfnto, pos os coefcentes técncos da matrz A estão entre 0 e 1. B ( I A) 1 I A 2 A 3... n A (13) A prátca mas comum é consderar os fluxos das matrzes nsumo-produto em valores monetáros, substtundo a utlzação de undades físcas de fluxo de produção entre os setores. Isso pode gerar uma lmtação em termos de mudanças nos valores dos coefcentes, decorrentes de alterações nos preços relatvos, que para efetos de análse, são consderados constantes. Outras hpóteses mportantes utlzadas no modelo nsumo-produto são (Casmro Flho, 2002): Coefcentes técncos fxos, que expressam retornos constantes de escala; Cada setor produz somente um tpo de produto por meo de um únco processo de produção; Não exste substtução entre nsumos; Não há restrções de recursos; A oferta é perfetamente elástca. 3.2. A Matrz Insumo-Produto nter-regonal A matrz de nsumo-produto nter-regonal é uma abordagem mas completa em termos de relações econômcas entre regões, pos leva em consderação os fluxos de comérco entre as localdades, não apenas no que refere ao atendmento da demanda fnal, mas também na aqusção de nsumos pelos setores da economa. Sendo assm, no modelo de nsumo-produto nter-regonal, há a decomposção do consumo ntermedáro, elementos da demanda fnal e os componentes dos valores agregados de orgem da própra regão e das demas regões especfcadas na matrz. Desta forma, são consderadas as estruturas setoras de todas as regões envolvdas no modelo, o que aumenta o poder de explcação dos resultados obtdos. Uma lustração de uma matrz nsumo-produto nter-regonal, baseada em Gulhoto (2011), com duas regões (R e S) pode ser observada no QUADRO 2, a segur. Deve ser ressaltado que os componentes da demanda fnal são o consumo das famílas, nvestmentos, gastos do governo e as exportações. XI ENCONTRO DE ECONOMIA BAIANA SET. 2015 ECONOMIA REGIONAL 441

Regão R QUADRO 2 - Matrz Insumo-Produto Inter-regonal Setores Demanda Fnal (DF) Produção Total Regão R Regão S Regão R Regão S (X) Insumos ntermedáros de R para R Insumos ntermedáros de R para S DF de R para R DF de R para S R Regão S Insumos ntermedáros de S para R Insumos ntermedáros de S para S DF de S para R DF de S para S S Importações Resto do Mundo (M) Importações Resto Mundo (M) do Importações Resto do Mundo (M) Importações Resto do Mundo (M) M Impostos Indretos Líqudos (IIL) Impostos Indretos Líqudos (IIL) Impostos Indretos Líqudos (IIL) Impostos Indretos Líqudos (IIL) IIL Valor adconado Produção Total Regão R Valor adconado Produção Total Regão S Fonte: Elaboração própra, baseada em Gulhoto (2011). 3. 3. Multplcadores: nfluêncas do setor Uma vez que os coefcentes da matrz nversa de Leontef foram obtdos, é possível calcular o mpacto de cada setor j, dreto e ndreto, na geração de empregos, mportações, mpostos, saláros e valor adconado para cada undade monetára produzda para a demanda fnal desse setor (Gulhoto, 2011). Para sso, prmeramente, é necessáro calcular os respectvos coefcentes dessas varáves de nteresse a partr da dvsão dos valores dessas vaáves utlzados na produção específca de cada setor e depos são calculados os geradores, conforme pode se observado a segur: v j V X n GV b Em que: v é o coefcente que representa quanto de cada varável em questão V (empregos, mportações, mpostos, saláros, valor adconado) contrbu na produção total do setor correspondente. O b j é o j-ésmo elemento da matrz nversa de Leontef empregos, mportações, mpostos, saláros, valor adconado) do setor j. 1 j v (14) (15) XI ENCONTRO DE ECONOMIA BAIANA SET. 2015 ECONOMIA REGIONAL 442

