SISTEMA DE GESTÃO INTEGRADA PARA MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DE TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS



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Transcrição:

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE INFORMÁTICA CURSO DE BACHARELADO EM SISTEMAS DE INFORMAÇÃO FELIPE LUIZ BILL SISTEMA DE GESTÃO INTEGRADA PARA MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DE TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO CURITIBA 2013

FELIPE LUIZ BILL SISTEMA DE GESTÃO INTEGRADA PARA MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DE TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS Monografia apresentada à disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso do curso de Bacharelado em Sistemas de Informação da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel. Orientador: Prof. Dr. Alexandre Reis Graeml CURITIBA

2013

TERMO DE APROVAÇÃO Sistema de gestão integrada para micro e pequenas empresas de transporte rodoviário de cargas Por Felipe Luiz Bill Esta dissertação foi apresentada às do dia XX de abril de 2013 como requisito parcial para a obtenção do título de BACHAREL EM SISTEMAS DE INFORMAÇÃO da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. O candidato foi arguido pela Banca Examinadora composta pelos professores abaixo assinados. Após deliberação, a Banca Examinadora considerou o trabalho (aprovado, aprovado com restrições, ou reprovado) Prof. Dr. Alexandre Reis Graeml (UTFPR) Orientador Prof. Me. Fabiano Scriptore Carvalho (UTFPR) Co-orientador Prof.Me. Luiz Augusto Pelisson (UTFPR) Co-orientador Visto da coordenação: Prof.ª Dr.ª Mariângela de O. Gomes Setti Coordenadora do Curso de Bacharelado em Sistemas de Informação

Aos meus pais Eli e Márcia, pelo apoio incondicional. Aos meus irmãos Guilherme e Gustavo, pelo exemplo.

AGRADECIMENTOS Dentre as pessoas que cruzaram meu caminho, muitas simplesmente passaram, outras me acompanharam e me direcionaram. Certo de que o convívio com estas últimas foi determinante para a formação de meu conhecimento, e acima de tudo para a formação de minha pessoa, deixo minhas mais sinceras palavras de gratidão. Agradeço ao meu orientador o Professor Alexandre Reis Graeml pela sua dedicação e pela orientação deste trabalho. Também agradeço aos meus coorientadores, os Professores Fabiano Scriptore Carvalho e Luiz Augusto Pelisson, assim como agradeço às Professoras da disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso Marília Abrahão Amaral e Mariângela Gomes Setti, e a todos os demais professores com quem convivi durante a graduação, pelo conhecimento compartilhado. A todos os meus colegas, pelas experiências divididas, em especial aos meus amigos Leandro Piekarski do Nascimento, Lucas Hauptmann de Almeida, Lucas Longen Gioppo e William Hitoshi Tsunoda Meira.

Em qualquer empresa, a tecnologia da informação exerce feitos poderosos sobre a vantagem competitiva, tanto no custo, quanto na diferenciação. (PORTER, Michael)

RESUMO BILL, Felipe. Sistema de gestão empresarial para micro e pequenas empresas de transporte rodoviário de cargas. 2013. Monografia (Bacharelado em Sistema de Informação) Departamento Acadêmico de Informática, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2013. Esta pesquisa apresenta uma abordagem teórico-conceitual acerca das questões de implantação de sistemas de gestão empresarial com foco em micro e pequenas empresas de transporte rodoviário de cargas. Discute os conceitos de Enterprise Resources Planning bem como conceitos de transporte de cargas secas e fracionadas. O estudo envolveu uma pesquisa-ação em uma empresa característica desse segmento, a partir da qual se obteve subsídios para o desenvolvimento e na qual foram testadas as funcionalidades implementadas. Traz como resultado um modelo e um protótipo de um sistema de gestão empresarial para micro e pequenas empresas de transporte rodoviário de cargas. Palavras-chave: Sistema de gestão empresarial. Enterprise Resources Planning. ERP. Transporte rodoviário de cargas. Micro e pequenas empresas.

