Reunião de Diretoria do SIMEFRE

Documentos relacionados
Ambiente sistêmico e Competitividade Industrial. José Ricardo Roriz Coelho. Presidente em exercício da FIESP e do CIESP. 13 de agosto de 2018

Congresso Luso Brasileiro de Auditores Fiscais. Painel: A reconstrução do modelo tributário propostas. Visão da indústria sobre a reforma tributária

Desempenho da Indústria Automobilística Brasileira

SEMINÁRIO PERSPECTIVAS PARA A ECONOMIA BRASILEIRA

Indústria de Transformação e Investimento

DIÁLOGO DA INDÚSTRIA COM CANDIDATOS À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

SEMINÁRIO É POSSÍVEL REDUZIR A TAXA BÁSICA DE JUROS

Seminário Indústria e Desenvolvimento Produtivo do Brasil. Painel: Avaliação de Instrumentos de Política Industrial

Avaliação do Plano de Desenvolvimento Produtivo Departamento de Competitividade e Tecnologia DECOMTEC / FIESP

CENÁRIOS ECONÔMICOS E

A Reindustrialização do Brasil no Contexto de um Projeto Nacional de Desenvolvimento

FATORES PARA ELIMINAR OU REDUZIR O CUSTO BRASIL E ELEVAR E COMPETITIVIDADE EXTERNA ENAEX

MB ASSOCIADOS. A agenda econômica internacional do Brasil. CINDES Rio de Janeiro 10 de junho de 2011

Desafios da inovação no contexto brasileiro. Carlos Arruda Núcleo de Inovação

Desindustrialização no Brasil Diagnósticos, Causas e Consequências

COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE TRANSFORMAÇÃO. Julho 2015 (Revisada)

Cenário Macroeconômico Brasileiro

Painel: Que fazer em relação à política industrial?

AMCHAM BRASIL SÃO PAULO OBJETIVOS E METAS DO GOVERNO TEMER PARA O COMÉRCIO EXTERIOR

Contas Nacionais e Finanças Públicas. Economia para jornalistas 16/3/2017 FGV/EPGE Estêvão Kopschitz Xavier Bastos

Cenários Conselho Temático de Economia e Finanç

Painel: O desempenho econômico brasileiro no cenário mundial

2º ENAPA ENCONTRO DE ANÁLISE DE PERFORMANCE ADUANEIRA PERSPECTIVAS PARA O COMÉRCIO EXTERIOR EM 2017

COMPETITIVIDADE E PRODUTIVIDADE. Setembro

Brasil, conjuntura e perspectiva

Portfólio de Projetos Brasil

Impactos para o BNDES com a proposta de mudança nos recursos do FAT

José Ricardo Roriz Coelho Vice Presidente da FIESP Diretor Titular do Dpto de Competitividade e Tecnologia (DECOMTEC) Junho de 2013

Perspectivas para 2012

Taxas de Juros Elevadas e Semi-Estagnação

Instrumentos de Política Macroeconômica

I Cenário Mundial. II Contexto Internacional e o Brasil. III Brasil: Situação Externa e Interna. Tendências. IV Paraná em Destaque V Brasil:

Avaliação do Plano de Desenvolvimento Produtivo Departamento de Competitividade e Tecnologia DECOMTEC / FIESP

Ambiente de Negócios e Reformas Institucionais no Brasil

A Política Fiscal Brasileira em Tempos de Crise

CENÁRIO MACROECONÔMICO

IV SEMINÁRIO FINANÇAS E FINANCIAMENTO - FORMAS DE VIABILIZAR O FUTURO DOS NEGÓCIOS NAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

DECOMTEC ÍNDICE FIESP DE COMPETITIVIDADE DAS NAÇÕES IC-FIESP José Ricardo Roriz Coelho

