ELEMENTOS DO PLANEJAMENTO FINANCEIRO NO PLANO DE NEGÓCIOS Prof. Ms. Marco Arbex Alguns conceitos Custos fixos: aqueles que não sofrem alteração de valor em caso de aumento ou diminuição da produção. Independem portanto, do nível de atividade, conhecidos também como custo de estrutura. Exemplos: Limpeza e Conservação; Aluguéis de Equipamentos e Instalações; Salários da Administração. Para efeito de simplificação, é comum considerar os gastos com telefone, água e luz como custos fixos. Custos variáveis: aqueles que variam proporcionalmente de acordo com o nível de produção ou atividades. Seus valores dependem diretamente do volume produzido ou volume de vendas efetivado num determinado período. Exemplos: Custo de matérias-primas, custo das mercadorias vendidas, comissões de vendas, impostos sobre faturamento. Os sitemas de custeio mais elaborados consideram os insumos produtivos como água e energia como custos variáveis. Margem de contribuição: É o valor, ou percentual, que sobra das vendas, menos o custo direto variável e as despesas variáveis. A margem de contribuição representa o quanto a empresa tem para pagar as despesas fixas e gerar o lucro líquido. Exemplo: Preço de Venda Custo da Mercadoria Vendida Despesas Variáveis. Preço de Venda = R$ 20,00 (100%) Custo das Mercadorias Vendidas = R$ 12,00 (60%) Despesas Variáveis = R$ 2,00 (10%) = Margem de Contribuição = R$ 6,00 (30%). Lucratividade: quanto a empresa lucra para cada Real vendido ou faturado. Lucratividade = Lucro / Faturamento Rentabilidade: quanto a empresa lucra anualmente para cada Real investido no negócio. Rentabilidade = Lucro / Investimento inicial Valor Presente Líquido - VPL O VPL consiste no valor presente dos fluxos de caixa futuros reduzido do valor presente do custo do investimento. O VPL permite dizer quanto dinheiro um investidor precisaria ter hoje para desistir de fazer um investimento. Se o VPL for positivo o investimento vale a pena, pois ao longo de determinado período, o este rendeu mais do que o investidor desejaria, considerando uma taxa mínima desejada. Analogamente, sendo o VPL negativo, o
investimento não vale a penas, pois este teria rendido menos do que o investidor desejaria, a uma taxa mínima desejada. Com o VPL nulo (igual a zero) a realização do investimento é indiferente. A taxa de juros escolhida deve representar a taxa mínima de atratividade (TMA) do negócio. Em outras palavras, para se analisar um projeto, deve-se considerar o fato de se estar perdendo a oportunidade de auferir retornos pela aplicação do mesmo capital em outros negócios ou no mercado financeiro é o chamado custo de oportunidade. Assim, a proposta em análise deve ter uma TMA que renda pelo menos o que ofereceria aplicações financeiras de baixo risco. VPL = Σ FC n _ In 0 (1+ i ) n Onde: In 0 = Valor do investimento FC n = Fluxo de caixa para n períodos i = Taxa mínima de atratividade VPL = FC 1 + FC 2 + FC 3 +... + FC n _ In 0 (1 + i ) 1 (1 + i ) 2 (1 + i ) 3 (1 + i ) n Exemplo: Investimento inicial: R$ 20.000,00 Fluxo de caixa ano 1: R$ 3.600,00 Fluxo de caixa ano 2: R$ 5.600,00 Fluxo de caixa ano 3: R$ 6.000,00 Fluxo de caixa ano 4: R$ 7.200,00 Fluxo de caixa ano 5: R$ 8.000,00 TMA: 12% ao ano VPL = 3600 + 5600 + 6000 + 7200 + 8000-20000 (1+0,12)1 (1+0,12)2 (1+0,12)3 (1+0,12)4 (1+0,12)5 VPL = 1.067.20 Como o VPL encontrado foi positivo, este projeto é recomendável.
