PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA GABINETE DO DESEMBARGADOR JOÃO BENEDITO DA SILVA



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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA GABINETE DO DESEMBARGADOR JOÃO BENEDITO DA SILVA ACÓRDÃO APELAÇÃO CRIMINAL N. 200.2011.014932-1/001 Vara de Entorpecentes da Comarca da Capital Relator: Exmo. Dr. José Guedes Cavalcanti Neto - Juiz convocado em substituição ao Des. João Benedito da Silva Apelante: Karla Almeida de Oliveira (Def Pública Cardileuza de Oliveira Xavier) Apelado: Justiça Pública APELAÇÃO CRIMINAL. Tráfico ilícito de entorpecentes. Cocaína, Crack e Maconha. Flagrante delito. Depoimentos dos policiais corroborado com as demais provas dos autos. Condenação. Irresignação. Provas insuficientes. Inocorrência. Súplica pela desclassificação para o tipo previsto no artigo 28 da Lei n. 11.343/06. Impossibilidade. Acervo probatório que não contempla tese defensiva. Manutenção do decisum. Desprovimento do apelo. "É válido o depoimento prestado por autoridade policial no âmbito do processo penal, dês de que coerente e não infirmado por outros elementos de prova, máxime, quando colhido sob compromisso legal" (Súmula 23 do TI/PB). Estando a comercialização da droga inequivocamente configurada pela quantidade e forma de acondicionamento das substâncias entorpecentes encontradas com o réu e pelos depoimentos testemunhais, não há como realizar a desclassificação do delito para o de uso pretendida pelo acusado. Provada a autoria e a materialidade, diante do acervo probatório robusto e estreme de dúvidas, quanto à culpabilidade do réu, impossível acolher a pretensão de absolvição. Inviável se mostra o pedido de desclassificação do delito para o previsto no art. 28 da Lei n. 11.343/2003, quando o agente é flagrado com substância entorpecente, demonstrando sua efetiva incursão no tipo do art. 33 da mesma lei. Obedecidas às regras de aplicação da pena prevista nos arts. 59 e 68 do Código Penal, correta a manutenção do quanturn fixado na sentença condenatória.

VISTOS, RELATADOS E DISCUTIDOS acima identificados,. os presentes autos AC ORDAa Egrégia Câmara Criminal do Colendo Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, em harmonia com o parecer da douta Procuradoria de Justiça, em negar provimento ao apelo. Unânime. RELATÓRIO Trata-se de Apelação Criminal interposta pela ré Karla Almeida de Oliveira face a sentença de fls. 199/215, proferida pelo Juízo da Vara de Entorpecentes da Comarca da Capital, que julgou procedente a denúncia, condenando-a pela prática do crime encartado no artigo 33 da Lei n. 11.343/06, a uma pena de 06 (seis) anos e 03 (três) meses de reclusão e 550 (quinhentos e cinquenta) dias-multa. Irresignada, a ré apelou (f1.219), aduzindo, em suas razões recursais de fls.239/242, que não restou comprovado no caderno processual que é traficante, alegando que apenas é usuária, suplicando que seja desclassificado o crime para uso de entorpecente, nos termos do art. 28 da Lei 11.343/2006. Contrarrazoando, o representante do Ministério Público requereu, às fls. 245/250, o não provimento do apelo, com a manutenção da sentença atacada em todos os seus termos. A douta Procuradoria de Justiça exarou parecer, às fls.212/215, opinando pelo desprovimento do recurso. É o relatório. V O T O: Exmo. Dr. José Guedes Cavalcanti Neto O Representante do Ministério Público com exercício na Vara de Entorpecentes da Comarca da Capital-PB.,ofereceu denúncia (fls. 02/04) em desfavor de Karla Almeida de Oliveira dando-a como incursa nas sanções do artigo 33 da Lei n 11.343/06. Segundo a exordial, no dia 10 de março de 2011, durante a madrugada, agentes de investigação da Delegacia de Repreensão a Entorpecentes da Capital, autuaram em flagrante a denunciada, em uma operação de rotina na praia de Cabo Branco, na altura do restaurante Fellini, porque viram quando a incriminada era procurada por diversas pessoas em atitude característica de quem estava traficando e comprando drogas. Extrai-se ainda da peça acusatória, que ato continuo, o efetivo policial fez a abordagem da acusada, tendo sido encontrados com ela 2(dois) "sacoles" de cocaína em pó, 04(quatro) pedras de crack e um embrulho contendo maconha. Imediatamente, o efetivo policial deu voz de prisão à increpada e se deslocou com a autuada até a delegacia citada para a lavratura do flagrante. Segue a inicial afirmando que no dia e horário acima referenciados,