3º Trimestre de 2011

CENÁRIO MACROECONÔMICO

EXPECTATIVAS COM O NOVO GOVERNO, AVALIAÇÃO DE 2018 E PERSPECTIVAS PARA 2019 PESQUISA RUMOS DA INDÚSTRIA PAULISTA

Marco A.F.H.Cavalcanti (IPEA) XIII Workshop de Economia da FEA-RP Outubro de 2013

Barreiras à Competitividade e ao Crescimento da Indústria PESQUISA RUMOS DA INDÚSTRIA PAULISTA

Ambiente econômico nacional e internacional

Agosto / Análise Conjuntural. Assessoria de Assuntos Estratégicos da Presidência

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Secretaria de Comércio Exterior

PIB DO BRASIL (VARIAÇÃO ANUAL) FONTE: IBGE ELABORAÇÃO E PROJEÇÃO: BRADESCO

Seminário GVcev Tendências e Expectativas para o Varejo de 2010

Contas Nacionais Trimestrais

Brasil: Ventos mais favoráveis

MAIO/2019 VAMOS DE DADOS? UMA VOLTA PELO BRASIL E SEUS PRINCIPAIS PARCEIROS COMERCIAIS FERNANDA CONSORTE

A REFORMA TRIBUTÁRIA NA VISÃO DAS EMPRESAS

Brasil em 40 anos: Mudanças e semelhanças

TRIBUTAÇÃO SOBRE DIVIDENDOS

Retomada do Crescimento e Reformas Estruturais

REUNIÃO ENTRE FIESP E BNDES

Expectativas com relação ao desempenho industrial em 2019 e às medidas que serão tomadas pelo Governo

ESTADO SOCIAL E OS DESAFIOS DA ECONOMIA MODERNA

JUNHO/2019 VAMOS DE DADOS? UMA VOLTA PELO BRASIL E SEUS PRINCIPAIS PARCEIROS COMERCIAIS FERNANDA CONSORTE

ECO Economia Brasileira

O desafio da produtividade

Reforma da Previdência

Implicações do desempenho da Rentabilidade e da Margem de Lucro nos Investimentos da Indústria de Transformação

Análise Conjuntural: Variáveis- Instrumentos e Variáveis- meta

Retomada do Crescimento e Reformas Estruturais

Avaliação do Plano de Desenvolvimento Produtivo Departamento de Competitividade e Tecnologia DECOMTEC / FIESP

Somente no fim da República Velha o país vivenciou dois anos consecutivos de recessão: 1930 (-2,1%) e 1931 (-3,3%).

Taxa de Câmbio e Indústria Brasileira

PROCESSO DE AGREGAÇÃO

Brasil: Conjuntura e Perspectivas. Prof. Dr. Fernando Sarti

EFEITOS DA TAXA DE CÂMBIO SOBRE A INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO

MAPA. ESTRATÉGICO DA INDÚSTRIA REFORMAR E CONSTRUIR UM FUTURO MELHOR para nossa indústria e + de 200 milhões de brasileiros

Reforma Tributária. Antoninho Marmo Trevisan. Gramado,26 de agosto de 2008

O SINAL E O RUÍDO Adriana Dupita

Reforma da Previdência

A COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO E DE BENS DE CAPITAL

Agenda Brasil 2022: Resolver os Desequilíbrios Macroeconômicos e a Disfuncionalidade Institucional do Regime de Política Macroeconômica no Brasil

2.9 Tributação. Por que Tributação? Comparação Internacional

Avaliação do Plano de Desenvolvimento Produtivo Departamento de Competitividade e Tecnologia DECOMTEC / FIESP

Contas Nacionais Trimestrais

SUMÁRIO. Sistema Tributário Nacional como Instrumento de Desenvolvimento. SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL: PRINCÍPIOS e ESTRUTURA.