ABSTRACT BILL, Felipe. Enterprise resources planning system for micro and small companies of road haulage. 2013. Monografia (Bacharelado em Sistemas de Informação) Departamento Acadêmico de Informática, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2013. It presents a theoretical-conceptual approach of relevant questions for the deployment an enterprise management system with focus on micro and small companies of road haulage. It discusses the concepts of Enterprise Resources Planning systems, as well as aspects of the transporting of less than full truck loads. Complemented by an action research on a typical firm of this segment, from which it received development grants and in which the features implemented were tested. As result, the study provides a model and a prototype enterprise resources planning system for micro and small companies of road haulage. Keywords: Enterprise Resources Planning. Road haulage. Micro and small companies.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Distribuição das empresas por faixa de pessoal ocupado... 18 Figura 2 - Visão funcional.... 23 Figura 3 - Benefícios dos sistemas ERP ao longo do tempo... 24 Figura 4 - Evolução do transporte rodoviário de cargas... 29 Figura 5 - Cronograma previsto para o projeto... 34 Figura 6 - Cronograma efetivo do projeto... 34 Figura 7 - Modelo de processos de negócio... 39 Figura 8 - Organograma de uma empresa de transporte... 41 Figura 9 - Planilha eletrônica utilizadas na gestão dos processos... 43 Figura 10 - Sistema legado... 44 Figura 11 - Visão de casos de uso... 45 Figura 12- Detalhamento dos casos de uso do protótipo... 46 Figura 13 - Visão lógica... 47 Figura 14 - Visão de implantação... 48 Figura 15 - Visão de implementação... 49 Figura 16 - Cálculo do valor do frete... 50 Figura 17 - Projeto conceitual de dados... 57 Figura 18 - Projeto lógico de dados... 58 Figura 19 - Diagrama de transição de estados Coleta... 59 Figura 20 - Diagrama de transição de estados - CT-e... 60 Figura 21 - Diagrama de transição de estados Manifesto de viagem... 60 Figura 22 - Diagrama de transição de estados - Relação de entregas... 61 Figura 23 - Diagrama de transição de estados Fatura... 62 Figura 24 - Cadastro de clientes... 63 Figura 25 - Cadastro de CTe... 64 Figura 26 - Cadastro de CTe: cálculo do valor do frete... 64 Figura 27 - Manual de instalação: estrutura de diretórios... 75 Figura 28 - Manual de instalação: configuração do banco de dados... 76 Figura 29 - Interface gráfica do menu principal... 77 Figura 30 - Interface gráfica do menu Comercial... 77 Figura 31 - Interface gráfica do formulário de clientes... 78 Figura 32 - Interface gráfica do menu Operacional... 79

Figura 33 - Interface gráfica do formulário de CTe(1)... 79 Figura 34 - Interface gráfica do formulário de CTe(2)... 81 Figura 35 - Interface gráfica do formulário de emissão de CTe... 82 Figura 36 - Interface gráfica do formulário de baixa de entregas... 82

LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Aquisições... 33 Tabela 2 - Custos referentes aos recursos humanos... 37 Tabela 3 - Composição do custo total do projeto... 37

LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Recursos humanos... 35 Quadro 2 - Papéis/Responsáveis... 36 Quadro 3 - Partes envolvidas... 42 Quadro 4 - RQFN1 - Cadastrar clientes... 51 Quadro 5 - RQFN2 - Alterar cadastro de clientes... 52 Quadro 6 - RQFN3 - Pesquisar clientes... 52 Quadro 7 - RQFN4 - Cadastrar conhecimentos de transporte... 53 Quadro 8 - RQFN5 - Excluir conhecimentos de transporte... 53 Quadro 9 - RQFN6 - Cancelar conhecimentos de transporte... 54 Quadro 10 - RQFN7 - Baixar conhecimentos de transporte... 54 Quadro 11 - RQFN8 - Emitir conhecimentos de transporte... 55 Quadro 12 - RQFN9 - Pesquisar conhecimentos de transporte... 55

