Palavras-chave: Posição Relativa do Mercado; Vantagem Comparativa; Constant-Market-Share; Competitividade.



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Transcrição:

O desempenho das exporações brasileiras de amêndoas de casanha-de-cau enre os anos de 2007 e 2011 The performance of cashew-nus expors from Brazil beween 2007 and 2011 Renao Drogue Macedo Universidade Esadual de Sana Cruz Naisy Silva Soares Universidade Esadual de Sana Cruz Resumo: O presene rabalho avaliou o desempenho das exporações de casanha-de-cau do Brasil e dos seus principais concorrenes no mercado inernacional, enre os anos de 2007e2011, por meio dos indicadores de Posição Relaiva de Mercado, Vanagem Comparaiva Revelada e Consan-Marke- Share. Os resulados obidos indicaram que o Brasil e seus principais concorrenes no mercado inernacional perderam posição relaiva no mercado, exceo a Cosa do Marfim ese foi o país com maior vanagem comparaiva revelada; o crescimeno do comércio mundial conribuiu em maior percenual para o crescimeno das exporações de casanha-de-cau dos países analisados, exceo para a Cosa do Marfim, onde o efeio compeiividade superou o crescimeno do comércio mundial; e o efeio desino das exporações foi relevane para explicar o crescimeno das exporações, principalmene no caso do Brasil. Palavras-chave: Posição Relaiva do Mercado; Vanagem Comparaiva; Consan-Marke-Share; Compeiividade. Absrac: This sudy evaluaed he performance of expors of cashew-nus from Brazil and is main compeiors in he inernaional marke, from 2007 o 2011, hrough he indexes of relaive posiion in he marke, comparaive advanage and consan-marke-share advanage. The resuls indicaed ha Brazil and is main compeiors in he inernaional marke los relaive marke posiion, excep Ivory Coas, which was he counry wih he highes revealed comparaive advanage; he growh of world rade conribued mos o he percenage growh in expors of cashew-nu on he analyzed counries, excep for he Ivory Coas where he compeiiveness effec surpassed he growh of world rade; and finally he effec on he expors desinaion was relevan o mainly explain he expor growh in Brazil. Keywords: Relaive posiion in marke; Comparaive advanage; Consan-Marke-Share; Compeiiveness. JEL: F14 Inrodução O caueiro (Anacardiumoccidenale L.) é uma culura perene, naiva do Brasil. Da árvore pode ser obido um conuno de produos, denre os quais o principal é a casanha, de onde se exrai a amêndoa da casanha-de-cau uilizada como alimeno humano em formas variadas. O pedúnculo ou pseudofruo, ainda pouco aproveiado, pode ser consumido in naura ou ser uilizado para a fabricação de doces e ambém para a exração de polpas para sucos e ouras bebidas, com o bagaço resulane podendo ser uilizado para ração animal, mediane processameno adequado. Da casca da casanha do cau, por sua vez, é exraído o Líquido da Casca da Casanha-de-cau (LCC), com aplicações nobres em indúsrias químicas, como, por exemplo, na fabricação de inas, lubrificanes e cosméicos. Ainda da casca dos galhos podados da árvore, da folha, da película da amêndoa da casanha-de-cau ou mesmo do bagaço do pedúnculo pode ser exraído o anino, composo químico com vasas aplicações indusriais, ais como a subsiuição do cromo no curimeno de couro; porém, sua ecnologia de exração não é amplamene acessível (FIGUEIRÊDO JUNIOR, 2006).