Mudança de rumo? Cenário macroeconômico Junho Fernanda Consorte

Produtividade na economia brasileira

DECOMTEC ÍNDICE FIESP DE COMPETITIVIDADE DAS NAÇÕES IC-FIESP José Ricardo Roriz Coelho

Contribuição para o debate sobre apresentação do Conselheiro Octavio de Barros DEPECON

ÍNDICE FIESP DE COMPETITIVIDADE DAS NAÇÕES (IC-FIESP)

Grupo de Conjuntura Econômica. Painel de Conjuntura. 1 trimestre -2011

VISÃO GERAL DA ECONOMIA

Políticas de estabilização e movimento de capital. Reinaldo Gonçalves

FGV/EESP 28 de setembro de Ajuste fiscal. Contribuições para o debate sobre as saídas para a crise. Felipe Salto

Estado e Desigualdade no Brasil

AEAMESP Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô Semana de Tecnologia Metroviária

Soluções estratégicas em economia

Indicadores de Volume e Valores Correntes. 2º Trimestre de Coordenação de Contas Nacionais. 03 de setembro de 2010

Março/2012. NEPOM Núcleo de Estudos de Política Monetária do IBMEC/MG

Política Industrial para a retomada do desenvolvimento Painel 1: Caminhos para a retomada

Competitividade Brasil e países selecionados Determinantes macroeconômicos Renato da Fonseca

DIÁLOGO DA INDÚSTRIA COM CANDIDATOS À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

Transcrição:

13.03.2019 - Reunião de Diretoria do SIMEFRE José Ricardo Roriz Coelho 2º Vice-Presidente da FIESP e CIESP Diretor titular do Departamento de Economia, Competitividade e Tecnologia da FIESP

Contexto econômico 2

O crescimento econômico do Brasil tem sido muito lento, inferior à metade do apresentado pela média dos países emergentes Crescimento do PIB Número Índice: Base 100=1995 Média 1995-2017 (% a.a.) Fonte: Banco Mundial e IBGE. Elaboração: Departamento de Economia, Competitividade e Tecnologia - FIESP 3

O lento crescimento econômico pode ser explicado, entre outros fatores, pelo baixo nível de investimento produtivo... 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 Taxa de investimento (% do PIB) 20,9% 15,0% 15,8% Fonte: IBGE. Elaboração: Departamento de Economia, Competitividade e Tecnologia/FIESP. Fonte: IBGE. Elaboração Departamento de Economia Competitividade e Tecnologia/FIESP 4

...que, por sua vez, decorre de diversas barreiras à competitividade da economia Por exemplo, na opinião da Indústria Paulista, as principais barreiras à competitividade e ao crescimento do setor estão concentradas nos seguintes temas: 1º TRIBUTAÇÃO 2º BUROCRACIA 3º CUSTO E ACESSO AO CRÉDITO 4º BAIXA ATRATIVIDADE DO INVESTIMENTO 83,0% 56,7% 39,2% 35,2% Pesquisa Rumos Da Indústria Paulista Barreiras à Competitividade e ao Crescimento da Indústria, do Departamento de Economia Competitividade e Tecnologia/FIESP, realizada em 2018 com 827 empresas industriais paulistas. 5

Pesquisa da FIESP mostrou que a Indústria Paulista está confiante que o governo atuará sobre esses temas, entre outras medidas necessárias para a retomada do crescimento econômico Pesquisa Rumos da Indústria Paulista / FIESP realizada entre 05 e 16 de novembro de 2018 com participação de 514 indústrias paulistas. As questões dizem respeito ao que o empresário acredita que o novo governo (presidente, governador, deputados e senadores eleitos este ano) efetivamente realizará, e não ao que o empresário gostaria que o governo realizasse. 6

Principais barreiras à competitividade e ao crescimento da indústria: Tributação 7