LISTA DE SIGLAS BI CEP CNPJ CPF CRM CT-e DACT-e DDL ER ERP ICMS IE MPEs MVC MPN MRP PU SCM SEBRAE SEFAZ SPED RG RQFN UF UML TI Business Intelligence Código de Endereçamento Postal Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas Cadastro de Pessoas Físicas Costumer Relationship Management Conhecimento de Transporte eletrônico Documento Auxiliar do CT-e Data Definition Language Entidade-Relacionamento Enterprise Resources Planning Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços Inscrição Estadual micro e Pequenas Empresas Model-View-Controller Modelagem de Processos de Negócio Manufacturing Resource Planning Processo Unificado Supply Chain Management Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Secretaria da Fazenda Sistema Público de Escrituração Digital Registro Geral Requisito Funcional Unidade Federativa Unified Modeling Language Tecnologia da Informação

SUMÁRIO 1. Introdução... 17 1.1. Objetivo principal... 19 1.2. Objetivos específicos... 19 1.3. Justificativa... 19 1.4. Estrutura do documento... 20 2. Estado da arte... 22 2.1. Características e histórico dos sistemas de gestão integrada... 22 2.2. A inovação tecnológica como estratégia de competitividade... 25 2.3. O transporte rodoviário de cargas no Brasil... 28 3. Metodologia... 31 3.1. Concepção... 31 3.2. Elaboração... 31 3.3. Construção... 32 3.4. Transição... 32 4. Gestão do projeto... 33 4.1. Aquisições... 33 4.2. Tempo... 33 4.3. Recursos humanos... 35 4.4. Custos... 36 5. Resultados... 38 5.1. Modelo dos processos de negócio... 38 5.2. Visão... 40 5.2.1. Problema... 40 5.2.2. Ambiente... 41 5.2.3. Solução... 44 5.3. Arquitetura... 44

5.3.1. Visão de casos de uso... 45 5.3.2. Visão lógica... 46 5.3.3. Visão de implantação... 47 5.3.4. Visão de implementação... 48 5.4. Especificação... 49 5.4.1. Regras de negócio... 50 5.4.2. Requisitos... 51 5.5. Modelo de dados... 56 5.5.1. Modelo conceitual... 56 5.5.2. Modelo lógico... 57 5.5.3. Modelo Comportamental... 58 5.6. Interface do sistema com o usuário... 63 5.7. Resultados da implantação do sistema... 65 6. Considerações finais... 67 Bibliografia... 69 Glossário... 72 Apêndice A Manual de instalação... 75 Apêndice B Manual de uso... 77

17 1. Introdução A globalização vem exigindo cada vez mais a busca por soluções em competitividade, independentemente do segmento de mercado ou porte das organizações. Mesmo as micro e pequenas empresas (MPEs) devem ser enxergadas em escala global, pois estão dentro da cadeia de suprimentos (SCM) como prestadoras de serviços de empresas maiores. Impulsionadas pelas exigências que esse novo contexto introduziu, as organizações têm investido em inovação tecnológica como estratégia de diferenciação. Nesse sentido, os sistemas Enterprise Resources Planning (ERP) podem representar tal diferenciação, fornecendo vantagem competitiva por meio de controles mais amplos sobre os processos de negócio; bem como agilidade e confiabilidade sobre as informações, permitindo uma tomada de decisão mais rápida e inteligente (MENDES e ESCRIVÃO FILHO, 2007). Esse tipo de sistema também conhecido como sistema de gestão empresarial, ou sistema de gestão integrada teve sua origem nos setores industriais produtivos e, portanto, muitas características ligadas à manufatura persistem até hoje. Embora tais sistemas tenham aumentado sua abrangência, cobrindo quase todo tipo de segmento de mercado, isso incorreu na necessidade de customizá-los de acordo com cada tipo de negócio. Quanto maior a customização, maior é o custo de implantação, treinamento e consultoria, o que restringe o acesso de MPEs a esse tipo de solução (CAMPOS e CARVALHO, 2009). Apesar de essa abrangência-customização ser considerada um dos princípios básicos dos sistemas de gestão empresarial (HABERKORN, 2003), o número de soluções dedicadas a um único tipo de negócio tem crescido consideravelmente. Nesse sentido, no segmento de transporte e logística, em razão das particularidades de sua natureza, os sistemas de gestão empresarial especializados são considerados fundamentais para o sucesso do negócio (PELEIAS, et al., 2009).