O cau é uma culura de grande imporância social e econômica para o Brasil. O seu mercado é pauado principalmene na exporação, uma vez que a elas são desinadas quase 90% da produção nacional, e em como principal região produora a região Nordese do Brasil sendo considerado ícone da economia nordesina brasileira (BANCO DO BRASIL, 2010). Hisoricamene, a produção nacional, aé o fim da década de 1960, era dominada por um culivo exensivo: a casanha era coleada apenas de árvores nauralmene exisenes e localizadas próximas ao lioral. Ese cenário mudou a parir de 1968, com as perspecivas de crescimeno do comércio exerno, além de incenivos às exporações. Nese período ocorreu a expansão da cauculura no esado do Ceará. Enre os anos de 1974 e 1986, a área culivada no referido esado apresenou um avanço médio de 12% ao ano, e ese aumeno proporcionou a manuenção da produção aé o fim da década de 1980, consolidando o esado como principal produor de casanha-de-cau do Brasil (PIMENTEL, 1988). Em relação aos maiores produores mundiais de casanha-de-cau, aé meados da década de 1980, o Brasil dispuava a liderança do comércio inernacional com a Índia. No período mais recene, porém, a produção brasileira de casanha-de-cau vem sendo superada por países africanos. No que se refere ao volume nacional, em 2011 foram produzidas 299 mil oneladas, com uma área planada de mais de 772 mil hecares. Em relação ao consumo de amêndoas provenienes do mercado exerno, a indúsria brasileira imporou o equivalene a 38,3 milhões de dólares, principalmene da Cosa do Marfim (45,86%), Gana (25,09%), Guiné-Bissau (19,88%) e Nigéria (9,15%)(MDIC, 2014; FAO, 2014). O lioral da região Nordese do Brasil é considerado o pono de origem e dispersão do caueiro comum. No que ange à produção nacional das casanhas-decau, esa é oalmene concenrada nos esados do Ceará, Piauí, e Rio Grande do Nore (com maior paricipação do primeiro), e o agronegócio de casanha-de-cau na região Nordese do Brasil é significaivo: a aividade emprega aproximadamene 55 mil pessoas (enre o campo e a indúsria) e, como dio aneriormene, ocupa uma área esimada de mais de 772 mil hecares planados (PAIVA; SILVA NETO; PAULA PESSOA, 2000). Em relação à localização do culivo no mundo, ese se faz presene na América do Sul, África, América Cenral e Ásia. A parir do ano de 1985, os principais produores de casanhas no mundo foram se consolidando, denre eles: Índia, Brasil, Tanzânia e Quênia. Ouros países se desacaram ambém na comercialização da casanha-de-cau, denre eles a Indonésia, Cosa do Marfim e Holanda, consolidandose como alguns dos maiores exporadores dese úlimo iem (SILVA; CARVALHO; KHAN, 2005). A balança comercial brasileira no geral vem apresenando aumenos em seus níveis de superávi nos úlimos anos. Eses ganhos podem ser vinculados, primordialmene, à performance da paua de exporações do agronegócio brasileiro no mercado exerno. Maner ese parâmero de crescimeno e evolução desa área econômica é imporane, pois esa é fundamenal para criação de divisas, geração de empregos e renda, além de capaciar o foralecimeno do crescimeno econômico do país (GONÇALVES, 1997). Referene à paua de exporações brasileiras, os principais desinos da casanha-de-cau nacional são os Esados Unidos, Holanda, Canadá e Líbano, além do Reino Unido, Porugal e Iália os Esados Unidos corresponderam ao consumo de mais de 60% das exporações brasileiras enre os anos de 2007 e 2011 (MDIC, 2014). 149

Embora o Brasil sea um dos principais exporadores mundiais de casanhade-cau, a compeição pelos mercados exernos é grande. Assim, orna-se necessário analisar a compeiividade do país no mercado inernacional desse produo. Pesquisas nesse senido podem conribuir para a elaboração de políicas para o desenvolvimeno da cadeia produiva nacional. Assim, orna-se relevane aualizar rabalhos nesa área, considerando, ainda, a imporância econômica dessa oleaginosa para o esado do Ceará, para a região Nordese do Brasil, e para o país como um odo, além do aumeno na faia de mercado brasileiro nas exporações do produo em âmbio inernacional. Além disso, considerando a paricipação de um país no mercado mundial de um deerminado produo como reflexo de sua compeiividade, surgem aqui quesionamenos sobre a evolução da compeiividade da amêndoa de casanha-decau brasileira no mercado mundial e sobre quais os possíveis faores que podem er influenciado o desempenho exporador dese produo. As análises geradas nese esudo inencionam desperar nas insiuições governamenais e privadas um olhar mais dealhado sobre o seor de forma a esabelecer políicas de esímulo a seu crescimeno. Nese conexo, foi efeuada a comparação do desempenho das exporações brasileiras de casanha-de-cau com seus maiores concorrenes no mercado mundial: Índia, Indonésia, Holanda e Cosa do Marfim. Em ermos de paricipação na comercialização mundial, em 2007, eses países, uno ao Brasil, represenaram 86% das exporações oais do produo sendo a Índia a líder com 43% da paricipação oal, seguida do Brasil (18%), Holanda (10%), Cosa do Marfim (8%) e Indonésia (7%). Em 2011, eses cinco países represenaram 83% das exporações oais, com a Índia permanecendo em primeiro lugar, com 44% do oal, seguida pela Cosa do Marfim (13%), Brasil (11%), Holanda (10%) e Indonésia (4%) (FAO, 2014). A presene pesquisa analisou o período compreendido enre os anos de 2007 e 2011, uma vez que esudos em períodos aneriores foram elaborados no senido de avaliar esa compeiividade; para anos poseriores a 2011 não foi possível efeuar análises devido à indisponibilidade de alguns dados (ARAUJO e al., 2006; ALBUQUERQUE e al., 2010). Ressala-se que a análise foi realizada para os períodos de 2007-2011, 2007-2009 e 2009-2011. Assim, o presene rabalho eve como obeivo, avaliar o desempenho das exporações de casanha-de-cau do Brasil, enre os anos de2007e2011, por meio de indicadores de compeiividade. Especificamene, preendeu-se confronar o desempenho das exporações brasileiras de casanha-de-cau com a de seus principais concorrenes no mercado inernacional, considerando os períodos 2007-2011, 2007-2009 e 2009-2011. 2. Maerial e méodo 2.1 Referencial eórico A fim de que possamos aender o obeivo desa pesquisa, faz-se primordial o enendimeno do conceio de compeiividade, ainda que ese não enconre consenso enre as diversas eorias da economia. Exisem diferenças básicas em sua compreensão, uma vez que [...] a noção de compeiividade não é apreendida da mesma forma pelos vários auores. As diferenças resulam em bases eóricas, 150

