Indicadores de Saúde II Mortalidade Materno-Infantil
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- Bento Madureira de Barros
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1 Universidade Federal do Rio de Janeiro Centro de Ciências da Saúde Instituto de Estudos de Saúde Coletiva IESC/ Faculdade de Medicina Disciplina de Epidemiologia Indicadores de Saúde II Mortalidade Materno-Infantil
2 CONCEITOS IMPORTANTES: ÓBITO FETAL É a morte de um produto de concepção, antes da expulsão ou extração completa do corpo de mãe, independentemente da duração da gravidez; indica o óbito o fato de o feto, depois da separação, não respirar nem apresentar nenhum outro sinal de vida, como batimentos do coração, pulsações do cordão umbilical ou movimentos efetivos dos músculos de contração voluntária (OMS). NASCIDO VIVO Nascimento Vivo é a expulsão completa de um produto de concepção do corpo materno, independentemente da duração da gravidez, o qual, depois da separação, respire ou dê qualquer outro sinal de vida, como batimentos do coração, pulsações do cordão umbilical ou movimentos efetivos dos músculos de contração voluntária, estando ou não desprendida a placenta. Cada produto de um nascimento que reúna essas condições se considera como uma criança nascida viva (OMS).
3 Nascidos Mortos Perdas Fetais ou Óbitos Fetais 22 semanas nascimento Aborto natimorto ou óbito fetal do componente perinatal CID- 10 Revisão
4 Nascidos Vivos Óbitos Infantis 0 dia 6 dias 27 dias 364 dias Neonatal precoce Neonatal tardio Pós neonatal ou Infantil tardio neonatal Neonatal precoce: 0 a 6 dias Neonatal tardio: 7 a 27 dias Pós neonatal: 28 a 364 dias (1 ano incompleto) CID- 10 Revisão
5 Período Perinatal 22 semanas 0 dia de vida 6 dias de vida nascido morto nascido vivo que evolui para óbito entre 0 e 6 dias Óbitos perinatais (OMS, 2013)
6 Declaração de Óbito Bloco I Identificação Este bloco se destina a colher Informações gerais sobre a identidade do falecido e dos pais. Emissão obrigatória da DO fetal a partir da 20 a semana de gestação Definição de óbito fetal a partir da 22 a semana de gestação
7 Indicadores de Mortalidade Fetal, Infantil e Perinatal
8 Taxa ou coeficiente de mortalidade infantil (TMI) TMI óbitos 0 364dias nascidosvivos.1000 logo a taxa é expressa por mil nascidos vivos Componentes da mortalidade Infantil: Mortalidade infantil neonatal: neonatal precoce (óbitos de 0-6 dias) neonatal tardio (óbitos de 7-27 dias) Mortalidade infantil pós-neonatal: Óbitos de dias Componentes Infantis podem ser expressos como proporções ou taxas onde o numerador são óbitos por componente etário e o denominador são, respectivamente, todos os óbitos infantis (proporções) e total de nascidos vivos (taxas)
9 Taxa de Mortalidade Infantil por mil nascidos vivos, Brasil e regiões, Região Norte Região Nordeste Região Sudeste Região Sul Região Centro-Oeste Total 10 0 Fontes: MS/SVS - Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos - SINASC MS/SVS - Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM Notas: 1. Taxas estimadas com os dados informados ao SIM e ao SINASC corrigidos por fatores obtidos pela Pesquisa de Busca Ativa realizada na Amazônia Legal e no Nordeste. 2. Os valores apresentados podem diferir dos publicados em outros meios na primeira ou segunda casa decimal, em razão da forma dearmazenamento e arredondamento. 3. Dados revisados em relação ao IDB anterior.
