Brasil e o investimento internacional

Documentos relacionados
Vulnerabilidade externa estrutural do Brasil

Fluxos de capitais e reservas internacionais

Macroeconomia Brasileira. Reinaldo Gonçalves Professor Titular Instituto de Economia - UFRJ

Crise global e vulnerabilidade externa estrutural do Brasil

Desenvolvimento às Avessas. Reinaldo Gonçalves Professor Titular Instituto de Economia - UFRJ

Crises cambiais: modelo geral

Deterioração das contas externas do Brasil. Reinaldo Gonçalves

Sistema financeiro, globalização e crise internacional. Reinaldo Gonçalves

Relações Econômicas Internacionais

Parte 6 Estado, mercado e desenvolvimento Sessão 2. Reinaldo Gonçalves

Instrumentos de Política Macroeconômica

Políticas de estabilização e movimento de capital. Reinaldo Gonçalves

Balanço de pagamentos. Reinaldo Gonçalves

Internacionalização da produção e Investimento Externo Direto (IED)

Balanço de pagamentos. Reinaldo Gonçalves

O DESEMPENHO DO SETOR EXTERNO EM JANEIRO DE 2003

Fluxo internacional de capitais. Reinaldo Gonçalves

Contas Nacionais Trimestrais

Crise econômica: Radiografia e soluções para o Brasil. Reinaldo Gonçalves 30 outubro 2008

DESEMPENHO DO SETOR EXTERNO AGOSTO 2002

Integração regional: Fundamentos, autonomia e multipolaridade

Relatório dos Investimentos Estrangeiros no Brasil Fluxos de IED e sua contribuição para o comércio exterior brasileiro

Macroeconomia aberta: conceitos básicos

Taxas de Juros Elevadas e Semi-Estagnação

Seminário GVcev Tendências e Expectativas para o Varejo de 2010

Cenário Macroeconômico Brasileiro

GLOBALIZAÇÃO ECONÔMICA E VULNERABILIDADE EXTERNA DOS PAÍSES DA AMÉRICA DO SUL

Crise econômica global Reinaldo Gonçalves. Professor titular UFRJ

Relações Econômicas Internacionais

Cenários Macroeconômicos e Políticos 2008 IX Seminários Econômicos Fundação CEEE

Indicadores de Volume e Valores Correntes. 2º Trimestre de Coordenação de Contas Nacionais. 03 de setembro de 2010

Setor Externo: Expansão das Exportações Revigora a Economia

Crise econômica global: Macro-saídas e medidas de contenção. Reinaldo Gonçalves. Professor titular UFRJ

BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL - BNDES RELATÓRIO DA ADMINISTRAÇÃO 31 DE DEZEMBRO DE 2004

Balanço de Pagamentos

Presença da China na América do Sul

O DESEMPENHO DO SETOR EXTERNO - SETEMBRO DE 2002

Trabalho, riqueza e vulnerabilidade externa

Brasil: Desenvolvimento às avessas e geopolítica

Responsabilidade Macroeconômica para o Crescimento. Henrique de Campos Meirelles

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Secretaria de Comércio Exterior

Comércio e desenvolvimento

X. Japão: do crescimento acelerado à recessão internacionalizada

Prof. Dr. Fernando Sarti

BALANÇO DE PAGAMENTOS

Perspectivas Econômicas. Pesquisa Macroeconômica Itaú Unibanco

Balanço de Pagamentos

INDICADOR DE COMÉRCIO EXTERIOR - ICOMEX

Julho/2009 VOLATILIDADE CAMBIAL VOLATILIDADE CAMBIAL. Depecon / Derex

Balanço de Pagamentos

EVOLUÇÃO RECENTE DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS PRINCIPAIS BLOCOS ECONÔMICOS E PAÍSES DE DESTINO Julho / 2004

O potencial analítico da balança de pagamentos para a compreensão da economia portuguesa

Brasil em 40 anos: Mudanças e semelhanças

Conjuntura Macroeconômica Brasileira. Gabriel Coelho Squeff Técnico de Planejamento e Pesquisa Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas

Porque há um elevado custo de manutenção das reservas internacionais brasileiras e o paradoxo da parcimônia de Keynes

