ISBN 978-85-7846-516-2 O ESPAÇO QUE EDUCA CRIANÇAS DE 0 A 5 ANOS: UMA ANÁLISE DO AMBIENTE FÍSICO E SUAS INTERLOCUÇÕES COM O PROTAGONISMO INFANTIL Fernanda Dias dos Santos-UEL E-mail: fotografiafernandadias@gmail.com Marta Regina Furlan de Oliveira-UEL E-mail: mfurlan.uel@gmail.com Resumo Eixo 1: Didática e Práticas de Ensino na Educação Básica Esta pesquisa objetiva analisar a constituição do espaço no processo de educação e aprendizagem de crianças de 0 a 5 anos, tecendo um olhar crítico e de análise sobre esses ambientes físicos e suas interlocuções com o protagonismo infantil. O estudo é fruto das reflexões relacionadas ao Projeto de Pesquisa Indústria Cultural, Educação e Trabalho Docente na Primeira Infância: da semiformação à emancipação humana da UEL aprovado pelo comitê de ética: CAAE: nº 73932017.0.0000.5231. A metodologia é um estudo bibliográfico à luz da Teoria Crítica e, pesquisa de campo com observações e registros (fotografia) dos espaços educativos de dois centros de educação infantil de Londrina: público e particular. Nesse sentido, a criança enquanto protagonista no espaço tem possibilidades de interação com o ambiente, enriquecendo seu processo de construção do conhecimento e aprendizagem. Palavras-chave: Educação Infantil. Espaço. Teoria Crítica Introdução Esta pesquisa objetiva analisar a constituição do espaço no processo de educação e aprendizagem de crianças de 0 a 5 anos, tecendo um olhar crítico e de análise sobre esses ambientes físicos e suas interlocuções com o protagonismo infantil. Para tanto, eis o seguinte questionamento: Como vem sendo pensado o espaço para a educação de crianças de 0 a 5 anos? Quais os impactos do ambiente físico e material no processo de constituição da aprendizagem infantil? Para responder as questões explicitadas, precisamos pensar na organização do 240
espaço na educação infantil, para além da materialização espetaculosa de um ambiente bonito, lúdico e, estético. Há a necessidade que o espaço para criança de 0 a 5 anos seja realmente um ambiente impulsionador para as descobertas, para a alegria, para a interação e, principalmente, para as aventuras fascinantes que envolve a aprendizagem e desenvolvimento de criança desde a mais tenra idade. Essa preocupação pelo tema advém das discussões na disciplina de Saberes e Fazeres na Educação Infantil do Curso de Pedagogia e da participação no GEPEI - Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação e Infância da Universidade Estadual de Londrina com o projeto de pesquisa Indústria Cultural, Educação e Trabalho Docente na Primeira Infância: da semiformação à emancipação humana da Universidade Estadual de Londrina aprovado pelo comitê de ética: CAAE: nº 73932017.0.0000.5231, que, de certa forma, contribuiu no processo de leitura e emancipação acerca da infância e da organização do espaço enquanto ambiente que educa e ensina crianças desde a mais tenra idade. A metodologia consiste no estudo bibliográfico à luz dos fundamentos da Teoria Crítica com Adorno (1995), Horkheimer (1985), e também de leituras que dialogam com essa perspectiva teórica e, pesquisa de campo com observações e registros com fotografias de espaços educativos de dois centros de educação infantil no município de Londrina, sendo de caráter público e particular. Esse estudo se faz necessário, considerando que nesse cenário delimitado pela Indústria da propaganda e do espetáculo, muitos espaços educativos direcionados para as crianças de 0 a 5 anos tornam-se apenas ambientação do lúdico mas que, muitas vezes, não permite a criança ser protagonista nesse ambiente educativo. O objetivo geral da pesquisa é compreender como vem sendo pensado e organizado o espaço para a educação protagônica de crianças de 0 a 5 anos. Como objetivos específicos refletir sobre a organização do espaço na educação infantil e, como tem sido explorado esse ambiente em favor do protagonismo infantil; analisar, pelo registro, a organização do espaço de duas escolas de educação infantil do município de Londrina, a saber: escola pública e particular e, analisar os impactos do ambiente físico e material no processo de constituição da aprendizagem infantil. Desenvolvimento 241