10 Brasil, até 1990, predominava o componente pós-neonatal ; A ampliação do acesso a saneamento básico, a melhoria nas condições de vida da população e a queda da fecundidade são fatores relacionados com a diminuição da mortalidade no período pós-neonatal, principalmente a decorrente de causas infecciosas; A partir de 1990 predomina componente neonatal, intimamente ligado à qualidade da atenção prestada durante o pré-natal, no parto e ao recém-nascido Taxa de mortalidade infantil, por componentes, Brasil, DATASUS, 2015
11 Objetivos do Milênio ONU, 2000 Objetivo 4 do Milênio Reduzir Mortalidade infantil em 2/3, entre 1990 e 2015
12 Assistência social reflete na queda da mortalidade infantil Taxa de Mortalidade Infantil por nascidos vivos, Brasil TMI 2015: 13,8 nascidos vivos De 1990 a 2015, o Brasil reduziu em 73% a mortalidade infantil. A redução foi igual entres os componentes? TMI em 2015 pode ser considerada baixa? Fontes:
13 Panorama da mortalidade infantil e fetal Magnitude País óbitos por nascidos vivos (2010* e 2012**) Japão* 2,3 Costa Rica* 9,5 Cuba* 4,5 Brasil* 16,1 Angola** 164 *CDC e PAHO, 2014 e **2012UNICEF País Natimortos por nascimentos (2008) Finlândia* 2,0 Brasil** 9,6 Nigéria* >40,0 *Lawn, 2011 e **DATASUS, 2015 Potencial de redução Potencial de redução Tendência nacional Redução da mortalidade infantil de 1990 a 2010: 47,1 para 16,1 por mil nascidos vivos Aumento da natimortalidade até 2000 (9,3 por mil nascimentos) e relativa estabilidade óbitos infantis e fetais não ocorrem ao acaso desigualdades socioeconômicas.
14 Vigilância do óbito fetal e infantil: por que? Japão, Canadá, Cuba, Chile e Costa Rica, que apresentam taxas entre 3 e 10/1000 nascidos vivos (UNICEF, 2008). Esses países conseguiram uma redução simultânea da mortalidade pós-neonatal e neonatal, enquanto no Brasil não houve mudança significativa do componente neonatal nas últimas décadas (LANSKY et al, 2009). Mortes infantis são mortes precoces e podem ser consideradas evitáveis, em sua maioria, desde que garantido o acesso em tempo oportuno a serviços qualificados de saúde
15 Proporção de óbitos infantis por componentes, Município do Rio de Janeiro, 2015 Fonte: SIM - Junho de 2016
16 Distribuição dos óbitos neonatais precoces por idade Município do Rio de Janeiro, ó b i t o s < 1 dia 1 dia 2 dias 3 dias 4 dias 5 dias 6 dias
17 Proporção de óbitos infantis por causas evitáveis, Município do Rio de Janeiro, 2015 Lista de causas de mortes evitáveis por intervenções do Sistema Único de Saúde do Brasil Fonte: SIM - Junho de 2016
18 Fatores biológicos, sociais, culturais e de falhas do sistema de saúde estão associados aos óbitos infantis As intervenções dirigidas à sua redução dependem, portanto, de mudanças estruturais relacionadas às condições de vida da população, assim como de ações diretas definidas pelas políticas públicas de saúde. Avanços significativos no início do período neonatal dependerão de intervenções essenciais para a mãe e o bebê, que devem ser implementadas antes, durante e imediatamente após o parto.
19 Taxa ou coeficiente de mortalidade fetal TMF óbitos NM fetais NV.1000 óbitos fetais são natimortos a partir da 22ª semana completa de gestação, ou 154 dias ou fetos com peso igual ou superior a 500g ou estatura a partir de 25cm) NM representam as perdas fetais com 22 ou mais semanas de gestação NV nascidos vivo NM + NV = nascimentos, logo a taxa é expressa por mil nascimentos Para efeito de comparação internacional a OMS / CID-10 utiliza a taxa de mortalidade fetal tardia, que considera os fetos acima de 28 semanas de gestação
20 Taxa ou coeficiente de mortalidade perinatal TMP óbitos perinatais NM NV.1000 óbitos ocorridos no período perinatal: soma dos perdas fetais com 22 ou mais semanas de gestação e os óbitos de nascidos vivos com idade entre 0 e 6 dias; NM representam as perdas fetais com 22 ou mais semanas de gestação NV nascidos vivo NM + NV = nascimentos, logo a taxa é expressa por mil nascimentos Para efeito de comparação internacional a OMS / CID-10 utiliza a taxa de mortalidade fetal tardia, que considera os fetos acima de 28 semanas de gestação
21 Indicadores de Mortalidade Fetal, Perinatal e Infantil, Município do Rio de Janeiro, 2015 Taxa de mortalidade infantil (1000 nascidos vivos) < 7 dias 5, dias 2,2 28d-<1 ano 4,1 < 1 ano 12,0 Taxa de Mortalidade Fetal (1000 nascimentos) 9,3 Taxa de Mortalidade perinatal (1000 nascimentos) 14,9 Os determinantes dos óbitos neonatais precoces e dos óbitos fetais são comuns
22 Morte Materna
23 Definições mortes maternas É a morte de uma mulher durante a gestação ou dentro de um período de 42 dias após o término da gestação, independente da duração ou da localização da gravidez, devida a qualquer causa relacionada com ou agravada pela gravidez ou por medidas em relação a ela, porém não devidas a causas acidentais ou incidentais. causas maternas todas as categorias incluídas no Capítulo XVGravidez, Parto e Puerpério- da CID-10, abrangendo inclusões e exclusões citadas, no início do capítulo (CID 10ª revisão, 1997).