A dvsão dos Geradores pelo respectvo coefcente dreto gera os multplcadores, que ndcam quanto é crado, dreta e ndretamente, de emprego, mportações, mpostos, ou qualquer outra varável para cada undade dretamente orgnada desses tens. Por exemplo, o multplcador de empregos ndca a quantdade de empregos crados, dreta e ndretamente, para cada emprego dreto crado. O multplcador do -ésmo setor sera dado então por: GV MV V Já o multplcador de produção, que ndca o quanto se produz para cada undade monetára gasta no consumo fnal é defndo como: (16) Sendo MP j matrz nversa de Leontef. n MP j b j 1 o multplcador de produção do j-ésmo setor e b j (17) é o j-ésmo elemento da 3.4. Os Índces de lgação Hrschman - Rasmussen 1 A partr da matrz nversa de Leontef, B ( I A), é possível mensurar o encadeamento de cada setor específco com o restante da economa, através dos efetos para trás e para frente, conhecdos como os índces de lgação Hrschman - Rasmussen, orgnáros dos trabalhos Rasmussen (1956) e Hrschman (1958). Os índces de lgação para trás quantfcam quanto um setor específco demanda de outros setores. Já os índces de lgação para frente revelam o quanto o setor em análse é demandado por outros setores da economa. O cálculo desses índces também são encontradas em Gulhoto et al. (2010), tas índces podem ser representados da segunte forma: Índce de lgação para trás: j * Índce de lgação para frente: Sendo: U j B* n B (18) U * B n * B B * é a méda de todos os elementos de B; B * j é a soma de uma coluna j de B; B * n é a soma de uma lnha de B; é o número de setores da economa. O Índce de lgação para frente fo reformulado de tal forma que consderasse os coefcentes obtdos a partr do cada valor da produção de cada setor específco destnado aos demas setores da economa sobre o valor total da produção, dando orgem à matrz de Ghosh. Assm, os coefcentes da matrz de Gosh foram calculados nas lnhas da matrz de nsumoproduto, em substtução dos coefcentes dos índces para trás que são calculados em relação às colunas (MILLER e BLAIR, 2009). Portanto, defnu-se a matrz de Ghosh para o modelo de oferta de Leontef, e os índces de lgação para frente passaram a ser defndos da segunte forma: (19) XI ENCONTRO DE ECONOMIA BAIANA SET. 2015 ECONOMIA REGIONAL 443

U G (1 X G * n G* ^ 1 Z) Índce de lgação para frente: (20) Portanto, neste estudo, os Índces de lgação para frente serão calculados a partr da matrz de Ghosh, pos através dessa matrz pode-se obter a relação de cada setor como fornecedor de nsumos na economa. Os setores que apresentam valores elevados dos índces de Hrschman - Rasmussen são consderados setores-chave na economa porque têm forte relação com os demas setores exstentes. Se o índce de lgação para trás for maor do que 1, sgnfca que o setor em análse tem uma forte dependênca com os demas setores na economa na demanda por nsumos. Já se o índce de lgação para frente for maor do que 1, sgnfca que o setor é mportante no fornecmento de nsumos na economa. 1 (19) 3.6. A base de dados da MIP nter-regonal para o Tursmo no Nordeste As matrzes que compõem o sstema de nsumo-produto são dvulgadas pelo IBGE na forma de duas tabelas: Tabela Recursos e Tabela Usos de Bens e Servços. Essas duas tabelas são a base para a construção da matrz de coefcentes técncos e da matrz nversa de Leontef (MILLER; BLAIR, 1985, apud Gulhoto at al, 2010). Todava, para a execução deste trabalho, pretende-se adotar a Matrz Insumo-Produto, com quatro regões (Nordeste, Sudeste, Sul e Resto do Brasl), para o ano de 2009. Nordeste Sudeste Sul QUADRO 3 Regões de estudo REGIÕES Resto do Brasl (Norte e Centro-Oeste) SIGLA A MIP nter-regonal de 2009 fo estmada