percepções da dinâmica indusrial e ideologias diversas (HAGUENAUER, 1989, p. 1). Além dessa diversidade no que diz respeio ao conceio, sabe-se que a compeiividade é afeada por faores que não se isolam, mas se relacionam um com o ouro. Alves (2002) resume esa siuação, quando diz que o caráer da compeiividade é mulidimensional, no senido de ser fruo de uma combinação de diversos faores, e não da ação de faores isolados. Ainda segundo o auor, esse conceio pode ser aplicado a diferenes níveis de análise, ais como coninenes ou países, seores isolados, e ambém a parâmeros microeconômicos, como empresas e aé produos específicos. Corroborando com esa visão, Pinheiro e ouros (1992) expõem que: [...] a muliplicidade e a diversidade de variáveis que influenciam a compeiividade fazem com que esse conceio, ainda que aparenemene simples, permia as mais variadas definições, associadas a diferenes indicadores, ornando clara não apenas a fala de consenso na lieraura econômica sobre o que significa compeiividade, como ambém as ambiguidades e dificuldades que esse conceio encerra. (PINHEIRO e al., 1992, p. 3). Segundo os auores, exisem 15 definições diferenes na lieraura para o conceio de compeiividade indusrial, sendo que ese conceio esá ligado a emas de ampliude maior, ais como produividade, compeição, eficiência, mauridade ecnológica, denre ouros. De forma geral, é possível dividir a análise da compeiividade em rês linhas conceiuais principais: o conceio eficiência, o conceio macro e, por fim, o conceio desempenho. De um modo geral, para os auores, o conceio eficiência esá ligado à capacidade de um país em produzir com níveis de eficiência idênicos ou maiores que seus concorrenes, e é de naureza esruural ou sea, seu grau pode ser medido aravés da análise da complexidade de seus canais de comercialização, desenvolvimeno da economia de escala e da capaciação écnica da mão de obra, enre ouros criérios. Alguns dos principais indicadores comumene uilizados para ese enfoque são os da proporção de gasos em pesquisa e desenvolvimeno ecnológico em relação ao PIB e o da medição do número de paenes adquiridas do exerior em função do amanho e grau de aberura econômica. Oura forma de se conceiuar a compeiividade é aravés do conceio macro. Como o próprio nome diz, esse conceio afirma que a compeiividade advém de decisões da políica macroeconômica, que, ao regular direamene variáveis como a políica salarial, a axa de câmbio e os subsídios e incenivos à exporação, influenciam o ganho de compeiividade. Dois indicadores ciados pelos auores como capazes de medir a compeiividade sob a abordagem macro são a própria axa de câmbio efeiva real e a relação câmbio/salário. Já o conceio desempenho relaciona a compeiividade de um país à sua performance no comércio exerior e, por raar-se de um conceio mais amplo, não busca idenificar os faores que deerminam e explicam a compeiividade, mas sim almea levanar as variáveis que sinalizam o desempenho do seor ou do país em relação ao mercado exerno. De acordo com os auores, a sua principal vanagem esaria na facilidade de consrução de indicadores, como por exemplo, a paricipação do país no comércio inernacional e o saldo de sua balança comercial (PINHEIRO e al., 1992, p. 3). 151