AS CONTAS EXTERNAS EM 2016: APROFUNDAMENTO DO AJUSTE EXTERNO

3º Trimestre de 2011

UNCTAD WIR 2007 WORLD INVESTMENT REPORT SOBEET

Contas externas 6ª edição do Manual de Balanço de Pagamentos do FMI (BPM6) Banco Central do Brasil Departamento Econômico (Depec)

Comércio e desenvolvimento. Estratégias, negociações e setores dominantes. Reinaldo Gonçalves

A ECONOMIA MUNDIAL E NA AMÉRICA DO SUL E O AGRONEGÓCIO 3 FORO DE AGRICULTURA DA AMÉRICA DO SUL. Eugenio Stefanelo

Economia Brasileira Ciclos do Pós-Guerra

Crise Internacional e Impactos sobre o Brasil. Prof. Dr. Fernando Sarti

O Papel da Indústria de Fundos Brasileira na Promoção do Desenvolvimento Econômico Sustentado. São Paulo, 06 de julho de 2006

FGV 27 de Setembro de 2011

Perspectivas para 2012

Sistema monetário internacional: origens

Índice. Anexo 29 Empréstimos diretos de curto prazo passivos amortizações Distribuição por setor de atividade econômica

Investimento externo direto e internacionalização da produção

Marco A.F.H.Cavalcanti (IPEA) XIII Workshop de Economia da FEA-RP Outubro de 2013

Falta de competitividade da indústria: a barreira ao crescimento

Bens de capital. Novembro de 2017 DEPEC Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos

Competitividade Brasil e países selecionados Determinantes macroeconômicos Renato da Fonseca

Agosto/2009 VOLATILIDADE CAMBIAL VOLATILIDADE CAMBIAL DEPECON / DEREX

Contas Nacionais Trimestrais

Brasil e os sistemas monetário e financeiro internacionais

Câmbio: Problemas, risco e hedge. Reinaldo Gonçalves

Integração regional Fundamentos

Brasil : Desenvolvimento econômico, social e institucional Uma análise comparativa

Setor Externo CONSELHO REGIONAL DE ECONOMIA. Consultoria Desenvolvendo soluções, alavancando resultados!

Secovi. Desafios da Economia Brasileira. Antonio Delfim Netto

Painel: O desempenho econômico brasileiro no cenário mundial

Desenvolvimento às Avessas e Banco Central no Brasil

O DESEMPENHO DO SETOR EXTERNO - ABRIL DE 2003

Crise financeira mundial e a América Latina

Teoria Econômica II: Macroeconomia. Além, A.C., Macroeconomia, SP: Elsevier, 2010 Capítulo 2

Impactos da Crise Mundial sobre a Economia Brasileira

A América Latina e o ajuste estrutural apóso Consenso de Washington

Brasil: 25 anos de estagnação e empecilhos à globalização

Poder potencial, vulnerabilidade externa e hiato de poder. Reinaldo Gonçalves. Prof. Titular UFRJ

Custo e benefício do acúmulo de reservas em países emergentes. Ilan Goldfajn

Raio-X do Comércio Exterior Brasileiro

Comércio e desenvolvimento (Parte I) Reinaldo Gonçalves

Curso de Extensão: Noções de Macroeconomia para RI (PIB)

MACROECONOMIA Prof. Marcelo Leandro Ferreira

Cenários Conselho Temático de Economia e Finanç

Contas Nacionais Trimestrais

O indicador do clima econômico melhora na América Latina, mas piora no Brasil

SETOR EXTERNO EM MAIO DE 2002

O DESEMPENHO MACROECONÔMICO NO SEGUNDO TRIMESTRE DE 2003 ECONOMIA, INDÚSTRIA E INVESTIMENTO EM QUEDA

Transcrição:

Brasil e o investimento internacional 1

Capítulo 12 2

Brasil: uma economia internacionalizada Historicamente: uma das mais afetadas pelo movimento internacional de fatores de produção Fator trabalho: Brasil - quarto mais importante país receptor de migrantes entre meados do século XIX e as primeiras décadas do século XX 1861-1920: Brasil recebeu 3,5 milhões de imigrantes 8% do total da migração internacional nesse período 3

