A importância da avaliação de programas para a promoção da qualidade da prestação de serviços em intervenção precoce: O ESTUDO AVALIATIVO DO PROJECTO



Documentos relacionados
The purpose of evaluation is not to prove, but to improve (Guba, 1968, cit por Stufflebeam, 2003);

Agrupamento de Escolas n.º 2 de Beja. Regulamento Interno. Biblioteca Escolar

FORMULÁRIO E RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DO PESSOAL DOCENTE

FORMULÁRIO DE AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DO PESSOAL DOCENTE

ANEXO III REGULAMENTO DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

PROGRAMA DO INTERNATO MÉDICO DE SAÚDE PÚBLICA

Gabinete de Apoio à Família

CONCLUSÕES GT CIDADÃOS COM DEFICIÊNCIA

PERFIL PROFISSIONAL TÉCNICO/A DE GESTÃO DESPORTIVA 1 / 5

Indicadores Gerais para a Avaliação Inclusiva

INSPECÇÃO-GERAL DA EDUCAÇÃO PROGRAMA AFERIÇÃO

PERFIL DO JOVEM EMPREENDEDOR

Desenvolvimento de indicadores em saúde estado da arte

Características do texto Académico-Científico

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO

TRABALHO LABORATORIAL NO ENSINO DAS CIÊNCIAS: UM ESTUDO SOBRE AS PRÁTICAS DE FUTUROS PROFESSORES DE BIOLOGIA E GEOLOGIA

Intervenção Psicossocial na Freguesia de São Julião do Tojal, especificamente no Bairro CAR

RELATÓRIO FINAL. Plano de Ação da EB1/JI do Bairro do Areias. Relatório Final de Autoavaliação do Plano de Ação de Estabelecimento da EB1 do Areias

Biblioteca Virtual. BIBLIOTECA VIRTUAL DA UNIVERSIDADE DO PORTO (BVUP) Plano de Actividades 2007

Mestrados em Fisioterapia MÚSCULO-ESQUELÉTICA E SAÚDE PUBLICA

PROJECTO PME SOCIAL O PROJECTO PME SOCIAL

PLANO DE TRABALHO. Do Serviço de Psicologia e Orientação

Resolução de Vilnius: melhores escolas, escolas mais saudáveis - 17 de Junho de 2009

Diagnóstico Simples e exemplo prático: Passo 2: Teste prático sobre as Forças e Fraquezas de uma empresa 1 Exemplo Prático 2 :

Plano de Contingência Gripe A Creche do Povo Jardim de Infância

5 Considerações finais

O que esperar do SVE KIT INFORMATIVO PARTE 1 O QUE ESPERAR DO SVE. Programa Juventude em Acção

Pós-avaliação AIA. As fases da AIA no DL 69/2000. Selecção dos projectos. Definição do âmbito. Consulta pública. Elaboração do EIA

COMINN COMpetences for INNovation in the metal sector LEARNING OUTCOMES DEFINITIONS

RELATÓRIO DOS TRABALHOS DA 1ª COMISSÃO EM MATÉRIA DE COMBATE AO TRÁFICO DE SERES HUMANOS

Técnicas de recolha e análise de informação para caracterização e diagnóstico do contexto de intervenção

CURSO DE COMPLEMENTO DE FORMAÇÃO EM ENFERMAGEM PLANO DE ESTUDOS

ESCOLA SECUNDÁRIA MANUEL TEIXEIRA GOMES

RELATÓRIO DE CONCRETIZAÇÃO DO PROCESSO DE BOLONHA

ACEF/1112/14972 Relatório preliminar da CAE

DESENVOLVIMENTO INFANTIL EM DIFERENTES CONTEXTOS SOCIAIS

CONTEÚDOS MODELO DAS AUDITORIAS ENERGÉTICAS

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS MATEMÁTICAS Marineusa Gazzetta *

Situação. Mudança no comportamento social e da saúde - Marketing Social AVENTURA SOCIAL & SAÚDE FMH /UTL

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS N 1 DE MARCO DE CANAVESES (150745) Plano de Ação de Melhoria

REGIÕES FUNCIONAIS, RELAÇÕES URBANO-RURAIS E POLÍTICA DE COESÃO PÓS-2013

ÍNDICE PATRONATO DE SANTO ANTÓNIO INTRODUÇÃO... 2 I - OPÇÕES E PRIORIDADES... 3

CENTRO DE APOIO FAMILIAR E ACONSELHAMENTO PARENTAL

SOLICITAÇÂO DE MANIFESTAÇÂO DE INTERESSE oq (Serviços de Consultoria Individuais) Para Apoiar a Gestâo do

