Sífilis Congênita no Recife
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- Pedro Weber Lage
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1 Secretaria de Saúde do Recife Diretoria Executiva de Vigilância à Saúde Unidade de Vigilância Epidemiológica Setor de Infecções Sexualmente Transmissíveis/HIV/AIDS e HV Boletim Epidemiológico N 1/ Jan 2018 Sífilis Congênita no Recife A eliminação da sífilis congênita e da transmissão vertical do HIV constitui uma prioridade para a região da América Latina e do Caribe, com metas estabelecidas pela Iniciativa de Eliminação da Organização Pan- Americana de Saúde (Opas) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). As metas propõem redução da taxa de transmissão vertical do HIV para menos de 2% e da incidência de sífilis congênita para menos de 0,5 caso por nascidos vivos (NV). A notificação, investigação, tratamento adequado e a implementação de medidas para a prevenção de novos casos de sífilis congênita contribuem para a redução dos casos rumo à eliminação da doença. No Brasil, a sífilis congênita é de notificação compulsória desde Em 2015, foram notificados no país casos de sífilis congênita (6,5 casos/1.000 NV). Em Recife foram notificados casos no período de 2001 a 2016, e nesse último ano, a incidência foi 21,3 por NV (459 casos). Valor muito acima da meta global de eliminação da sífilis congênita A maioria (99,5%) dos casos de sífilis congênita situa-se em menores de um ano, o que mostra alta cobertura de diagnóstico e tratamento na maternidade Quanto à idade materna, a maioria são mães entre 20 e 34 anos (83,1%), mas observa-se uma tendência de redução nesse grupo, enquanto em adolescentes (10-19) houve uma tendência de crescimento A média de mães com pré-natal foi 72,0%, mas 33,8% delas geraram bebês com sífilis, o que indica fragilidades na captação do caso na atenção primária. Outro fator importante é baixa cobertura de tratamento do parceiro (21,8%), porém observa-se progresso nesses últimos anos Esse cenário evidencia a importância de oportunizar o Teste Rápido (TR) para sífilis, garantir o acesso e adesão ao tratamento com penicilina na Unidade de Saúde. 1
2 Tabela 01 Distribuição dos casos de sífilis congênita, segundo grupo etário, realização do pré-natal da mãe, diagnóstico da sífilis e tratamento do parceiro. Recife, Doenças / Agravos Nº / CI Nº / CI Nº / CI Nº / CI Nº / CI Nº / CI Nº / CI Nº / CI Nº / CI Nº / CI Nº / CI Nº / CI Nº / CI Nº / CI Nº / CI Nº /CI Nº / CI Grupo Etário (%) < , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , ,4 1 0,2 1 0,2 1 0,2 4 0,9 13 0, , , , , ,4 1 0,2 8 0,2 Total , , , , , , , , , , , , , , , , ,0 Faixa etária materna (%)-excluídos ignorados , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , ,9 13 8,1 13 7, , , ,8 25 9, ,7 16 7, , ,5 26 9,6 40 9,5 33 7,1 42 7,7 44 9, ,5 Realização do Pré-natal-PN (%) Sim , , , , , , , , , , , , , , , , ,0 Diagnóstico sifilis no PN 71 34, , , , , , , , , , , , , , , , ,8 Tratamento do parceiro (sim) 71 35, , , , , , , , , , , , , , ,1 40 8, ,8 Total , , , , , , , , , , , , , , , , ,0 Incidência (p/1.000 NV), por DS -excluídos ignorados DS I 30 18,8 11 7, , , , , , , , , , , , , ,2 9 8,0 410 DS II 59 15, , , , , , , , , , , , , , , , DS III 38 24, , , , , ,0 12 7,7 8 4,9 11 6,4 12 7,2 11 6, , , , ,4 13 9,0 416 DS IV 24 5,6 18 4,5 23 5,6 17 4,5 25 6,4 27 7, ,7 16 4,1 31 7,9 25 6,6 27 6,8 27 6,8 41 9, , , ,1 576 DS V 22 5,3 17 4,2 30 7,3 31 7,9 21 5,7 31 8,2 31 8,3 25 6,5 33 8,8 25 6, , , , , , ,4 639 DS VI 32 9, , , , , ,2 20 6,9 25 8,4 16 5,3 22 7,2 24 7,7 23 7, , , , ,2 571 DS VII 27 8,1 28 8,8 20 6, , , , , , , , , , , , , ,9 841 DS VIII 13 4,2 14 4,7 13 4,4 21 7, , ,4 25 9,2 19 7,4 16 6, , ,2 18 7, , , , ,4 445 Recife 205 8, , , , , , , , , , , , , , , ,