Fluxos internacionais de capitais Desde a independência política do país investimento internacional tem tido um papel de destaque na evolução da economia brasileira século XIX o comportamento da economia brasileira foi muito influenciado pelas suas relações com o sistema econômico internacional sob a hegemonia britânica 4

Presença inglesa no Brasil ampla e profunda refletia sistema mundial marcado pela Pax Britannica que perdurou até o inicio da Primeira Guerra Mundial Brasil foi um receptor importante do investimento internacional 1913: cerca de 80% do investimento internacional da Grã-Bretanha concentrado em sete países Brasil: 7ª posição 5

Brasil e a divisão internacional do trabalho Brasil também tinha papel relevante na divisão internacional do trabalho fornecedor de produtos agrícolas tropicais café, cacau e borracha 6

7

Século XX-XXI - Brasil ampla e profunda inserção no sistema financeiro internacional participação intensa no processo de globalização financeira e produtiva Evidência: posição de investimento internacional (PII) expressa a diferença entre ativo externo total e passivo externo total 8

PII inclui investimento direto no exterior investimentos em carteira investimentos em ações e títulos de renda fixa derivativos outros investimentos crédito comercial e empréstimos moeda e depósitos ativos de reservas reservas internacionais 9

PII - 2011 países com os maiores PII positivas são Japão, China, Alemanha e Suíça os maiores passivos são os Estados Unidos, a Espanha, a Austrália e o Brasil 10

11

PII Brasil negativa PII negativa do Brasil de US$ 738 bilhões em 2011 4ª mais negativa PII no mundo piora expressiva na situação de desequilíbrio de estoque em 2006 o país ocupava a 6ª pior posição (PII negativa de US$ 365 bilhões) em cinco anos o estoque negativo expresso pela PII mais do que duplicou 12

PII negativa economia brasileira caracteriza-se por extraordinário desequilíbrio de estoque, que implica elevada vulnerabilidade externa financeira 13

Mudança secular séculos XIX e XX: variável determinante da vulnerabilidade externa financeira do Brasil: dívida externa século XXI: situação muda em decorrência dos processos de liberalização financeira e de desnacionalização (ingresso de IED) que ocorrem a partir da última década do século XX dívida externa perde posição relativa no estoque de passivo externa da economia brasileira 14

PII - 2012 ativo externo total é US$ 829 bilhões passivo total é US$ 1556 bilhões PII negativa de US$ 727 bilhões 15

PII - componentes ativo externo: reserva internacional (45% do total) passivo externo: investimento estrangeiro direto (46%) investimento em ações (23%) dívida externa (outros investimentos, US$ 196 milhões): 13% do total do passivo externo 16

Brasil está a descoberto passivo externo total de curto prazo: US$ 722 reservas internacionais totais: US$ 373 bilhões Brasil está a descoberto no curto prazo: aproximadamente US$ 350 bilhões evidente o desequilíbrio de estoque da economia brasileira e, portanto, sua extraordinária vulnerabilidade externa estrutural 17

18

Determinantes crescimento extraordinário do passivo externo financeiro líquido explicado, em grande medida processo de privatização, principalmente, a partir de 1998 processo de liberalização das transações financeiras internacionais 19

Evidência aumento da abertura da conta financeira do balanço de pagamentos com a redução dos controles sobre os fluxos internacionais de capitais Índice Kaopen é usado como indicador da liberalização financeira 20

21

Índice Kaopen do Brasil dois saltos e clara tendência de aumento primeiro salto ocorre em 1998 2002: a partir deste ano verifica-se tendência de elevação do grau de liberalização financeira índice do Brasil supera a mediana mundial em 2005 e é praticamente igual à média mundial em 2007 22

Liberalização financeira eclosão da crise financeira global de 2008 provoca redução da liberalização financeira em escala global 2011: índice Kaopen do Brasil um pouco abaixo da média mundial próximo da mediana mundial 23

Investimento externo direto no Brasil presença do Brasil entre os dez mais importantes países de destino do IED proveniente dos principais países investidores que constituem o núcleo central do sistema econômico mundial 24

25

Profunda inserção produtiva do Brasil na economia mundial Brasil é o único país em desenvolvimento presente na lista top dos Estados Unidos, Japão e Alemanha 26