PLANO TECNOLÓGICO DE EDUCAÇÃO (PTE) 2010 PROGRAMA DE FORMAÇÃO DOCUMENTO DE TRABALHO

Instituto de Educação

PSICOLOGIA APLICADA. A. Filipa Faria Cátia Silva Barbara Fernandes Ricardo Rocha

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO

REGULAMENTO DO BANCO LOCAL DE VOLUNTARIADO DE SOBRAL DE MONTE AGRAÇO

COMISSÃO PRÓPRIA DE AVALIAÇÃO - CPA

Agrupamento de Escolas Eng.º Fernando Pinto de Oliveira. Articulação e sequencialidade: Construindo um trajeto significativo (Pré escolar 1º ciclo)

NCE/15/00099 Relatório preliminar da CAE - Novo ciclo de estudos

PLANO DE MELHORIA Julho 2014

Lisboa Porto. Planeamento e Gestão da Formação. Pós Graduação EDIÇÕES 2013

Avaliação e Promoção da Qualidade ISCE

GRIPE A (H1N1) v. Planos de Contingência para Creches, Jardins-de-infância, Escolas e outros Estabelecimentos de Ensino

ANEXO III RECOLHA DE PERCEPÇÕES INOVAÇÃO E RESPONSABILIDADE SOCIAL

GESTÃO MUSEOLÓGICA E SISTEMAS DE QUALIDADE Ana Mercedes Stoffel Fernandes Outubro 2007 QUALIDADE E MUSEUS UMA PARCERIA ESSENCIAL

Informação de Custos dos Cuidados de Saúde. Serviço Nacional de Saúde

Projeto de sensibilização e formação dos profissionais de saúde e utentes relativamente à Diabetes Mellitus

Política de. Responsabilidade. Socioambiental. Sita SCCVM S/A

CRIANÇAS E JOVENS EM RISCO E PREVENÇÃO NA PRIMEIRA INFÂNCIA

RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA

A Implementação do Processo de Bolonha em Portugal e os Relatórios Institucionais da sua Concretização uma Análise Exploratória

Centro Social e Paroquial de São Nicolau Plano Estratégico

Módulo 2 Análise de Grupos de Interesse

PROCESSO DE AUDITORIA AO SISTEMA DE GESTÃO IDI. Coimbra / Instituto Pedro Nunes 28 de Outubro de 2014

TERMOS DE REFERÊNCIA PARA CONTRATAÇÃO DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA PARA A ELABORAÇÃO DE UMA ANÁLISE SOBRE UTILIZACAO DE KITS DE ABRIGO NAS EMERGENCIAS

R E S O L U Ç Ã O. Esta Resolução entra em vigor nesta data, revogando as disposições contrárias. Bragança Paulista, 3 de março de 2015.

APRENDIZAGEM AUTODIRIGIDA PARA O DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS EMPREENDEDORAS PARA JOVENS ENTER TOOLBOX SUMÁRIO EXECUTIVO

10128/16 cp/mjb 1 DGD 1C

IRRICAMPO solidez organização interna saúde económico-financeira segurança estabilidade IRRICAMPO

INTERVENÇÃO PRECOCE. O Processo de construção de Boas Práticas

REDE EUROPEIA DE CENTROS EDUCATIVOS 50/50

Plano de Melhoria. Biénio 2013/2015

Avaliação De Desempenho de Educadores e de Professores Princípios orientadores

Serra do Saber. Noções básicas de infância

Sistemas de Gestão da Qualidade

Intervenção Precoce o Processo de construção de boas práticas. Resultados do Projecto apoiado pela Fundação Gulbenkian

MINISTÉRIOS DA EDUCAÇÃO, DA SAÚDE E DO TRABALHO E DA SOLIDARIEDADE

Introdução. Para a condução de cada ação teremos presentes duas questões importantes:

(RE)INVENTAR A INTERVENÇÃO EM FAMÍLIAS MULTIPROBLEMÁTICAS FORMAÇÃO PARENTAL MODELOS DE INTERVENÇÃO FAMILIAR FORMAÇÃO PARENTAL

REGULAMENTO INTERNO CENTRO CONVÍVIO ARTIGO 1º. (NATUREZA E FINS INSTITUCIONAIS)

COMISSÃO DE DIREITO DO TRABALHO

ESTRUTURA COMUM DE AVALIAÇÃO CAF 2006 DGAEP 2007

Referenciais da Qualidade

FACULDADES INTEGRADAS SIMONSEN INTERVENÇÃO EDUCATIVA INSTITUCIONAL PROJETO PSICOPEDAGÓGICO

Como construir um Portefólio Digital como instrumento de Avaliação do Desempenho Docente?