18 Figura 1 - Distribuição das empresas por faixa de pessoal ocupado Fonte: LOPES, CARDOSO e PICCININI (2008) No Brasil, quanto ao porte, o setor de transporte e logística é um dos setores cuja participação mais significativa é de micro e pequenas empresas, de acordo com o exposto na Figura 1. Conforme levantamento realizado em 2005 pelo Ministério dos Transportes, havia cerca de 60 mil empresas formalizadas nesse setor (PNLT, 2007 apud LOPES, CARDOSO e PICCININI, 2008). Dessas empresas, segundo os critérios de classificação do SEBRAE, 92% são micro empresas (até 9 funcionários) e 7% são de pequeno porte - de 10 a 49 empregados (IBGE, 2005 apud LOPES, CARDOSO e PICCININI, 2008). O desempenho do setor é muito baixo quando comparado aos níveis internacionais, tendendo a ser menor quanto menor for a empresa, em razão da falta de padronização dos processos, controle e acesso a informações (LOPES, CARDOSO e PICCININI, 2008). Dentre os diversos modais de transporte (ferroviário, marítimo, aéreo, rodoviário, entre outros), no Brasil, o mais difundido é o transporte rodoviário de cargas, tendo sido responsável pela movimentação de 58% do volume de produção industrial dentro do país em 2005 (LOPES, CARDOSO e PICCININI, 2008). Cabe mencionar que, nesse mesmo ano, o transporte rodoviário de cargas secas respondeu por 48,3% da receita líquida operacional do transporte (LOPES, CARDOSO e PICCININI, 2008). Entende-se por cargas secas o transporte de produtos manufaturados, ensacados ou embalados. No escopo deste trabalho serão consideradas apenas as empresas que atuam sobre o modal terrestre, sendo as cargas conduzidas em veículos com baú ou carroceria, ou seja, não serão

19 consideradas as questões pertinentes a outros modais ou às peculiaridades do transporte rodoviário de líquidos em veículos específicos. 1.1. Objetivo principal Levando em consideração o contexto apresentado, este trabalho tem como objetivo geral desenvolver um sistema de gestão integrada para MPEs de transporte rodoviário de cargas secas. Dentre as delimitações principais do escopo deste trabalho, vale ressaltar que ele não se propõe a resolver problemas relacionados a outras modalidades de transporte, focando-se no modal rodoviário nacional de cargas secas; bem como não se propõe a solucionar problemas de logística integrada (quando o transportador armazena o estoque do cliente e decide quando entregar as demandas deste). 1.2. Objetivos específicos São objetivos específicos deste trabalho: elaborar um modelo de processos de negócio de uma micro empresa de transporte rodoviário de cargas; desenvolver um projeto de software de um sistema de gestão empresarial, de baixo custo, voltado estritamente para o modelo de negócio definido; e implementar um protótipo com base nesse projeto, com o intuito de demonstrar sua aplicabilidade. 1.3. Justificativa Dado o contexto acima descrito, uma das principais motivações para a realização deste trabalho é a carência do segmento de pequenas e micro empresas de transporte por um sistema de gestão empresarial de baixo custo. Considerando que a maior parte do setor de transporte e logística no Brasil é composta por MPEs, a solução proposta por este projeto deve ter um custo condizente com a realidade

