Plano de Qualificação das Linhas de Cuidados da Transmissão Vertical do HIV e da Sífilis nos Estados do Semiárido e Amazônia Legal
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- Aparecida Azevedo Amado
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1 Plano de Qualificação das Linhas de Cuidados da Transmissão Vertical do HIV e da Sífilis nos Estados do Semiárido e Amazônia Legal O que é Transmissão Vertical HIV e Sífilis? A transmissão vertical do HIV acontece pela passagem do vírus da mãe para o bebê durante a gestação, o parto ou a amamentação. Sem qualquer ação profilática, o risco de que isso aconteça é em torno de 30%. Do total de transmissões até o nascimento, cerca de 35% ocorre durante a gestação e 65% no parto. Caso a transmissão não ocorra na gestação ou no parto, ela poderá ocorrer ainda na amamentação, com um risco de 7 a 22% por mamada. A sífilis também pode ser transmitida da mãe para o filho durante a gestação. Como resultado dessa passagem do Treponema pallidum da mãe infectada para o seu bebê, temos a sífilis congênita, que apresenta elevada mortalidade, que pode chegar a 40%. Em mulheres não tratadas a transmissão é de 70 a 100% nas fases primária e secundária da doença. Como todos os insumos para as intervenções de prevenção da transmissão vertical já estão disponíveis no Sistema Único de Saúde a realização adequada das ações poderão resultar na eliminação tanto da transmissão vertical do HIV como da sífilis. Metas de Eliminação da Transmissão Vertical do HIV e Sífilis O Brasil tem como meta a eliminação da transmissão vertical do HIV (menos de 1% de transmissão) e sífilis (menos de 0,5 casos/1000 nascidos vivos) até Esta não é apenas uma meta brasileira, mas mundial, claramente
2 expressa no GLOBAL PLAN TOWARDS THE ELIMINATION OF NEW HIV INFECTIONS AMONG CHILDREN BY 2015 AND KEEPING THEIR MOTHERS ALIVE, lançado em 2011 pela UNAIDS e na INICIATIVA REGIONAL PARA A ELIMINAÇÃO DA TRANSMISSÃO MATERNO-INFANTIL DE HIV E SÍFILIS NA AMÉRICA LATINA E CARIBE, da Organização Panamericana de Saúde (OPAS). Como está a situação no Brasil? Apesar de várias iniciativas terem sido implementadas com vistas à redução da transmissão vertical do HIV e sífilis no Brasil ao longo dos anos, como o Projeto Nascer-Maternidades, e de todos os insumos necessários para redução da transmissão vertical do HIV e da sífilis estarem disponíveis no Sistema Único de Saúde, ainda há muito a ser feito para atingirmos a meta de eliminação até São estimadas cerca de 50 mil gestantes com sífilis por ano no Brasil. Caso elas não sejam tratadas adequadamente durante a gestação, bem como seus parceiros, espera-se cerca de 12 mil casos de sífilis congênita por ano. A taxa atual de detecção de sífilis congênita em menores de 1 ano no Brasil é de cerca de 2,3 casos/1000 nascidos vivos. No Brasil, estima-se cerca de 12 mil gestantes infectadas pelo HIV por ano. A incidência de aids em menores de 5 anos de idade vem diminuindo no cenário nacional, mas ao analisarmos os dados das regiões norte e nordeste, verificamos um aumento dessa incidência nos últimos anos.
3 Como prevenir a transmissão vertical do HIV e sífilis no Brasil? Para que o Brasil consiga eliminar a transmissão vertical do HIV e da sífilis até 2015, é importante que os gestores concentrem esforços em dois pontos fundamentais: ampliação da cobertura de diagnóstico de HIV e sífilis durante o pré-natal e melhoria da qualidade das ações de prevenção da transmissão vertical em todos os pontos de atenção responsáveis pelo cuidado às gestantes diagnosticadas durante o pré-natal. 1) Ampliação da cobertura de diagnóstico de HIV e sífilis durante o prénatal Apesar dos testes estarem disponíveis no país para o diagnóstico do HIV e da sífilis, a cobertura de testagem para gestantes durante o pré-natal é ainda baixa, fazendo com que muitas mulheres cheguem ao parto sem saber sua condição sorológica. Segundo o estudo Sentinela Parturiente 2006, cerca de 40% das parturientes não fizeram nenhum teste de HIV durante o pré-natal. Na região Norte esse percentual chegou a 55%. O mesmo estudo apontou que cerca de 42% das parturientes não fizeram nenhum teste de sífilis durante o pré-natal, e apenas cerca de 17% fizeram os dois testes, no primeiro e terceiro trimestres de gestação, conforme é recomendado A Rede Cegonha (Portaria Nº 1.459/GM/MS, de 24 de junho de 2011), tem como um de seus objetivos ampliar a cobertura de testagem para HIV e sífilis de gestantes e parcerias sexuais na Atenção Básica, durante o pré-natal, inclusive por meio da utilização de testes rápidos (Portaria nº 77/GM/MS, de 12 de janeiro de 2012), que foram desenvolvidos para dar um resultado em até 30 min, evitando a oportunidade perdida de diagnóstico. Portanto, o objetivo de ampliação da cobertura de diagnóstico de HIV e sífilis durante o pré-natal só poderá ser alcançado mediante uma mobilização dos gestores visando a efetiva testagem de gestantes e parcerias já na primeira consulta do pré-natal.
