ANÁLISE DOS DEMONSTRATIVOS CONTÁBEIS ÍNDICES DE LIQUIDEZ 1 Jane do Socorro do Rosário Ventura 2



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Transcrição:

1 ANÁLISE DOS DEMONSTRATIVOS CONTÁBEIS ÍNDICES DE LIQUIDEZ 1 Jane do Socorro do Rosário Ventura 2 RESUMO Os índices de liquidez visam fornecer um indicador da capacidade da empresa de pagar suas dívidas, a partir da comparação entre os direitos realizáveis e as exigibilidades. No geral, a liquidez decorre da capacidade de a empresa ser lucrativa, da administração de seu ciclo financeiro e de suas decisões estratégicas de investimento e financiamento. A Capacidade Financeira pode ser em Curto e em Longo Prazo. Em Curto Prazo compreende o Índice de Liquidez Corrente (ou Liquidez Comum) e o Índice de Liquidez Seca, em Longo Prazo compreende o Índice de Liquidez Geral (ou Total), e em Prazo Imediato o Índice de Liquidez Imediata (ou Liquidez Absoluta ou Instantânea). Cada um fornece informações diferentes sobre a situação financeira de uma empresa, no entanto estes índices não podem ser analisados separadamente. O Índice de Liquidez Corrente indica quanto a empresa possui em dinheiro mais bens e direitos realizáveis a curto prazo, comparado com suas dívidas a serem pagas no mesmo período. O Índice de Liquidez Seca indica o quanto a empresa possui em seu ativo circulante (dinheiro, depósitos bancários a vista e aplicações financeiras de liquidez imediata), aplicações financeiras a curto prazo e duplicatas a receber sem vender seus estoques, para fazer face a seu passivo circulante. O Índice de Liquidez Geral indica quanto a empresa possui em dinheiro, bens e direitos realizáveis a curto e longo prazo (Ativo Circulante e Realizável a Longo Prazo), para fazer face às suas dívidas totais (Passivo Circulante e Exigível a Longo Prazo). O Índice de Liquidez Imediata indica o quanto a empresa possui em seu disponível, sem considerar os outros itens do Ativo Circulante, para honrar suas dívidas em curto prazo (Passivo Circulante). Palavras chave: Liquidez Comum. Liquidez Seca. Liquidez Geral. Liquidez Imediata. 1 Trabalho a ser apresentado como requisito de avaliação da disciplina Análise dos Demonstrativos Contábeis II, ministrada pelo Professor Heber Lavor Moreira no Curso de Ciências Contábeis. 2 Acadêmica do Curso de Ciências Contábeis pela Universidade Federal do Pará UFPA.

2 INTRODUÇÃO Os Índices de Liquidez mostram a base da situação financeira da empresa, a partir do confronto dos Ativos Circulantes com as Dívidas, têm por objetivo avaliar a capacidade de pagamento das exigibilidades. Interessam aos credores na avaliação dos riscos na concessão de novos créditos e na análise das perspectivas de recebimento dos créditos já concedidos. Os Índices de Liquidez normalmente empregados são: Índices de Liquidez Corrente e Liquidez Seca representando a capacidade de pagamento a curto prazo, o Índice de Liquidez Geral representado a capacidade de pagamento a longo prazo e o Índice de Liquidez Seca caracterizando a capacidade de pagamento em prazo imediato.todos eles relacionam bens e direitos com obrigações da empresa. Os Índices de Liquidez são, a grosso modo, interpretados da seguinte forma quanto maior, melhor. O ponto chave para todos eles ocorre quando o resultado da divisão é igual a 1 (um), indicando que a empresa possui uma unidade monetária para cada outra devida. Esse ponto não pode ser considerado como ponto de equilíbrio. Para defini-lo, devemos primeiramente observar outros fatores como os ciclos financeiro e operacional da empresa. Nem sempre um elevado Índice de Liquidez traduz boa gerência financeira. Em alguns casos, um índice alto de liquidez pode representar excesso de disponibilidades, com a conseqüente perda financeira pela não aplicação dos recursos, excesso de estoques, prazo excessivamente dilatado de contas a receber etc. A simples divisão entre ativo circulante (AC) e passivo circulante (PC) produz o Índice de Liquidez Corrente (ILC), que reflete a capacidade de pagamento da empresa no curto prazo.o Índice de Liquidez Seca (ILS) tem como objetivo apresentar a capacidade de pagamento da empresa no curto prazo sem levar em conta os estoques, que são considerados como elementos menos líquidos do ativo circulante. O Índice de Liquidez Geral (ILG) é calculado a partir da divisão da soma dos ativos circulante (AC) e realizável a longo prazo (RLP) pela soma dos passivos circulante (PC) e exigível a longo prazo (ELP), ele é utilizado para avaliar a capacidade de pagamento de todas as obrigações, tanto de curto quanto de longo prazo, através de recursos não permanentes (Ativo Circulante e Ativo Realizável a