os policiais civis posicionaram-se na frente do Restaurante Fellini e aguardaram que alguém se aproximasse da acusada para fazer a transação ilícita, oportunidade em que fizeram a abordagem, sendo constatado que Maria Roseclay de Souza Pereira tinha ido ao local para comprar drogas, oportunidade em que a denunciada fazia entrega dos entorpecentes. Processado, regularmente, o feito, o Juízo primevo veio a julgar procedente a denúncia, para condenar a acusada pela prática do crime previsto no artigo 33 da Lei n. 11.343/06, a uma pena de 06 (seis) anos e 03 (três,) meses de reclusão e 550 (quinhentos e cinquenta) dias-multa. Inconformada, contra a referida decisão, veio a ré recorrer, aduzindo, em suma, inexistir no caderno processual um conjunto probatório suficiente para um decreto condenatório, pelo crime de tráfico, suplicando a desclassificação do crime para uso de entorpecente, nos termos do art. 28 da Lei 11.343/2006, alegando que é usuária. No entanto, não há como acolher a pretensão da ora Apelante. A materialidade do crime delineado no artigo 33 da Lei n. 11.343/06, restou, indubitavelmente, demonstrada pelo auto de apreensão e apresentação de fl. 12; Laudos preliminares de constatação de fls.19,20 e 21) e dos Exames Químico-Toxicológicos Definitivos (fls.88, 91 e 94). A autoria, por sua vez, é inconteste já que a acusada confessou que a droga apreendida lhe pertence, no entanto tenta se esquivar do crime de tráfico, ao argumento de que é usuária, porém, sua versão cai por terra diante do acervo probatório colhido no caderno processual. Vejamos: A ré Karla Almeida de Oliveira em seus interrogatórios tanto na esfera policial(f1.10), quanto em Juízo(fls.164/166), respectivamente, falou: (...) QUE adquiriu as drogas de um sujeito desconhecido que estava de bicicleta; Que adquiriu apenas quatro "pedras de crack e dois sacoles"; QUE o valor de toda a droga ficou por RS 100,00(Cem Reais); QUE afirma estar na orla para fhzer programas sexuais com os gringos; QUE é consumidora de drogas e não vendedora;(..)". (...) Que não é verdadeira a acusação de tráfico que lhe é feita; Que admite a propriedade das drogas apreendidas, afirmando que as mesmas era para consumo próprio; (...) Que reafirma que as drogas apreendidas e descritas no auto de apreensão de 11.12, lhe pertencia e foram encontradas em seu poder pessoal, dentro de suas vestes; Que a manca também pertence a interrogada, além do celular de cor vermelha e a quantia de R$ 127,00 em dinheiro,. (..)Que é garota de programa e naquele dia fez um programa, não recordando o horário;(..) Que na verdade comprou apenas as pedras de crack e a cocaina, porque a maconha tinha ganhado de um rapaz chamado Vitor; Que ele deu a droga a interrogc-mda porque quando tem droga também repassa para ele (...); Que não é verdade que ela estava comprando droga naquela ocasião; Que

faz uso de crack, cocaina em pó e maconha, há cinco anos(..)que na época do fato não tinha emprego fixo e conseguia dinheiro se prostituindo;(..) Que reafirma que a integralidade da droga apreendida lhe pertencia, mas pretendia consumir a droga junto com Rosiclay, porque quando ela tinha também fornecia a interroganda;que não ia cobrar a droga que pretendia dar a ela; (..)" A testemunha indicada na denúncia, Epicuro Barbosa Policial Civil quando ouvido em Juízo fls.180/181, asseverou: "(..) Que confirma as suas declarações prestadas na esfera policial e lidas nesta oportunidade; Que no dia do fato estava posicionado nas imediações do restaurante Fellini, na praia do Cabo Branco, quando avistou a acusada; Que percebeu que algumas pessoas se aproximavam dela, passavam algum tempo e depois