De fato, podemos pensar conforme apontamentos de Rinaldi (2012) que são visíveis as influências do ambiente na forma como vamos nos relacionar dentro do mesmo, uma vez que pode ser potencializador para o despertamento do saber como um grande inibidor do conhecimento e da descoberta. Nesse sentido, a atenção aos modos como organizamos os espaços na Educação Infantil, pode ser um grande diferenciador do trabalho pedagógico, uma vez que as crianças pequenas revelam, em relação ao espaço circundante, uma sensibilidade perceptiva e uma competência inatas e de nível extremamente elevado e que são polissêmicas e holísticas (RINALDI, 2012, p. 154). Portanto, ao pensar o ambiente para e com as crianças é necessário favorecer o desenvolvimento do sensível, potencializando as relações infantis, as interações da criança com o meio e, consequentemente, permitindo a ela um processo elaborado do conhecimento. Nesse sentido, a criança enquanto protagonista no espaço tem possibilidades de interação com o ambiente, enriquecendo seu processo de construção do conhecimento e aprendizagem. Esse estudo é necessário e emergente, principalmente num contexto social em que há uma preocupação pela aquisição do ter, secundarizando as relações sociais entre crianças e a própria formação do pensamento criativo e inventivo de crianças. Diante disso, crianças são entregues a ambientes repetitivos, fechados e, fragilizados no campo do saber e fazer, uma vez que passam horas dentro de salas de referência com preenchimentos de atividades que se afirmam ser pedagógicas e potencializadoras do conhecimento. Zabalza (1998) considera que a organização dos espaços na educação Infantil possui características peculiares, principalmente, por acreditamos que a criança precisa ser potencializada em um repertório especial rico e estimulador do conhecimento. Para tanto, as instituições precisam de espaços amplos, bem diferenciados, de fácil acesso e especializados. Em se falando do espaço físico, não se deve pensar em modelos arquitetônicos únicos, pois estes devem se adaptar à cultura e as necessidades e interesses da criança desde a mais tenra idade. Falar de espaço não é tão simples. Há diferenças entre o ambiente educativo, o espaço físico e noção de espaço segundo a perspectiva da criança. Zabalza (1998 apud HORN, 2007), fala da diferenciação entre espaço e ambiente, 242
apontando que o espaço é, propriamente dito, o local onde acontecem as atividades infantis, envolvidos por objetos, móveis, materiais didáticos e decoração. Já o ambiente envolve o conjunto desse espaço físico e as interações sociais estabelecidas no cotidiano da educação. Os ambientes externos, quando pensados, muitas vezes, tornam-se espaços meramente decorativos e, são organizações ambientais para atrair pais e famílias no processo de inserção da criança na educação infantil, ou seja, serve em sua maioria, enquanto ambiente figurativo da ludicidade, mas que cotidianamente é esquecido por professores que, se rendem aos ambientes fechados, como forma de controlar crianças e, garantir a prontidão para a alfabetização. Para isso, há a necessidade de construir um ambiente propício, com objetos lúdicos adequados e o tempo necessário, para que as crianças se organizem e desenvolvam as atividades lúdicas e interativas, uma vez que a criança nos desafia porque ela tem uma lógica que é toda sua, porque ela encontra maneiras peculiares e muito originais de se expressar, porque ela é capaz através do brinquedo, do sonho e da fantasia de viver num mundo que é apenas seu (CRAIDY, 2001 p. 6). Conclusão A temática em discussão versa sobre a organização do espaço na educação infantil e, considerando que os arranjos espaciais precisam garantir a aprendizagem e desenvolvimento da criança, no sentido de que essa enquanto sujeito ativo e aprendiz possa construir uma dimensão dos saberes relacionados ao conhecimento necessário para a sua formação integral. Nesta perspectiva o espaço escolar possibilita a construção de conhecimento, uma vez que o espaço deve ser sinônimo de grandes e diversas possibilidades de formação das crianças pequenas. Nesse sentido, o espaço reflete a cultura das pessoas envolvidas no cotidiano da educação infantil, bem como as concepções pedagógicas e suas intencionalidades educativas. 243
Referências Bibliográficas ADORNO, T. Educação e Emancipação. Trad. Wolfgang L. Maar. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995. ADORNO, T. L. HORKHEIMER, M. Dialética do Esclarecimento: fragmentos filosóficos. Tradução: Guido A. de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985. CRAIDY. Carmem. Educação infantil: pra que te quero? Porto Alegre. Art. Med. 2001 HORN, M. da G. S. Sabores, cores, sons, aromas: a organização dos espaços na Educação Infantil. Porto Alegre: Artmed, 2007. RINALDI, Carla. Diálogos com Reggio Emília: Escutar, investigar e aprender. São Paulo: Paz e Terra, 2012.. O ambiente da infância. IN: CEPPI, Giulio; ZINI, Michele (org). Crianças, espaços e relações: como projetar ambientes para a educação infantil. Porto Alegre: Penso: 2013. ZABALZA, M. A. Qualidade em Educação Infantil. Porto Alegre: Artmed, 1998. 244