Uso do concentrado protéico de arroz na dieta de suínos, aves e peixes (salmão e truta). 1) Caracterização O concentrado protéico de arroz (CPA) é um produto oriundo do processamento do arroz para produção de amido de arroz. Sua manufatura é comparável à produção de glúten de trigo industrial. Como ingrediente, é livre de fatores anti-nutricionais. É altamente palatável na nutrição de humanos, apresentando elevada digestibilidade e sem fatores alergênicos. Devido a estas características é utilizado em formulações para bebês e fórmulas hipoalergênicas para humanos e dietas específicas para animais de produção nas primeiras dietas (fases iniciais). De acordo com o Product Especification Rice Protein 650 (2006), o CPA apresenta proteína de alta qualidade (digestibilidade) com altos níveis de aminoácidos sulfurados, alta pureza e com baixo conteúdo de fibras e cinzas. Na tabela 1, são apresentadas a composição química média do CPA, onde sua composição nutricional poderá variar em função do processamento e tipo de produto a ser produzido, sendo encontrado produtos com 80, 75, 70, 65 e 60% de proteína de arroz. Devido à sua composição e características nutricionais, este ingrediente pode ser usado em rações para diversas espécies animais nas fases iniciais de vida; alimentação de pet (cães e gatos) e aqüicultura. Sendo uma alternativa interessante e viável aos produtos derivados da soja. Devido à ausência de fatores anti-nutricionais, considera-se um produto com zero de antígeno, não tóxico ao trato gastrintestinal, não predispondo os animais jovens à diarréia. Na nutrição animal seu uso destaca-se principalmente como substituto do concentrado protéico de soja, isolado protéico de soja, farinha de peixes e proteína de batata. 2) Recomendação para suínos Para suínos seu uso é recomendado em dietas de maternidade e fase inicial após a desmama. Sobre os níveis de inclusão em rações para leitões, o CPA pode ser utilizado como forma de reduzir o uso de concentrado protéico de soja (CPS), ou de outras fontes de soja ou proteína que contenham fatores alergênicos. Entretanto, quando comparado a fontes de proteína de origem animal (p.ex. plasma e farinha de peixes) essas apresentaram desempenho superior quando considerado apenas o nível de proteína bruta, conforme demonstrado por YUN et al. (2005). O uso de 6% de CPA proporcionou resultados de ganho de peso, consumo de ração e conversão alimentar superiores aos obtidos com o uso de 15% de Farelo de Soja, 6% de Concentrado Protéico Soja e 6% de DPS (Dried Porcine Soluble).
Tabela 1 Composição química do CPA. Amostra Análise Padrão (máx-mín) CPA (65% proteína bruta) Umidade (%) 10,0 (máx) Extrato Etéreo (%) 7,00 (mín) Proteína Bruta (%) 65,00 (mín) Fibra Bruta (%) 3,0 (máx) Matéria mineral 4,0 (máx) Cálcio 0,41 Sódio 0,04 Fósforo 0,75 Energia Bruta 18,3 (MJ) Aminoácidos (% no produto) Alanina 3,95 Arginina 5,89 Acido aspártico 5,92 Cisteína 1,72 Glicina 3,13 Ac. Glutâmico 13,21 Histidina 1,86 Isoleucina 2,77 Leucina 5,42 Lisina 2,50 Metionina 2,31 Fenilalanina 3,64 Prolina 2,93 Serina 3,58 Treonina 0,81 Tirosina 3,75 Valina 3,52 Perfil de ácidos graxos (% na fração de extrato etéreo) C14:00 0,6 C16:0 25,2 C18:0 2,7 C18:1 32,9 C18:2 34,0 C18:3 1,2 C20:3 0,3 Em estudos de CHAE (2005), o CPA substituiu em até 9% o concentrado protéico de soja, sem promover alterações no desempenho dos leitões e sendo viável economicamente. Em pesquisas realizadas por BYUNG-JO (2004), foram verificados melhores resultados de ganho de peso em leitões com o uso de plasma animal frente ao uso de CPA ou CPS, entretanto o consumo diário de ração não foi influenciado. Quando avaliada a substituição do CPS por CPA em níveis de 3,