Projetos Educativos Municipais e Promoção do Sucesso Educativo

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DOCENTE

Transcrição:

A importância da avaliação de programas para a promoção da qualidade da prestação de serviços em intervenção precoce: O ESTUDO AVALIATIVO DO PROJECTO Júlia Serpa Pimentel ISPA - UIPCDE

AVALIAÇÃO DE PROGRAMAS PORQUÊ E PARA QUÊ O OBJECTIVO DA AVALIAÇÃO NÃO É PROVAR, MAS SIM MELHORAR THE PURPOSE OF EVALUATION IS NOT TO PROVE, BUT TO IMPROVE (Guba) O PRINCIPAL OBJECTIVO DA AVALIAÇÃO NÃO É PROVAR, MAS SIM MELHORAR EVALUATION MOST IMPORTANT PURPOSE IS NOT PROVE, BUT TO IMPROVE - (Stufflebeam et al., 1971) A PRINCIPAL QUESTÃO DE AVALIAÇÃO NÃO É SABER SE OS PROGRAMAS DE INTERVENÇÃO PRECOCE SÃO EFICAZES MAS SIM COMPREENDER COMO ACTUAM E QUEM DELES BENEFICIA (Meisels, 1985)

DELINEAMENTO DO ESTUDO AVALIATIVO QUESTÕES PRÉVIAS INVESTIGAÇÃO OU AVALIAÇÃO DE PROGRAMAS? Metodologia semelhante - amostragem, medidas e delineamento OBJECTIVOS DE UM PROGRAMA DE INVESTIGAÇÃO: Produzir resultados e princípios que possam ser generalizados; OBJECTIVOS DE UMA AVALIAÇÃO DE PROGRAMAS: Tomada de decisão Resultados aplicáveis apenas a um programa específico, num determinado momento. (Adaptado de Bailey, 2001; Johnson, 1993)

DELINEAMENTO DO ESTUDO AVALIATIVO QUESTÕES PRÉVIAS ABORDAGENS POSSÍVEIS PARA AVALIAR A QUALIDADE DOS PROGRAMAS UMA ABORDAGEM ORIENTADA DE CIMA PARA BAIXO Parte dos avaliadores e do seu modelo relativamente ao que deve ser o funcionamento do programa UMA ABORDAGEM EXTERIOR-INTERIOR DO PROGRAMA Parte das expectativas das famílias e sua satisfação com os serviços; UMA ABORDAGEM INTERIOR DO PROGRAMA Parte da avaliação e auto-avaliação dos profissionais da equipa; UMA ABORDAGEM EXTERIOR Parte de elementos da comunidade. (adaptado de Katz, 1998)

DELINEAMENTO DO ESTUDO AVALIATIVO QUESTÕES PRÉVIAS A AVALIAÇÃO DE PROGRAMAS DEVERÁ Corresponder a um desejo dos profissionais envolvidos e dar resposta às suas necessidades; Envolver todos aqueles que serão afectados pelos seus resultados (profissionais e famílias); Ser relevante do ponto de vista contextual; Ser flexível no delineamento utilizado e utilizar diferentes métodos de recolha de dados; Comunicar os resultados encontrados ao longo do processo de avaliação; Comunicar os dados diferenciadamente de acordo com os destinatários. (adaptado de Sheenan & Snyder, 1996)

A ABORDAGEM USADA NO PROJECTO AVALIAÇÃO PARTICIPADA Parte de uma reflexão dos profissionais quer dos receptores dos serviços sobre as suas próprias experiências; A informação recolhida destina-se e permite a melhoria do programa. (adaptado de Fals-Borda & Rahman, 1991) INVESTIGAÇÃO/ACÇÃO PARTICIPADA Pressupõe uma abordagem colaborativa; Os investigadores e profissionais colaboram em todas as fases do processo - planificação e delineamento do projecto; recolha e análise de dados e disseminação das conclusões. (adaptado de Turnbull, Friesen & Ramirez, 1998)

