GRANDES OBRAS NA AMAZÔNIA: Aprendizados e Diretrizes SEMINÁRIO SOBRE PLANEJAMENTO E ORDENAMENTO TERRITORIAL 18 e 19 de outubro de 2016 NAEA/UFPA Avenida Perimetral, 1, Bairro Guamá - Belém, PA Nos dias 18 e 19 de outubro de 2016 a iniciativa promove em Belém o Seminário sobre Planejamento e Ordenamento Territorial. Aqui são apresentadas mais informações sobre a agenda proposta, além de insumos temáticos acumulados até o momento, que nortearão a discussão sobre diretrizes. 18 de outubro de 2016 9h00-9h10 9h10-10h00 10h00-10h45 10h45-11h45 Boas vindas e credenciamento Apresentação da iniciativa e objetivos do Seminário Debate com participantes Mesa 1 - Ordenamento e Planejamento territorial Debate com participantes 11h45-12h30 Encaminhamentos da Mesa 1 12h30 14h00 Almoço 14h00-14h45 14h45-15h45 Mesa 2 - Governança dos processos de desenvolvimento Debate com participantes 15h45-16h30 Encaminhamentos da Mesa 2 16h30 Encerramento do dia 19 de outubro de 2016 9h00-9h30 9h30-10h30 10h30-11h30 11h30-12h00 12h00-12h30 Breve sistematização do conteúdo do Seminário à luz do acúmulo da iniciativa Grandes Obras na Amazônia: Aprendizados e Diretrizes (GVces) Discussão em grupos: Quais gargalos ou perguntas foram respondidos? O que pode ser traduzido em recomendações ou diretrizes? O que faltou responder? Quais as lacunas identificadas? Quais novas questões surgem? Plenária para apresentação dos grupos e debate Consolidação das contribuições Encaminhamentos e próximos passos da iniciativa 12h30 Encerramento do Seminário
MESA 1 - Ordenamento e Planejamento Territorial Ordenamento territorial não é apenas essencial ao planejamento, mas também pressuposto de desenvolvimento de uma região. Ordenar significa reconhecer as vocações produtivas e de conservação dispostas no território, assim como as dinâmicas socioeconômicas e as expectativas da própria sociedade local sobre os espaços e seus recursos. O Zoneamento Ecológico Econômico atua nessa frente, por exemplo. Ato contínuo, a regularização fundiária, vai além da consolidação da ocupação do território, com a criação das bases para a presença institucional nestes espaços, estabelecendo-se relações oficiais entre os atores sociais que lhes permitem acessar direitos como serviços financeiros e assistência técnica. Injetam-se ativos legais na economia, na forma de bens e impostos, e possibilita-se pacificar conflitos em torno da disputa pela terra. Por sua vez, as iniciativas de desenvolvimento regional no Brasil, ao longo das últimas duas décadas, vêm se dedicando à superação das desigualdades por meio da coordenação de diferentes políticas setoriais. Em alguns casos tomando o território como plataforma, promove-se a combinação de incentivos ofertados pelas políticas públicas, num desenho articulado pelas vocações e sinergias próprias de cada local. Em outros casos, como em grandes obras, a aposta é que as dinâmicas decorrentes dessas iniciativas constituam oportunidades de desenvolvimento, inclusive criando novas institucionalidades, em favor da articulação entre políticas de cima para baixo e a autonomia de agendas formuladas de baixo para cima, num ambiente que busca privilegiar o diálogo, representatividade e participação. Idealmente, tais estratégias seriam capazes de evitar sobreposições e fragmentações de ações em favor de sinergias e soluções formuladas com ampla participação local. A combinação desses campos ordenamento territorial e planejamento do desenvolvimento no contexto de grandes obras, representa a referência fundamental de preparação antecipada das localidades. A iniciativa Grandes Obras na Amazônia parte da convicção que nessas pré-condições reside boa parte da estratégia necessária para prevenir e amenizar impactos negativos com mais qualidade e para garantir efetivas oportunidades de desenvolvimento em regiões tipicamente carentes de investimentos. Não apenas se pretende harmonizar iniciativas e políticas ascendentes e descentes, como também o antes e o depois da obra, reconhecendo-se os territórios afetados como mais que simples depositórios de megaprojetos. Os desafios, entretanto, são irrefutáveis. De um lado, as ações que compõem processos de ordenamento territorial redundam no maior entrave sistêmico às aspirações de desenvolvimento na Amazônia em qualquer tempo. Concorrem a complexidade histórica de se caracterizar dominialidades em meio ao caos fundiário, a resistência organizada de setores da sociedade que se beneficiam de modelos predatórios e irregulares de uso e ocupação da terra, a fragilidade institucional de órgãos do poder público responsáveis pela regularização, bem como das administrações municipais, entre outros pontos. A abordagem territorial de desenvolvimento, por sua vez, encontra na esteira de grandes empreendimentos um estágio ainda incipiente. Não se pode subestimar o alto grau de adaptação e inovação necessário ao emprego de um conceito que prima pela valorização dos atributos endógenos dos territórios, num contexto pautado por um acontecimento exógeno, comumente planejado em âmbito que não diz respeito às aspirações locais de desenvolvimento, mas às demandas macroeconômicas do País.