20 financeira desse segmento, o que não é oferecido pelos softwares encontrados no mercado atualmente. Ademais, pode-se considerar como uma motivação complementar ao desenvolvimento deste trabalho, a oportunidade de mercado que o Sistema Público de Escrituração Fiscal (SPED) criará. No final da década de 90 houve um grande impulso em direção à adoção de sistemas ERP em países como os Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, entre outros, em razão das exigências de seus governos para a declaração eletrônica de impostos (CAMPOS e CARVALHO, 2009). Em função do SPED, outro grande impulso deve ocorrer no Brasil. No setor de transporte rodoviário de cargas, o SPED será realizado por meio do Ajuste SINIEF 09/2007, que institui o Conhecimento de Transporte Eletrônico (CT-e) e o Documento Auxiliar do Conhecimento de Transporte Eletrônico (DACT-e) como meios exclusivos para emissão de documentos fiscais no setor. Esse ajuste entra em vigor em Agosto de 2013 para as empresas optantes pelo Lucro Presumido e em Dezembro de 2013 para as empresas optantes pelo Simples Nacional (BRASIL, 2007). 1.4. Estrutura do documento Nesta seção, são descritos os assuntos discutidos em cada capítulo deste trabalho. No Capítulo 2 Estado da arte são discutidos temas relacionados aos sistemas de gestão empresarial, inovação tecnológica, competitividade e logística e transporte no Brasil, conforme apresentados na literatura. No Capítulo 3 Metodologia são descritos os procedimentos que conduziram à realização deste trabalho. No Capítulo 4 Gestão do projeto são detalhados os aspectos relacionados aos recursos necessários à realização deste trabalho, incluindo recursos humanos, custos e prazos. No Capítulo 5 Resultados são apresentados os resultados obtidos pelo desenvolvimento deste projeto, como a especificação, modelos e diagramas.

21 No Capítulo 6 Considerações finais é discutida a realização dos objetivos deste trabalho, suas limitações e trabalhos futuros.

22 2. Estado da arte Neste capítulo são apresentados os aspectos relacionados ao tema deste trabalho, com base no referencial teórico publicado na área. Serão abordados os seguintes aspectos: características e histórico dos sistemas de gestão integrada, a inovação tecnológica como estratégia de competitividade e o transporte rodoviário de cargas no Brasil. 2.1. Características e histórico dos sistemas de gestão integrada Enterprise Resources Planning (ERP) - ou Sistema de Gestão Empresarial - significa organização e planejamento dos recursos, de modo a fornecer controle sobre os processos de negócio e transparência para a cadeia de suprimentos, além de permitir a tomada de decisão rápida e inteligente (PADILHA e MARINS, 2005). Considera-se que esses sistemas aumentam a integração e a confiabilidade sobre o negócio, por meio de um fluxo de informações único, respaldado por uma base de dados integrada (PADILHA e MARINS, 2005). Esses sistemas promovem o acesso às informações eliminando as barreiras àqueles que estão nos níveis hierárquicos mais altos, proporcionando confiabilidade e transparência (SANTOS, LIMA e CARVALHO, 2010). A fim de proporcionar a integração das diversas áreas funcionais de uma organização, os sistemas ERP propõe uma nova perspectiva: a visão de processos. Em detrimento da visão por departamentos, na qual cada departamento é responsável apenas pelas partes do processo de negócio que lhe competem, a visão de processos impõe que as atividades sejam enxergadas através das áreas funcionais da empresa, sendo que sua vantagem advém de uma melhor análise e controle dos workflows (fluxos produtivos) (PADILHA e MARINS, 2005). Os sistemas ERP tiveram sua origem na manufatura industrial no início da década de 1960, em função da necessidade do controle de materiais. Do controle de estoques, ao cálculo de custos e preços, surgiu o MRP (Material Requirements Planning). Por meio da inclusão de procedimentos para o planejamento da capacidade produtiva, esse sistema evoluiu para a versão MRP II, que permitia