Ese úlimo conceio relaciona-se com o obeivo do presene esudo em analisar o desempenho das exporações brasileiras de casanha-de-cau por meio de indicadores de compeiividade. Denre os primeiros esudos econômicos vinculados ao comércio inernacional e à compeiividade, esão as eorias da vanagem absolua e vanagem comparaiva, de Adam Smih e David Ricardo, respecivamene. Parindo do quesionameno a respeio da origem da riqueza das nações, que para os mercanilisas esava pauada exclusivamene no esoque de meais preciosos, Smih propôs que a especialização inernacional dos faores de produção poderia aumenar a produção mundial e esa, com o livre-comércio, poderia ser comparilhada enre as nações que negociavam enre si. A visão mercanilisa de limiações na riqueza do mundo e a impossibilidade para algumas nações de maner uma balança comercial favorável foram desafiadas com a eoria das vanagens absoluas (CARBAUGH, 2004). Para Smih (CARBAUGH, 2004), odas as nações poderiam ober, de forma simulânea, ganhos com o comércio inernacional. Eses ganhos seriam obidos a parir da especialização do país na produção do bem para o qual possuísse vanagem absolua. Esa vanagem seria referene ao menor cuso de produção absoluo em um deerminado bem o cuso relacionado a esa vanagem seria a quanidade de mão de obra uilizada na fabricação de um bem. Seguindo esa visão, cada país precisaria possuir um bem específico cua eficiência fosse a maior denre odos os produores; com iso, o mundo poderia se beneficiar da divisão inernacional do rabalho. Esa configuração de ransação comercial enre as nações indicaria a presença de imporações para as que possuíssem o bem em desvanagem de cuso absoluo. De forma análoga, os bens que apresenassem vanagem de cuso absoluo seriam exporados para as demais economias (KRUGMAN; OBSTFELD, 2005). Esa relação de comércio baseada no cuso mínimo absoluo foi quesionada por David Ricardo (CARBAUGH, 2004). Para ele, essa relação poderia ocorrer um comércio muuamene benéfico ainda que um país fosse mais eficiene que seu parceiro comercial na produção de odos os bens comercializados. Assim, diferene de Smih, que defendia a compeiividade aravés da vanagem nos cusos absoluos, Ricardo lançou mão da eoria enre as diferenças de cusos comparaivas, que podia assim ser compreendida: Cada nação se especializa e expora aquele bem para o qual possui uma vanagem comparaiva [...]. É possível que uma nação não enha vanagem absolua em nada, mas não é possível que uma nação enha vanagem comparaiva em udo e a oura nação não enha vanagem comparaiva em nada. Isso ocorre porque a vanagem comparaiva depende dos cusos relaivos. Uma nação com desvanagem absolua em odos bens ulgaria vanaoso especializar-se na produção daquele bem para o qual sua desvanagem absolua é mínima (CARBAUGH, 2004, p. 34). Esa eoria da vanagem comparaiva consisia na possibilidade de exisir comércio muualmene benéfico enre nações, ainda que uma delas possuísse desvanagem de cuso absoluo na produção de odos os bens ransacionados enre elas. Segundo Ricardo, para que exisisse ese comércio, o país menos eficiene deveria especializar-se na produção do bem cua desvanagem absolua fosse menor. 152

Assim, o auor formulou um modelo de vanagens comparaivas baseado, denre ouras premissas, em: uma economia formada por apenas duas nações que possuíam apenas um único faor de produção (mão-de-obra), que não se movimena enre as nações, mas sim apenas enre seores. Além desas, ouras podem ser ciadas, como por exemplo: a exisência de concorrência perfeia, livre-comércio, níveis ecnológicos fixos e o equilíbrio das balanças comerciais (KRUGMAN; OBSTFELD, 2005). 2.2 Referencial Analíico A análise da compeiividade das exporações brasileiras de casanha-de-cau foi realizada por meio do cálculo dos indicadores de Posição Relaiva de Mercado (PRM), Vanagem Comparaiva Revelada (VCR) e Consan-Marke-Share (CMS), descrios a seguir. Posição Relaiva de Mercado (PRM) Um indicador que pode ser uilizado para se medir o grau de compeiividade de um país frene ao mercado exerno é o apresenado aravés do cálculo da Posição Relaiva de Mercado (PRM), apresenado por Lafay (1990), com maiores explicações por pare de Silva, Anefalos e Filho (2001). De acordo com os auores, para deerminar a posição de uma nação no mercado inernacional de um produo, é necessário que se calcule o seu saldo comercial ( X M ) em relação ao oal do referido produo comercializado no mundo ( W k ), num deerminado ano () (SILVA; ANEFALOS; FILHO, 2001, p. 72), o que pode ser observado conforme a equação (1). Em que: X M PRM = 100 x ( 1 ) Wk PRM = Posição Relaiva de Mercado do país i para o bem k no período ; X M = saldo comercial do país i para o bem k no período ; W k = oal do produo comercializado no mundo, ou sea, valor oal das exporações mais as imporações mundiais do produo k no período. O cálculo dos indicadores apresenados nese capíulo é de grande imporância para a consrução de esraégias de compeiividade e, segundo Perauskie e al. (2012), é imporane ambém para fundamenar o processo decisório, ano sob o aspeco da iniciaiva privada como de políicas governamenais, para com isso buscar foralecer a paricipação do país frene ao mercado globalizado. Vanagem Comparaiva Revelada (VCR) Perauskie e al. (2012) fazem, ambém, uma disinção enre o caráer dos indicadores que podem ser uilizados para se medir a compeiividade, afirmando que eses podem ser de naureza absolua ou relaiva. Segundo os auores: 153

