Introdução à Farmacoeconomia 2013 Joice Valentim 1
Vínculo Novartis Oncologia 2
Agenda Economia da saúde Avaliação econômica em saúde Farmacoeconomia Ca de mama avançado HER2- RH+ 3
Economia da saúde, avaliação econômica em saúde e farmacoeconomia Histórico 1963: artigo de Arrow sobre economia do bem-estar aplicada aos cuidados médicos Década de 60: subdivisão de avaliação econômica dentro da da saúde - desenvolvimento da análise de custo-benefício 1 Décadas de 60 e 70: primeiras avaliações econômicas em saúde economia 1977: artigo de Weinstein sistematizando análise de custo-efetividade em saúde Década de 80: surgimento do termo farmacoeconomia na literatura Década de 90: 4 a barreira (econômica)-austrália; criação do NICE 2 -Reino Unido 2000 até hoje: disseminação de avaliação econômica em saúde 1 Spackman, 2004 2 National Institute for Health and Clinical Excellence 4
Farmacoeconomia Brasil Até 2002: universidades foram as primeiras instituições no Brasil a promover pesquisa e organizar encontros de farmacoeconomia 2002: Seminário experiências internacionais em farmacoeconomia, ANVISA 2003: Gerência de avaliação econômica de novas tecnologias, GERAE, ANVISA 2004: farmacoeconomia incorporada à regulação de preços de drogas 2005/2006 : comissão nomeada para propor política nacional de gestão de tecnologia em saúde; política nacional de gestão de tecnologia em saúde 2006: início da publicação do BRATS e criação da Comissão de Incorporação de Tecnologias do Ministério da Saúde/CITEC 2011/12: CONITEC Fonte: Lemgruber. ISPOR connections set/out 2008 5
Fundamentos teóricos da avaliação econômica em saúde Economia do bem-estar Análise de tomada de decisão Sugden et al, 1978 Culyer, 1991 Williams, 1993 Brouwer et al, 2000 e 2008 6
Economia da saúde e avaliação econômica em saúde (B) O que é saúde? Qual seu valor? Atributos de percepção de saúde, Índices de estado de saúde, Valor da vida, Escala de utilidade de saúde. (A) O que influencia a saúde? (outros além dos cuidados à saúde): Riscos ocupacionais, Padrões de consumo, Educação, Renda. (E) Avaliação microeconômica ao nível de tratamento. Análise de Custoefetividade, Custo-benefício e Custo-Utilidade para formas alternativas de oferta de cuidados à saúde (escolha do modo, local, tempo e quantidade) em todos os estágios (diagnóstico, tratamento etc). (C) Demanda por cuidados à saúde: Influências de A+B no comportamento de procura pelos cuidados. Barreiras ao acesso (preço, tempo, atitude) Necessidade de relação de agência. (F) Equilíbrio de Mercado: Preços monetários, Custo de Espera, Listas de Espera, Sistemas de racionamento não baseados em preço como mecanismos de equilíbrio. Williams, 1987 (H) Mecanismos de planejamento, orçamento e monitoramento. Avaliação de efetividade de instrumentos disponíveis para otimização do sistema. Alocação orçamentária. Normas, regulação etc e estrutura de incentivos que geram. (D) Oferta de cuidados à saúde: Custos de produção, Técnicas alternativas de produção, Substituição de insumos, Mercados para insumos (mão-deobra, equipamentos, drogas etc), Métodos de remuneração e incentivos. (G) Avaliação do sistema em geral. Critérios equidade e alocação eficiente. Comparações de performance internacional e inter-regional. 7
Avaliação econômica em saúde e farmacoeconomia Avaliação multidisciplinar Diferentes áreas envolvidas: economia, medicina, estatística, matemática, física, psicologia, farmácia, biomedicina, odontologia etc Hierarquia por área de conhecimento Economia: Economia da saúde Avaliação Econômica em Saúde Medicina: Avaliação de tecnologia em saúde (ATS) Avaliação Econômica em Saúde 8
Por que precisamos de avaliação econômica? Recursos são limitados: critérios para utilizá-los Sacrifícios (custo de oportunidade) são inevitáveis devido à escassez de recursos. Recursos usados para uma atividade não estão disponíveis para uma outra (tempo de um médico ou leito de hospital/unidade intensiva etc) Para aumentar a eficiência alocativa, devemos comparar custos e benefícios de diferentes intervenções no cuidado de saúde IHEC, University of York 9
O que é avaliação econômica em saúde? Avaliação econômica em saúde é uma análise comparativa de custos e consequências de duas ou mais tecnologias, serviços ou programas (de caráter preventivo, diagnóstico ou terapêutico) Teoricamente, todas as opções devem ser envolvidas, incluindo não fazer nada Eticamente, algumas alternativas (sempre não fazer nada é inaceitável) Praticamente, a maioria dos guias metodológicos recomendam a prática de rotina corrente (mais apropriadamente usada) ou a tecnologia que será substituída 10
Componentes da farmacoeconomia Avaliação econômica de um medicamento Clínica Eficácia: melhoria de saúde em circunstâncias controladas ou ideais Efetividade: melhoria de saúde em rotinas práticas Desfechos Morbidade, Mortalidade, Qualidade de vida Eficiência econômica*: otimização de utilização dos recursos disponíveis de forma a obter o benefício máximo possível Custos * Técnica, alocativa, social 11