Objetivos do debate: - Acordar os pressupostos que devem orientar planejamento e ordenamento territoriais à luz de boas práticas já constatadas. - Aprofundar possíveis soluções a entraves notórios dos processos de ordenamento territorial na Amazônia. - Discutir e apontar as melhores condições para o arranjo institucional adequado aos processos de planejamento e ordenamento no contexto de grandes obras. Perguntas norteadoras: As demandas de planejamento e ordenamento territorial, incluindo-se a necessária estrutura inclusiva de governança, podem ser atendidas no âmbito do licenciamento ambiental? Se não, em quais arranjos e espaços (políticas setoriais, políticas regionais, etc.)? Como compatibilizar os tempos de planejamento e execução de um grande empreendimento e de agendas de desenvolvimento territorial? Que lições as experiências de planejamento territorial ensinam (ex: BR-163, Territórios da Cidadania, MacroZEE da Amazônia Legal, PDRS X, outras)? Quais são os principais entraves para ordenamento territorial tipicamente na Amazônia? E como superá-los? MESA 2 - Governança dos processos de desenvolvimento Estabelecer processos de planejamento com participação social, com recorte em uma região, exige pactos e concertações. Um contexto possível é a criação de uma nova institucionalidade, responsável por levar a cabo agendas ou planos de desenvolvimento territorial. O amplo diálogo, com mobilização das diversas instituições de determinado território, estabelecendo debates que conduzam ao planejamento construído coletivamente, também é um caminho viável. Em qualquer caso, o ordenamento do território é essencial e por si só impõe pactuações. É central, em qualquer um desses contextos, constituir governança sobre os processos. Com acordos sobre o uso e ocupação do território, sobre o seu futuro, sobre uma agenda de desenvolvimento, é provável que boa parte das iniciativas elencadas nestes planejamentos encontrem nas políticas públicas componentes que viabilizam sua execução, incluindo seu financiamento. Nas grandes obras, o mesmo se passa com a planificação dos serviços e bens que compõem as estratégias do empreendedor (muitas motivadas pelo licenciamento ambiental), que também podem encontrar alguma correspondência no planejamento do território, acoplando-o às novas oportunidades. Na prática, ainda é pouco efetiva a construção de uma visão compartilhada entre as iniciativas federais, dos estados e municípios, perpetuando-se a fragmentação das políticas públicas no
território. O financiamento desatrelado das agendas territoriais e das visões de longo prazo tendem a gerar projetos pulverizados e pontuais. Nessa tônica, é também frequente a desconexão entre as medidas previstas pelo licenciamento ambiental e as demais políticas públicas e ações governamentais, gerando ineficiência no uso de recursos financeiros e humanos, com baixa efetividade das ações. Caminhos para melhor acomodar essas sinergias e complementariedades partem de processos participativos que incluam todos os setores sociais, de tal sorte a ser amplo e plural, estabelecendo diálogo programático entre as esferas pública, social e privada. Pluralidade, aqui, significa também atentar para a não reprodução de desigualdades locais, quando entes mais organizados ou capitalizados tendem a dominar também os espaços de participação. A participação, no contexto de agendas de desenvolvimento territorial, requer estratégia ciosa para ampliar a interação entre diferentes grupos sociais e estimular o planejamento em função de pactos e objetivos comuns. Nesses termos, a disponibilização de informações estratégicas que auxiliem na identificação de demandas, dos investimentos planejados, das responsabilidades imediatas e das oportunidades, baliza a reflexão sobre o futuro do território e interferem positivamente no estímulo à mobilização. Agendas de desenvolvimento territorial são dinâmicas, respondendo continuamente a desafios, novos investimentos e novos contextos. A governança se estabelece a partir da percepção de que há espaço real de concertação, assim como de capacidade político-administrativa e financeira. A disponibilidade de recursos próprios e gestão profissionalizada são também essenciais para o bom funcionamento dos processos de desenvolvimento territorial, em todas as suas fases e demandas. Objetivos do debate: - Problematizar e propor saídas para a melhor articulação entre políticas públicas das três esferas e o licenciamento ambiental. - Problematizar e propor saídas, à luz de experiências práticas em espaços de participação, para conformação de visões integradas de desenvolvimento, pactuadas entre os diferentes setores da sociedade, e de consequências práticas para a execução de projetos e recursos. - Estabelecer recomendações para a governança de agendas de desenvolvimento territorial nos quesitos de transparência, monitoramento e gestão financeira. - Estabelecer quais pressupostos da boa governança no âmbito do planejamento territorial também se aplicam e se mostram efetivos para processos de ordenamento territorial. Perguntas orientadoras: Como se compõe uma visão compartilhada de desenvolvimento? Como evitar fragmentação e pulverização de ações? Como evitar assimetrias de poder e de acesso à informação e conhecimento entre as partes?
No âmbito do desenvolvimento territorial, como se compõe a representatividade da governança? Quem participa e com base em quais critérios? É recomendável que conselhos de políticas setoriais participem dos espaços de desenvolvimento territorial? Se sim, como proporcionar tais interações? Como a governança do desenvolvimento participa e se apodera dos grandes projetos de desenvolvimento planejados para determinada região? Qual é a conexão com o licenciamento ambiental? Como instalar práticas de monitoramento da efetividade de ações no âmbito do desenvolvimento territorial, e consequente repactuação periódica de metas e estratégias? É preciso separar a gestão de recursos e projetos do âmbito que define a agenda de desenvolvimento? É isso que vai prevenir conflitos de interesse? Informações: Marcos Dal Fabbro 61 9 8566 3534 // Graziela Azevedo 11 9 8584 2266