Os indicadores absoluos referem-se [...] à comparação do desempenho compeiivo do país focalizado com o de seus concorrenes no comércio mundial dos produos respecivos. Já os indicadores do ipo relaivo [...] medem a relação enre o desempenho do seor em quesão e o desempenho dos demais seores do mesmo país (PETRAUSKI, e al., 2012, p. 100). Ese segundo grupo de indicadores, de viés relaivo, faz pare do conceio de vanagem comparaiva revelada, apresenado por Balassa (1965) e amplamene uilizado na lieraura econômica. Para ese auor, não seria simples quanificar quais seriam os faores que responderiam pelas vanagens comparaivas das nações, pois denre eles esão os cusos relaivos. Porano, sua sugesão foi a de que deveriam ser elaborados esudos de al forma que as vanagens fossem reveladas nos moldes do comércio. O indicador da Vanagem Comparaiva Revelada (VCR) pode enão ser inerpreado como sendo a associação para um deerminado país enre a paricipação no comércio exerior de um seor específico e sua paricipação no volume oal de exporações de sua indúsria de manufaura (PETRAUSKI e al., 2012), sendo expresso conforme a equação (2). Em que: VCR = Vanagem Comparaiva Revelada; k X i = valor das exporações do país i para o bem k; X i = valor das exporações oais do país i; X X k = valor das exporações do bem k no mundo; = valor das exporações oais no mundo. k X i / X i VCR = ( 2 ) k X / X Dese indicador depreende-se a ideia de que há ou não vanagens comparaivas reveladas no dado seor de análise, endo em visa que seu cálculo é baseado em números observados após o fenômeno da comercialização e, porano, apesar de deerminar a vanagem comparaiva, não é adequado para se buscar previsões. A análise da ferramena, segundo Perauskie e al. (2012), se dá aravés da inerpreação do valor absoluo do índice apresenado, e suas linhas de conclusão são as de que um índice menor que uma unidade indicaria um país apresenando uma desvanagem comparaiva para o bem em quesão considerado, enquano um valor maior que uma unidade comparada demonsraria que o país possui vanagem comparaiva revelada no comércio inernacional, sendo ano maior quano mais alo for ese índice. Consan-Marke-Share Empregou-se nese rabalho, ambém, o méodo Consan-Marke-Share (CMS) na análise do desempenho das exporações de casanha-de-cau, e que é muio uilizado em esudos sobre crescimeno e desempenho das exporações de produos agrícolas (HORTA e al., 1994; CARVALHO, 1997). No méodo CMS, as variações na paricipação das exporações de um país no comércio mundial são decomposas no efeio composição dos produos (maior 154

concenração na paua de exporação de produos cua demanda mundial cresce mais rapidamene), efeio disribuição dos mercados (maior desinação de produos para países/mercados que mais crescem no comércio mundial), efeio comércio mundial e efeio compeiividade, obido por resíduo dos demais. Segundo Coelho e Berger (2004), o méodo CMS apresena algumas limiações em esudos que invesigam as causas do crescimeno e desempenho das exporações. Essas limiações se devem ao fao de que o modelo uiliza apenas as informações dos dados iniciais e finais do período escolhido. Porém, ese faor não invalida os resulados. De acordo com Carvalho (2004), o méodo de CMS é expresso conforme equação (3). ' ' ( V V ) = ( rv ) + ( r r) V + ( V V rv ) (a) (b) (c) Em que: V V= crescimeno efeivo do valor das exporações de casanha-decau do país em foco para o mercado ; V = (p*q) = valor das exporações de casanha-de-caudo país em foco para o mercado, no período 1; V = (p *q) = valor das exporações de casanha-de-caudo país em foco para o mercado, no período 2; Sendo p = preço das exporações de casanha-de-caudo país em foco, no período 1, em US$/oneladas; p = preço das exporações de casanha-de-caudo país em foco, no período 2, em US$/oneladas; q = quanidade de casanha-de-cau exporada do país em foco ao mercado, no período 1, em milhões de oneladas; q = quanidade de casanha-de-cau exporada do país em foco ao mercado, no período 2, em milhões de oneladas; r = [(Xm /Xm)-1] axa de crescimeno percenual do valor das exporações mundiais de casanha-de-cau para o mercado, enre os períodos 1 e 2; r = [(Xm /Xm)-1] axa de crescimeno percenual do valor das exporações mundiais de casanha-de-cau, enre os períodos 1 e 2; e onde, Xm = valor das exporações mundiais de casanha-de-cau para o mercado, no período 1, excluídas as exporações do país em foco; Xm = valor das exporações mundiais de casanha-de-cau para o mercado, no período 2, excluídas as exporações do país em foco; Xm = Valor das exporações mundiais de casanha-de-cau no período 1; Xm = Valor das exporações mundiais de casanha-de-cau no período 2, os efeios são deerminados pelo seguine modo: (a) Efeio crescimeno do comércio mundial de casanha-de-cau= rv n = 1 (3) (b) Efeio desino das exporações = n = 1 r V n = 1 rv (c) Efeio compeiividade = n = 1 V ' n n V = 1 = 1 Nesse senido, o crescimeno das exporações pode ser explicado pelo crescimeno do comércio mundial, pela concenração favorável (ou desfavorável) das exporações em mercados de rápido (ou leno) crescimeno e por um efeio de compeiividade que resula de ganhos (ou perdas) de paricipação nos diferenes mercados (COELHO, BERGER, 2004). r V 155

