Marianne Saldanha Nery Wladimir Lopes Fatores de risco para Mortalidade Infantil entre os nascidos vivos no município de Curitiba no ano de 2006: uma aplicação da análise de sobrevida Projeto apresentado à disciplina de Laboratório de Estatística do Curso de Estatística do Departamento de Estatística do Setor de Ciência Exatas da Universidade Federal do Paraná. Orientadora: Prof. Nivea da Silva Matuda Curitiba, 24/09/2010
1. TEMA Estudo dos fatores de riscos de mortalidade infantil em Curitiba Paraná, no ano de 2006. 2. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA DO TEMA Mortes infantis representam um evento indesejável em saúde pública, pois são mortes precoces e, em sua maioria, evitáveis. A taxa de mortalidade infantil (TMI) é padronizada internacionalmente como o número de óbitos de crianças menores de um ano sobre o número de nascidos vivos (multiplicada por 1.000) e indica o risco de um nascido vivo evoluir para o óbito. Tradicionalmente considerada como um indicador da situação de saúde das populações, é utilizada para definição das políticas públicas direcionadas à saúde infantil. Sua redução faz parte das metas do milênio, compromisso das nações da ONU para o alcance de patamares mais dignos de vida para a população mundial, pois reflete as condições de vida da sociedade (United Nations, 2009). O índice considerado aceitável pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de 10 mortes para cada mil nascimentos. A TMI mundial em 2006 era de 49,4, segundo as Nações Unidas e o Brasil se encontrava na posição 106, com índice de 23,6 (mortes/1000 nascimentos) (OMS; 2008). Figura 2.1: Taxa de mortalidade infantil a nivel mundial, por país: Fonte: United Nations World Population Prospects - 2009 Na figura 2.1 verificamos que a taxa brasileira de mortalidade infantil no ano de 2009 está próxima dos 25, enquanto a maior taxa apresentada é de 175, registrada em alguns países da África e Ásia (United Nations World population Prospects, 2009). Conhecer o perfil de mortalidade infantil é fundamental para a formulação de estratégias que permitam o seu controle, devendo ser feito desde uma assistência adequada à mulher durante a gravidez e o parto e um acompanhamento principalmente das crianças consideradas de risco. A morte de crianças menores de um ano é diretamente influenciada por condições de pré natal, gravidez, história materna, conduta e doenças maternas, ruptura precoce de membrana, idade materna, consaguinidade, procedimentos perinatais, mortalidade perinatal (gestação entre as 22 semanas
completas - 154 dias; 5 meses e meio - e os 7 dias completos após o nascimento), condições e tipo de parto, síndrome de morte súbita, estado marital, intervalo entre partos, fatores interpartais, diferenças raciais materna e infantil, condições socieconômicas, prematuridade, baixo peso ao nascer, más formações congênitas, mães portadoras do HIV e de outras doenças infecto contagiosas e outros (Muniz et al., 1998). A TMI no Brasil apresenta tendência decrescente: em 1980, era de 78,5/1000 e, em 2005, foi estimada em 21,2/1000 nascidos vivos (Figura 1). Os níveis atuais são, entretanto, ainda muito elevados e tornam a situação do país preocupante no cenário mundial, pois a taxa atual é semelhante à dos países desenvolvidos no final da década de 60, e cerca de 3 a 6 vezes maior do que a de países como o Japão, Canadá, Cuba, Chile e Costa Rica com taxas entre 3 e 10/1000 (UNICEF,2007). Nossa pesquisa se concentra na região de Curitiba, a capital com melhor qualidade de vida do Brasil, com um polo industrial diversificado que lhe dá o posto de quinta maior economia, sendo considerada umas das cinco melhores cidades para se viver. Curitiba também tem altos índices de educação, tem o menor índice de analfabetismo e a melhor qualidade na educação básica entre as capitais; também foi citada em uma recente pesquisa publicada pela revista Forbes, como a 3º cidade mais "esperta" do mundo, que considera esperta a cidade que se preocupa, de forma conjunta, em ser ecologicamente sustentável, com qualidade de vida, boa infraestrutura e dinamismo econômico. De acordo com dados divulgados pelo censo realizado no ano 2000 pelo IBGE, no município de Curitiba a mortalidade infantil até cinco anos de idade era 24,26 a cada mil crianças (IBGE, 2008; Sheppard, 2007). No Brasil, a coleta, a apuração e