por Gulhoto (2013) e também as nformações das seguntes bases de dados do IBGE, Pesqusas de Orçamentos Famlares 2008/2009 (POF) e a Pesqusa Naconal por Amostra de Domcílos 2009 (PNAD). A matrz nsumo-produto nterregonal estmada por Gulhoto (2013) e fo elaborada a partr do Sstema de Contas Naconas (SCN). A classfcação das atvdades que compõem o setor de tursmo é defnda no âmbto nternaconal pela Organzação Mundal do Tursmo, de acordo com a Classfcação Internaconal Unforme das Atvdades Turístcas (Clasfcacón Internaconal Unforme de Actvdades Turístcas CIUAT) compatível com a tercera revsão da Internatonal Standard Industral Classfcaton ISIC, elaborada pelas Nações Undas. A partr da compatblzação exstente entre a CIUT e a CNAE (Classfcação Naconal de Atvdades Econômcas) do Brasl, o IBGE defnu a classfcação das Atvdades Característcas do Tursmo (ACTs) em consonânca com a classfcação da OMT. Assm, as ACTs adotadas na composção do tursmo no Brasl tem equvalênca nternaconal, através dos códgos da CNAE 1.0, conforme mostra o QUADRO 4, a segur. NE SE S RBR XI ENCONTRO DE ECONOMIA BAIANA SET. 2015 ECONOMIA REGIONAL 444

QUADRO 4 Classfcação das Atvdades Característcas do Tursmo Fonte: IBGE (2007) Neste trabalho, o grupo de atvdades consderadas como do setor de tursmo teve uma composção mas smplfcada, se comparado com o adotado pelo IBGE. Prmero, formam desconsderas as atvdades de agênca de vagens, além dsso, foram agregados os segmentos de servços culturas e servços desportvos em um únco setor. Portanto, o setor de tursmo defndo neste estudo contém 9 atvdades, ao nvés de 11 atvdades, como adotado pelo IBGE. Essa restrção aconteceu porque a matrz nsumo-produto nter-regonal de Gulhoto (2013) não contemplava o setor de tursmo da mesma forma como fo defndo pelo IBGE. A ausênca do setor de agêncas de tursmo não ocasonará em subestmatvas muto elevadas, vsto que, por exemplo, de acordo com o estudo de Takasago (2010), esse segmento representou 3,4% do PIB do tursmo no Brasl, em 2006. As atvdades turístcas deste estudo, portanto, são as seguntes: 1. Transporte rodováro de passageros 2. Transporte Aéreo de passageros 3. Transporte Ferrováro de passageros 4. Transporte Aquaváro de passageros 5. Atvdades Auxlares de Transporte - Passageros 6. Aluguel de automóves 7. Alojamento 8. Almentação Turístca (Atvdades de almentação voltadas para o atendmento dos turstas) 9. Atvdades recreatvas A estrutura da MIP nter-regonal contém 66 setores que ncluem os orgnas das Tabelas de Recursos e Usos do IBGE e os 9 setores que caracterzam as atvdades turístcas. As famílas serão dvddas em 6 estratos de rendas, apresentadas, a segur, no QUADRO 5: XI ENCONTRO DE ECONOMIA BAIANA SET. 2015 ECONOMIA REGIONAL 445

QUADRO 5 ESTRATOS DE RENDA Estrato de Renda Saláro Mínmo (SM) Até R$830 0 a 2 R$830 - R$1245 2 a 3 R$1245-R$2490 3 a 6 R$2490-R$4150 6 a 10 R$4150-R$6225 10 a 15 R$6225 ou mas Mas de 15 Para a compatblzação das dferentes bases de dados utlzadas na elaboração da MIP deste trabalho serão utlzados os códgos da CNAE 2.1 (Classfcação Naconal de Atvdades Econômcas) consderando 5 dígtos, sendo o últmo um códgo verfcador. 