Os resulados do méodo de CMS avaliam os efeios e a forma que cada efeio conribuiu, no caso da presene pesquisa, para a evolução das exporações de casanha-de-cau no período considerado, além de confronar o desempenho das exporações brasileiras de casanha-de-cau com a de seus principais concorrenes no mercado mundial (VALVERDE e al., 2006). Os mercados consumidores de casanha-de-cau considerado para análise referem-se aos países que são os principais desinos das exporações nacionais, a saber: Esados Unidos, Canadá, Líbano, Iália, Holanda, Reino Unido e Reso do Mundo; e aos principais concorrenes do Brasil no mercado inernacional de casanha-de-cau em 2011: Índia, Indonésia, Holanda e Cosa do Marfim (FAO, 2014). 2.3 Fone de Dados A análise desa pesquisa envolve uma comparação enre índices de indicadores de compeiividade, calculados aravés de dados secundários referenes ao período de 2007 a 2011. Uilizamos esa faixa emporal, uma vez que, como á dio aneriormene, além de enendermos que ese período é represenaivo a capar o desempenho das exporações brasileiras de casanha-de-cau e dos seus principais concorrenes no mercado inernacional em 2011 Índia, Indonésia, Holanda e Cosa do Marfim), segundo a Food and Agriculural Organizaion (FAO, 2014), ambém á exisem esudos feios para anos aneriores e que buscaram analisar a paricipação do Brasil no mercado inernacional da casanha-de-cau (ARAUJO e al., 2006; ALBUQUERQUE e al., 2010). Os dados secundários uilizados se referem às exporações e imporações anuais de casanha-de-cau e foram obidos nas seguines fones: o valor das exporações e imporações brasileiras de casanha-de-cau foi obido no banco de dados da FAO (2014) e esão em US$ FOB; os dados das exporações oais brasileiras e do mundo, em US$ FOB, são do Minisério do Desenvolvimeno, Indúsria e Comércio (MDIC, 2014); e o valor das exporações de casanha-de-cau do mundo, em US$ FOB, foi obido uno à Organização Mundial de Comércio (WTO, 2014). 3. Resulados e discussão Nesa sessão apresena-se a análise do desempenho das exporações brasileiras de casanha-de-cau e dos seus principais concorrenes no mercado inernacional, realizada por meio realizada do cálculo dos indicadores de Posição Relaiva de Mercado (PRM),Vanagem Comparaiva Revelada (VCR)e Consan- Marke-Share (CMS). Verificam-se na Tabela 01 os resulados referenes à PRM do Brasil e dos seus principais concorrenes no mercado inernacional de casanha-de-cau, enre2007 e 2011. 156

Tabela 01 Posição Relaiva do Mercado (PRM) do Brasil e dos seus principais concorrenes no mercado inernacional de casanha-de-cau, de 2007 a 2011 Cosa do Ano Brasil Índia Indonésia Holanda Marfim 2007 6,90 3,8 2,5 3,1-3,5 2008 4,40 1,3 1,8 4,0-3,0 2009 5,68-1,2 2,0 4,2-2,7 2010 5,65 12,1 1,8 4,6-1,8 2011 2,92-4,5 1,1 4,7-2,4 Fone: Resulados da Pesquisa. Noa-se, na Tabela 01, que no período de 2007 a 2011, o Brasil, a Indonésia e a Cosa do Marfim apresenaram valores posiivos para o índice PRM. Já a Índia apresenou valor negaivo para ese índice em 2009 e 2011 e a Holanda apresenou valor negaivo para odos os anos, indicando que o país perdeu posição no mercado e que se apresenou como imporador líquido desse produo, apesar do grande volume produzido. De 2007 a 2009 o Brasil apresenou o maior PRM quando comparado com seus principais concorrenes no mercado inernacional de casanha-de-cau. Em 2010, a maior PRM foi da Índia e em 2012 da Cosa do Marfim, devido ao crescimeno das exporações desses países no ano anerior. Na Tabela 02, esão exposos os resulados referenes à VCR do Brasil e dos seus principais concorrenes no mercado inernacional de casanha-de-cau, de 2007 a 2011. Tabela 02 Vanagem Comparaiva Revelada (VCR) do Brasil e dos seus principais concorrenes no mercado inernacional de casanha-de-cau, de 2007 a 2011 Cosa do Ano Brasil Índia Indonésia Holanda Marfim 2007 15,7 39,9 8,0 130,5 2,6 2008 9,7 33,8 5,6 161,7 2,4 2009 12,7 29,7 5,9 126,4 2,8 2010 11,3 41,4 4,6 159,9 3,0 2011 7,9 26,7 3,6 197,1 2,7 Fone: Resulados da Pesquisa. Noa-se que no período de 2007 a 2011, ano o Brasil quano seus concorrenes no mercado inernacional apresenaram vanagem comparaiva ou compeiividade da comercialização da casanha-de-cau no mercado inernacional, confirmando a imporância desse produo na paua de exporações dos países sob análise. Conudo, a Cosa do Marfim foi o país com maior vanagem comparaiva. Além disso, o índice VCR da Cosa do Marfim foi o maior denre os países considerados e aumenou, caracerizando aumeno do grau de compeiividade no 157