24 Óbito Materno 2 fatos dificultam o conhecimento da verdadeira intensidade das mortes maternas no Brasil: Subinformação, mortes não inseridas no Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde (SIM/MS); subdeclaração -preenchimento inadequado das causas de morte nas declarações de óbito (DO) pelos médicos. causa materna declarada pelo médico no Atestado de Óbito, acredita-se não haver dúvida; uma só causa, geralmente terminal, no atestado de óbitos femininos, sugere fortemente complicações de causas maternas, p.ex., septicemia,, hemorragia, crise convulsiva... mortes maternas presumíveis ou mascaradas ; causas Mal definidas; Garimpar mortes maternas entre os óbitos de mulheres em idade fértil
25 Declaração de Óbito Bloco 5: Condições e Causas de Morte Campo 37: Preenchimento obrigatório para óbitos de mulheres de 10 a 49 anos 95% das mortes por causas maternas são consideradas evitáveis pela OMS
26 Mortalidade de Mulheres em Idade Fértil durante o ciclo gravídicopuerperal: da gestação ao puérpério Se por Causa Materna Óbito Materno Óbitos na gestação Óbitos no parto Óbitos no Puerpério Imediato (42 dias após o parto) Excluídas as mortes por causas maternas ocorridas entre 43 dias e um ano após o parto, as chamadas mortes maternas tardias, e as sequelas de causa materna, ocorridas mais de um ano após o parto, mas, cuja causa básica era uma causa materna. Se por Causa Materna*: Início da gestação parto 42 dias completos Óbitos maternos tardios CID 10 Revisão Código O96 1 ano após o parto Óbitos maternos por sequela CID 10Revisão Código O97
27 Indicador de Saúde Clássico, Universal Se por Causa Materna Óbito Materno Óbitos na gestação Óbitos no parto Óbitos no Puerpério Imediato (42 dias após o parto) Razão de Mortalidade Materna (RMM) Se por Causa Materna*: Início da gestação parto 42 dias completos Óbitos maternos tardios 1 ano após o parto Óbitos maternos por sequela
28 Razão de Mortalidade Materna- RMM (por nascidos vivos) Óbitos na gestação Óbitos no parto Óbitos no Puerpério Imediato (42 dias após o parto) RMM= óbitos maternos até 42 dias após o parto nascidos vivos x
29 Razão de Mortalidade Materna- RMM (por nascidos vivos) RMM= óbitos maternos* até 42 dias após o partox nascidos vivos * Capítulo XV: Causas Obstétricas exceto O96 e O97 -Diretas (OD): aquelas próprias ou específicas do ciclo gravídico-puerperal; -Indiretas (OI): não específicas da gravidez, parto ou puerpério, mas agravadas ou complicadas nesses períodos; -Não especificada (NE) se OD ou OI (NE Código O95) *Fora do Capítulo XV:necrose pós-parto da hipófise, osteomalácia puerperal, tétano obstétrico e transtornos mentais e comportamentais associados ao puerpério. OBS: HIV durante ciclo gravídico-puerperal 42 dias Óbito Materno (RIPSA)
30 Razão de Mortalidade Materna por nascidos vivos, Brasil, Fontes: MS/SVS - Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos - SINASC; MS/SVS - Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM. Notas: O indicador foi calculado apenas para os estados que atingiram índice final (cobertura e regularidade do SIM) igual ou superior a 80% e cobertura do SINASC igual ou superior a 90%, o que corresponde a todos os estados das regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, com exceção de Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás. Os valores apresentados podem diferir dos publicados em outros meios na primeira ou segunda casa decimal, em razão da forma de armazenamento e arredondamento.valores elevados da mortalidade materna podem estar refletindo os esforços realizados, em cada estado, para melhorar a qualidade da informação. O cálculo do indicador nas regiões só é feito para aquelas em que todas as UF estejam representadas com as razões específicas. Apenas a Região Sul atendeu a esta condição. Para o total Brasil, a Razão de Mortalidade Materna (RMM) foi obtida aplicando-se fatores de correção às RMM brutas a partir das informações dos Sistemas de Informações de Mortalidade (SIM) e de Nascidos Vivos (SINASC). Os fatores de correção (k) foram obtidos a partir de publicações que indicaram um k=2,56 para o ano de 1990 (1), um k=2 para 1996 (2), e um k=1,4 para 2001 (3). Com estes três pontos, foram estimados os valores faltantes mediante regressão log-linear no período de 1990 a No período de 2000 a 2007 foi utilizado 1,4 como fator de correção. Em 2008 foi utilizado o fator de correção de 1,2. De 2009 em diante, foram utilizados modelos de regressão para estimar a RMM. Os valores apresentados podem diferir dos publicados em outros meios na primeira ou segunda casa decimal, em razão da forma de armazenamento e arredondamento.