4. Análse de Resultados I: Dmensonamento do setor de Tursmo na Economa Nordestna Embora a matrz utlzada na maor parte das análses contenha 66 setores por regão, nesta seção fo realzada uma síntese da economa do Nordeste a partr de uma estrutura de 13 setores, cuja agregação encontra-se no APÊNDICE A deste estudo. A mportânca de se fazer uma síntese dos prncpas setores da economa nordestna é porque essa agregação faclta a compreensão dos prncpas setores do Nordeste, e assm, verfcar a mportânca do setor turístco em relação às demas atvdades econômcas na regão. No que dz respeto à composção do PIB nordestno (a preços báscos), o prncpal setor econômco fo o setor composto pelas atvdades de educação, saúde e educação públcas, segudo do setor referente às atvdades de comérco e do setor denomnado de outros servços. Entre os 13 setores estabelecdos, o setor de tursmo ocupou a décma posção na partcpação no PIB do Nordeste e atngu 2,8% do PIB da regão, conforme mostra a Fgura 1, a segur. FIGURA 1 Partcpação de cada setor no PIB do Nordeste (%) Fonte: Elaboração própra. Dados da MIP 2009. XI ENCONTRO DE ECONOMIA BAIANA SET. 2015 ECONOMIA REGIONAL 446

Em relação à dstrbução das ocupações no Nordeste entre os seus dversos setores econômcos, observou-se que a mão de obra está fortemente concentrada no setor agropecuáro, com um peso de 32%, segudo das atvdades no segmento de outros servços, com 17%, e do comérco, com 16%. Nessa abordagem, o setor turístco ganha mportânca no total de trabalhadores empregados no Nordeste e atngu uma partcpação de 4%, ocupando a sétma posção, sgnfcando que a renda gerada pelo trabalho no tursmo na regão é relatvamente baxa. A FIGURA 2, que contém os números totas de ocupações em cada setor e sua partcpação percentual. FIGURA 2 -Total de empregos por setor no Nordeste. Fonte: Elaboração própra. Dados da MIP 2009. Com o objetvo de verfcar as potencaldades de cada setor na economa do Nordeste na geração de valor de produção e empregos, esta seção traz nformações sobre os multplcadores dessas varáves para a economa, e tem a função de captar os efetos dretos e ndretos de cada varação de uma undade do valor produção e de emprego em cada atvdade. A TABELA 1, a segur, contém esses dados. TABELA 1 Multplcadores de Produção (MP) e Multplcares de Emprego (ME) no Nordeste. Atvdades MP Posção ME Posção Agropecuára 1,23 11º 1,06 13º Indústra extratva mneral 1,21 12º 1,68 5º Indústra de transformação 3,58 1º 7,23 1º Produção e dstrbução de eletrcdade, gás e água 1,52 4º 3,27 2º Construção 1,41 6º 1,29 9º Comérco 1,52 5º 1,22 10º Transporte, armazenagem e correo 1,29 9º 1,32 8º Servços de nformação 1,35 7º 1,50 7º Intermedação fnancera, seguros e prevdênca complementar1,28 10º 2,08 3º Atvdades mobláras e aluguel 1,06 13º 1,59 6º Outros servços 1,53 3º 1,18 12º Admnstração, saúde e educação públcas 2,07 2º 2,05 4º Tursmo 1,31 8º 1,19 11º Fonte: Elaboração própra. Dados da MIP 2009. XI ENCONTRO DE ECONOMIA BAIANA SET. 2015 ECONOMIA REGIONAL 447

As prncpas conclusões em relação aos multplcadores de produção na economa nordestna é que os setores mas mportantes são os da ndústra de transformação, seguda da admnstração públca e de outros servços. No caso específco do tursmo, o setor ocupou a 8ª posção, com um multplcador de produção gual a 1,31, que ndca que para cada R$1 mlhão produzdo pelo setor são gerados R$1,31 mlhão na economa. De fato, não se esperava um valor muto elevado para o multplcador de produção do tursmo por se tratar de um setor de servços ntensvo em mão de obra com baxas relações ntersetoras. Na análse dos multplcares de emprego, percebe-se que a ndústra de transformação apresentou o maor valor, ndcando que para cada trabalhador ocupado nesse segmento são geradas 7,23 ocupações. Já o setor de tursmo teve um multplcador de emprego equvalente a 1,19. Ou seja, esse dado reflete um baxo mpacto ndreto das atvdades turístcas sobre os demas setores da economa geradores de emprego. Esses valores baxos são característcos do setor de tursmo, em geral, como mostram