A tributação no Brasil é excessiva. Entre 1997 e 2016, sua carga tributária foi similar à do Reino Unido, cujo PIB per capita é quase o triplo do nosso Carga Tributária e PIB per Capita (média 1997/2016) BRASIL Carga 32% do PIB PIB per capita: US$ 13 mil REINO UNIDO Carga: 32,4% do PIB PIB per capita: US$ 36 mil Fonte: FMI, RFB, IMD WORLD COMPETITIVENESS. Elaboração Departamento de Economia Competitividade e Tecnologia/FIESP 8

Principais barreiras à competitividade e ao crescimento da indústria: Burocracia 9

Na pesquisa Doing Business 2018, o Brasil ficou em 109º entre 191 economias Um dos piores indicadores brasileiros é Pagamento de Impostos, no qual ficamos em 184º. No Brasil as empresas gastam em média 2.507 homem/hora por ano para pagar tributos, contra 231 na média do mundo (média de 2005 a 2017). Média 2005-17 2.507 horas/ano: Brasil 231 horas/ano: Mundo 11 x maior Fonte: World Bank Doing Business. Elaboração: Departamento de Economia, Competitividade e Tecnologia FIESP. 10

Além da elevada carga, a burocracia tributária também onera as empresas brasileiras R$ 37 bilhões gastos pela indústria com burocracia tributária em 2017: 1,2% do faturamento da indústria ou 0,6% do PIB do país ou 5,5% do PIB da Indústria: custo 9,3 vezes mais elevado que nos 15 principais parceiros comerciais¹. Impacto da burocracia tributária na indústria de transformação - 2017 Fator de Custo R$ bilhão 2017 % do Faturamento Custo Burocrático R$ 36,8 1,2% Funcionário R$ 24,5 0,8% Software e Serviços Auxiliares R$ 9,7 0,3% Custos Judiciais R$ 2,6 0,1% Fonte: Pesquisa Toledo-FIESP e PIA-Empresa (IBGE). Elaboração: Departamento de Economia, Competitividade e Tecnologia / FIESP. 1 Parceiros comerciais, 15 países que respondem por 70% do PIB mundial e 75% da pauta de importação de produtos industriais: Alemanha, Argentina, Canadá, Chile, China, Coreia do Sul, Espanha, Estados Unidos, França, Índia, Itália, Japão, México, Reino Unido e Suíça. 11

A insegurança jurídica deprecia os ativos brasileiros 12

Principais barreiras à competitividade e ao crescimento da indústria: Juros e Crédito 13

O Brasil teve, entre 1999 e 2016, a taxa básica de juros (em termos reais) mais alta do mundo Taxa básica de juros (% a.a., descontada a inflação, média 1999-2016 ) 6,9% a.a. de Selic real (1999/2016) A maior taxa real do mundo! O Brasil tem apresentado taxas básicas de juros (em termos reais) acima do crescimento do PIB! Fonte: FMI. Banco Mundial. IBGE. Banco Central do Brasil. Elaboração: Departamento de Economia, Competitividade e Tecnologia/FIESP. 14

A elevada taxa básica de juros prejudica o crescimento econômico, pois: Pressiona a dívida pública (seu alto custo se traduz em rápido crescimento do endividamento, exceto quando o país obtém elevados superávits primários) Contribui para a tendência de sobrevalorização cambial Distorce as aplicações de recursos financeiros (alto rendimento de aplicações financeiras sem risco) em detrimento de investimentos produtivos Contribui para o elevado custo e limitada oferta de crédito A reforma da Previdência e ajuste fiscal serão suficientes para reduzir a taxa básica de juros (Selic) de forma estrutural? É possível atingir esse objetivo sem realizar uma reforma monetária? 15