23 analisar os recursos necessários à produção e os tempos das operações de manufatura, facilitando a programação produtiva (HABERKORN, 2003). O termo ERP somente foi introduzido no final da década de 1980, sendo utilizado para designar sistemas MRP II que também contemplavam os processos de negócio dos departamentos de contabilidade, finanças, vendas, distribuição, recursos humanos, dentre outros (HABERKORN, 2003). Hoje, fala-se inclusive sobre a tendência de enxergar as organizações dentro das cadeias produtivas, ligando fornecedores (Supply Chain Management) a consumidores (Customer Relationship Management) (PADILHA e MARINS, 2005). Publicações têm cada vez mais destacado a integração das empresas com as atividades de SCM e CRM (MENDES e ESCRIVÃO FILHO, 2007). A Figura 2 ilustra a organização dos módulos de um sistema de gestão integrada. Figura 2 - Visão funcional. Fonte: PADILHA e MARINS (2005)

24 Em razão de sua origem na área de produção industrial, os sistemas ERPs em geral ainda guardam características relacionadas à manufatura. Isso dificulta a obtenção dos seus benefícios, quando aplicado a empresas prestadoras de serviços (PELEIAS, et al., 2009). Segundo Biancolino e Riccio (2011), cerca de 70% das implantações de sistemas ERP chegam ao seu final oferecendo menos funcionalidades aos usuários do que as previstas originalmente como necessárias ao pleno atendimento do fluxo de informações das empresas. A Figura 3 mostra a relação entre o uso e os benefícios de um ERP. Figura 3 - Benefícios dos sistemas ERP ao longo do tempo Fonte: BIANCOLINO e RICCIO (2011) Essa diferença entre as potencialidades planejadas e os benefícios alcançados ocorre muitas vezes em razão da má adequação dos parâmetros do sistema ao tipo de negócio, pois as funcionalidades de um sistema ERP representam uma solução genérica que reflete uma série de considerações sobre a forma como as empresas operam em geral (PADILHA e MARINS, 2005). Embora seja considerada um dos princípios básicos dos sistemas ERP (HABERKORN, 2003), a parametrização deve ser entendida como a possibilidade

25 de manipular o sistema de modo a extrair informações conforme a necessidade da organização, sem a produção de código, a exemplo do que oferecem os sistemas ERP de código aberto ERP5 e Compiere (SERRANO e SARRIEGI, 2006). Parametrização pode ser enxergada como normas, políticas e processos (CONTADOR e NANINI, 2004). Em suma, deixa de ser a adequação completa do sistema ao segmento de negócio e passa a ser apenas um ajuste fino em relação às mínimas particularidades da empresa, de modo a proporcionar o pleno uso de suas potencialidades. Além do uso pleno dos sistemas de gestão integrada, o alcance da competitividade exige modificações na cultura organizacional e uma reengenharia dos processos de negócio. O conceito de competitividade associado aos sistemas ERP não advém do suposto dinamismo que o sistema proporciona e sim da cultura organizacional, de modo que o objetivo deixa de ser a simples aquisição do software e passa a ser o alinhamento estratégico do negócio para potencializar o uso da TI (CONTADOR e NANINI, 2004). Ainda sobre esse alinhamento estratégico, Silva e Pereira (2006) consideram fundamental a assimilação de novos processos, de modo a otimizar as funcionalidades da TI. 2.2. A inovação tecnológica como estratégia de competitividade A competitividade global exige decisões rápidas (CAMPOS e CARVALHO, 2009). Para alcançar tal competitividade, as empresas investem cada vez mais em inovação tecnológica. Todavia, antes de tratar da inovação tecnológica como diferencial estratégico, é importante caracterizar competitividade e competência. Competência pode ser definida como um conjunto de habilidades e tecnologias que permite a uma empresa oferecer determinado benefício. As competências podem ser classificadas em: flexibilidade estratégica (gerenciar riscos), competência de inovação (novos produtos e tecnologias), ou capacidade de absorção e liderança de mercado (BIANCOLINO e RICCIO, 2011). Contudo, vale salientar que, dada a disponibilização da mesma tecnologia aos concorrentes, a exemplo dos sistemas ERP, por si própria, essa não mais pode ser considerada como diferencial de competitividade da organização (BIANCOLINO e RICCIO, 2011).