3 Longo Prazo). Já o Índice de Liquidez Imediata é a divisão entre o Disponível e o Passivo Circulante. DESENVOLVIMENTO Índice de Liquidez Corrente (ou Comum) O Índice de Liquidez Corrente (ILC) é representado pela seguinte fórmula: ILC = ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE Este índice relaciona quantos reais dispomos, imediatamente disponíveis e conversíveis em curto prazo em dinheiro (disponibilidades, clientes, estoques, etc.), com relação às dívidas de curto prazo (fornecedores, empréstimos e financiamentos de curto prazo, contas a pagar, etc.). É um índice muito divulgado e freqüentemente considerado como o melhor indicador da situação de liquidez da empresa. Ele relaciona os itens como disponibilidades, valores a receber a curto prazo, estoques e certas despesas pagas antecipadamente, com as dívidas e obrigações vencíveis a curto prazo. Defini-se que quanto maior for o Índice de Liquidez Corrente, melhor será a situação financeira da empresa. O entendimento é de que o Índice de Liquidez Corrente tem sua validade como instrumento comparativo entre empresa do mesmo porte, da mesma atividade e da mesma região geográfica, porém, como medida isolada, não se pode afirmar que a liquidez corrente é boa ou ruim, tudo dependerá do tipo de atividade da empresa, especialmente do seu ciclo financeiro, que deve considerar os prazos de rotação dos estoques, recebimentos das vendas e pagamentos das compras. É possível encontrar empresa quebradas com Índices de Liquidez Corrente próximo de 20,00 e empresas saudáveis com o indicador inferior a 1.

4 No Índice de Liquidez é preciso, como de resto para muitos outros índices, atentarmos para o problema dos prazos dos vencimentos das contas a receber e das contas a pagar. Por outro lado a inclusão dos estoques no numerador pode diminuir a validade do índice como indicador de liquidez. Suponha que a empresa normalmente demore noventa dias para receber suas vendas a prazo. Os estoques levam, em média, cento e vinte dias para serem vendidos, sendo trinta por cento da vendas a vista e o restante a prazo. O grau de conversibilidade dos vários itens que compõem o numerador do índice é muito variado. Exemplo do calculo do Índice de Liquidez Corrente: 2005 2006 ILC = 520,00 612,00 285,00 330,00 ILC = 1,82 1,85 Liquidez Comum 1,86 1,86 1,85 1,85 1,84 1,84 1,83 1,83 1,82 1,82 1,81 1,81 1,82 1,85 Ano 2006 Ano 2006

5 - Nos anos 2005 e 2006, indicam que para cada real de dívidas de curto prazo (passivo circulante) a empresa dispõe respectivamente de R$ 1,82 e 1,85 de bens e direitos de curto prazo (ativo circulante) para pagar, ou seja, se a empresa negociar todo o seu ativo circulante, para cada R$ 1,82 e 1,85 (respectivamente aos anos 2005 e 2006) que receber, paga R$ 1,00 e sobram respectivamente R$ 0,82 e 0,85. Pelo fato do quociente ser maior que R$ 1,00, a empresa encontra-se em uma situação favorável. O Índice de Liquidez Corrente ideal fundamenta-se no ciclo operacional da empresa (produção e/ou comercialização). Quanto mais for o ciclo operacional e mais elevado o prazo médio de financiamento das vendas, mais recursos serão exigidos para o ativo circulante, de modo a permitir que seu montante seja superior ao respectivo passivo circulante. Se o ciclo operacional for realizado a prazo muito curto, menor soma de recursos será exigida para o ativo circulante, em face da alta rotação de seus componentes (estoques e contas a receber, por exemplo). Índice de Liquidez Seca O Índice de Liquidez Corrente (ILC) é representado pela seguinte fórmula: ILS = ATIVO CIRCULANTE - ESTOQUES PASSIVO CIRCULANTE O Índice de Liquidez Seca indica quanto a empresa possui em disponibilidades (dinheiro, depósitos bancários a vista e aplicações financeiras de liquidez imediata), aplicações financeiras a curto prazo e duplicatas a receber, para fazer face a seu passivo circulante, ou seja, é utilizado para avaliar a capacidade de pagamento da empresa em curto prazo, pois não leva em consideração os estoques e as despesas de exercícios seguintes, integrantes do ativo circulante. É um índice adequado para a análise de empresas que operam com estoques de difícil realização financeira. É o caso das empresas imobiliárias, onde a realização dos estoques é mais lente.