6 e 9% determinou-se que o CPA pode substituir em até 9% o CPS das rações de leitões após a desmama. Substituindo a fonte de proteína em 3, 4,5 e 6% nas rações de leitões recém desmamados, KWON et al. (2004) observaram maior ganho diário de peso com o uso de 3% de CPA, enquanto o consumo diário de ração e a conversão alimentar não foram influenciados. Com base nos resultados os autores consideraram que o CPA pode ser utilizado substituindo em até 6% a fonte de proteína na ração de leitões. Foi demonstrado em vários experimentos o impacto positivo do uso do concentrado protéico de arroz sobre o desempenho e consumo de ração de leitões. Tendo sido determinado o valor de digestibilidade verdadeira dos aminoácidos em ensaios com suínos e os coeficientes de digestibilidade e metabolizabilidade da energia. Os resultados da pesquisa realizada por GOTTLOB et al. (2006), estão apresentados nas tabelas 2 e 3. Tabela 2 Composição química e digestibilidade ileal verdadeira dos aminoácidos do concentrado protéico de arroz para suínos. Matéria Seca 92,68 Proteína 67,51 bruta Cinzas 3,41 Cálcio 0,10 Fósforo 0,75 Aminoácidos (%) (%) CDA AA dig (%) Arginina 5,26 89,9 Histidina 1,65 82,9 Isoleucina 2,91 80,7 Leucina 5,31 79,3 Lisina 2,21 86,6 Metionina 1,77 69,0 Fenilalanina 3,52 80,5 Treonina 2,12 78,9 Triptofano 0,81 103,9 Valina 4,13 76,0 Alanina 3,47 79,5 Ac. aspártico 5,39 81,2 Cisteína 1,45 63,5 Ac. glutâmico 10,87 74,6 Glicina 2,77 84,6 Prolina 2,94 77,8 Serina 2,36 79,7 Tirosina 3,32 76,9
Tabela 3 - Valores de energia bruta e de energia digestível, metabolizável e líquida em kcal/kg do concentrado protéico de arroz para suínos Energia Bruta 4954,00 Energia Digestível 4724,00 Energia Metabolizável 4226,00 Energia líquida * 3235,00 Valor calculado utilizando equação de Noblet et al. (1996). Uma vez que a digestibilidade ileal verdadeira dos aminoácidos é conhecida, estes valores devem ser utilizados para formulações de rações adequadas para os leitões, evitando-se assim problemas com a substituição de fontes de proteína com diferentes percentuais de digestibilidade dos aminoácidos. 3) Recomendações para aves Pesquisas com o uso de CPA para aves não foram referenciadas na literatura. Considerando que há restrições para o uso do CPA na alimentação, seu uso deve ser limitado pelo custo e pelo ajuste nutricional, participando de formulações para aves na primeira semana de vida, fase na qual estas ainda apresentam limitada capacidade digestiva. O CPA deve ser utilizado nas dietas pré-inicias de pintinhos como substituto parcial do farelo de soja e ou do concentrado protéico de soja dependendo do custo de sua inclusão, como forma de reduzir sua inclusão e melhorar a digestibilidade da ração. 4) Recomendações para peixes A utilização de dietas com fontes de proteínas vegetais para salmão tem sido pesquisada uma vez que estas reduzem os níveis poluentes e a eutrofização. O CPA deve ser utilizado substituindo parcialmente a proteína de origem animal, normalmente a Farinha de Peixe, desde que sejam corrigidos os níveis de aminoácidos e de fósforo. E também como substituto do Concentrado Protéico Soja nas formulas nutricionais. Pesquisas evidenciaram que o CPS pode substituir em até 50% a fonte de proteína de origem animal nas rações de peixes (espécimes carnívoras), resultando em benefícios sobre o ganho de peso e sobrevivência dos peixes.. Para salmão foi observado que está substituição pode ser de até 75% da proteína de origem animal, entretanto deve-se ainda avaliar as alterações nas características organolépticas da carne.
As fórmulas nutricionais para salmão apresentam em média 50% de farinha de peixe, que poderá ser substituída parcialmente pelas fontes de proteína vegetais. Devendo-se procurar utilizar fontes de elevado valor biológico e que não apresentem fatores anti-nutricionais. 5) Qualidade do concentrado protéico de arroz A qualidade do produto bem como sua composição deve ser garantida através da escolha e seleção de fornecedores idôneos. Estes devem fornecer um produto que possua controle de qualidade em sua produção e com um padrão físico químico médio. Atenção deve ser dada ao fato de existirem CPA com diferentes concentrações de proteína bruta e consequentemente diferente perfil de aminoácidos. Deve solicitar o envio de resultados de análises microbiológicas da composição química constantemente. 6) Manipulação O produto deve ser armazenado em local seco. As embalagens devidamente fechadas. No manuseio pode ser formada uma poeira fina no ambiente e sobre a pele, mas não há riscos no contato direto com o produto. Sendo que este não é solúvel em água. E não apresenta reação com outros produtos. Anexo 7) Referências