Por que a taxa de juros básica no Brasil é tão alta? Inflação Contaminação entre pol. monetária e dívida pública Nível e perfil da dívida pública Reservas cambiais Coordenação entre política monetária e fiscal Crédito direcionado A redução da inflação e melhoria do sistema de metas contribuiria p/ redução dos juros? Resolver esse problema levaria à redução dos juros? Para reduzir os juros é preciso reduzir o nível e mudar perfil da dívida? Para reduzir os juros é preciso reduzir reservas? A melhoria da coordenação poderia reduzir os juros? O crédito direcionado reduz a eficácia da política monetária? Inércia inflacionária e indexação Rigidez das metas de inflação Critérios/métrica do regime de metas Preços administrados LFTs Estrutura a termo da taxa de juros Operações compromissadas Prazo Tipos de títulos Nível do endividamento Nível Crescimento reservas x op. compromissadas Objetivos múltiplos BACEN Coordenação das políticas Pol. Fiscal Volume Resposta à variação da SELIC 16

O exame desta questão pode seguir, por exemplo, algumas diretrizes propostas por André Lara Resende: Substituição das LFTs e operações compromissadas por depósitos remunerados (tramita no Congresso proposta do BC para criação desses depósitos, como instrumento auxiliar da política monetária) Permissão para que o público em geral possa aplicar seus recursos nesses depósitos remunerados (atualmente apenas os bancos comerciais participam das operações da política monetária) Além disso, as taxas básicas de juros deveriam ser fixadas abaixo do crescimento do PIB 17

Além da alta taxa básica de juros, o Brasil teve, entre 2011 e 2017, os spreads bancários mais elevados na comparação internacional Spreads bancários (p.p., média 2011 a 2017) Média 2011 a 2017 18,0 1,9 9,5x Fonte: FMI. IMD. Banco Central do Brasil. Elaboração: Departamento de Economia, Competitividade e Tecnologia/FIESP *Países comparáveis que calculam o Spread com metodologia similar ao do Banco Central do Brasil: Chile, Itália, Japão, Malásia, Nova Zelândia e Suécia Obs.: 2011: média para o Brasil de março a dezembro.. 18

Apenas a Agenda BC+ tem sido suficiente para a redução do spread bancário? Segundo Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central, mais concorrência não basta para reduzir o spread bancário. O que é necessário então? 19

Principais barreiras à competitividade e ao crescimento da indústria: Investimento 20

Embora a situação tenha mudado, o resultado disso é que o investimento na indústria de transformação foi, entre 2012 e 2016, menos rentável que o investimento no mercado financeiro Investimento de R$ 1 bilhão Banco Mundial Ambiente de negócios brasileiro [...] não recompensa adequadamente o investimento privado em inovação Fonte: Banco Mundial: Um ajuste justo: Análise da eficiência e equidade do gasto público no Brasil (2017, p. 146). Rentabilidade líquida acumulada (2012 a 2016) Aplicações financeiras vs. bancos e ind. transformação* Renda Fixa R$ 556 mi BRASIL Indústria de transformação* R$ 411 mi OUTROS PAÍSES Apl. Financ. Países em Desenv. R$ 138 mi Apl. Financ. Países Desenv. R$ 23 mi. Idem p/ Investimento fixo Fonte: CEMEC, Banco Central e FMI. Elaboração: Departamento de Economia, Competitividade e Tecnologia. *Indústria de transformação: Empresas abertas e maiores fechadas, sem Petrobras faturamento médio de R$ 2 bilhões/ano, representado 43% do faturamento do setor. 21

Devido a queda das vendas e baixa rentabilidade, entre 2014 e 2016, a indústria de transformação brasileira reduziu em 31% seus investimentos Milhões Indicadores da Ind. Transformação (preços de 2016) 197 Investimento (R$ Bilhões) 213-31% 147 2015 e 2016: investimentos insuficientes para cobrir a depreciação do estoque de capital 1.984 Estoque capital (R$ Bilhões) 2.029-3,9% 1.949 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Fonte: IBGE e ValorPRO. Elaboração: Departamento de Economia, Competitividade e Tecnologia/FIESP. 2.000 Resultado: 1.950 Redução de 3,9% no Estoque de Capital da 1.900 indústria (menor que o de 2010) 22