os trabalhos de Casmro Flho (2002) e Takasago (2006), por exemplo. Por fm, os últmos ndcadores que serão apresentados nesta abordagem sobre a economa do Nordeste referem-se aos índces lgação Hrschman Rasmussen, que medem o quanto um setor demanda de outros setores, o índce para trás, e quanto um setor é mportante no fornecmento de nsumo aos demas, índces para frente. A FIGURA 3, a segur, contém os índces lgação Hrschman Rasmussen. FIGURA 3 Índces Hrschman-Rasmussen para os setores do Nordeste. Fonte: Elaboração própra. Dados da MIP 2009. Os prncpas setores demandantes no Nordeste, a partr da Fgura 3, foram a ndústra de transformação e a admnstração públca, enquanto os maores setores ofertantes da economa nordestna também foram a ndústra de transformação e o setor de comérco. Anda sob a perspectva dos índces de lgação, notou-se que o tursmo tem índces baxos dos dos tpos, porém apresenta maor relevânca como um setor demandante, com um índce de lgação para trás equvalente a 0,71, enquanto seu índce de lgação para frente fo gual a 0,65. Ambos os índces tveram valores menores do que 1, sgnfcando que o setor de tursmo apresentou relações ntersetoras menores do que a méda observada dos demas setores na economa. XI ENCONTRO DE ECONOMIA BAIANA SET. 2015 ECONOMIA REGIONAL 448

Na estmatva da mportânca do PIB (a preços báscos) do tursmo na economa braslera, a partr da MIP nter-regonal de 2009, fo verfcado que o setor gerou 63,352 blhões de reas na economa braslera, correspondente a 2,27% do PIB naconal. A maor contrbução regonal para o PIB do tursmo no Brasl fo gerada pelo Sudeste, que atngu 57% do total. O Nordeste fcou em segundo lugar, com um peso de 17%, enquanto que o peso da regão Sul no setor correspondeu a 14% e o Resto do Brasl (Norte e Centro-Oeste) teve um peso de 12%, conforme mostra a FIGURA 11, a segur. 5. Análse de Resultados II: A partcpação das atvdades turístcas na economa do Nordeste e os seus efetos sobre a desgualdade de renda regonal Para entender a dmensão econômca do tursmo no Nordeste de uma forma mas mnucosa é mportante fazer uma análse da partcpação de cada atvdade turístca na composção total do setor. Desta forma, o valor adconado total do tursmo no Nordeste fo segmentando entre suas atvdades. Assm, fo verfcado que as atvdades turístcas de maor valor agregado foram as de alojamento, com um peso de 33,5%, segudo do segmento de almentação, com 31,5% e, em tercero, os servços de transporte rodováro de passageros que atngu 19,2% do valor total. Essas nformações estão dsponíves na TABELA 2 adante. TABELA 2 Partcpação (%) de cada atvdade no Valor Adconado do tursmo do Nordeste - 2009 Nordeste Brasl Valor (R$ mlhões) Part. (%) Valor (R$ mlhões) Transporte rodováro de passageros 2.033,35 19,2 11.373,92 18,2 Transporte Aéreo de passageros 685,48 6,5 6.572,53 10,5 Transporte Ferrováro de passageros 208,64 2,0 1.389,42 2,2 Transporte Aquaváro de passageros 159,63 1,5 472,31 0,8 Atvdades Auxlares de Transporte Passageros Aluguel de automóves e de outros meos de transporte terrestre Part. (%) 269,22 2,5 2570,50 4,1 226,97 2,1 881,20 1,4 Alojamento 3.544,67 33,5 14.349,20 23,0 Almentação 3.328,51 31,5 23.864,99 38,2 Atvdades recreatvas e culturas 121,12 1,1 970,60 1,6 Valor total do tursmo 10.577,60 100,0 62.444,67 100 Fonte: Elaboração própra. Dados da MIP 2009. Na análse da partcpação do valor adconado do setor turístco no valor total da produção gerada pelo setor, observou-se uma partcpação equvalente a 49,1% no Nordeste. Anda, destaca-se que o valor adconado do tursmo teve um maor percentual voltado para a remuneração do fator trabalho, 55,2%, ndcando uma relação trabalho-ntensva nas atvdades turístcas, enquanto que o excedente operaconal bruto mas o rendmento msto bruto corresponderam a 44,8% desse valor, como pode ser vsto na TABELA 3. XI ENCONTRO DE ECONOMIA BAIANA SET. 2015 ECONOMIA REGIONAL 449