31 Objetivos do Milênio ONU, 2000 Objetivo 5 do Milênio Reduzir razão de mortalidade materna em 3/4, entre 1990 e 2015
32 Razão de Mortalidade Materna por nascidos vivos 35 p/ nascidos vivos A tragédia da mortalidade materna vem atingindo menos mães a cada ano no Brasil, mas o ritmo de queda não será suficiente para que o país alcance até o fim do ano o Objetivo de Desenvolvimento do Milênio (ODM) neste quesito e é mais lento do que seria possível e desejável, dizem especialistas. Fontes: Fonseca, 2012
33 Mortalidade Materna 2015 : #cobertura pré-natal 91% das grávidas; # 98% dos partos são realizados em hospitais. Cesárias anuais 46,6% (rede privada chega a 85%) (15% recomendados pela Organização Mundial da Saúde) Violência do parto excesso de medicalização, ocitocina para acelerar o parto; manobras obstétricas, não seguimento de protocolos obstétricos, equipe despreparada Aborto inseguro além da discriminação no atendimento às mulheres que o praticaram
34 Vigilância de óbitos maternos: por que? Nenhuma mulher deveria morrer por complicações da gravidez, parto ou puerpério * Panorama da mortalidade materna Magnitude País óbitos por nascidos vivos (2008) Tendência nacional Declínio das mortes maternas (1990/2010): 143 para 66 óbitos por nascidos vivos; Bélgica 5 Chile 26 Cuba 53 Brasil 57,3 Angola 610 OMS, Potencial de redução óbito materno não ocorre ao acaso desigualdades socioeconômicas. OMS: 95% das mortes por causas maternas são evitáveis *LAURENTI, R. Marcos referenciais para estudos e investigações em mortalidade materna. Revista Saúde Pública, São Paulo, v. 22, n. 6, p , 1988
35 Relatório sobre Óbitos Materno de 2010 a Apresentação no Comitê de Mortalidade Materna SMSRJ, 2016
36 Relatório sobre Óbitos Materno de 2010 a Apresentação no Comitê de Mortalidade Materna SMSRJ, 2016
37 Causas de Morte Materna, Brasil de 2010 a 2014 Outras doenças bacterianas 0% Doença pelo vírus da imunodeficiência humana [HIV] 2% Neopl de comportamento incerto ou desconhecido 0% Síndr comport assoc disfunç fisiológ e fat físicos 0% Gravidez que termina em aborto 8% Outras afecções obstétricas NCOP 29% Edema proteinúr e transt hipert gravid parto puerp 21% Complicações relacionadas predom com o puerpério 14% Complicações do trabalho de parto e do parto 16% Outros transtornos maternos relac predom gravidez 4% Assist à mãe mot feto cavid amniót e prob rel part 6%
38 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), 2015 A nova Estratégia Global para a Saúde das Mulheres, Crianças e Adolescentes, lançada pelo secretário-geral das Nações Unidas em setembro de 2015, tem como objetivo ajudar a alcançar a meta ambiciosa de reduzir a mortalidade materna para menos de 70 por 100 mil nascidos vivos e a mortalidade neonatal para menos de 12 por mil nascidos vivos no mundo, como previsto nos (ODS). No caso do Brasil, a meta para 2030 é reduzir a mortalidade materna para aproximadamente 20 mortes para cada 100 mil nascidos vivos. Souza, Rev Bras Ginecol Obstet. 2015; 37(12):549-51
39 Morte Fetal Morte invisível The Every Newborn Action Plan Reduzir a taxa de mortalidade fetal para menos de 12 por nascimentos, em cada país, em Lawn JE, Blencowe H, Waiswa P, Amouzo A, Mathers C, Hogan D, Flenady V, Frøen JF,Qureshi ZU, Calderwood C, Shiekh S, Jassi FB, You D, McClure M, Matha Mi, Cousens S, for The Lancet Ending Preventable Stillbirths Series study group* with The Lancet Stillbirth Epidemiology investigator group. Stillbirths: rates, risk factors, and acceleration towards Lancet 2016; 18.
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