3 Ainda na tabela 01, observa-se a distribuição dos casos de sífilis congênita entre residentes nos Distritos Sanitários do Recife. Aparecem com maior número de casos os DS II (1.061), DS VII (841) e DS V (639). Analisando-se essa distribuição por taxa de detecção por NV, destaca-se o DS I (18,1), pela baixa densidade populacional de residentes, por ser uma área central da cidade seguida dos DS II (16,3) e DS III (16,2). Quanto aos óbitos infantis por sífilis congênita em Recife, verifica-se certa estabilidade nos anos iniciais, com oscilação crescente a partir de (tabela 2 e gráfico 1). A média da mortalidade entre 2001 a 2015 foi de 0,2 por NV. Tabela 2 Distribuição dos casos de sífilis congênita (Nº e taxa por NV), da letalidade, por tipo de óbito. Recife, Fontes: SIM/SIS/UVEPI/DEVS/SESAU do Recife *Dados em 18/081/2017, sujeitos à revisão (**) Inicio vigilância de óbito fetal no país em 2006 e nos DS Recife em
4 Coeficiente de Mortalidade por mil NV Sífilis Congênita no Recife Já no tocante aos óbitos fetais, observa-se o aumento da mortalidade entre 2006 e Esse crescimento do coeficiente pode estar associado ao início das investigações de óbitos fetais pelos comitês de mortalidade infantil e a descentralização desta vigilância para os Distritos Sanitários no ano de Embora os dados de mortalidade do ano de 2016 ainda sejam provisórios, esse ano supera tanto em número absoluto (de 17 para 44) quanto na mortalidade, o ano de (de 0,6/1.000 NV para 1,7/1.000 NV) Gráfico 1: Coeficiente de mortalidade por sífilis congênita (p/1.000 NV), segundo tipo de óbito. Recife, * 2,0 1,8 1,6 1,4 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0, Mortalidade (CM)_Fetal (**) 0,17 0,23 0,77 0,80 0,55 0,40 0,62 1,55 1,36 1,44 1,73 Mortalidade (CM)_Não Fetal 0,13 0,36 0,05 0,22 0,28 0,13 0,13 0,35 0,21 0,13 0,13 Fontes: SIM/SIS/UVEPI/DEVS/SESAU do Recife *Dados em 18/081/2017, sujeitos à revisão. (**) Inicio vigilância de óbito fetal no país em 2006 e nos DS Recife em
5 A notificação compulsória de gestante com sífilis no país foi instituída em julho de 2005 e observou-se um aumento de notificação de casos que pode ser atribuído, em parte, ao aprimoramento do sistema de vigilância epidemiológica e à ampliação da realização de Teste Rápido na Atenção Básica. Em Recife, entre 2005 e 2016, foram notificados casos de sífilis na gestação, representando cerca de apenas 34% das notificações de sífilis congênita no mesmo período. O dado sugere a falta de oportunidade no diagnóstico e tratamento ou subnotificação dos casos (Tabela 3). Os profissionais de saúde devem informar a ocorrência desse agravo quando identificado no pré-natal, incluindo os dados de diagnóstico do TR e/ou do VDRL quantitativo (resultado da titulação) e o tratamento, para garantia do acompanhamento oportuno das medidas de controle da transmissão vertical. Variáveis Indicadores Tabela 3 Distribuição dos casos de sífilis em gestantes (Nº e taxa por NV), segundo ano do diagnóstico. Recife, * 2005 Sifilis em Gestantes (*) Sifilis em Gestantes Incidência (CI/CD P/1.000 NV) 3,9 7,7 3,5 4,0 4,3 4,7 4,9 6,0 6,3 7,9 7,8 8,1 5,5 A Penicilina Benzatina foi reconhecida pela 69ª Assembleia Mundial da Saúde, em maio de 2016, como um medicamento essencial para controle da transmissão vertical de sífilis, assim como a Penicilina Cristalina para os casos de neurosífilis. Tanto no Brasil quanto em outros 5 países, o medicamento tem apresentado escassez há alguns anos, e desde 2014, enfrenta-se o desabastecimento devido à falta mundial de matéria-prima, o que comprometeu a redução e eliminação da sífilis em todo o mundo. Expediente Diretoria Executiva de Vigilância à Saúde: Joanna Freire Gerente Geral de Vigilância à Saúde: Juliana Oriá de Oliveira Unidade de Vigilância Epidemiologia: Natália Barros Setor de Vigilância, Prevenção e Controle das IST/HIV/AIDS e Hepatites Virais: Alberto Enildo Elaboração Técnica: Maria Goretti de Godoy Souza, Alberto Enildo Revisores e Colaboradores: Natalia Barros e Denise Oliveira Scripnic Editoração Eletrônica Contato: dstaidsrecife@hotmail.com Disponível em
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