TABELA 3 Partcpação do valor adconado na produção total das atvdades turístcas no Nordeste Atvdade turístca Valor Remunerações EOB + Adconado do trabalho/ Rendmento (V.A.)/ V.A. Msto/V.A. produção total (%). (%). (%) Transporte rodováro de passageros 46,4 71,6 28,4 Transporte Aéreo de passageros 54,1 33,8 66,2 Transporte Ferrováro de passageros 68,9 93,2 6,8 Transporte Aquaváro de passageros 51,2 44,5 55,5 Atvdades Auxlares de Transporte Passageros 62,9 32,9 67,1 Aluguel de automóves terrestre 51,9 16,0 84,0 Alojamento 86,4 26,5 73,5 Almentação 33,0 54,8 45,2 Atvdades recreatvas e culturas 63,9 48,7 51,3 Setor de tursmo 49,1 55,2 44,8 Fonte: Elaboração própra. Dados da MIP 2009. A partr da TABELA 3, percebeu-se que apesar da maor parte das atvdades que compõem o setor de tursmo utlzar ntensvamente o fator trabalho, a partcpação das remunerações da mão de obra no valor adconado fcou acma do peso do excedente operaconal bruto apenas nas atvdades transporte rodováro de passageros, transporte ferrováro de passageros e no segmento de almentação. Esse comportamento pode ser reforçado devdo às baxas remunerações das atvdades turístcas no Nordeste, que segue o mesmo padrão das demas atvdades na regão em relação à méda naconal. Já os segmentos que apresentaram as maores partcpações do excedente operaconal bruto no total do valor adconal geral foram aqueles com maor ntensdade de captal, como o segmento de aluguel de automóves e o transporte aéreo de passageros. A Tabelas 4 apresenta um resumo dos prncpas ndcadores da economa do tursmo no PIB (a preços báscos) do Brasl segmentado pelas macrorregões brasleras. XI ENCONTRO DE ECONOMIA BAIANA SET. 2015 ECONOMIA REGIONAL 450

TABELA 4 PIB das atvdades turístcas (em R$ mlhões) e suas partcpações (%) nas economas do Nordeste e do Brasl. NE SE SUL RBR BRASIL Transporte rodováro de passageros 2.081,81 6.316,91 1.689,39 1.500,74 11.588,84 Transporte Aéreo de passageros 698,84 4.176,66 925,85 880,04 6.681,39 Transporte Ferrováro de passageros 212,27 889,94 228,04 77,09 1.407,35 Transporte Aquaváro de passageros 162,59 50,79 118,84 148,35 480,58 Atvdades Auxlares de Transporte - Passageros 272,42 1.733,90 329,04 270,67 2.606,03 Aluguel de automóves e de outros meos de transporte terrestre 227,69 357,27 108,91 189,75 883,61 Alojamento 3.570,25 6.989,68 1.928,55 1.953,71 14.442,20 Almentação - Turístco 3.388,20 14.788,11 3.260,62 2.836,24 24.273,17 Atvdades recreatvas e culturas 123,14 617,10 145,06 103,70 989,00 Valor do PIB do Tursmo 10.737 35.920 8.734 7.960 63.352,16 Valor do PIB da Economa 387.317,18 1.519.447,85 468.604,29 419.009,68 2.794.379,00 Partcpação (%) do tursmo na economa 2,77 2,36 1,86 1,90 2,27 Partcpação (%) Regonal no tursmo 16,95 56,70 13,79 12,57 100,00 Partcpação(%) Regonal na economa 13,86 54,38 16,77 14,99 100,00 Fonte: Elaboração própra. Dados da MIP 2009. A dstrbução dos empregos do tursmo entre as dversas atvdades turístcas pode ser observada na TABELA 5, a segur. TABELA 5 Partcpação (%) de cada atvdade turístca no emprego do setor de Tursmo. NE SE SUL RBR BRASIL Transporte rodováro de passageros 17,6 15,8 16,9 15,7 16,4 Transporte Aéreo de passageros 0,7 1,9 1,3 0,8 1,4 Transporte Ferrováro de passageros 0,6 0,8 0,7 0,2 0,6 Transporte Aquaváro de passageros 0,3 0,0 0,2 0,5 0,2 