mercado de casanha-de-cau ao longo do período considerado.isso pode ser devido ao fao de as imporações de casanha-de-cau da Cosa do Marfim ser bem inferior quando comparada com as exporações, o que favorece posiivamene sua balança comercial. Na Índia, há um fore aparao governamenal para o desenvolvimeno dessa culura, ais como subsídios na comercialização da casanha e na aquisição de equipamenos desinados ao processameno, além de incenivos financeiros à exporação da amêndoa, o que ambém explica a compeiividade desse país no mercado inernacional de casanha-de-cau (ALBUQUERQUE e al., 2010). A perda de posição relaiva e da compeiividade brasileira no mercado inernacional de casanha do cau pode ser explicada pelos seguines faores: processameno da casanha-de-cau predominanemene radicional e mecanizado, com baixo rendimeno de amêndoas ineiras; baixa produividade da cau culura; baixa remuneração do produor, que em ainda acesso a um crédio resrio, devido a necessidades de garanias por pare dos órgãos financiadores; e conflios na cadeia agroindusrial do cau enre produores, inermediários e processadores, em ermos de margens e disribuição de ganhos (ALBUQUERQUE e al., 2010). As fones de crescimeno das exporações brasileiras de casanha-de-cau e dos seus principais concorrenes no mercado inernacional, no período de 2007 a 2011, por meio do méodo Consan-Marke-Share, esão apresenadas na Tabela 03 para os períodos de 2007-2009, 2009-2011 e 2007-2011 esa subdivisão deu-se a fim de ornar possível uma comparação evoluiva enre os períodos. Tabela 03 Fones de Crescimeno das Exporações Brasileiras de casanha-de-cau e dos seus principais concorrenes no mercado inernacional, de 2007 a 2011, em % Iens Ano Índia Indonésia Holanda Crescimeno efeivo do valor das exporações Crescimeno do comercio mundial Desino das exporações Compeiividade Fone: Resulados da Pesquisa. Cosa do Marfim Brasil 2007-2009 7,44-0,45 22,99 40,24 2,31 2009-2011 35,59-3,05 19,18 37,44-2,07 2007-2011 40,38-3,52 37,76 62,61 0,29 2007-2009 228,86-4070,35 61,65 27,34 777,58 2009-2011 67,10-1252,02 156,18 61,94-1828,11 2007-2011 91,99-1832,49 102,67 37,20 21358,30 2007-2009 -480,69 4191,42 166,64 72,57-879,10 2009-2011 195,18 1308,78-212,89 36,26 2144,73 2007-2011 48,70 1897,76-27,63 61,67-22828,97 2007-2009 351,84-21,07-128,29 0,08 201,52 2009-2011 -162,28 43,24 156,70 1,80-216,62 2007-2011 -40,68 34,73 24,96 1,13 1570,67 Com base nos dados apresenados na Tabela 03, verifica-se que ocorreu um crescimeno efeivo das exporações de casanha-de-cau na Índia, Holanda e Cosa do Marfim o Brasil não apresenou crescimeno significaivo para o período analisado. Para o mercado nacional, enre os anos de 2007 e 2011, os valores oais de exporação permaneceram praicamene os mesmos (o que se refleiu em um índice abaixo de 0,5), enquano Cosa do Marfim, Índia e Holanda aumenaram sua paricipação no volume oal exporado no mercado mundial. No caso da Indonésia, houve redução dese crescimeno efeivo das exporações. Na Índia o crescimeno do comércio mundial e o desino das exporações explicam o crescimeno das exporações de casanha-de-cau do país. O efeio 158

