Mortalidade por Aids no Brasil



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Transcrição:

Mortalidade por Aids no Brasil 2º Seminário de Estudos e Pesquisas em DST/HIV/Aids Dezembro, 2009 Denize Lotufo Estevam Programa Estadual de DST/Aids SP

Mudanças nas causas de óbito em HIV entre 2000 e 2005 (França) No. óbitos Idade média Média CD4 2000 964 41 94 47% 2005 1042 46 161 36% Causas relacionadas Charlotte Lewden et al

Causas relacionadas ao óbito em adultos HIV+, 2000 e 2005, França

Mortalidade na era HAART, em 10 cidades dos Estados Unidos Taxa de óbito (100 pessoas/ano) Causas relacionadas (100 pessoas/ano) Causas não relacionadas (100 pessoas/ano) 1996 7 3,79 13,1 2004 1,3 0,32 42,5 N: 6.945 pacientes Frank J. Palella,Jr et al

Projeto AMA Brasil: Avaliação do perfil clínico e epidemiológico dos óbitos associados à aids em 2003 1o. CD4< 200 TB Hepatite C Sem ARV Óbitos 63.9% 29.7% 21.3% 30.9% Grupo controle 51.2% 20.4% 14.3% 8.4% Maria Amélia S, et al (estudo em fase de análise de dados)

Mortalidade precoce e causa de óbitos em pacientes em uso de HAART no Brasil e Estados Unidos, 1999-2007 Brasil Pacientes 915 859 CD4 (média) 192 195 N óbitos 34 45 Causas relacionadas à Aids Baltimore 61,8% 33,3% Tempo para óbito 64,7% em 90d 48,9% entre 180 e 365d Grinsztejn, Beatriz et al

Aumento das condições não relacionadas à Aids como causa de óbito entre HIV + na era HAART no Brasil Não associadas DM DCV 1999 16,3% 0,6% 4,3% 2004 24,1% 1,4% 6,4% Atestados: 5.836.056 HIV/Aids: 67.249 (1,15%) Pacheco, et al

Fatores de Morbidade Inflamação persistente Imunoativação Toxicidade dos ARV Envelhecimento precoce Estilo de vida Tabagismo Alcoolismo Uso de drogas Sedentarismo

Causas não associadas Doenças hepáticas Doenças cardiovasculares Diabetes, hipertensão arterial Neoplasias: (Meta-Análise da incidência de neo não relacionados a Aids em HIV+) Associadas a infecções: anal, hepático,linfoma Hodgkin Associadas ao tabagismo: pulmão,renal,laringe J Acquir Immune Defic Syndr. Vol 52,number 5,december 15,2009 Meredith S.Shiels et al

fonte: Santo et al., Rev Saude Publ, 2002 Principais causas associadas a óbitos por Aids. Estado de São Paulo, 1997 e 2001. 35 30 25 % 20 15 10 5 1997 2001 0 Pneu monia TB Sepsis * Toxop lasm PCP Cripto c Neopl asia CMV MAC 1997 28,8 18,7 16,5 12,6 8,3 3,9 2,6 1,8 1,2 2001 31 17 24,6 11,9 8 4 3,6 1,5 0,6

Distribuição dos casos de TB, por resultado de tratamento e resultado de HIV, estado de São Paulo, 2006 100 80 % 60 40 20 HIV+ (n=2481) HIV- (n=10798) TB ge ral (n=18718) 0 cura abandono obito s/ encerr HIV+ (n=2481) 46,2 16,4 25,1 7,9 HIV- (n=10798) 81,8 8,3 3,8 2,74 TB geral (n=18718) 70,2 10,9 9,6 5,36 Obs: HIV em andamento: 1261; Não realizado: 3002; sem informação: 1176 (total ignorado= 5439 29%) Fonte: Divisão de Tuberculose CVE/ SES-São Paulo

Estimativa da Cobertura de Quimioprofilaxia para Tuberculose, Pneumocistose e Toxoplasmose em Indivíduos Adultos HIV+ em Acompanhamento e/outratamento ARV no Brasil (Junho de 2002) 160000 Número de Pacientes 140000 120000 100000 80000 60000 40000 20000 0 142.000 Pop HIV+ em acomp/tarv cobertura de 16% 9.000 48.000 Pop HIV+ c/ indic QP-TB cobertura de 80% 21.000 5.000 Pop HIV+ c/ indic QP PPC-Toxo Pop c/ cobertura Pop s/cobertura Pop alvo total

Comitês de Mortalidade SP CRT-DST/AIDS (07/05 a 12/07) Santos ( 2005 e 2006 ) São José do Rio Preto (2004 e 2006)

Comissão de Óbito do CRT Investigados 48 óbitos no período de julho de 2005 a dezembro de 2007 36 homens e 12 mulheres Tempo médio de matrícula até o óbito 103 meses Tempo médio de internação 23 dias 60.4% dos óbitos devido infecções oportunistas

Estudo da Mortalidade Atestado de Óbito Sexo, idade, raça,escolaridade, profissão, local de residência e local do óbito, causas do óbito Nossa Proposta Ano do diagnóstico do HIV e notificação de Aids Situação de risco Seguimento ambulatorial nos últimos 12 meses Intercorrências nos últimos 12 meses Número de internações durante o seguimento

Estudo da Mortalidade Nossa Proposta (continuação): CD4 e CV (primeiro, mais alto e mais baixo e último antes do óbito) Teste de detecção de resistência (N, classes comprometidas) Condições pregressas (relacionadas à Aids) Outras doenças crônicas e complicadores (uso de álcool e drogas) Dados hospitalares Condições que motivaram a internação Outras ocorrências durante a internação Causa do óbito Dados do atestado de óbito Conclusão do óbito

Estratégias Diagnóstico precoce da infecção HIV Organização dos serviços para estimular adesão Busca de faltosos Estruturação da assistência farmacêutica (notificação dos eventos adversos) Atuar na lipodistrofia (preenchimento facial e cirurgias)

Estratégias Acompanhamento ambulatorial completo: Vacinas e Profilaxias Tratamento das hepatites B e C PPD e tratamento de infecção latente Monitoramento da função renal, glicemia, lipídeos, risco cardiovascular, osteoporose Monitoramento das neoplasias com Papanicolaou vaginal e anal

Estratégias Melhoria na qualidade do atendimento: - multiprofissional e interdisciplinar - rede de referências estabelecida - anti-tabagismo - Estimulo aos exercícios físicos - Disponibilização de medicamentos para diabetes, dislipidemias, depressão, osteoporose, etc.

dlotufo@crt.saude.sp.gov.br