Atvdades Auxlares de Transporte - Passageros 0,1 0,2 0,1 0,1 0,1 Aluguel de automóves e de outros meos de transporte terrestre 0,5 0,5 0,4 0,3 0,5 Alojamento 12,8 11,0 16,3 17,0 13,0 Almentação 65,7 67,6 62,1 64,0 65,9 Atvdades recreatvas e culturas 1,7 2,2 2,0 1,4 1,9 Tursmo 100 100 100 100 100 Fonte: Elaboração própra. Dados da MIP 2009. De acordo com a TABELA 5, a maor parte das ocupações geradas pelo setor de tursmo fo gerada no setor de almentação, em todas as regões do país. No Nordeste, este segmento alcançou um percentual equvalente a 65,7% do total de empregos no tursmo. Em segundo lugar, a atvdade turístca que gerou o maor número de ocupações fo a de transporte rodováro de passageros, na maora das regões. A únca exceção fo encontrada no Resto do Brasl, regão formada pelo Norte e Centro-Oeste. Isso pode ser explcado pela maor presença de transporte aquaváro no Norte do país. Na regão Nordeste, o transporte rodováro de passageros ocupou o segundo lugar na geração de empregos no tursmo, sendo responsável por 17,6% da mão de obra total no segmento. Uma síntese do número total de ocupações nas atvdades do segmento turístco está dsponível na TABELA 5, apresentada logo em seguda, e também nforma a partcpação das ocupações turístcas no total das ocupações de cada regão defnda neste estudo e a dstrbução regonal desses empregos gerados pelo setor no país em comparação com a totaldade de XI ENCONTRO DE ECONOMIA BAIANA SET. 2015 ECONOMIA REGIONAL 451

empregos da economa. Destacam-se os setores de almentação, transporte rodováro e alojamento como os mas mportantes na geração de emprego no tursmo. TABELA 5 Síntese sobre as ocupações nas atvdades turístcas por regão. NE SE SUL RBR BRASIL Transporte rodováro de passageros 178.364 304.329 88.527 100.592 671.812 Transporte Aéreo de passageros 7.251 37.017 6.577 5.008 55.854 Transporte Ferrováro de passageros 6.512 14.728 3.510 1.113 25.864 Transporte Aquaváro de passageros 2.617 689 1.016 3.022 7.344 Atvdades Auxlares de Transporte - Passageros 1.037 2.997 679 712 5.426 Aluguel de automóves e de outros meos de transporte terrestre 4.562 10.295 2.314 2.190 19.360 Alojamento 129.202 211.110 85.062 108.561 533.934 Almentação 664.737 1.299.090 324.496 408.953 2.697.276 Atvdades recreatvas e culturas 17.036 41.598 10.472 8.826 77.932 Emprego total no tursmo 1.011.319 1.921.854 522.653 638.977 4.094.803 Emprego total na economa 25.884.218 41.175.128 15.172.258 14.415.535 96.647.139 Partcpação do tursmo na economa (%) 3,9 4,7 3,4 4,4 4,2 Partcpação Regonal no tursmo (%) 24,7 46,9 12,8 15,6 100 Partcpação Regonal na economa (%) 26,8 42,6 15,7 14,9 100 Fonte: Elaboração própra. Dados da MIP 2009. 6. Consderações Fnas Constatou-se que o setor de tursmo correspondeu a 2,27% do PIB naconal, enquanto que na regão Nordeste essa partcpação atngu o valor de 2,77% do PIB regonal, evdencando a maor mportânca relatva do tursmo na economa nordestna, embora esse valor anda seja consderado pequeno. Assm, o Nordeste braslero ganhou uma maor posção relatva no total do PIB do tursmo braslero, atngndo uma partcpação de 17%, enquanto o peso da economa do Nordeste no país correspondeu a 14%, em 2009. Em relação ao percentual das ocupações no setor de tursmo sobre o total de ocupações da economa do Nordeste, esse valor atngu 3,9%, acma da partcpação do tursmo no PIB regonal, entretanto, o tursmo no Nordeste mostrou-se relatvamente menos ntensvo em mão de obra do que a méda naconal, que atngu 4,2% das ocupações no país. Na composção da partcpação de cada atvdade na geração de emprego e renda no setor de tursmo