saiam; Que chegou a vê-la entregando alguma coisa a essas pessoas, mas não sabia o que era porque não dava pra ver pela distância que se encontrava; Que aquele local é conhecido como ponto de venda de droga; Que a acusada foi abordada e naquela ocasião, encontraram dois sacolés de cocaina em pó, algumas pedras de crack e a quantia de 120,00 em dinheiro; Que o comércio de drogas no local costuma ser feito em pequenas quantidades porque em caso de prisão, eles alegam a condição de usuário; Que havia várias denuncias, através do 197, dando conta do tráfico de drogas naquele local;(..) Que naquele dia, passaram a noite inteira fazendo rondas naquela área; Que fazia um tempo que a acusada estava naquele local e foi justamente por isso que pararam para observar sua movimentação; Que ela já tinha sido vista lá em outras ocasiões, onde efetuaram a prisão de outras pessoas; (..)Que a droga foi encontrada dentro das vestes dela, não sabendo precisar o local exato; Que casa sacolé de cocaina semelhante ao que foi encontrado em poder da acusada custa 110 mercado local o valor de R$ 50,00; Que pedras de crack semelhantes as que foram encontradas com a acusada custam, em média R$ 10,00; (...) uma pessoa que estava comprando droga à acusada chegou a ser detida e levada para a delegacia, onde foi ouvida; Que após o achado da droga e a oitiva dessa pessoa, a acusada admitiu que a droga encontrada em seu poder era destinada à venda;(...)" Por sua vez, o Policial Civil, Francisco Eudes Pereira de Souza, em juízo, (fl.1 82), falou: "(..) Que, participou da prisão da acusada ora presente; que confirma integralmente as declarações prestadas na esfera policial e lidas nesta oportunidade; Que, receberam informações do tráfico de drogas naquele local e para lá se dirigiram; Que a acusada foi identificada e presa; Que, já havia denuncias dando conta do envolvimento da acusada ora presente no tráfico de drogas

realizado no local; Que passaram um tempo pequeno, circulando pelo local e observando a movimentação; Que naquela ocasião, perceberam algumas pessoas se aproximando da acusada, como se estivesse comprando droga; Que, então a acusada foi abordada e levada para a delegacia da mulher, onde foi revistada por uma agente do sexo feminino; Que recorda que Maria Roseclay estava comprando droga a acusada no momento da abordagem;(..) Que segundo as denuncias era comum o tráfico de drogas no local onde a acusada foi presa;(..) Que desconfiavam que ela tinha mais droga em seu corpo, por isso conduziram até a Delegacia(..)". A testemunha arrolada pela defesa Natasha da Silva Bezerra (fi. 183), não trouxe argumento capaz de alicerçar a tese esposada pela apelante, de que é apenas viciada. Destarte, muito embora alegue a defesa insuficiência de provas quanto à intenção da acusada em traficar as drogas ilícitas com ela apreendidas, sua versão cai por terra, uma vez que a apelante foi presa em flagrante delito, com porções individualizadas, de cocaína, crack e maconha, além de ter sido encontrada vendendo droga, tudo isso demonstrado, pelas provas colhidas no caderno processual, sendo tal conduta característica de traficante. Ora, a figura do artigo 33 da Lei 11.343/06 traz, em seu tipo penal, diversas condutas, punindo quem pratica qualquer uma delas (importar; exportar; remeter, preparar, produzir fabricar adquirir vender expor à venda, oferecer; ter em depósito, transportar trazer consigo, guardar, prescrever ministrar; entregar a consumo ou fornecer drogas), independentemente da destinação dada à droga. Outrossim, diante do exposto, vê-se que as provas não são frágeis ou insuficientes para o decreto condenatório em tráfico, restando insubsistente os argumentos da increpada por estar configurado o tráfico, como delito formal, de perigo abstrato e de múltiplas condutas, que prescinde da comprovação de atos efetivos de mercancia. Insta salientar que a decisão hostilizada não se limitou em alicerçar o édito condenatório tão somente nos testemunhos dos policiais, mas, sim, com a observância da induvidosa materialidade