Profunda globalização produtiva do Brasil Brasil: 12º mais importante país receptor de fluxos de IED no mundo no período 2003-12 27

28

IED no Brasil crescimento dos fluxos de IED no Brasil foi particularmente elevado no período 1995-98 processo de privatização país ocupou a 6ª posição no ranking mundial de países receptores Brasil: tem absorvido, em média, 2,6% do fluxo mundial de IED 29

30

evolução dos fluxos de ingresso de IED no Brasil acompanha a evolução destes fluxos em escala mundial fase ascendente no período 1995-2000 queda em 2001-2003 - conjuntura internacional desfavorável, desestabilização macroeconômica do Brasil e certo esgotamento do processo de privatização fase ascendente inicia-se em 2004 - interrompida com a crise global de 2008 anos seguintes: recuperação dos fluxos de IED no Brasil e no resto do mundo 31

Empresas transnacionais no Brasil Empresa transnacional (ET): principal agente de realização do IED Censo de Capital Estrangeiro do Banco Central do Brasil evolução quanto ao número de empresas declarantes: 1995 = 6322 2000 = 11404 2005 = 17605 2010 = 16844 32

Fato relevante desde o final do século XX os fluxos de IED têm representado uma ampla e profunda desnacionalização da economia brasileira relação entre o estoque de IED e o PIB: 1995 = 5% 2000 = 16% 2005 = 18% 2010 = 27% 33

Historicamente empresas estrangeiras sempre tiveram papel importante na geração de renda economia brasileira apresenta o quinto maior grau de internacionalização da produção industrial no mundo 32% da produção da indústria de transformação controlada por ETs 34

35

ETs no Brasil presença bastante significativa nas indústrias mais intensivas em tecnologia respondem por uma participação substantiva das exportações de produtos mais sofisticados em termos tecnológico 50% das exportações de manufaturados 36

Dinâmica do IED no Brasil no longo prazo 37

IED no Brasil país não tem uma política seletiva de atração de IED, com base em uma avaliação de custo-benefício abertura de setores de interesse para o capital estrangeiro (cabotagem, telecomunicações, mineração, petróleo etc.) 38

Instabilidade macroeconômica e investimento internacional ETs no Brasil - reações estratégicas na década perdida (anos 1980) expansão das exportações racionalização de custos demissão de trabalhadores exercício do poder de mercado lucros financeiros elevados 39

Grande salto de desnacionalização econômica: 1995-99 processo amplo, rápido e profundo de desnacionalização econômica no período 1995-99 crescente participação do capital estrangeiro no controle da atividade produtiva relação entre o fluxo de IED e a formação bruta de capital fixo aumentou de 2,5% em 1995 para 24,6% em 1999 40

41

Cont... participação estrangeira no valor bruto da produção aumentou de 13,5% em 1995 para 24,6% em 1999 participação estrangeira no valor das vendas das 550 maiores empresas aumentou de 33,3% em 1995 para 44,7% em 1999 42

Cont... "núcleo central" do capitalismo moderno ficou ainda mais submetido às decisões de empresas com matrizes no exterior, que têm estratégias globais de investimento, inovação e produção significativa desnacionalização em setores de nontradeables 43

Período do salto de desnacionalização, Cont... os maiores incrementos relativos de participação do capital estrangeiro na economia brasileira são nos serviços de utilidade pública (privatização) setor financeiro (liberalização e desregulamentação) 44

Processo de desnacionalização continua no século XXI menos acelerada participação das ETs no PIB aumenta de 8,6% em 1995 para 12,3% em 2000 e 14,7% em 2005 avanços das ETs são mais evidentes no comércio e na agropecuária 45

46

Desnacionalização da economia: efeitos efeito balanço de pagamentos efeito soberania nacional efeito multiplicador da vulnerabilidade externa efeito fragilidade institucional 47

Efeito balanço de pagamentos dois terços do valor total do ingresso de capital estrangeiro no Brasil tem sido no setor de non-tradeables - serviços de utilidade pública (energia, telecomunicações, etc.) maior propensão a importar das empresas estrangeiras uso de mecanismos de preços de transferência para encobrir remessas de recursos para o exterior 48

