Sumário e Objectivos. Resistência dos Materiais 18ªAula. Lúcia M.J.S. Dinis 2005/2006

Documentos relacionados
Sumário e Objectivos. Mecânica dos Sólidos 8ªAula. Lúcia M.J.S. Dinis 2007/2008

Sumário e Objectivos. Sumário: Resolução de Problemas. Objectivos da Aula: Ser Capaz de resolver problemas com perfis tubulares

Sumário e Objectivos. Lúcia M.J.S. Dinis 2007/2008. Mecânica dos Sólidos 7ª Aula

Sumário: Flexão Combinada com Torção

Torção de uma Barra Prismática

Resistência dos Materiais 2003/2004 Curso de Gestão e Engenharia Industrial

Sumário: Flexão segundo os dois Eixos Principais de Inércia ou Flexão Desviada. Flexão Combinada com Esforço Axial.

Resistência dos Materiais 2003/2004 Curso de Engenharia Mecânica

SEGUNDA PROVA DE EDB - TURMA M

1. Inverta a relação tensão deformação para materiais elásticos, lineares e isotrópicos para obter a relação em termos de deformação.

Sumário: Tensões Tangenciais Resultantes do Esforço Transverso em Secções Rectangulares, em I e em T.

RESISTÊNCIA DE MATERIAIS

Sumário e Objectivos. Sumário: Tensões Tangenciais Resultantes do Esforço Transverso em Secções Rectangulares, em I e em T.

Sumário e Objectivos. 2007/2008 Lúcia M.J.S.Dinis. Mecânica dos Sólidos 2ªAula

38 a Aula AMIV LEAN, LEC Apontamentos

Resistência dos Materiais 2003/2004 Curso de Gestão e Engenharia Industrial

ANÁLISE COMPLEXA E EQUAÇÕES DIFERENCIAIS. Apresente e justifique todos os cálculos

Questão 1: (2.5 pontos) f(x) =

Capítulo 4 Condução Bidimensional em Regime Estacionário. Prof. Dr. Santiago del Rio Oliveira

RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS II TORÇÃO PARTE IV

Sumário: Flexão segundo os dois Eixos Principais de Inércia ou Flexão Desviada. Flexão Combinada com Esforço Axial.

Resistência dos. Materiais. Capítulo 2. - Elasticidade Linear 2

RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS II TORÇÃO PARTE IV

Resistência dos Materiais 2003/2004 Curso de Gestão e Engenharia Industrial

Teoria da Membrana. Cascas de Revolução 9.1. Capítulo 9

Escoamento potencial

Resistência dos materiais 1

Cálculo Diferencial e Integral II Resolução do Exame/Teste de Recuperação 02 de Julho de 2018, 15:00h - versão 2 Duração: Exame (3h), Teste (1h30)

Universidade Federal do Rio de Janeiro Instituto de Matemática Departamento de Matemática

Problema de Dirichlet no Círculo e em Regiões Circulares

Momento torsor. Torção em Eixos de Seção Retangular. 26 de setembro de 2016

Resistência dos Materiais

Vibrações Mecânicas. Sistemas Contínuos. DEMEC UFPE Ramiro Willmersdorf

Sumário e Objectivos. 2007/2008 Lúcia MJS Dinis. Mecânica dos Sólidos 4ª Aula 1

Mecânica dos Sólidos I Parte 3 Estado Plano de Tensão

MECÂNICA APLICADA II

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP FACULDADE DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGIAS CURSO DE ENGENHARIA CIVIL MECÂNICA DOS SÓLIDOS II

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ UESC. 1 a Avaliação escrita de Cálculo IV Professor: Afonso Henriques Data: 10/04/2008

NOTAS DE AULA DE ELETROMAGNETISMO

Universidade Tecnológica Federal do Paraná Câmpus Francisco Beltrão

Aula 12. Ângulo entre duas retas no espaço. Definição 1. O ângulo (r1, r2 ) entre duas retas r1 e r2 se define da seguinte maneira:

Normas da disciplina. Aulas teóricas Duas aulas por semana. Aulas práticas Duas aulas por semana

MECÂNICA GERAL EQUILÍBRIO TRIDIMENSIONAL DE PONTO MATERIAL. Prof. Dr. Daniel Caetano EXERCÍCIOS:

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP FACULDADE DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGIAS CURSO DE ENGENHARIA CIVIL MECÂNICA DOS SÓLIDOS II

Capítulo 12. Ângulo entre duas retas no espaço. Definição 1. O ângulo (r1, r2 ) entre duas retas r1 e r2 é assim definido:

Caso mais simples MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS. Álvaro Azevedo. Faculdade de Engenharia Universidade do Porto

Universidade Federal de Pelotas Centro de Engenharias. Resistência dos Materiais II. Capítulo 2 Torção

Deformação. - comportamento de um material quando carregado

RESISTÊNCIA DE MATERIAIS

Resolução das equações

Nome:... Q N Assinatura:... 1 RG:... 2 N o USP:... 3 Turma: Teórica... 4 Professor: Edson Vargas... Total

RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS II TORÇÃO PARTE III

RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS II TORÇÃO PARTE III

Departamento de Engenharia Civil e Arquitectura MECÂNICA I

Sumário: Equação da Deformada. Obtenção da Deformada por Integração directa da equação da Deformada.

J. Delgado - K. Frensel - L. Crissaff Geometria Analítica e Cálculo Vetorial

UFABC - Universidade Federal do ABC. ESTO Mecânica dos Sólidos I. as deformações principais e direções onde elas ocorrem.

Resistência dos Materiais 2003/2004 Curso de Gestão e Engenharia Industrial

Resistência dos Materiais II: Torção de Perfis Abertos e Fechados

ANÁLISE MATEMÁTICA III TESTE 2-9 DE JUNHO DE apresente e justifique todos os cálculos duração: hora e meia (19:00-20:30)

Resistência dos Materiais Eng. Mecânica, Produção UNIME Prof. Corey Lauro de Freitas, Fevereiro, 2016.

Sumário: Equação da Deformada. Obtenção da Deformada por Integração directa da equação da Deformada.

Corda Elástica Presa Somente em uma das Extremidades

Mecânica dos Sólidos I Aula 07: Tensões normais, deformação, Lei de Hooke

1) Determine a energia de deformação (energia interna) da estrutura abaixo. Rigidez flexional = 4200 knm²

ESCOAMENTOS VARIÁVEIS EM PRESSÃO (Choque Hidráulico)

Questionário de Física IV

Torção em eixos de seção circular Análise de tensões e deformações na torção Exercícios. Momento torsor. 26 de setembro de 2016.

Nota de aula 13 - Estudo da Energia de Deformação - Resistência dos Materiais II

MECÂNICA APLICADA II

MECÂNICA DOS SÓLIDOS DEFORMAÇÕES

Solução Comentada da Prova de Matemática

PEF 3302 Mecânica das Estruturas I Segunda Prova (22/11/2016) - duração: 160 minutos Resolver cada questão em uma folha de papel almaço distinta

6 TORÇÃO SIMPLES. Equação 6.1. Ou, uma vez que df = da, com sendo a tensão de cisalhamento do elementos de área da, Equação 6.2

RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS II FLEXÃO PARTE III

Flexão Vamos lembrar os diagramas de força cortante e momento fletor

Sumário e Objectivos. Placas e Cascas 3ªAula. Março

Programa. Centroide Momentos de Inércia Teorema dos Eixos Paralelos. 2 Propriedades Geométricas de Áreas Planas

MAT2457 ÁLGEBRA LINEAR PARA ENGENHARIA I Gabarito da 2 a Prova - 1 o semestre de 2015

Substituição Trigonométrica

Nota de aula 8 - Estado Plano de Tensões - Resistência dos Materiais II

Eletromagnetismo I. Prof. Daniel Orquiza. Eletromagnetismo I. Prof. Daniel Orquiza de Carvalho

RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS

Estado duplo ou, Estado plano de tensões.

rectangular muito largo e que o escoamento é aproximadamente permanente e uniforme, estime o tipo de configuração do leito. Justifique.

