QUANTIFICAÇÃO FISIOLÓGICA DA CARGA DE TRABALHO EM ESPORTES AQUÁTICOS: EFICÁCIA PARA A VITÓRIA ESPORTIVA *



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Transcrição:

QUANTIFICAÇÃO FISIOLÓGICA DA CARGA DE TRABALHO EM ESPORTES AQUÁTICOS: EFICÁCIA PARA A VITÓRIA ESPORTIVA * Estélio H. M. Dantas * INTRODUÇÃO Graças à democratização e à abertura que ocorreu na Rússia com o fim do socialismo, os conhecimentos sobre periodização, desenvolvidos neste país, passaram a estar disponíveis à comunidade científica mundial. Enquanto isso, novos desafios surgiram: - Como aplicar ao atleta de alto rendimento de esportes aquáticos, nos dias de hoje, a periodização em blocos, do macrociclo, tal como proposta para os russos? - Seria possível, para o atleta de alto rendimento, reduzir grandemente ou até inclusive suprimir a Fase Básica do Período Preparatório? - Que procedimento adotar com o atleta que, devido às peculiaridades do calendário de sua modalidade esportiva, precisava participar de competências e meetings (com compromisso de vitória!) durante quatro a oito meses por ano? - Como montar a periodização de um atleta que só tem a possibilidade de treinar três ou quatro vezes por semana? Os conhecimentos disponíveis, apesar de estar perfeitamente adequados à realidade esportiva da antiga União Soviética, não seriam aplicáveis a atletas sem um percorrido esportivo de 10 a 12 anos e no que treinem de 10 a 18 sessões por semana. Apoiando-se na experiência acumulada ao longo de 20 anos de atuação no esporte de alto rendimento, buscou-se uma alternativa que permitisse a prescrição da carga de preparação física de atletas de alto rendimento, sem utilizar pranchas importadas ou recorrer ao método corrente da estimativa. O passo inicial para o trabalho é, conforme as características do esporte e da época na qual se está no Plano de Expectativa, definir qual é o tipo do Macrociclo que será utilizado, entre os apresentados no Quadro 1. * Artigo publicado na revista do II CONGRESO INTERNACIONAL DE ACTIVIDADES ACUÁTICAS, disponível on line via: http://www.um.es/univefd/actasaa.pdf * Professor Titular do PROCIMH (UCB-RJ). estelio@cobrase.org.br

Quadro 1: Tipos do Macrociclo Existentes Variante Macrociclo Periodização Utilizado para: I Quadrimestral Simples Atletas adolescentes e iniciantes Tripla Necessidade de 3 peaks acentuados II Semestral Simples Realizar dois peaks prolongados Dupla O futebol e a maioria dos esportes II Anual Tradicional Os anos de Olimpíadas e os campeonatos Meeting Os outros anos (performance) Continuando, o macrociclo selecionado se divide em períodos e fases. Esta subdivisão se apóia na lógica do Calendário Esportivo. Eventualmente, devido à falta de preparo técnico dos dirigentes ou dificuldades de harmonizar o calendário com a vida do atleta, nem sempre é possível atender a todas as competências de forma adequada. O terceiro passo é a subdivisão das fases e períodos no Mesociclos e Microciclos. ZAKHAROV & GOMES (1992) relatam a existência de seis tipos de microciclos utilizados no esporte de Alto Rendimento: - Incorporação - Ordinário - Choque - Recuperação - Pré-competitivo - Competitivo Com estes microciclos se montam os sete tipos de mesociclos existentes: - Incorporação - Básico - Estabilizador - Controle - Pre competitivo - Competitivo - Recuperativo Continuando, deve-se levar em conta a Curva de Treinamento, relativa ao atleta (ou equipe) e o macrociclo em questão (DANTAS, 2003), como está representado em a Figura 1. Figura 1: Macrociclo com curva de treinamento