do delito em tela, sendo certo que a negativa de autoria por parte do recorrente de que não é traficante, por si só, não desautoriza a condenação, se persistirem no caderno processual os elementos de prova contundentes em seu desfavor. Além do mais, os policiais não devem ser considerados inidõneos ou suspeitos em virtude, simplesmente, de sua condição funcional, sendo certo e presumível que eles agem no cumprimento do dever, dentro dos limites de legalidade, não sendo razoável suspeitar, sem motivo relevante, da veracidade de seus depoimentos, por não estar evidenciado nos autos que teriam os milicianos qualquer interesse pessoal no caso ou mesmo o ânimo de prejudicar inocentes. Os Tribunais superiores têm entendido que o depoimento de policiais pode servir de referência ao juiz na verificação da materialidade e autoria delitivas, podendo funcionar como meio probatório válido para fundamentar a condenação, mormente quando colhido em juízo, com a observância do contraditório, e em harmonia com os demais elementos de prova, inclusive, já é matéria sumulada por

este Tribunal. Vejamos: "É válido o depoimento prestado por autoridade policial no âmbito do processo penal, dês que coerente e não infirmado por outros elementos de prova, máxime, quando colhido sob compromisso legal" (Súmula 23 do TJ/PB)." Sobre o tema a jurisprudência é pacifica: TJAP: "Os depoimentos de policiais constituem prova de valor a embasar decreto condenatório, mormente quando corroborados pelos fatos colhidos por conjunto probatório robusto e extreme de dúvidas. Inocorre fragilidade de provas se estas mostram-se conclusivas e em sintonia com a dinâmica e a lógica dos fatos, firmando da figura de traficante, descabendo a pretendida desclassificação do delito de tráfico para o de uso, sobretudo quando os elementos de prova formam um juízo de certeza sobre a atividade de comercialização. Recurso improvido" (RDJ 16/282). Ainda, CRIME DE ENTORPECENTES. TRÁFICO DE TÓXICOS (Artigo 12, 'caput; da Lei n 6.368/76). Aprova contida nos autos autoriza o embasamento do decreto condenatório lavrado contra a ré, pela prática do delito de tráfico de tóxicos, inviabilizando seu pedido de absolvição, sendo de salientar que os depoimentos dos policiais merecem total credibilidade, notadamente quando coerentes e harmônicas com os demais elementos probatórios. A pena imposta foi criteriosamente calculada, após correta análise das moduladoras do artigo 59, do CP, não havendo motivos para reduzi-ia. Mostra-se inviável a aplicação do art. 33, 4 0, da Lei 11.343/2006, com base na circunstância de a acusada ser primária e de bons antecedentes, porquanto praticado o fato sob a égide da Lei n 6.368/76. Mostra-se inviável a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direito, tendo em vista a natureza do delito e a quantidade da pena imposta, superior ao patamar fixado pelo artigo 44 do CE Descabe a redução da multa pecuniária, como postula Raquel, estando a determinação sentencia! bem dosada quanto ao tópico, eis que fixada muito próximo ao mínimo legal, respeitando a gravidade do delito cometido e a necessidade de sua efetiva repressão. PROGRESSÃO DE REGIME. POSSIBILIDADE. APELAÇÃO DEFENSIVA PARCL4LMENTE PROVIDA. (Apelação Crime N 70018585919, Segunda Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: José Antônio Cidade Pitrez, Julgado em 03/05/2007). "Os depoimentos dos policiais que atuaram na diligência merecem a mesma credibilidade dos testemunhos em geral. Somente podem ser desprezados se demonstrado, de modo