26 Independente do setor ou porte de uma empresa, toda organização deve ser analisadas sob a perspectiva da competitividade em escala mundial (PADILHA e MARINS, 2005). Ainda que uma MPE não apresente as mesmas características de uma grande empresa, é importante salientar que a passagem de uma dimensão a outra ocorre em função de mudanças qualitativas, em detrimento das quantitativas (SILVA e PEREIRA, 2006). As micro e pequenas empresas são apenas ambientes menos complexos (BRODBECK, 2004) e seria inconsequente desconsiderar as particularidades e peculiaridades desse segmento, principalmente a característica referente à disponibilidade de recursos para investimento em tecnologia (MENDES e ESCRIVÃO FILHO, 2007). Deve-se salientar ainda outra característica própria da estrutura organizacional das MPEs, no que concerne ao número limitado de funcionários e aos diversos papéis que esses assumem (MENEZES e GUEVARA, 2010). Embora a competitividade possa ser alcançada por meio da estratégia de competição por preço, essa é considerada pouco efetiva pela maioria das empresas (CONTADOR e NANINI, 2004). Sobre a diminuição dos custos e tamanho do setor de TI, as empresas estão cada vez mais comprando pacotes ERP prontos (HOLLAND e LIGHT, 1999), como uma estratégia de terceirização do setor de TI (PADILHA e MARINS, 2005). Entretanto, considera-se que a visão distorcida da redução de custos levou a muitos insucessos em implantações de sistemas ERP (BRODBECK, 2004). Além da diminuição dos custos de TI, segundo Ozen, Basoglu e Daim (2008), são objetivos da adoção de um ERP: descentralizar a informação tornando-a disponível em tempo real; prover ferramentas tecnológicas que facilitem a gestão; criar uma base que permita o crescimento; melhorar o controle e a sinergia, identificando indicadores de desempenho dos processos; trocar informações eletronicamente; inovar para acompanhar ou ultrapassar concorrentes; Sistemas ERP são indicados para empresas em crescimento, com quadro financeiro positivo, para sustentar o alto investimento, pois o valor de retorno efetivo é previsto apenas no longo prazo (SANTOS, LIMA e CARVALHO, 2010). Somado

27 ao retorno de investimento em longo prazo, cabe salientar o alto custo desses sistemas, sendo o valor médio de 15 milhões de dólares, ou aproximadamente $50 dólares por usuário por mês (PADILHA e MARINS, 2005). Para contornar esse problema, os sistemas ERP de código aberto fornecem uma boa solução, abrindo novas oportunidades para MPEs (CAMPOS e CARVALHO, 2009). Todavia, a implantação bem sucedida de um ERP de código livre depende de empresas de consultoria confiáveis (SERRANO e SARRIEGI, 2006). Além disso, vale ressaltar que custos menores podem significar qualidade inferior de serviço (CAMPOS e CARVALHO, 2009). Em função do custo elevado, os sistemas ERP ficaram restritos a grandes empresas (SERRANO e SARRIEGI, 2006). Ademais, as empresas de pequeno porte costumam apresentar uma percepção incorreta sobre a relação entre o investimento em tecnologia da informação e seu retorno, pois os benefícios operacionais gerados pelos ERPs tornam-se presentes no cotidiano das empresas com maior antecedência que os benefícios gerenciais e estratégicos (BIANCOLINO e RICCIO, 2011). Os benefícios reais somente serão percebidos no longo prazo, o que leva ao não reconhecimento do ERP como uma competência capaz de gerar vantagens competitivas. Contudo, as empresas devem reconhecer que a ausência de sistemas integrados de gestão empresarial pode gerar uma desvantagem competitiva (BIANCOLINO e RICCIO, 2011). A fim de viabilizar baixos custos a esses sistemas, deve-se analisar sua composição, bem como, deve-se propor alternativas que incorram na diminuição desses valores. Segundo Padilha e Marins (2005), os custos relacionados aos sistemas ERP são de: treinamento, integração, conversão de dados, consultoria, pessoal e prazo de implantação. Quanto à integração - adequação dos parâmetros do sistema ao segmento de negócios do cliente - pode-se considerar que a estratégia de sistemas dedicados minimiza esse custo, sendo que o valor residual é devido aos ajustes finos em relação às particularidades da empresa. Um dos aspectos críticos desta etapa é a adequação das organizações aos processos contábeis definidos pela legislação vigente, sendo um dos fatores que implica no aumento dos custos da implantação do sistema (PELEIAS, TREVIZOLI, et al., 2009). Um dos pontos favoráveis à adoção de software nacional é a adequação facilitada à conformidade tributária e às restrições jurídicas (PADILHA e MARINS, 2005). Nesse