Efeito soberania nacional fontes externas de poder grau de integração do sistema matrizsubsidiárias capacidade de mobilização de recursos assimetria de informação 49

Efeito multiplicador da vulnerabilidade externa esfera produtivo-real: crescente controle do aparelho produtivo país pelo capital estrangeiro esfera comercial: reduz o multiplicador de rendas na medida em que as empresas de capital estrangeiro têm maior propensão a importar empresas com capital estrangeiro respondem por 49,8% das importações de bens e serviços em 2010 remuneração dos empregados não-residentes representa renda líquida enviada para o exterior 50

Cont... esfera tecnológica: fragiliza o sistema nacional de inovações hipótese de internacionalização das atividades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico não passou no teste da evidência empírica empresa estrangeira tem preferência revelada por seus fornecedores globais efeitos de spill-over tecnológico no sistema produtivo nacional tendem a se reduzir com a desnacionalizaçã Resultado: aumento da dependência tecnológica 51

Efeito fragilidade institucional subinvestimento institucional no CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica, Ministério da Justiça) fragilização das entidades nacionais representativas (por exemplo, FIESP) avanço do processo de deterioração institucional afeta negativamente a relação custo-benefício própria às operações de ETs em países em desenvolvimento 52

Internacionalização de empresas e bancos brasileiros Investimento de brasileiros no exterior (IBE) concentra-se no período 2004-08 perde força com a eclosão da crise global em 2008 maior parte das suas filiais e subsidiárias nos EUA e na América Latina (Argentina, Chile, Colômbia, Uruguai, México, Peru, Paraguai e Venezuela) 53

54

Empresas brasileiras mais internacionalizadas segundo o número de países de atuação bancos empreiteiras empresas na indústria extrativa empresas da indústria de transformação que produzem bens intensivos em recursos naturais 55

Determinantes do IBE fatores específicos à propriedade (firmas) fatores locacionais específicos (países) estratégias das firmas 56

Caso brasileiro empresas brasileiras: estoque relativamente menor de ativos específicos (capital, tecnologia, capacidade gerencial, organizacional e mercadológica) Fatores locacionais específicos apreciação cambial política de apoio BNDES rede de proteção frente ao risco-brasil política externa 57

Linhas de financiamento do BNDES apoio à internacionalização da produção das empresas brasileiras JBS (setor de alimentos) BNDESPar - 13,0% do capital Marfrig (setor de alimentos) BNDESPar - 14,6% do capital 58

Política externa brasileira determinante importante das internacionalização das empresas brasileiras estatais (com destaque para a Petrobrás) empresas privadas (por exemplo, as empreiteiras) 59

Proteção frente ao risco-brasil Grande diferença taxa de retorno sobre o estoque de investimentos brasileiros diretos no exterior (IBE) Versus taxa de retorno sobre os fluxos de investimentos estrangeiros diretos (IED) no Brasil Período 2003-10: taxa média de retorno sobre IED = 6,3% taxa média de retorno sobre IEB = 1,2% 60

Vulnerabilidade externa financeira: indicadores Exemplos relação entre o valor das reservas internacionais e o valor médio mensal das importações de bens relação entre o valor das reservas internacionais e o passivo externo total 61

Liquidez e reservas internacionais reservas internacionais cresceram quase 5 vezes no período 2003-12 reservas brasileiras praticamente decuplicaram US$ 38 bilhões no final de 2002 para US$ 370 bilhões em 2012 62

Indicador de vulnerabilidade externa relação entre o valor das reservas internacionais e o valor médio mensal das importações de bens economia mundial: 6,2 em 2002 e 7,1 em 2012 economia brasileira: 9,1 em 2002 para 19,0 em 2012 63

Cont... conjunto de 6 países absorveu 60% do incremento total de reservas internacionais no período 2003-12 China, Japão, Arábia Saudita, Rússia, Brasil e Índia 64

65

Cont... Brasil: relação entre passivo externo e reservas internacionais (4,7) - alta alta vulnerabilidade externa estrutural China está em posição muito confortável: reservas internacionais são maiores do que seus passivos externos baixa vulnerabilidade estrutural na esfera financeira internacional 66