6 Quando o resultado for inferior à unidade, representa que a empresa depende dos seus estoques para o equilíbrio de sua liquidez. Se o índice for igual a uma unidade, indica que os estoques da empresa estão totalmente livres de dívidas com terceiros, ou seja, se a empresa negociar o ativo circulante (sem os estoques), pagará as dívidas de curto prazo (passivo circulante) e restará todo o estoque livre de dívidas, para que a empresa possa trabalhar. Exemplo do calculo do Índice de Liquidez Seca: 2005 2006 ILS = 520,00-220,00 612,00-350,00 285,00 330,00 ILS = 1,05 0,79 Liquidez Seca 1,20 1,00 0,80 0,60 0,40 1,05 0,79 Série2 0,20 0,00 Ano 2006 - Nos anos 2005 e 2006, indicam que para cada real de dívidas de curto prazo com terceiros (passivo circulante) a empresa dispõe respectivamente de R$ 1,05 e 0,79 de bens e direitos de curto prazo (ativo circulante), menos os estoques, para pagar. - Como em 2005 o índice foi maior que uma unidade (R$ 1,05), isso significa que os estoques da empresa estão totalmente livres de dívidas com terceiros, ou seja, se a empresa negociasse o seu ativo circulante (sem os

7 estoques), pagaria suas dívidas de curto prazo (passivo circulante) e restaria todo o seu estoque livre de dívidas. Já em 2006, o índice de R$ 0,79 representa que a empresa depende de seus estoques para o equilíbrio de sua liquidez. O Índice de Liquidez Seca busca certo aprimoramento em relação ao Índice de Liquidez Corrente, supondo, de certa forma, que os estoques são necessários à própria atividade da empresa, constituindo-se numa espécie de investimento permanente no ativo circulante. Ao mesmo tempo, exclui os valores considerados mais difíceis de serem realizados. Historicamente, a liquidez seca surgiu partindo da suposição de que as empresas quebravam pelo fato de seus produtos terem baixa aceitação e conseqüente dificuldade de venderem seus estoques em caso de insolvência. Segundo José Pereira em seu livro Análise Financeira das Empresas, alguns comentários sobre o Índice de Liquidez Seca são relevantes: - O passivo circulante é sempre líquido e certo, com o risco de eventuais compromissos não serem registrados ou serem registrados a menor. - Caixa e bancos não devem ser itens expressivos; se forem, precisam ser examinados pelo analista; empresas que não têm seriedade na elaboração das demonstrações financeiras usam a conta caixa como um tipo de conta de fechamento. - As aplicações financeiras de curto prazo podem ser representadas por títulos de boa qualidade ou por papéis emitidos por instituições de alto risco, que, caso venham a quebrar ou sofrer intervenção do Banco Central do Brasil (Bacen), terão problemas de realização. - As duplicatas a receber líquidas apresentam o risco de crédito representado pela carteira de clientes da empresa, sendo importante conhecermos o volume de atrasos, os prazos de recebimento e os principais clientes. Índice de Liquidez Geral (ou Total) O Índice de Liquidez Geral é calculado pela seguinte fórmula: ILG = ATIVO CIRCULANTE + PASSIVO CIRCULANTE + ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO PASSIVO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO

8 O Índice de Liquidez Geral é um indicador de análise financeira utilizado para medir a liquidez de uma empresa. Ele indica quanto uma empresa tem a receber em relação ao que deve no mesmo período, este indicador engloba também os ativos e passivos de longo prazo. Ou seja, aqueles que serão realizados em um prazo superior a um ano. Este indicador é calculado a partir do quociente entre a soma do ativo circulante mais o ativo de longo prazo pelo passivo circulante, mais o passivo de longo prazo da empresa. É um indicador que determina que se a empresa fosse encerrar suas atividades naquele momento, teria ou não condições de honrar seus compromissos com suas disponibilidades mais os seus realizáveis à curto e a longo prazos, sem precisar utilizar o seu Ativo Permanente. O ideal é que este índice não seja inferior a 1. Sendo o índice menor que 1 a empresa estará financiando, pelo menos em parte, as aplicações no permanente com recursos de terceiros, o que geralmente provoca grandes dificuldades de pagamento das obrigações. As aplicações no permanente têm retorno demorado e devem ser financiados com recursos próprios, ou com recursos de terceiros amortizáveis a longo prazo. Exemplo do calculo do Índice de Liquidez Geral: 2005 2006 ILG = 520,00 + 100,00 612,00 + 80,00 285,00 + 250,00 330,00 + 220,00 ILG = 1,16 1,26

9 Liquidez Geral 1,28 1,26 1,24 1,22 1,20 1,18 1,16 1,14 1,12 1,10 1,16 1,26 Ano 2006 Ano 2006 - Nos anos 2005 e 2006, indicam que para cada real de dívidas totais (curto e longo prazo) com terceiros (Passivo Exigível), a empresa dispõe respectivamente de R$ 1,16 e 1,26 de bens e direitos de curto e longo prazo (ativo circulante e realizável a longo prazo) para pagar, ou seja, se negociar os bens e direitos de curto e longo prazo, para cada R$ 1,16 e 1,26 (respectivamente aos anos 2005 e 2006) que receber, paga R$ 1,00 e sobram respectivamente R$ 0,16 e 0,26. José Pereira em seu livro Análise Financeira das Empresas, diz que na análise do Índice de Liquidez Geral, o analista precisa examinar pelo menos os seguintes fatores adicionais:. - A princípio, os passivos são inquestionáveis quanto à sua exigibilidade, enquanto a realização dos ativos precisa ser bem avaliada. - No passivo poderá haver ausência ou constituição de provisões a menos. A não-constituição de provisão de férias, por exemplo, afetará tanto os resultados (para mais) quanto as exigibilidades (para menos), além de elevar artificialmente o índice de liquidez geral, mostrando uma situação falsa da empresa. O não-provisionamento dos impostos e dos demais encargos sociais acarreta efeitos da mesma natureza. - Os compromissos relativos aos contratos de leasing não registrados. Portanto, são obrigações líquidas e certas que, se não forem informadas e registradas, serão desconhecidas pelo usuário das demonstrações contábeis. - Os valores a pagar acionistas, controladas ou matriz podem apresentar flexibilidade em termos de prazos e condições. Os adiantamentos recebidos para futuro aumento de capital são exigibilidades transitórias, ou seja, são registros

10 contábeis dos valores recebidos e que serão transformados em patrimônio líquido num momento futuro. - Quanto ao passivo circulante, é necessário saber se há compromissos vencidos, inclusive impostos atrasados. - No exigível a longo prazo, é necessário conhecermos as características dos financiamentos, principalmente os vencimentos. - Quanto ao ativo, as disponibilidades e as aplicações financeiras deverão ser os ativos de melhor liquidez, exceto se as explicações financeiras forem feitas em instituições financeiras de alto risco. - Quanto às duplicatas a receber, é de fundamental importância o conhecimento da política de crédito e cobrança da empresa, envolvendo seus prazos, montante em atraso e adequabilidade do volume de provisão para devedores duvidosos. - Para os estoques, as dificuldades crescem, envolvendo os critérios de avaliação (PEPS, UEPS ou média, por exemplo), os prazos de rotação e de pagamentos aos fornecedores. Se o fornecedor, porém, concede prazos elevados (90 dias ou mais, por exemplo), o valor do estoque contém os encargos financeiros relativos a tal período. Tratando-se de empresa industrial, os critérios de rateio dos custos indiretos de produção, o nível de atividade da fábrica, as taxas de depreciação são fatores que certamente terão influências no valor dos estoques. As questões levantadas, assim como outras que possam surgir, devem levar o analista à reflexão acerca da liquidez das empresas, sem, entretrando, invalidar o indicador que deve ser utilizado comparativamente com outras empresas de mesmo porte, de mesma atividade e de mesma região geográfica Índice de Liquidez Imediata (ou Absoluta) O Índice de Liquidez Imediata é calculado pela seguinte fórmula: ILI = DISPONÍVEL PASSIVO CIRCULANTE