28 sentido, as soluções dedicadas a um único segmento de negócio podem ser mais vantajosas, pois somente é necessário adequá-las a um único conjunto de conformidades legais. Além de promover a visão de processos e a gestão integrada (funcional e hierárquica), os sistemas ERP têm apresentado tendências em termos de gestão da cadeia produtiva, apelo ao mercado de MPEs, modularização, Business Intelligence, entre outros (PADILHA e MARINS, 2005). Business Intelligence (BI) é uma expressão genérica, utilizada para designar tecnologias de exploração de dados, com aplicações que permitem às empresas a análise de correlações e tendências, e facilitam a tomada de decisão (PADILHA e MARINS, 2005). A respeito do foco nas MPEs, o principal entrave à difusão dos sistemas de gestão integrada consiste na diminuição dos custos, visto que o preço deve ser condizente com a realidade financeira dessas empresas. 2.3. O transporte rodoviário de cargas no Brasil Desde o início dos anos 1990, tanto nos Estados Unidos e Europa, quanto no Brasil, as empresas têm seguido a tendência de terceirizar processos de negócio que fogem de sua core competence (principal processo de negócio da organização). Essa tendência foi evidenciada pela intensa contratação de serviços de operadores logísticos (WANKE e FLEURY, 2006). Operadores logísticos, prestadores de serviços logísticos, empresas de logística contratada, ou transportadores são empresas que realizam coleta e entrega de bens de consumo produzidos por terceiros. Os transportadores eventualmente realizam processos de montagem de carga, desconsolidação, embalagem, etiquetagem, gerenciamento da cadeia de suprimentos, reposição de estoques, entre outros. No Brasil, o principal serviço prestado pelos operadores logísticos é o transporte de carga seca. Não são consideradas cargas secas: perecíveis, líquidos e granel (LOPES, CARDOSO e PICCININI, 2008). O transporte desse tipo de carga é realizado predominantemente por meio do modal rodoviário.

29 Figura 4 - Evolução do transporte rodoviário de cargas Fonte: LOPES, CARDOSO e PICCININI (2008) Ainda que esse segmento tenha apresentado crescimento considerável (vide Figura 4), o percentual de participação de empresas informais ainda é muito elevado, o que contribui para a falta de qualidade do setor (LOPES, CARDOSO e PICCININI, 2008). Em 2005, havia cerca de 60 mil empresas formalizadas. Contudo, vale ressaltar que a participação operacional das empresas informais superou 80% da movimentação do mercado em 2003 (LOPES, CARDOSO e PICCININI, 2008). Nesse sentido, não são consideradas informais apenas as empresas sem constituição jurídica, mas também aquelas que apresentam as seguintes características: baixo nível de renda, trabalho por conta própria, atraso tecnológico, ambiente precário, falta de registro contábil, entre outros (LOPES, CARDOSO e PICCININI, 2008). Dois dos principais entraves ao crescimento e melhoria da qualidade desse setor são a dificuldade de contratação e a manutenção de pessoal qualificado (WANKE e FLEURY, 2006). Isso decorre do receio de perder o controle de sua logística e, consequentemente, do nível de serviço prestado, conforme a organização expande seus negócios. Nesse sentido, o ERP pode ser utilizado de forma a suportar o crescimento, planejando e mantendo o controle e a qualidade dos processos, além de colaborar para a manutenção do conhecimento dentro da organização (WANKE e FLEURY, 2006).