concreto, que agiram sob suspeição. Enquanto isso não ocorra, se não defendem interesse próprio ou escuso, mas, ao contrário, agem em defesa da sociedade, a sua palavra serve como prova suficiente para informar o convencimento do julgador." (TJMG. Apelação Criminal 1.0027.11.024507-6/001, Rel. Des.(a) Eduardo Brum, 4a CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 26/09/2012, publicação da súmula em 03/10/2012). Desta forma, a condenação, no caso em atento, é medida imperiosa, por existir nos autos um conjunto probatório harmônico e consistente para tanto, não havendo, também, que se falar em desclassificação do crime de tráfico ilícito para o de consumo pessoal descrito no artigo 28 da Lei n. 11.343/06. É que, diante do que fora colhido no caderno processual, a pretensa desclassificação do delito para uso, previsto no artigo 28 da referida lei, não merece ser acolhida, uma vez que o elenco probatório conseguiu demonstrar de forma inequívoca a materialidade e autoria do crime de tráfico previsto no art. 33, caput da Lei n. 11.343/06. Ora, esclarece o 2 do artigo 28 que para se determinar se a droga apreendida destinava-se, ou não, para o consumo pessoal, deve o magistrado se ater à natureza e a quantidade do material ilícito, além do local e das condições em que se desenvolveu o flagrante, entre outras circunstâncias. Ressalta-se, também, que ao contrário do que veio a ser dito pela apelante, o fato da mesma afirmar que é usuária não é causa suficiente para excluir a caracterização do tráfico. Lembra-se que, corriqueiramente, os usuários passam a traficar para sustentar o próprio vício, o que não deixa de configurar o delito, não havendo, portanto, como realizar a desclassificação do ilícito para o de uso. A propósito: TJSC: "O fato do agente ser viciado ou usuário, não descaracteriza o narcotráfico, haja vista que, na maioria dos casos, os dependentes também traficam" (Amaral e Silva). (AC n. 2008.045637-3, da Capital, rel. Des. Solon d'eça Neves, j. 11/12/08). O fato de o agente ser dependente de drogas não é suficiente para desautorizar o decreto condenatório por crime de tráfico, quando as demais circunstâncias dão conta de que a droga apreendida não se destinava exclusivamente a consumo próprio. (ACV n. 2007.042721-4, de Blumenau, rel. Des. Roberto Lucas Pacheco, j. 29/04/08). EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - TRÁFICO DE DROGAS - AGENTE PRESO EM FLAGRANTE GUARDANDO DROGAS - PLEITO DE DESCLASSIFICAÇÃO PARA USO PRÓPRIO - INTELIGÊNCIA DO ART. 28, 2 0, DA LEI N 11.343/06 - DELITO DE TRÁFICO CARACTERIZADO - CONDENAÇÃO MANTIDA - RECURSO NÃO PROVIDO.

I - De acordo com o artigo 28, 2, da Lei n 11.343/06, para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente. - Se não há nos autos qualquer prova da exclusividade de uso da droga apreendida, sendo da defesa, e não da acusação, o ônus da prova cabal e irrefutável dessa alegação de ser o réu apenas usuário, inviável falar-se em desclassificação para o art. 28 da Lei n. 11.343/06. III - Recurso não provido. (TJMG. Apelação Criminal 1.0023.12.000037-9/001, Rel. Des.(a) Eduardo Brum, 4" CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 05/09/2012, publicação da súmula em 13/09/2012) Assim, estando a comercialização da droga inequivocadamcnte configurada pelas substâncias entorpecentes encontradas e pelos depoimentos das testemunhas, não há como realizar a desclassificação do delito para o de uso pretendida. Ressalte-se, por fim, que a pena aplicada a apelante apresenta-se proporcional e suficiente à reprovação do fato, conforme os ditames legais preconizados nos artigos 59 e 68 ambos do Código Penal, não merecendo reparos. Forte em tais razões, em harmonia com o parecer da douta Procuradoria de Justiça, nego provimento ao apelo, mantendo a sentença objurgada em todos os seus termos. É como voto. Presidiu o julgamento o Exmo. Des. Joás de Brito Pereira Filho. Participaram ainda do julgamento o Exmo. Dr. José Guedes Cavalcanti Neto, Juiz de Direito convocado para substituir o Exmo. Des. João Benedito da Silva, relator, o Exmo. Dr. Marcos William de Oliveira, Juiz de Direito convocado para substituir o Exmo. Des. Luis Silvio Ramalho Junior e o Exmo. Des. Joás de Brito Pereira Filho. Presente à Sessão do Julgamento o(a) Exmo.(a) Dr.(a) José Roscno Neto, Procurador(a) de Justiça. Sala de Sessões da Colenda Câmara Criminal do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, em João Pessoa, Capital, aos 29(vinte e nove) dias do mês de Janeiro do ano de 2013. José Gue sé--;;;icanti Neto Juiz d Direito Convocado -Relator-