4 2) Melhoria da qualidade das ações de prevenção da transmissão vertical do HIV e sífilis em todos os pontos de atenção responsáveis pelo cuidado às gestantes diagnosticadas durante o pré-natal. Ao longo dos anos, várias estratégias de redução da transmissão vertical focadas em determinados tipos de serviços foram implementadas. O Projeto Nascer, por exemplo, se concentrou em intensificar as ações de redução da transmissão vertical do HIV em maternidades. Entretanto, as ações de profilaxia da transmissão vertical deverão ser iniciadas muito antes do parto, logo no início do pré-natal, e se estendem até o período posterior ao parto, o puerpério, e acompanhamento das crianças expostas. Por isso, todos os serviços, ou pontos de atenção, envolvidos no cuidado a gestante/parturiente/puérpera deverão ser capazes de realizarem as medidas necessárias, de maneira oportuna, para a redução da transmissão vertical do HIV e da sífilis. O conjunto dos pontos de atenção compõem as linhas de cuidado para a redução da transmissão vertical do HIV e da sífilis, como esquematizado abaixo:
5 Linhas de Cuidado Prevenção da transmissão vertical do HIV Atenção Básica Atenção secundária (Serviços de Atenção Especializada ou outras estruturas ambulatoriais) Maternidades Prevenção da transmissão vertical da sífilis Atenção Básica Maternidades
6 Qual é o papel de cada ponto de atenção na redução da transmissão vertical do HIV e sífilis? Atenção Básica No pré-natal: Testagem para o HIV no primeiro e terceiro trimestres de gestação mediante aconselhamento, por meio de solicitação de sorologia ou realização de teste rápido diagnóstico. Neste caso, o resultado deve ser entregue em até uma hora após a coleta; Testagem para sífilis na primeira consulta de pré-natal e no terceiro trimestre de gestação, por meio de realização de e VDRL ou RPR ou de teste rápido triagem. Neste caso, o resultado deve ser entregue em até uma hora após a coleta; Realização de abordagem dos parceiros sexuais das gestantes em seguimento, incluindo testagem para HIV e sífilis; Estabelecimento de referência para SAE/pré-natal de alto risco para seguimento das gestantes infectadas pelo HIV; Realizar o tratamento adequado para sífilis durante o pré-natal para a gestante e parceiro(s) sexual (ais) com penicilina G benzatina, no número de doses necessário para cada caso; Realização de VDRL mensal após o tratamento das gestantes com sífilis até o parto (controle de cura); Realização de VDRL/ RPR para seguimento dos parceiros (controle de cura); Preenchimento adequado do cartão das gestantes e SISPRENATAL contendo informações relativas a todos os itens acima; Notificação de todas as gestantes com diagnóstico de sífilis e do HIV; Notificação de todas as crianças com sífilis congênita e expostas ao HIV.
7 Após o parto: Seguimento da criança com sífilis congênita; Realização consulta de puerpério; Seguimento das crianças expostas ao HIV na puericultura, acompanhando condutas do serviço de referência e da maternidade; SAE/ Pré-natal de alto risco No pré-natal: Realizarem seguimento pré-natal, incluindo medidas específicas a atenção a gestante infectada pelo HIV: Manejo antirretroviral para fins de profilaxia da TV ou tratamento da infecção pelo HIV; Dispensação de ARV; Seguimento laboratorial; Esquema vacinal (adultas e adolescentes); Abordagem dos parceiros sexuais; Aconselhamento sobre a não-amamentação após o parto, incluindo orientações sobre inibição da lactação e administração de fórmula infantil à criança exposta; Orientações sobre a definição de via de parto; Manejo de coinfecções; Estabelecer a referência tanto para Maternidade quanto para Atenção Básica. Após o parto: Acompanhamento da puérpera e parceiros; Acompanhamento da criança exposta:
8 - Monitoramento da administração do AZT xarope; - Distribuição de fórmula infantil; - Profilaxia para o P. jiruveci com cotrimoxazol - Investigação diagnóstica (carga viral); - Vacinações; Seguimento da criança infectada pelo HIV, incluindo manejo ARV. Maternidade Realizar teste rápido diagnóstico para o HIV, quando indicado, com entrega do resultado em até 1 hora após a coleta; Realizar VDRL na admissão do parto, independente de exames anteriores; Utilização de AZT intravenoso no parto para parturiente infectada pelo HIV; Realização do manejo obstétrico adequado durante o trabalho de parto e parto, considerando as especificidades da parturiente infectada pelo HIV; Utilização da cabergolina para inibição de lactação em parturiente infectada pelo HIV; Administração de AZT xarope nas primeiras horas de vida ao recémnascido exposto ao HIV; Dispensação da fórmula infantil para recém-nascido exposto ao HIV ; Disponibilização e utilização de penicilina G benzatina para tratamento de sífilis materna; Manejo adequado do recém-nascido com sífilis congênita, com tratamento, seguimento clínico e laboratorial completo; Notificação de todas as crianças com diagnóstico de sífilis congênita e de crianças expostas ao HIV; Notificação de todas as parturientes com diagnóstico de sífilis e do HIV no momento do parto; Estabelecer sistema de referência para seguimento da puérpera, do recém-nascido exposto ao HIV e do recém-nascido com sífilis congênita.
9 As linhas de cuidado da transmissão vertical do HIV e da sífilis deverão fazer parte do processo de definição das Redes de Atenção à Saúde RAS (Portaria n 4.279/GM/MS, de 30 de dezembro de 2010) nos estados e municípios. Documentos de apoio, tais como portarias, notas técnicas e manuais de recomendações estão disponíveis no site
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