Para cada microciclo poder-se-á obter, a partir da verificação na curva, os valores adequados do volume (quantidade de treinamento) e da intensidade (qualidade do treinamento). O próximo passo é levar em consideração a dinâmica da carga do microciclo, tal e como propõem Zacarov e Gomes (1992). No Quadro 2, apresenta-se um exemplo de como proceder, em um microciclo ordinário, realizado na Fase Básica. Quadro 2: Quantificação de um Microciclo Ordinário, em uma Semana em que a Curva de Treinamento Indica 65% de Volume e 53% de Intensidade Dia %1 Int (2) Volume Observação Segunda-feira (1) Valor obtido do 70% 65% (3) tipo de microciclo Terça-feira (2) Valor obtido da Curva de 70% 65% (4) Treinamento. Seria proporcional na Quarta-feira Fase Específica. 53% (Fixa na (3) Valor obtido da Fase Básica) 70% 65% (4) Curva de Treinamento Quinta-feira (4) Obtenção por 60% 55,7%(4) proporcionalidade Sexta-feira 50% 46,4% Sábado 40% 37,1% Domingo 20% 18,6% Na Fase Básica se fixa a intensidade e se faz variar o volume, segundo a oscilação da carga prevista para o tipo de microciclo considerado. Na Fase Específica e no Período de Competição se investe o procedimento. Obtém-se, desta forma, a percentagem diária adequada de treinamento (% Tr.). Paralelamente a periodização da temporada, o Preparador Físico montou o Plano de Preparação Física. Este plano se iniciou quando, no Período Pré-preparatório, junto a outros membros da Comissão Técnica, foram estabelecidos os parâmetros técnico táticos desejáveis e as características dos atletas. A partir destes dados se monta o Quadro de Importância Relativa das Qualidades Físicas que Intervêm. Partindo da disponibilidade de horários dos atletas, das instalações esportivas, da Comissão Técnica e das prioridades de treinamento das qualidades físicas analisadas, é confeccionado o Quadro de Distribuição das Qualidades Físicas pelo Mesociclo e os Quadros Guias de Trabalho Semanal, todos do Dantas (2003). DESENVOLVIMENTO Com o valor do volume e da intensidade adequados para cada dia de treinamento do microciclo (a percentagem diária de treinamento - % Tr.), conforme aparece exemplificado no Quadro 2 e do Plano de Preparação Física,

pode-se passar a a prescrição da preparação física, que se deve fazer para cada qualidade física que será treinada em cada um dos mesociclos. A distribuição adequada do treinamento das qualidades físicas com o passar do macrociclo, respeitando a ordem lógica ideal de encadeamento seqüencial, a incompatibilidade de ordenação em série ou em paralelo das qualidades físicas e o período mínimo de treinamento para cada valência, foram devidamente atendidos quando se elaborou o Quadro de Distribuição das Qualidades Físicas por Mesociclo. Desta forma, basta consultar este quadro para saber quais são as qualidades físicas e por que método deverão ser treinadas em cada microciclo. Um exemplo da distribuição das qualidades físicas por mesociclo, elaborado para a tenista Gabriela Sabatini, no ano de 1992, pode ser visto no Quadro 3 (DANTAS, 2003). Quadro 3: Quadro de Distribuição das Qualidades Físicas pelo Microciclo Para cada uma das qualidades físicas que serão treinadas com o passar do microciclo, dever-se-á identificar cada intervalo de eficácia fisiológica (entre o começo d o treinamento -Linf. e o começo de sobreentrenamiento - Lsup) que o atleta apresenta em términos de volume e intensidade, conforme aparece representado no quadro colocado ao final do trabalho. Continuando, deve-se encontrar a variância (V) possível para o volume e para a intensidade de cada qualidade física, conforme está apresentado na figura 2.

Figura 2: Determinação da Variância Portanto, o cálculo dá variância se faz por meio da fórmula: V = Lim sup Lim inf Este resultado é utilizado no cálculo da variação do parâmetro (VP), por meio da seguinte fórmula: VP = V x % Tr. x 100-1 Ao somar o valor encontrado ao L inf, encontra-se o percentual adequado para a prescrição do treinamento (ficando claro que o procedimento deverá ser realizado tanto para o volume como para a intensidade). Carga = L inf + VP O último passo é aplicar o percentual calculado sobre a capacidade do atleta, determinada através de provas específicas realizadas na Fase de Diagnóstico do Período Pré-preparatório (TUBINO e Moreira, 2003). APLICABILIDADE A quantificação do treinamento é, sem dúvida, a principal preocupação dos estudiosos de treinamento neste final de século. Na literatura existente, abundam os textos de como se pode controlar os parâmetros de volume e intensidade no transcurso do treinamento. Entretanto, observa-se como norma, que a metodologia de quantificação da carga e de controle do treinamento se fundamentam, cada vez mais, em procedimentos de laboratório. Como recomendar onerosos exames bioquímicos ou controle fisiológico sofisticados a nosso treinador, quando quase sempre há grandes limitações? A solução proposta neste trabalho é, sem deixar de respeitar os parâmetros fisiológicos do metabolismo humano, propiciar uma forma simples e troca de controlar e prescrever o treinamento.

