ISBN O UNIFORME DA EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA ANÁLISE DO USO FUNCIONAL COM CRIANÇAS DE 3 A 5 ANOS
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1 ISBN O UNIFORME DA EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA ANÁLISE DO USO FUNCIONAL COM CRIANÇAS DE 3 A 5 ANOS Larissa Delgado Bueno da Silva-UEL laridelgado95@hotmail.com Marta Regina Furlan de Oliveira-UEL mfurlan.uel@gmail.com Eixo 1: Didática e Práticas de Ensino na Educação Básica Resumo Este estudo tem por objetivo principal, conhecer e analisar o uniforme escolar das escolas de Educação Infantil do município de Londrina. Justifica-se a intenção do trabalho, pois ainda que a opção pelo uso do uniforme nas escolas pode ser entendida como praticidade e identificação de crianças, também pode se configurar num mecanismo que perpetua as diferenças sociais da escola como um todo, e na própria sala de referência, como também inibidora do desenvolvimento físico, social e psicomotor de crianças de 3 a 5 anos. A metodologia consiste no estudo bibliográfico à luz dos fundamentos da Teoria Crítica com Adorno (1995), Horkheimer (1985), entre outros. Como instrumento de coleta de dados, serão selecionadas peças de uniformes de escola de educação infantil públicas e particulares, onde as mesmas serão analisadas em suas particularidades, quanto à confecção, conforto, cor, modelagem, customização, entre outros. Como contribuição, essa pesquisa pretende reiterar a importância da superação dos uniformes escolares, baseados somente na estética, para a confecção de peças que respeitem as especificidades das crianças pequenas no contexto das escolas infantis. Palavras-chave: Educação Infantil. Uniforme. Teoria Crítica. Introdução Este estudo tem por objetivo principal, conhecer e analisar o uniforme escolar das escolas de Educação Infantil do município de Londrina, tecendo um olhar crítico e de análise sobre essas peças de roupa destinadas para as crianças de 3 a 5 anos e suas interlocuções com o protagonismo e desenvolvimento físico, social e psicomotor infantil. O estudo é fruto das reflexões relacionadas ao Projeto de Pesquisa: Indústria Cultural, Educação e Trabalho Docente na Primeira Infância: da 268
2 semiformação à emancipação humana em sintonia com o curso de Design de Modas ambos da Universidade Estadual de Londrina. Para tanto, eis o seguinte questionamento: Até que ponto a estética dos uniformes escolares indicam uma tendência imposta pela sociedade de consumo, desconsiderando a criança em suas particularidades no contexto da educação infantil? Para responder as questões explicitadas, precisamos pensar na adoção do uniforme na educação infantil, para além da materialização espetaculosa de uma peça de roupa bonita, esteticamente confeccionada. Há a necessidade que o uniforme para criança de 3 a 5 anos seja realmente um produto impulsionador para as descobertas, para a alegria, para a interação e, principalmente, para as aventuras fascinantes que envolve a aprendizagem e desenvolvimento de criança desde a mais tenra idade. A pertinência desse estudo é por acreditar que, assim como Corazza (2004, p. 54), o uniforme não é simplesmente a indumentária utilizada no âmbito escolar, mas é, também, aquela vestimenta do dia a dia que o indivíduo utiliza para se fazer igual e identificável no seu meio. Outra justificativa que se faz sobre a importância de se analisar os uniformes escolares é que, no caso do trabalho com as crianças de 3 a 5 anos, muitas das confecções escolhidas para essa faixa etária estão mais associadas ao processo estético e de baixo custo do que realmente ao aspecto funcional do uso do uniforme para o desenvolvimento social, físico e psicomotor de crianças, no sentido de pensar em modelagens, tecidos, cor, conforto para as crianças. A metodologia consiste no estudo bibliográfico à luz dos fundamentos da Teoria Crítica com Adorno (1995), Horkheimer (1985), entre outros. A pesquisa de campo, será realizada por meio da análise dos diferentes modelos de uniformes adotados em escolas públicas e particulares de Londrina. Por isso, conhecer e analisar os diferentes modelos de uniformes, nos permitirá não só identificar elementos importantes como a questão do gênero, classe social, adereços, modelagem, customização, a identidade de cada contexto escolar e, ainda, um olhar crítico das peças para além da visão estética. Se considerarmos a criança enquanto protagonista na construção do conhecimento e aprendizagem, então o uniforme precisa ir além de ser uma peça bonita e 269