Custo social das reservas internacionais vulnerabilidade externa estrutural do Brasil é ainda mais grave na medida em que as reservas internacionais têm custo social elevado reservas internacionais podem ser usadas para reduzir o passivo externo e dívida pública => custo de oportunidade 67

Cont... custo social das reservas custo cambial diferença entre a taxa média de retorno de ativos de estrangeiros no país e a taxa média de remuneração das reservas internacionais do país custo fiscal diferença entre o custo médio da dívida pública mobiliária federal interna (DPMFi) e a taxa de remuneração das reservas internacionais 68

69

Custo cambial 2009-11 taxa média de remuneração das reservas internacionais = 1,9% taxa média de retorno sobre o passivo externo total = 4,1% custo cambial: diferencial médio anual de US$ 5,7 bilhões representa 23% do superávit da balança comercial 70

Custo fiscal 2009-11 custo médio anual da dívida pública mobiliária federal interna = 11,8 retorno das reservas internacionais = 1,9% custo fiscal das reservas = R$ 47 bilhões anualmente custo fiscal das reservas 72% do resultado primário 1,3% do PIB 71

Fundo Soberano Gestão das reservas internacionais: focos liquidez internacional estabilização macroeconômica remuneração das reservas Fundo Soberano: mecanismo para aumentar a remuneração das reservas 72

Cont... Fundo Soberano do Brasil (FSB): criado em 2008 Denominação: Fundo Fiscal de Investimentos e Estabilização (FFIE) FSB: vinculado ao Ministério da Fazenda Gestão: Secretaria do Tesouro Nacional 73

FSB: objetivos são muito amplos promover investimentos em ativos no Brasil e no exterior formar poupança pública mitigar os efeitos dos ciclos econômicos fomentar projetos de interesse estratégico do País localizados no exterior 74

FSB tem múltiplos focos acumulação de capital estabilização macroeconômica, inclusive ajuste fiscal política externa Curiosidade: faltou na especificação dos objetivos a elevação da remuneração dos ativos externos sob controle do governo 75

Cont... FSB: constituído como fundo exclusivo multimercado registrado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) administradora: BB Gestão de Recursos Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários S.A. (BB DTVM) 76

Recursos Aporte inicial de recursos pelo Tesouro Nacional: US$ 6,1 bilhões (dezembro de 2008) Entretanto, em setembro de 2013 93% do valor total de aplicações do FSB eram em ações ordinárias do Banco do Brasil 3% em operações compromissadas restante em títulos públicos 77

FSB Portanto, 5 anos após a sua criação o Fundo Soberano do Brasil não estava efetivamente em operação 78

Resumo Brasil elevado grau de internacionalização da produção via IED significativa inserção no sistema financeiro internacional Fato: Desde o final do século XIX a economia brasileira é um importante receptor de investimento internacional 79

Cont... 1913: Brasil ocupou a sétima posição como destino dos investimentos britânicos século XX: construção de uma economia industrial moderna no país baseou-se, em boa medida, na entrada de empresas estrangeiras 80

Cont... indústria de transformação no Brasil: forte presença de empresas estrangeiras (mais de 30% do valor da produção) final do século XX: grande salto de desnacionalização privatizações no setor de serviços Fato: elevada vulnerabilidade externa estrutural da economia brasileira na esfera produtiva 81

Cont... século XXI: profunda inserção do Brasil no sistema financeiro internacional passivo externo financeiro do país elevado 2011: Brasil 4º maior passivo externo líquido (passivo externo menos ativo externo) no mundo 82

Cont... Mais importantes itens do passivo externo do país investimento estrangeiro investimento em carteira (investimento estrangeiro indireto ou de portfólio) Fato: elevado passivo externo líquido é fonte de vulnerabilidade externa estrutural da economia brasileira na esfera financeira 83

Vulnerabilidade externa ampliada taxa de retorno do capital externo no Brasil é um múltiplo da taxa de retorno do investimento brasileiro no exterior diferencial de retorno entre o ativo externo (reservas internacionais) e o passivo externo implica elevado custo de manutenção das reservas internacionais 84

Capítulo 12 85

Obrigado! 86