Taxa interna de retorno (TIR) A TIR é a taxa que remunera o investimento e que torna nulo o valor presente líquido dos fluxos de caixa, sendo independente da taxa de juros do mercado. Sem uma calculadora financeira, A TIR é identificada através do método de tentativa e erro, exigindo uma série de aproximações sucessivas. A TIR encontrada deverá ser comparada com a taxa de atratividade escolhida no momento da decisão do investimento ou financiamento. Para aceitar o investimento, a TIR deverá ser maior que esta taxa de atratividade (TMA). Consideremos o mesmo exemplo anterior: Investimento inicial: R$ 20.000,00 Fluxo de caixa mês 1: R$ 3.600,00 Fluxo de caixa mês 2: R$ 5.600,00 Fluxo de caixa mês 3: R$ 6.000,00 Fluxo de caixa mês 4: R$ 7.200,00 Fluxo de caixa mês 5: R$ 8.000,00 TMA: 12% ao ano 20000 = 3600 + 5600 + 6000 + 7200 + 8000 (1+i)1 (1+i)2 (1+i)3 (1+i)4 (1+i)5 Considere ainda que a taxa (i) da equação acima seja 13,87%, substituindo-a na equação, teremos: 20000 = 20000 No exemplo acima, a taxa de 13,87% iguala o investimento no valor presente, sendo considerada a TIR deste projeto. Caso esta TIR seja menor que a TMA identificada, o projeto não deve ser aceito. Como a TMA dada foi de 12%, o projeto deve ser aceito. VPL e TIR na HP 12c: Exemplo: Investimento inicial: 100.000,00; TMA: 15% ao ano; entradas de caixa anuais: 30.000,00 (ano 1); 20.000,00 (ano 2); 40.000,00 (ano 3); 50.000,00 (ano 4); 60.000,00 (ano 5). f REG para zerar todos valores 100000 CHS g CFo 30000 g CFj 20000 g CFj 40000 g CFj
50000 g CFj 60000 g CFj 15 i f NPV (para exibir o VPL) Resultado: R$ 25.928,74 f IRR (para exibir a TIR) Resultado: 23,91 % Payback O método do payback representa o período de recuperação do investimento inicial. É obtido calculando-se o número de anos que será necessário para que os fluxos de caixa futuros acumulados se igualem ao montante do investimento inicial. Observa-se que não se deve considerar apenas este método como decisão de investimento, pois não contempla os fluxos de caixa após o período de recuperação, ou seja, não considera o desempenho do negócio após o investimento ser pago. Este método pode levar a escolha de um projeto que tenha um prazo de retorno muito baixo, desconsiderando outro com período mais longo, mas que possa gerar maior riqueza para o empresário, ou seja, que apresente um VPL maior. 1- Payback simples (com entradas de fluxo de caixa iguais em todos os períodos): Payback = Investimento inicial Entradas/ saídas de caixa A resposta do payback é dada em termos de período de tempo, que indica o tempo demandado para recuperação do investimento inicial. Nota-se que a resposta é dada na mesma unidade temporal utilizada em entradas de caixa. 2- Payback simples (com entradas de fluxo de caixa diferentes em cada período): Período Investimento Entradas/saídas Acumulado de caixa 0-1500 -1500 Mês 1 100-1400 Mês 2 300-1100 Mês 3 400-700 Mês 4 400-300 Mês 5 400 100
No exemplo acima, o retorno sobre o investimento se dá entre o quarto e o quinto mês. Se quisermos descobrir o momento exato em que o retorno acontece, a seguinte fórmula deve ser usada: Pt Pt-1 = X St + 360 360 Onde: Pt = Período em que há saldo acumulado positivo Pt-1 = Período anterior St = Valor acumulado no período em que há saldo acumulado positivo O valor de X multiplicado por 30 representa os meses entre o período que o saldo é negativo e o período em que o saldo é positivo. Usando o exemplo anterior: 5 4 = X 100 + 360 360 X = 0,8 0,8 x 30 = 24 Tempo de retorno: 4 meses e 24 dias OBS: Se o período fosse fornecido em anos ao invés de meses, a multiplicação no final da fórmula deve ser por 12 ao invés de 30. Sistemas de amortização Os sistemas de amortização são utilizados para o pagamento de financiamentos (veículos, imóveis ou bens de capital como máquinas e equipamentos) ou dividas. Serão apresentados dois sistemas de amortização: o PRICE e o SAC. 1- SISTEMA PRICE (FRANCÊS) O sistema PRICE tem como característica principal o fato de apresentar prestações iguais durante todo o período de amortização. É conhecido igualmente por Sistema de Prestações Constantes.