Mecânica dos Sólidos II Parte 1 (Revisão)

ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. PME3210 Mecânica dos Sólidos I Primeira Prova 07/04/2015. Resolução. 50 N(kN)

CÁLCULO II - MAT0023. Nos exercícios de (1) a (4) encontre x e y em termos de u e v, alem disso calcule o jacobiano da

ANÁLISE MATEMÁTICA III A TESTE 2 PARA PRATICAR OUTUBRO DE Duração: 50 minutos

DIMENSIONAMENTO À TORÇÃO

Análise Matemática IV

Física IV Escola Politécnica GABARITO DA REC 14 de fevereiro de 2019

Mecânica dos Sólidos I Parte 2

UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA CURSO DE LICENCIATURA EM ENGENHARIA GEOLÓGICA

Gabarito da Prova Final Unificada de Cálculo IV Dezembro de 2010

DERIVADAS PARCIAIS. y = lim

Transcrição:

Sumário e Objectivos Sumário: Função de Prandtl. Torção de Veios de Secção Elíptica e Rectangular e de Secções Abertas de paredes delgadas. Objectivos da Aula: Apreensão dos conceitos Fundamentais associados à torção de veios de forma arbitrária 1

Vigas 2

Camião 3

Bicicleta 4

Função de Tensão de Prandtl A solução do problema de torção de um veio de secção arbitrária, na ausência de forças de massa, passa pela solução do sistema de equações τ τ zx zy + = 0 τ τzx zy = 2G θ considerando as condições de fronteira seguintes τzxνx + τzyνy = 0 na superfície lateral do sólido M = (xτ y τ )dxdy t yz xz A para z=0 e z=l. 5

Função de Tensão de Prandtl Para resolver este problema um dos métodos disponíveis recorre à chamada função de tensão de Prandtl que é uma função tal que verificando automaticamente as equações de equilíbrio. τ zx φ = e τzy = φ Substituindo estas expressões na equação de compatibilidade obtém-se φ φ + = θ 2G Esta equação é muitas vezes referida como Equação de Poisson. A solução do problema passa agora pela solução da equação de compatibilidade sujeita às condições de fronteira φ ν φ ν x y= 0 6

Veio de Secção Elíptica x y A função φ a considerar é b a x x y φ = k + 1 a b sendo k uma constante Substituindo a função φ na equação de compatibilidade, obtém-se 2k a 2k + = 2Gθ= b H k = ab b a 2( + ) H 7

Veio de Secção Elíptica A função de Prandtl para o veio de secção elíptica toma a forma ab x y φ= H + 1 2 a b ( a b ) + A1ª condição de fronteira refere-se ao contorno do veio e é φ φ φ + = = 0 s s s A outra condição de fronteira diz respeito aos extremos do veio e é φ φ M t = (xτyz y τxz)dxdy = (x y )dxdy A + A φ ( x) φ ( y) M t = ( y 2 )dxdy por aplicação do teorema de Gauss + φ = A obtém-se =- (xφcos( ν, x) + yφcos( ν, y))ds + 2φdxdy C A 8

Veio de Secção Elíptica O integral estendido ao contorno é nulo pela 1ª condição de Fronteira e o Momento torsor é 3 3 M t = 2φdxdy Ou seja πab M t = Gθ A ( a + b ) No caso do veio elíptico a função de Prandtl pode ser escrita em termos do Momento torsor, com a seguinte forma Mt x y φ= + 1 πab a b As tensões são φ 2 ty ty xz = = M = M Tensão Resultante τ 3 πab 2Ix 2 1/2 φ 2Mtx Mtx 2M t x y τxz = = = τzα = ( τ ) zx +τ zy = + 3 πab πba 2Iy a b 2 4 4 1/2 9

Veio de Secção Rectangular 2b y x φ φ + = θ 2G sujeita à condição de contorno φ = 0 A solução da equação de Poisson pode considerada com a forma 2 V= 0 na área da Secção φ= θ x a + G ( ) V(x,y) V=0 para x=±a V G ( ) = θ a x para y=±b 10

Secção Rectangular A solução destas equações pode ser procurada considerando o método da separação de variáveis, ou seja V(x,y)= f(x)g(y) Onde f(x) é uma função de x e g(y) é uma função de y. Considerando esta forma para a função V(x,y) a 1ª equação toma a forma 2 f g V = g +f = gf + fg = 0 2 2 Para que esta equação seja verificada é necessário que seja f g = = λ f g Estas equações podem ser escritas com a forma f + λ f = 0 e g λ g = 0 2 11