11 O Índice de Liquidez Imediata é utilizado na avaliação do nível de recursos que são mantidos para cumprimento dos compromissos mais imediatos e também dos eventuais, ou seja, estuda a capacidade de pagamento da empresa e se esta possui condições de honrar com suas obrigações a curto prazo. A empresa não precisa manter como disponibilidades valores correspondentes a todas as suas dívidas de curto prazo (passivo circulante). Isso faz com que o Índice de Liquidez Imediata normalmente seja bem menor que 1. Na liquidez imediata se elimina a necessidade do esforço de cobrança para honrar as obrigações. Com o desenvolvimento do mercado de crédito, esse índice passou a ter pouca relevância na maior parte das empresas. Nos dias atuais, não é aconselhável manter disponibilidades muito elevadas, deixando de investir na própria atividade. Esse índice é extremamente importante no caso de instituições financeiras e de empresas que desenvolvem um grande número de operações à vista. Elas devem manter um volume mais elevado de disponibilidades. O resultado pode ser encontrado com valor numérico de uma unidade (1) ou valor superior a um, onde para cada dívida de R$ 1,00 haverá outro real em dinheiro pronto para resgatá-la. Exemplo do calculo do Índice de Liquidez Imediata: 2005 2006 ILI = 50,00 70,00 285,00 330,00 ILI = 0,18 0,21

12 Liquidez Imediata 0,25 0,20 0,18 0,21 0,15 0,10 Ano 2006 0,05 0,00 Ano 2006 - Nos anos 2005 e 2006, indicam que para cada real de dívidas com terceiros de curto prazo (Passivo Circulante), a empresa dispõe respectivamente de R$ 0,18 e 0,21 em dinheiro (Disponível) para pagar.

13 CONCLUSÃO Conclui-se então, com o estudo Índices de Liquidez que estes são de suma importância para análise dos demonstrativos contábeis, pois mostra a competência que as empresas possuem para honrar com as suas obrigações. O artigo apresentou conceitos e cálculos dos quatro Índices de Liquidez: Índice de Liquidez Comum, Índice de Liquidez Seca, Índice de Liquidez Geral e Índice de Liquidez Imediata.

14 REFERÊNCIAS - MATARAZZO, Dante Carmine Análise financeira de balanços: abordagem básica e gerencial - 4ª Edição, Editora Atlas. - MOREIRA, Heber Lavor. Disciplina: Análise das Demonstrações Contábeis I. Ministrado na UFPa, em 2007. - SILVA, José Pereira da - Análise Financeira das Empresas- 5ª Edição, Editora Atlas. - IUDÍCIBUS, Sergio de - Análise de Balanços- 7ª Edição, Editora Atlas. - NEVES, Silvério das; VICECONTI, Paulo Eduardo V. Contabilidade avançada e análise das demonstrações financeiras- 12ª Edição, Editora Frase.

15 ANEXO I Balanço Patrimonial Empresa hipotética A ATIVO 2005 2006 PASSIVO 2005 2006 CIRCULANTE 520,00 612,00 CIRCULANTE 285,00 330,00 Disponibilidade 50,00 70,00 Fornecedores 180,00 200,00 Estoques 220,00 350,00 Títulos a Pagar 80,00 100,00 Duplicatas a Receber 260,00 200,00 Contas a Pagar 10,00 10,00 Provisão p/ Créditos de Liquidação Duvidosa (10,00) (8,00) Provisão p/ o IR 15,00 20,00 REALIZÁVEL A LONGO PRAZO 100,00 80,00 EXIGÍVEL A LONGO PRAZO 250,00 220,00 PERMANENTE 530,00 840,00 Financiamentos 180,00 200,00 Investimento 80,00 190,00 Créditos de Sócios 70,00 20,00 Imobilizado 450,00 650,00 RESULTADO DE EXERCÍCIOS FUTUROS 0,00 20,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 615,00 962,00 Capital Realizado 300,00 500,00 Reservas de Capital 130,00 300,00 Reservas de Lucros 85,00 100,00 Lucros Acumulados 100,00 62,00 TOTAL DO ATIVO 1.150,00 1.532,00 TOTAL DO PASSIVO 1.150,00 1.532,00