Exemplo: Financiamento: R$ 1.000,00 (PV) Taxa de juros: 1% ao mês (i) Período: 4 meses (n) Valor das prestações (PMT): PMT PV 1 i 1.000 0,01 n 1 i 1 1 0,01 4 256,28 Período Prestação (PMT) Juros Amortização Saldo devedor 0 1.000,00 1 256,28 10,00 246,28 753,72 2 256,28 7,53 248,74 504,97 3 256,28 5,04 251,23 253,74 4 256,28 2,54 253,74 0 Quando o saldo devedor zera, a divida foi amortizada. O mesmo exemplo, com carência de 2 meses: - Quando há carência para o pagamento, só há incidência de juros sobre o saldo devedor inicial. Uma vez que não há pagamento de prestações, o saldo devedor não diminui. Período Prestação (PMT) Juros Amortização Prestação (PMT) 0 1.000,00 1 10,00 10,00 0 1.000,00 2 10,00 10,00 0 1.000,00 3 256,28 10,00 246,28 753,72 4 256,28 7,53 248,74 504,97 5 256,28 5,04 251,23 253,74 6 256,28 2,54 253,74 0 2- SISTEMA DE AMORTIZAÇÕES CONSTANTES (SAC) A principal diferença deste sistema em relação ao PRICE é que ao invés de prestações constantes, há um valor constante de amortização da dívida. Exemplo: Financiamento: R$ 1.000,00 (PV) Taxa de juros: 1% ao mês (i) Período: 4 meses (n) Carência: 2 meses
Valor da amortização: = PV / n = 1.000,00 / 4 = 250,00 Período Prestação Juros Amortização Saldo devedor 0 1.000,00 1 0 10 0 1.000,00 2 0 10 0 1.000,00 3 260 10 250,00 750,00 4 257,50 7,50 250,00 500,00 5 255,00 5,00 250,00 250,00 6 252,50 2,50 250,00 0 OBS: Os juros incidem sempre sobre o saldo devedor do período anterior Comparação entre os dois sistemas de amortização Os dois sistemas são financeiramente equivalentes, pois o valor presente das prestações usando a taxa de cálculo será sempre igual o montante do financiamento. Porém, no sistema SAC a amortização permanece constante e os juros vão diminuindo, possibilitando assim a diminuição da prestação. Ponto de equilíbrio Indica o nível de operações da empresa em que não há lucro nem prejuízo. Mostra qual o montante de receita mínimo que a empresa deve atingir para cobrir seus custos fixos e variáveis. PE = Custos fixos x 100 MCT (em percentual) Onde: MCT= Receita bruta - Custos variáveis x 100 Receita Bruta MCT é a margem de contribuição total. Esta representa o valor resultante da diferença entre as vendas e os custos variáveis. O resultado é o que sobra para cobrir os custos fixos e gerar lucro.
Exemplo: Faturamento (receita bruta): R$ 10.000,00 Custo das mercadorias vendidas ou das matérias-primas (variável): R$ 7.000,00 Custos fixos (aluguel, luz, água, salários e prestação financiamento): R$ 1.000,00 Comissão : 3%sobre faturamento (variável) = 300,00 Impostos: 3% sobre faturamento (variável) = 300,00 MCT = 10.000,00 7.600,00 x 100 10.000,00 MCT = 24% Assim, ao sanar seus custos variáveis, comissões e impostos sobre vendas, a empresa tem ainda 24% do seu faturamento para cobrir seus custos fixos e obter lucro. O ponto de equilíbrio do exemplo acima é dado da seguinte forma: PE = 1.000,00 x 100 = 4.166,66 24 O ponto de equilíbrio indica que a empresa precisa apresentar uma receita bruta no período de pelo menos R$ 4.166,66 para cobrir seus custos variáveis e fixos. Abaixo deste valor a empresa apresenta prejuízo, e acima, apresenta lucro.