3 esteticamente modelada, mas principalmente uma possibilidade para o desenvolvimento integral de crianças. Desenvolvimento A palavra moda, tem origem latina que vem de modus e significa, modo ou maneira e quando utilizado em múltiplos contextos, possibilita a reflexão de uma série de aspectos da vida social (CALANCA, 2011). Assim, o termo moda significa o fenômeno social da mudança cíclica dos costumes e dos hábitos, das escolhas e dos gostos, coletivamente validado e tornado quase obrigatório (CALANCA, 2011, p. 25). Por ser considerada um fenômeno de costume, pode-se afirmar que só existe moda, quando um interesse se torna um princípio constante, um hábito, uma exigência cultural. Na maior parte dos estudos relativos à moda e ao costume, o vestuário é considerado como ponto de partida e objeto central de investigação, já que o modo de vestir tem um papel importante nesse processo. Incorporado ao conceito de moda, o termo costume, indica o modo de ser de uma comunidade ou de um grupo social. Tal conceito se refere a uma escala de valores ideais aos quais os membros de um determinado contexto tendem a assemelhar-se ao máximo (CALANCA, 2011). Os uniformes escolares, por exemplo, são considerados trajes que identificam e particularizam as pessoas de determinados grupos sociais e se constituem trajes necessários no contexto escolar. Na realidade, o uso de uniforme se constitui parte obrigatória da frequência nas escolas, e, por isso, faz parte da cultura escolar. Para Ribeiro e Silva (2012), historicamente, os uniformes sempre foram adotados como componentes de controle dos corpos, ou como estratégias de visibilidade a projetos institucionais e governamentais. No entanto, ainda hoje, muitos ainda defendem seu uso, pois, sua utilização caracteriza a identificação de um determinado grupo. A implementação dos uniformes escolares, acompanham de certo modo a expansão das escolas públicas no Brasil, desde a virada do século XIX para o XX, segundo Ribeiro; Silva (2012). Se durante o século XIX não havia ainda obrigatoriedade sobre o uso de uniformes padronizados, com o advento da República e a expansão do ensino, tal prescrição ganha força. A defesa por meio de 270
4 seu uso, se justificava para evitar o contraste entre ricos e pobres, tão caro à concepção de democratização do ensino. Nas palavras de Borges (2015, p.325), as culturas juvenis de diferentes tempos demonstram marcas significativas na forma de vestir seus uniformes ; e que, por meio do uso de adereços e outros detalhes, possibilitam a identificação do grupo e de cada membro individual. O uso do uniforme, se constituiu parte de identificação de um grupo e, em alguns momentos, segundo Borges (2015), também serviu para materializar e diferenciar uma classe social da outra, desempenhando uma função niveladora importante. Para Borges (2015): Sejam eles modernos ou tradicionais, coloridos e/ou elegantes, estruturados e confortáveis, práticos e funcionais, com cores neutras ou vibrantes, enfim é através do estilo do uniforme escolar que podese ter uma ideia das culturas escolares que perpassaram a história do seu uso. De qualquer forma, os uniformes são muito parecidos e baseiam-se na roupa usada no dia a dia do aluno (BORGES, 2015, p. 325). Borges (2015) cita a autora Corazza (2004, p. 326) ao mencionar que a utilização do uniforme é carregada de elementos mais intrínsecos do ser humano, pois não é simplesmente a vestimenta utilizada na escola, mas é, também, aquela vestimenta do dia a dia que o indivíduo utiliza para se fazer igual e identificável no seu meio (p. 326). Seu uso também está diretamente relacionado a outras questões como: identificação, padronização, inclusão e, atualmente, também até marketing pelas escolas, deixando seu caráter funcional no processo de aprendizagem e desenvolvimento integral de crianças de 3 a 5 anos. Nos dias atuais, essa materialidade não é aleatória, pois de alguma maneira demonstra a construção de uma estética escolar na adoção de uniforme que diferencia uma escola da outra, reduzindo-se ao processo de utilidade e de consumo e, não necessariamente, enquanto possibilidade para crianças aprenderem e se desenvolverem à luz de um produto de vestiário adequado e funcional. Conclusão 271
5 Os resultados parciais desse estudo, indicam que é necessário refletir sobre o que vem sendo oferecido às crianças em relação ao uso do uniforme escolar, no sentido de pensar um novo modelo mais funcional, com detalhes e tecidos que venham a suprir as necessidades de uma criança, quando submetida a atividades pedagógicas e de desenvolvimento infantil. De fato, o uniforme à luz de uma perspectiva do desenvolvimento e protagonismo infantil pode ser potencializador para o despertamento do saber, potencializando as relações infantis, as interações da criança com o meio e, consequentemente, permitindo a ela um processo elaborado do conhecimento. Nesse sentido, se considerarmos a criança enquanto protagonista na construção do conhecimento e aprendizagem, então o uniforme precisa ir além de ser uma peça bonita e esteticamente modelada, mas principalmente uma possibilidade para o desenvolvimento integral de crianças. Referências Bibliográficas ADORNO, T. Educação e Emancipação. Trad. Wolfgang L. Maar. Rio de Janeiro: Paz e Terra, ADORNO, T. L. HORKHEIMER, M. Dialética do Esclarecimento: fragmentos filosóficos. Tradução: Guido A. de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, BORGES. Letícia O. A produção de identidade através dos uniformes escolares: significação e conceituação. Revista do Lhiste. Porto Alegre, n. 3, vol.2, p , jul/dez CALANCA, Daniela. História social da moda. São Paulo: Editora Senac. São Paulo, CORAZZA, Sandra Mara. Revista pedagógica. Porto Alegre: Artmed, Ano VII, nº 28 nov. 2003/jan RIBEIRO, Ivanir. SILVA, Vera L. Gaspar da. Das materialidades da escola: o uniforme escolar. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 38, n. 03, p , jul./set
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