no Nordeste e no Brasl, destacaram-se as atvdades de alojamento, transporte rodováro de passageros e almentação. Anda, verfcou-se um multplcador de produção do setor de tursmo gual a 1,31, que ndca que para cada R$1 mlhão produzdo nas atvdades turístcas são gerados R$1,31 mlhão na economa. Já o setor de tursmo teve um multplcador de emprego equvalente a 1,19, refletndo uma baxa relação nter-setoral com segmentos ntensvos em mão de obra. A partr das nformações levantadas sobre o setor de tursmo no Nordeste buscou-se contrbur com a redução da lacuna referente ao número reduzdos de estudos voltados para o setor no Brasl e, especfcamente, no Nordeste. Assm, os resultados apontam uma vantagem comparatva do tursmo na economa nordestna, pos há uma dotação de fatores, fortemente baseada nos recursos naturas, que torna o tursmo um setor com grandes potencaldades de desenvolvmento. XI ENCONTRO DE ECONOMIA BAIANA SET. 2015 ECONOMIA REGIONAL 452

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APÊNDICE A Compatblzação entre a MIP - 66 setores e a MIP 13 setores 66 Setores - MCS 13 Setores - MCS 1 Agrcultura, slvcultura, exploração florestal Agropecuára 1 2 Pecuára e pesca 3 Petróleo e gás natural 4 Mnéro de ferro Indústra extratva mneral 2 5 Outros da ndústra extratva 6 Almentos e Bebdas 7 Produtos do fumo 8 Têxtes 9 Artgos do vestuáro e acessóros 10 Artefatos de couro e calçados 11 Produtos de madera - exclusve móves 12 Celulose e produtos de papel 13 Jornas, revstas, dscos 14 Refno de petróleo e coque 15 Álcool 16 Produtos químcos 17 Fabrcação de resna e elastômeros 18 Produtos farmacêutcos 19 Defensvos agrícolas 20 Perfumara, hgene e lmpeza 21 Tntas, vernzes, esmaltes e lacas 3 24 Cmento 25 Outros produtos de mneras não-metálcos 26 Fabrcação de aço e dervados 27 Metalurga de metas não-ferrosos 28 Produtos de metal - exclusve máqunas e equpamentos 29 Máqunas e equpamentos, nclusve manutenção e reparos 30 Eletrodoméstcos 31 Máqunas para escrtóro e equpamentos de nformátca 32 Máqunas, aparelhos e materas elétrcos 33 Materal eletrônco e equpamentos de comuncações 34 Aparelhos/nstrumentos médco-hosptalar, medda e óptco 35 Automóves, camonetas e utltáros 36 Camnhões e ônbus 37 Peças e acessóros para veículos automotores 38 Outros equpamentos de transporte 39 Móves e produtos das ndústras dversas 40 Eletrcdade e gás, água, esgoto e lmpeza urbana Produção e dstrbução de eletrcdade, gás e água 4 41 Construção Construção 5 42 Comérco Comérco 6 Transporte, armazenagem e correo 7 45 Servços de nformação Servços de nformação 8 46 Intermedação fnancera e seguros Intermedação fnancera, seguros 9 Atvdades mobláras e aluguel 10 49 Almentação - Não turístco 50 Servços prestados às empresas 51 Educação mercantl 52 Saúde mercantl Outros servços 11 53 Servços de manutenção e reparação 54 Outros servços prestados às famílas 55 Servços doméstcos 56 Educação públca 57 Saúde públca Admnstração, saúde e educação públcas 12 58 Admnstração públca e segurdade socal 59 Transporte rodováro de passageros 60 Transporte Aéreo de passageros 61 Transporte Ferrováro de passageros Tursmo 13 64 Alojamento 65 Almentação - Turístco 66 Atvdades recreatvas e culturas 22 43 47 62 Produtos e preparados químcos dversos Transporte de cargas Aluguel de automóves e de outros meos de transporte terrestre Transporte Aquaváro de passageros 23 44 48 63 Artgos de borracha e plástco Correos Outras atvdades mobláras e de aluguel de bens móves e móves Atvdades Auxlares de Transporte - Passageros Indústra de transformação XI ENCONTRO DE ECONOMIA BAIANA SET. 2015 ECONOMIA REGIONAL 455