compeiividade apresenou-se negaivo quando se leva em consideração a análise de 2007 a 2011, o que pode ser derivado do fao de que o culivo no país é o chamado de pioneiro (baseado em caueiros radicionais), ornando mais lena a subsiuição por espécies mais produivas (ALBUQUERQUE e al., 2010). Na Indonésia houve uma redução das exporações de casanha-de-cau, que pode ser explicada pelo efeio negaivo do crescimeno do comércio mundial. Já na Holanda o crescimeno das exporações de casanha-de-cau foi explicado pelo crescimeno do comércio mundial e pela compeiividade.na Cosa do Marfim, o crescimeno das exporações de casanha-de-cau se deve ao crescimeno do comércio mundial e da compeiividade. No caso brasileiro, não houve crescimeno significaivo das exporações de casanha-de-cau para o período de 2007 a 2011. Os valores absoluos referenes aos efeios de crescimeno do comércio mundial e do desino das exporações se anulam, uma vez que não houve crescimeno das exporações brasileiras no período. Em relação ao efeio compeiividade, para o caso do Brasil, o mesmo pode ser explicado por faores ais como a subsiuição do caueiro radicional pelo anão precoce, que em sido esimulada no país, apesar de seguir de maneira lena.além disso, em-se a boa recepividade do produo brasileiro no exerior. Eses faores explicam o fao da exporação brasileira haver permanecido nos mesmos níveis enre os anos analisados (ALBUQUERQUE e al., 2010). Considerações finais O cau é de fao uma culura de relevância econômica e social fundamenal para o Brasil. Como á dio aneriormene, grande pare da produção é desinada à exporação (por vola de aproximadamene 90% da produção inerna), e iso conribuiu e ainda conribui de maneira significaiva para o desenvolvimeno da região Nordese do Brasil. Porém, como apresenado nos resulados, o país vem perdendo compeiividade para os principais produores no mercado mundial, Em relação à paricipação das exporações brasileiras de casanha-de-cau no mercado inernacional, de um modo geral, o Brasil e seus principais concorrenes nese mercado perderam posição relaiva, exceo a Cosa do Marfim baseando-se no indicador de PRM. Enre os anos de 2007 e 2009, o Brasil maneve-se à frene do ranking, mas foi superado pela Cosa do Marfim, que encerrou 2011 como a primeira colocada. O país com maior vanagem comparaiva revelada (VCR) foi, usamene, a Cosa do Marfim, seguida pela Índia, Brasil, Indonésia e Holanda. Aqui, ressalamos que a vanagem da Cosa do Marfim, baseando-se nese indicador, foi absolua. O Brasil, enre os anos de 2007 e 2011, eve seu índice de VCR diminuído de 15,7 para 7,9, o que indica perda de paricipação na vanagem comparaiva revelada. Com a análise das fones de crescimeno das exporações de casanha-de-cau do Brasil e de seus principais concorrenes no mercado mundial (Índia, Indonésia, Holanda e Cosa do Marfim), foi consaado que, para os países em que houve crescimeno efeivo das exporações, o efeio crescimeno do comércio mundial conribuiu em maior percenual exceo para a Cosa do Marfim, onde o efeio compeiividade superou o crescimeno do comércio mundial. O efeio desino das exporações foi relevane para explicar o crescimeno das exporações da Índia; por ouro lado, o efeio compeiividade foi aquele que explicou 159

o crescimeno das exporações da Holanda, Cosa do Marfim e, principalmene, do Brasil. Assim, podemos concluir que o Brasil apresenou vanagem comparaiva revelada na produção de casanha-de-cau durane o período analisado nese esudo. Conano, o país perdeu a liderança no ranking para a Cosa do Marfim enre os anos de 2010 e 2011, o que orna de fundamenal imporância a análise de ferramenas para a reomada desa liderança do Brasil no comércio mundial dada a imporância da casanha-de-cau para a economia brasileira. Referências ALBUQUERQUE, D. P. L.; KHAN, A. S.; LIMA, P. V. P. S.; CARVALHO, E. B. S. A compeiividade exerna da amêndoa de casanha-de-cau Brasileira no período de 1990 A 2007. Anais... VI Enconro de Economia do Ceará em Debae, Foraleza- Ceará, 2010. ARAÚJO, S. S. V.; SILVA, L. M. R.;LIMA,P. S. Compeiividade do Agronegócio Cearense no Mercado Inernacional: ocaso da Amêndoa da Casanha-de-cau e Melão. Anais... 44 Congresso da Sociedade Brasileira de Economia, Adminisração e Sociologia Rural (SOBER), Julho, 2006, Foraleza, Ceará, Brasil. BALASSA, B. Trade liberalizaion and revealed comparaive advanage. The Mancheser School of Economic and Social Sudies. Mancheser, n. 32, p. 99-123, 1965. BANCO DO BRASIL. Desenvolvimeno Regional Susenável: Fruiculura Cau. Série Cadernos de Proposas para auação em cadeias produivas. Fundação Banco do Brasil: Brasília, 2010. Disponível em: <hp://www.bb.com.br/docs/pub/ins/dwn/ Vol4FruicCau.pdf>. Acesso em: 22 ul., 2014. CARBAUGH, R. J. Economia Inernacional. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. CARVALHO, F. M. A. de. Méodo Consan Marke Share. In. SANTOS, M. L. dos; VIEIRA, W. C. (Ed.). Méodos Quaniaivos em Economia. Viçosa, UFV, cap. 8, p. 225 242, 2004. COELHO, M.R.F., BERGER, R., Compeiividade das Exporações Brasileiras de Móveis no Mercado Inernacional: Uma Análise Segundo a Visão Desempenho. Revisa FAE, Curiiba, v.7, n.1, p.51-65, 2004. FIGUEIRÊDO JUNIOR, H. S. D. Desafios Para a Cauculura no Brasil: O Comporameno da Ofera e da Demanda da Casanha-de-cau. Revisa Econômica do Nordese, Foraleza, v. 37, nº 4, ou-dez. 2006. Food and Agriculural Organizaion FAO. 2014. Saisic. Disponível em:<hp://www.fao.org>. Acesso em: 10 un., 2014. 160

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