a divulgação dos eventos vitais são de responsabilidade da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Desde 1974, as estatísticas de registro de óbitos e nacimentos têm sido divulgados, anualmente, por meio de publicação Estatística de Registro Civil. O Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) foi criado pelo DATASUS para obtenção regular de dados sobre mortalidade no país. A partir da criação do SIM foi possívem a captação de dados sobre mortalidade, de forma abrangente, para subsidiar as diversas esferas de gestão na saúde pública. Com base nessas informações é possível realizar análise de situação, planejamento e avaliação das ações e programas na área (IBGE, 1998; DATASUS, 2008). No que se refere às informações referentes aos nascimentos, em 1990, o Ministério da Saúde implantou o Sistema de Nascidos Vivos (SINASC). Esse sistema tem base na declaração de nascimento cuja emissão é considerada obrigatória no serviço de saúde onde ocorreu o parto. O SINASC tem como propósito caracterizar as condições de nascimento. A comparação entre o número de nascimentos ocorridos nos hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS) e os declarados no SINASC, mostra ainda uma deficiência na cobertura do SINASC em alguns estados do país, embora de menor magnitude que as apresentadas pelo SIM (DATASUS, 2008). A técnica mais utilizada na área da saúde para análise de dados é Análise de Sobrevivência. Na análise de sobrevivência a variável dependente (o outcome) é sempre o tempo até ocorrência de determinado evento. Este evento final pode ser a morte, mas pode ser qualquer outro evento como recidiva, progressão de doença, efeito lateral ou qualquer outra mudança de estado. Também quando se fala em tempo de sobrevida não
significa que seja necessariamente tempo até à morte, mas sim tempo até ao evento em questão (Clark et al, 2003). A grande vantagem da análise de sobrevivência é a utilização da informação de todos os participantes até ao momento em que desenvolvem o evento ou são censurados. Assim a análise de sobrevivência é a técnica ideal para analisar respostas binárias (ter ou não ter um evento) em estudos longitudinais que se caracterizam por tempo de seguimento diferente entre os indivíduos e perdas de follow-up (Rebassa, 2005). Nosso interesse é utilizar as informações de nascidos vivos e de óbitos retiradas do DATASUS, durante o ano de 2006 no município de Curitiba para analisar os fatores de risco associados a mortalidade infantil. Para tanto usaremos o Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC) e o Sistema de Infomação de Mortalidade (SIM). Será analisada a informação sobre a data de ocorrência dos óbito e técnicas da análise de sobrevida. 3. OBJETIVO GERAL Por meio da utilização de métodos estatísticos em análise de sobrevivência, nosso objetivo é realizar a modelagem da sobrevida de menores de um ano com relação aos fatores de risco da mortalidade infantil em Curitiba, no ano de 2006. Fase 4. CRONOGRAMA Agosto Setembro Outubro Novembro Coleta de Dados x Revisão de Literatura x x Estruturação do Banco de Dados x x Aplicação da metodologia x Análise dos resultados x x Edição do relatório x 5. REFERÊNCIAS Clark, TG, Bradburn MJ, Love SB, Altman DG. Survival analysis part I: basic concepts and first analyses. Br J Cancer. 2003; 89: 232-8. DATASUS BANCO DE DADOS DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE, Brasil, 2008. Disponível em http://www2.datasus.gov.br. Acesso em 10/Set/2010. IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, Brasil, 1998. Disponível em http://www.ibge.gov.br. Acesso em 15/Set/2010.
Muniz ; M.V.F ;Kozu, Kátia T.; Godinho, L.T.;.; Chiarioni, P. Artigo Mortalidade Infantil: Causas e Fatores de Risco. Um estudo Bibliográfico, Brasil, 2008. Rebasa, P. Basic concepts in survival analysis. Cir Esp. 2005; 78: 222-30. SHEPPARD, K. ARTICLE: 15 GREEN CITIES, New York, 2007. Disponível em http://www.grist.org/article/cities3/. Acessado em 15/Set/2010. UNICEF UNITED NATIONS INTERNATIONAL CHILDREN s EMERGENCY FUND, New York, 2007. Disponível em http://www.unicef.org/. Acessado em 19/Set/2010. UNITED NATIONS, New York, 2009. Disponível em http://www.un.org/en/. Acessado em 10/ Set/2010 WHO/OMS ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, Brasil, 2008. Disponível em http://www.who.int/en/. Acessado em 10/Set/2010.