O crédito no Brasil tem juros muito elevados. Com a TLP, os financiamentos do BNDES também se tornaram muito caros, bem acima dos juros dos países com metodologia comparável 25 20 Taxas reais de juros ao tomador dos países com metodologia comparável (2018, % a.a.) 21,2 15 10 5 6,4 4,8 3,4 1,6 1,0 0,5-0,1 0-5 Brasil (PJ total) Brasil (PJ - BNDES) Malásia Nova Zelândia* Chile Itália* Suécia* Japão* Fonte: FMI, IMD e BCB. Elaboração: Departamento de Economia, Competitividade e Tecnologia/FIESP. * dados de 2017. 23

As taxas de juros brasileiras são compatíveis com a realização de investimentos produtivos? 24

Os principais determinantes da baixa competitividade da indústria no país estão consolidados no Custo Brasil e valorização cambial 25

O Custo Brasil e a valorização cambial encarecem o produto nacional em relação ao importado em 30,4% Custo Brasil e valorização cambial: média do diferencial de preços Componentes 2008 a 2016, % do preço do produto industrial 1. Custo Brasil 26,5 Tributação: Carga e Burocracia 13,6 Juros sobre Capital de Giro 6,8 Energia e matérias primas 3,5 Infraestrutura Logística 1,5 Custos extras c/ serviços a funcionários 0,8 Diferencial de preços de 30,4% entre produto nacional e importado Serviços non tradables 0,3 2. Desalinhamento Cambial 10,1 3. Outros componentes -6,2 Diferencial de Preços 30,4 26

Apenas por conta da tributação e dos juros (sem levar em conta demais componentes do Custo Brasil nem tampouco a valorização cambial)... 27

... em base 100, o resultado líquido da indústria no Brasil no período de 2013 a 2016 foi 55% menor do que se tivesse as condições vigentes nos Países com 76% do comércio brasileiro e 70% do PIB mundial Período de 2013 a 2016: Brasil Geração de caixa Resultado financeiro 23,1% Juros Médios Tributos 34% de IR s/ geração de caixa menos o resultado financeiro Resultado Líquido Países com 76% do comércio brasileiro e 70% do PIB mundial 4,9% Juros Médios* 29% de IR s/ geração de caixa menos o resultado financeiro Fonte: IBGE, Banco Central, Receita Federal do Brasil. Elaboração FIESP. Resultado médio da indústria de 2013 a 2016. * Países comparáveis: Itália, Nova Zelândia, Chile, Suécia, Malásia, Japão. Com juros iguais aos dos países comparados, a arrecadação de tributos aumentaria em $15,4 e o resultado líquido aumentaria em $29,8, ou seja, mais que dobrariam 28

As deficiências do ambiente de negócios foram determinantes para o prolongado período de déficit no comércio exterior de bens industriais, e a a um intenso processo de desindustrialização... 29

O saldo do comércio exterior de manufaturados no Brasil é negativo desde 2007, com déficit médio de 2,7% do PIB. Em produtos de maior valor agregado (alta e média-alta tecnologia) o déficit comercial se aprofundou de 2001 a 2013 Bens Não Industriais Indústria de Baixa e Média- Baixa Tecnologia Indústria de Alta e Média- Alta Tecnologia x5 x14 x2 Fonte: Funcex. Elaboração: Fiesp. 30 30

1947 1950 1953 1956 1959 1962 1965 1968 1971 1974 1977 1980 1983 1986 1989 1992 1995 1998 2001 2004 2007 2010 2013 2016 2018 O processo de desindustrialização brasileiro é ainda mais grave porque ocorre de forma precoce PIB per capita PPC (US$ 2011) no início da desindustrialização: Brasil: US$ 5,4 mil Países Desenvolvidos: a partir de US$ 18,4 mil Juscelino: 1956 a 1961 16,9 Indústria de Transformação (% do PIB) 20,5 21,8 17,8 Em 2018 (11,3% do PIB): menor participação desde 1947 15,5 11,4 Industrialização Desindustrialização 11,3 Fonte: IBGE. Elaboração Departamento de Economia Competitividade e Tecnologia/FIESP 31