O ESTUDO AVALIATIVO DO STIP CORRESPONDEU AO DESEJO DA EQUIPA DO STIP A equipa de avaliação teve acesso a toda a documentação relativa a: Objectivos do STIP Projectos e acções em curso Casos em atendimento A equipa de avaliação observou e analisou diferentes tipos de reuniões: Equipa Parceiros Discussão de casos A equipa de avaliação observou e analisou: Práticas efectivamente implementadas (13 casos amostra de conveniência)

O ESTUDO AVALIATIVO DO STIP USOU DIFERENTES MÉTODOS DE RECOLHA DE DADOS DE FORMA COMPLEMENTAR E SEQUENCIAL NOS DIFERENTES NÍVEIS DE INTERVENÇÃO COMUNIDADE SERVIÇO PROGRAMA FAMÍLIA CRIANÇA

COMUNIDADE SERVIÇO Quest. elemento sinalizador (42) Quest. Prof. Saud. Entrevista coordenadora Educação (28) 2006 PROGRAMA 2008 12 quest 10 quest Prof. FAMÍLIA Prof. Equipa 05-06 05-06 06-07 06-07 equipa Análise Expect Expect Doc. CRIANÇA Análise (21) (12) Documental analysis Doc. (22) Satis Estudos 3 prevention projects Satisf caso (45) (19) (7) (13) Entrev. sociogr. 13 Serv. locais Quest. Prof. (21) 07-08 Satisf. (15) 07-08 Ana. Doc. (33) Quest. Prof (15) Entrevistas DEC 12 prof. Equipa Analise Documental 3 Projectos Prev. Prim. Quest. Profiss. (10) 832 entr. telefone Amostra aleatoria

O ESTUDO AVALIATIVO DO STIP ALGUNS RESULTADOS PERMITIU CONCLUSÕES VÁLIDAS AO NÍVEL DO SERVIÇO AVALIADO ASPECTOS POSITIVOS Funcionamento transdisciplinar da equipa baseado nos Modelos ecológico e transacional; Práticas de apoio baseadas numa filosofia de fortalecimento e capacitação das competências e integradas nos contextos e rotinas de vida da criança e da família.

O ESTUDO AVALIATIVO DO STIP ALGUNS RESULTADOS PERMITIU CONCLUSÕES VÁLIDAS AO NÍVEL DO SERVIÇO AVALIADO ASPECTOS A MELHORAR Procedimentos de avaliação da criança: Organização da informação constante nos processos; Generalização da utilização do PIAF com a participação efectiva de todas as famílias.

O ESTUDO AVALIATIVO DO STIP ALGUNS RESULTADOS RESULTADOS PARTILHADOS PROMOVERAM REFLEXÃO E MUDANÇA NA EQUIPA DO STIP NUM PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE BOAS PRÁTICAS DADOS DAS FAMÍLIAS COMPROVARAM SATISFAÇÃO E ADEQUAÇÃO DO MODELO DO STIP ÀS SUAS REALIDADES DE VIDA DADOS DA COMUNIDADE MOSTRARAM PAPEL CENTRAL DO STIP NA IP EM SESIMBRA

O ESTUDO AVALIATIVO DO STIP FOI CENTRADO APENAS NUMA EQUIPA (CASE STUDY) IMPSSIBILIDADE DE GENERALIZAÇÃO

O ESTUDO AVALIATIVO DO STIP MAS TORNOU POSSÍVEL Recolher dados mais aprofundados e pormenorizados sobre a forma como são prestados os serviços de IP; Perceber em que medida as famílias e os profissionais da equipa e da comunidade estavam satisfeitos com os serviços prestados; Conhecer os aspectos em que propunham mudanças.

O ESTUDO AVALIATIVO DO STIP CONCLUI-SE ASSIM QUE ESTE ESTUDO AVALIATIVO PERMITIU PERCEBER O QUE AS FAMÍLIAS E OS PROFISSIONAIS DE UMA COMUNIDADE PORTUGUESA CONSIDERAM SER BOAS PRÁTICAS EM IP ESTA CONCLUSÕES, NÃO SENDO GENERALIZÁVEIS, SÃO PONTO DE PARTIDA PARA REFLEXÃO DE TODOS OS PROFISSIONAIS DE IP EM PORTUGAL