Secção Rectangular f + f = 0 e g g = 0 λ λ cujas soluções são f = A cos λ x + Bsenλx g = Acoshλ y + Dsenhλy Tendo em conta que V(x,y) tem de ser uma função par em x e y, as constantes B e D devem ser nulas, B=D=0, a função V toma então a formav = A cosλx coshλy V=0 para x=±a λ= nπ nπx V = A n cos cosh n= 1,3,5,... nπy = θ a x para y=±b V G ( ) 12

Secção Rectangular Para verificar esta última condição tem de ser n= 1,3,5,... C nπ x = θ x a = n cos G ( ) f (x) nπb onde Cn = A n cosh Para obter o coeficiente C n, de acordo com a Teoria das Séries de Fourier, multiplicase ambos os membros da equação 20.26 por cos(nπx/) e integra-se entre a e +a, obtendo-se + a a 1 nπx 2Gθ nπx Cn = f(x)cos dx a ou Cn = ( x a )cos dx a C a a 2 n = θ 2G θ n x n x x cos dx 2G a cos dx a π π 0 0 a C 0 ( ) 32Gθ 1 = n π n 3 3 (n 1)/2 13

Secção Rectangular A n ( ) (n 1)/2 32Gθ 1 = 3 3 nπb n π cosh Função de Prandtl φ= G θ( a x ) ( ) (n 1)/2 2 1 cos cosh 32Gθa π 3 n= 1,3,5... A função φ, para b/a, toma o valor aproximado de τ τ (n 1)/2 nπx nπy ( 1) cos senh φ 16Gθa = = π n 1,3,5... 2 nπb = n cosh xz 2 (n 1)/2 nπx nπy ( 1) sen cosh φ 16Gθa = = 2Gθx π n 1,3,5... 2 nπb = n cosh yz 2 n 3 nπx nπb cosh φ θa x G ( ) nπy 14

Tensões Máximas numa Secção Rectangular. Fórmulas Aproximadas. B τ 1 = M α ba t max 2 Em A, A A A θ= M ou seja C=G = b G t 3 3 Ip c1 a c1ba G B τ = 1 M β ba t 2 Em B,B No caso de ser b>>a, rectângulo muito delgado, b/a e α 1/3 e as equações de τ e θ tomam a forma = 3M = G θ a; ba 3M 1 ; C=G b G ba G 3 t τ t max 3 2 θ= 3 Ip = a 15

Tensões Máximas numa Secção Rectangular. Fórmulas Aproximadas. N=b/a 1.00 1.50 2.00 3.00 4.00 α=c1 c 2 0.208 0.231 0.246 0.267 0.282 0.333 c1 0.141 0.196 0.229 0.263 0.281 0.333 c2 0.675 0.852 0.928 0.977 0.990 1.000 β 0.208 0.270 0.309 0.354 0.379 0.448 2 µ=c1 c2 0.310 0.270 0.266 0.276 0.288 0.334 16

Secções Abertas de parede delgada τ = 3M = G θ a; ba t max 2 3M t 1 3 θ= 3 ; C=GIp = ba G ba G 3 17

Secções Abertas de Paredes Delgadas G C= GI = k b a τ = θ θ t n 3 p i i 3 i = 1 G a i sendo = M / C 18

Analogia de Membrana de Prandtl φ φ + = θ 2G S α z dx y p d y z z p + = S x S x Prandtl mostrou que as deformações de corte numa barra elástica rectilínea sujeita a um momento torsor estão relacionadas com as inclinações da membrana estendida num orifício de uma placa plana e sujeita a uma pressão p, considerando o orifício com a forma da secção recta da barra e a membrana ligada à fronteira do orifício. 19

Problemas Propostos 1. Calcule o cociente entre as tensões máxima e o cociente entre os ângulos de torção produzidos para um mesmo momento torsor numa barra de secção rectangular (b/a=3) e numa barra de secção circular com área equivalente à secção rectangular. Considere as barras com o mesmo comprimento e construídas do mesmo material. 20

Problemas Propostos 2. Determine a tensão máxima instalada e o ângulo de torção por unidade de comprimento numa cantoneira 100 100 10mm, submetida a um momento torsor de 1kN.m. 21

Problemas Propostos 3. Mostre que a função de tensão G a φ = θ x 3y x 3y x + + 3 3 3 é adequada para efeitos de cálculo das tensões num triângulo equilátero com a forma representada na figura. Determine as tensões tangenciais x a/3 /3 22