O impacto de requerimentos de capital na oferta de crédito bancário no Brasil



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Transcrição:

O impaco de requerimenos de capial na ofera de crédio bancário no Brasil Denis Blum Rais e Silva Tendências Márcio I. Nakane Depep II Seminário Anual sobre Riscos, Esabilidade Financeira e Economia Bancária do Banco Cenral do Brasil

Inrodução Seor bancário brasileiro: Esabilidade Poucas insiuições em regime especial (desde 1999) Boa performance (lucraividade) Deficiência Baixa relação Crédio/PIB Spreads elevados Moivação para esudo da relação enre: Inermediação Financeira: Ofera de Crédio Regulamenação: Requerimeno de capial

Problema de pesquisa Ofera de Crédio x Requerimenos de capial Trade-off enre esabilidade e eficiência? Relação causal enre as variáveis Requerimenos de capial são relevanes na decisão de ofera de crédio bancário?

O Acordo de Basiléia Acordo de Basiléia (1988) Padronização inernacional (G-10) de requerimenos de capial baseados no risco Operações de risco elevado (ex.: crédio ao seor privado) com maior exigência de capial do que operações sem risco de defaul (ex.: íulos públicos federais) Acordo de Basiléia no Brasil Insiuído pela Resolução CMN 2.099/1994 Segue as direrizes adoadas inernacionalmene

Trabalhos empíricos 2 grupos de arigos: Análise do impaco da implemenação do Acordo de Basiléia ( anes-depois ) - série de empo Análise do impaco na concessão de crédio, dados os requerimenos de capial cross secion Verificação de relação posiiva enre índice de capialização e ofera de crédio Choques negaivos no capial podem reduzir ofera de crédio Bancos mais capializados apresenam menores resrições a aumenar a concessão de crédio

Modelo de ofera de crédio A ofera de crédio C é função linear de 3 faores: Taxas de reorno de operações aivas e passivas Requerimenos de capial, pelos cusos de regulação Ause da ofera à demanda A ofera de crédio é afeada por defasagens das variáveis explicaivas

Taxas de reorno O banco aloca seus aivos em: operações de crédio (axa de reorno r ) íulos públicos (axa de reorno s ) Espera-se: Relação posiiva enre C e r Relação negaiva enre C e s C Aumeno em s r

Requerimenos de capial IB é o índice de Basiléia de um banco e b, o limie mínimo Menor o IB maiores os cusos de regulação CR(IB): CR (IB ) b IB Maiores os cusos de regulação menor a ofera de crédio Relação posiiva enre C e IB de um banco Relação mais fore em bancos desenquadrados

Requerimenos de capial A maior pare dos bancos brasileiros apresena índice de Basiléia superior ao mínimo requerido (11%) Índice de Basiléia 47 38 29 20 11 1T01 1T02 1T03 1T04 3o Quaril Mediana 1o Quaril

Ause da ofera à demanda Banco arca com cusos CA caso modifique volume de crédio concedido em axa diferene da demanda C* : CA = δ ( C C* ) 2 Mas: demanda é não observável; Para minimizar CA, bancos não oferam consisenemene volumes diferenes da demanda: C proporcional a C -1 e variáveis que deslocam a demanda: Variáveis macroeconômicas Caracerísicas do banco

Ofera de crédio De acordo com as hipóeses aneriores, obém-se a forma reduzida de ofera de crédio: m u c Y C = ψ φ θ λ 0 1 = = = m m s r ' C 0 2 0 β 1 β α ( ) [ ] = m IB d d 0 2 1 2 1 1 π π α

Ofera de crédio esimada Exisência de efeio fixo: dados em 1 as diferenças; Δ log ( ) ( ) i = α'' λδlog Ci 1 β1 Δri C β 2 Δs i ( IB ) ( ) i Δd1i log IBi η2 Δd1i φ1 Δ log φ2 θ ΔY φ Δψ i Δu i Endogeneidade de IB na ofera de crédio C: Variável insrumenal inspeções direas Especificação sem correlação conemporânea Amosra: 133 bancos, de an/2001 a un/2004 Esimação: GMM (Arellano e Bond 1991)

Soma dos coeficienes esa. significaivos (5%) Resulados Variável Explicaiva Coeficiene Desvio-Padrão Nível Descriivo Δd1-1,707 0,652 0,009 Δlog(IB) 0,256 0,113 0,024 Δd1log(IB) 0,813 0,278 0,003 Relação posiiva enre índice de Basiléia e ofera de crédio: Bancos que mais se capializam são os que mais aumenam ofera de crédio resulado alinhado com lieraura Δlog(C -1 ) 0,794 0,086 0,000 Δr 0,202 0,053 0,000 Δs 0,365 0,119 0,002 ΔPIB 2,272 0,798 0,004 ΔSelic -10,521 5,430 0,053 ΔCambio -0,182 0,053 0,001

Esimação de forma reduzida da ofera de crédio Consideração dos cusos de regulação Conrole de problemas de endogeneidade Conclusão Relação posiiva enre índice de Basiléia e ofera de crédio, acenuada em bancos desenquadrados Imporância da regulamenação de capial na decisão de ofera de crédio Implicação: Índice de K mínimo requerido pode ser menor do que o ideal