A aplicabilidade do método foi efetiva em provas de utilização realizadas com atletas de tênis, voleibol, handebol, futebol de campo e de salão, atletismo (corridas e saltos), esgrima, pára-quedismo e automobilismo. O trabalho está apoiado no Quadro 4, que se apresenta a seguir: Quadro 4: Intervalos de Eficácia Fisiológica QUALIDADES FÍSICAS VOLUME INTENSIDADE Resistência Aeróbica de 15 a 90 minutos de 50 a 85 % VO2 máx. atividade Resistência Anaeróbica 30 a 45 tiros 80 a 85% do Tempo Mínimo (100 a 300m) Velocidade de Deslocamento 30 a 60 tiros 95 a 100% do Tempo Mínimo (25 a 50m) Força Dinâmica 1 a 6 repetições x 3 a 6 vezes 90 a 100% do Peso máximo Força Explosiva 6 a 12 repetições x 3 a 6 60 a 80% do Peso máximo vezes Resistência Muscular 13 a 40 repetições x 3 a 6 40 a 60% do Peso máximo Localizada vezes Flexibilidade Método Passivo (3 a 6 Facilitação Neuromuscular repetições) Propioceptiva (3 a 6 séries) Consideremos um atleta, por exemplo, que tenha feito 3.400 m na prova de Cooper, realizada na Fase de Diagnóstico do Período Pre preparatório e que esteja em um microciclo da Fase Básica, cuja carga de trabalho (verificada na curva) seja de 75% de volume e 53% de intensidade. O atleta considerado está realizando um microciclo Ordinário e seus dias de treinamento da Resistência Aeróbica são Segunda-feira, Quarta-feira e Sextafeira. Para na sexta-feira, sua carga de trabalho seria, portanto, de 56,6% de volume e 53% de intensidade. Os cálculos que se deve fazer neste caso, conforme apresentados no DANTAS (2003), são: 1 Passo: Determinação do VO2 máx. VO2 máx. = (3400-504,1)/ 44,8 = 64,64 ml. (Kg. min)-1 2 Passo: Determinação da Intensidade de Trabalho VO2 t = { [(0,53 x 350) + 64,64]/350} x 64,64 = 46,20 ml. (Kg. min)-1 3 Passo: Determinação do Tempo de Duração da Atividade Conforme se pode verificar na tabela apresentada no livro chamado, para a intensidade de 53%, o volume indicado seria de 41 a 60 minutos. teriase então: Lsup = 60 minutos.vp = 19 x 56,6 x 100-1 = 10,75 min. Linf = 41 minutos V = 19 minutos T = 41 + 10,7 min = 51,7 min = 51 min e 42 seg.

4 Passo: Determinação da Distância que será Percorrida D = (46,20-3,5) x 0,2-1 x 51,7 = 11.037,95 M. CONCLUSÃO A aplicabilidade da metodologia desenvolvida no presente estudo, para o caso específico dos esportes aquáticos, desenvolver-se-á partindo das velocidades máximas de performance e estabelecendo um percentual da mesma para a carga de treinamento, com os volumes apresentados no Quadro REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Bibliografia Básica Dantas, E.H.M. A Prática dá Preparação Física. 5ª ed. Rio de Janeiro: Shape, 2003. Bibliografia Complementar Bompa, T.O. Periodization: Theory and Methodology of Training. 4a ed. Champaign: Human Kinetics. 1999. Foran, B. High-performance Sports Conditioning. Champaign: Human Kinetics, 2001. Gardiner, Phil. Neuromuscular Aspects of Physical Activity. Champaign: Human Kinetics, 2001. Kreider, Richard B.; FRY, Andrew C. & Ou TOOLE, Mary L. Overtraining in Sport. Champaign: Human Kinetics. 1998. Matvéev, L. P. Apóie dou Treino Desportivo. Moscou, 1981. Matvéev, L. P. Introdução À Teoria de Cultura Física. Fisicultura e Sport, Moscou, 1983. Matvéev, Lev P. Treino Desportivo: Metodologia e Planejamento. São Paulo: Phorte. 1997. Moreira, Sérgio B. Equacionando ou Treinamento. A Matemática dá Provas Longas. Rio do Janeiro: Shape, 1996. Platonov, Vladimir N & BULATOVA, Marinha M. A Preparação Física. 2a ed. Barcelona: Paidotribo. s/d.

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