Enquanto isso, outros países incentivam a reindustrialização, com medidas visando aumento da competitividade e aceleração da transição para a Indústria 4.0... 32

Para atrair investimentos, aumentar a produtividade e gerar emprego e renda, muitos países reduziram a alíquota do imposto de renda das empresas Alíquotas de IRPJ, Brasil e países selecionados (%), 2010 e 2018 40,7 40,0 2010 35,0 34,0 34,0 33,3 31,4 30,0 29,4 28,0 28,0 Média 31,3 25,5 25,0 24,2 Japão EUA Argentina Brasil Bélgica França Itália Espanha Alemanha Reino Unido 34,0 33,0 2018 30,9 30,0 30,0 29,0 27,0 25,0 25,0 25,0 25,0 24,0 23,0 Noruega Holanda China Coreia do Sul Média 27,1 19,0 Brasil França Japão Argentina Alemanha Bélgica EUA Espanha Holanda China Coreia do Sul Fonte: KPMG. Elaboração Departamento de Economia, Competitividade e Tecnologia/FIESP. Alíquota de IRPJ dos EUA inclui o imposto federal e os dos Estados. Itália Noruega Reino Unido 33

Recente Reforma Tributária dos EUA colocou novos desafios ao Brasil e a outros países em desenvolvimento Depreciação de M&E em 1 ano Redução de alíquota do IR Federal de 35% para 21% 34

Em muitos países, outras medidas de reindustrialização têm ganhado protagonismo nas agendas públicas de competitividade Reindustrializar EUA França Reino Unido Assegurar competitividade Alemanha Japão Coreia do Sul Meta de desenvolvimento China Índia A nova Política Industrial alemã, anunciada em Fevereiro último, aprofunda a estratégia de manutenção da competitividade da economia local 35

Principais elementos das agendas públicas de competitividade da Alemanha, EUA e China País Título Objetivo Políticas em destaque Alemanha Industrial Strategy 2030 Manter posição de liderança mundial em setores industriais e exportações de alta tecnologia Proteger empresas estratégicas de aquisição estrangeira, flexibilizar políticas de defesa da concorrência para fortalecer empresas locais, crédito subsidiado e desonerações tributárias EUA America First e American Manufacturing Partnership Reindustrializar o país com a manufatura avançada, gerar empregos e resguardar a segurança nacional Diminuir impostos para empresas, submeter acordos comerciais aos interesses nacionais do país e impor políticas comerciais mais agressivas aos parceiros China Made in China 2025 Atingir o topo da cadeia de valor na indústria e transformar o país em líder global na fabricação de produtos de alta tecnologia até 2049 Subsídios, crédito direcionado e apoio intensivo de empresas estatais, entre diversos outros incentivos governamentais 36

As economias mais importantes possuem agendas de competitividade bastante efetivas, com estratégias de reindustrialização e avanço da Indústria 4.0. E o Brasil? 37

Diante desse quadro, como retomar o crescimento sustentado? Equilíbrio fiscal Reforma da Previdência Reforma monetária Demais áreas fundamentais para a competitividade: Reforma tributária Redução do spread bancário Aumento da oferta de crédito Redução da burocracia Aumento da segurança jurídica Melhora da infraestrutura Medidas p/ competitividade industrial e Indústria 4.0 Juros baixos Condições para o investimento voltar a ser atrativo Crescimento sustentado da indústria Crescimento do PIB, Renda e emprego 38

Agenda Política e Econômica Brasil 2019: Reforma da Previdência Reforma tributária Reforma monetária Novo papel das Políticas Industriais Novo papel do BNDES Agenda BC+ e concorrência bancária Desenvolvimento do mercado de capitais e alternativas de financiamento Privatizações Defesa da concorrência 39