Medindo benefícios para a saúde Medidas simples de resultados: Morte evitada, caso prevenido, anos de vida salvos etc Medidas combinadas de resultados: DALY, QALY Duração e qualidade de vida Resultados de curto e longo prazo Resultados clínicos significantes são tidos como os mais importantes: Aumento da expectativa de vida Qualidade de vida aumentada (Euro-QoL, SF-36) IHEC, University of York 12
Modelagem da doença Modelo estático Árvore de decisão Markov Modelo dinâmico externalidades 13
Modelo Árvore de Decisão ANÁLISE DE CUSTO-EFETIVEDADE DE ANÁLOGOS DE SOMATOSTATINA NO TRATAMENTO DE ACROMEGALIA NO BRASIL (Valentim et al. ABE&M, v. 52, n. 9, 2008) 14
Modelo de Markov Ca de Mama avançado HER2+ RH- Doença estável Doença progressiva Óbito 15
Custos Custos diretos no cuidado da doença/médicos internações, consultas, exames, medicamentos, produtos não médicos transporte Custos indiretos perda de produtividade dias/meses/anos de trabalho perdidos pelo cuidador e/ou doente Custos intangíveis sofrimento, dor etc Custos da Intervenção Mogyorosy et al, 2005 16
Custos Etapas das estimativas de custos: Identificação e classificação dos itens de recursos Mensuração das quantidades de uso de recursos Aplicação de custos unitários aos respectivos recursos consumidos ii e iii: micro-costing, gross-costing, mixed approach Mogyorosy et al, 2005 17
A perspectiva da avaliação econômica Especificação explícita da perspectiva do estudo é essencial na análise econômica sociedade sistema de saúde pagadores etc Os benefícios e custos a serem incluídos na análise econômica dependerão da perspectiva da análise 18
O que é avaliação econômica em saúde? Análise de decisão é um grupo de técnicas, entre elas: Análise de minimização de custo Análise de custo-efetividade Análise de custo-utilidade Análise de custo-benefício IHEC, University of York 19
Análise de minimização de custo Benefícios de tratamentos, tecnologias ou intervenções são os mesmos, somente os custos variam Diferenças líquida de custos Encontrar a alternativa mais barata Exemplo: comparar a adoção de determinado medicamento comparando produto de marca, genéricos A e B 20
Análise de custo-efetividade Benefícios medidos em unidades naturais (expectativa de vida, casos evitados, mortes evitadas etc) Diferentes combinações de comparação de custos e benefícios: 21
Análise de custo-utilidade Forma especial de avaliação econômica na qual: Benefícios são medidos em anos de vida ponderados pelo estado de saúde e expressos em termos de utilidade (QALY, DALY índices compostos de saúde) Especialmente útil quando: Qualidade de vida é importante (condições crônicas) Mortalidade e morbidade estão envolvidas Comparação de programas com diferentes tipos de resultados (psicoterapia x cirurgia cardíaca) 22
Mensuração de Utilidade Escalas genéricas versus específicas por doença: Escalas genéricas (ex: Euro-QoL 5D) Escalas específicas por doença Vantagens das escalas genéricas: Mais fáceis para medir, simples de aplicar, comparáveis etc 23
Análise de custo-benefício Benefícios e custos expressos em termos monetários Benefício líquido($)= Benefício($) Custos($) Permite comparar decisões de investimento em saúde com demais setores da economia 24
Razão de custo-efetividade incremental ICER Custo A - Custo B $ = Resultado A - Resultado B Benefício Extra 25
Custo-Efetividade Uma tecnologia de saúde (ou intervenção) é considerada custoefetiva se para uma indicação específica, o benefício incremental da tecnologia (ou intervenção) justifica os custos incrementais e os riscos Limiar de custo-efetividade: OMS sugere 3 x PIB per capita 26
Análise de sensibilidade Univariada Multivariada Probabilística 27
EXEMPLO Ca de Mama avançado HER2+ RH- Terapia alvo com everolimo 28
Diferentes perfis de pacientes para Afinitor (everolimo) Em RH+/HER2 Recorrência Precoce/Adjuvância Progressão/ Metastático Progressão/ Metastático (QT Prévia) Metastático/ Intolerante a QT
Benefícios da tecnologia Afinitor em associação ao exemestano (IA) é capaz de suplantar a resistência à terapia endócrina prévia e é a única terapia que provou um benefício clínico com magnitude jamais observado (ao promover mais que o dobro da SLP e aumento taxas de resposta global para pacientes refratárias a outras hormonioterapias), quando comparado ao exemestano isolado, além de apresentar um perfil manejável de EAs. Afinitor é uma terapia oral, com posologia de uma tomada única diária. Quando associado ao exemestano (tomada única diária), preserva a qualidade de vida destas pacientes e não depende nem promove um incremento adicional de qualquer tecnologia para ser implantado. Afinitor quando associado ao exemestano (IA) promove um beneficio clínico de magnitude considerável, além de potencialmente retardar o uso da quimioterapia na abordagem terapêutica do câncer de mama avançado. 30
Impacto Econômico da introdução de Afinitor em Ca de mama avançado HER2- RH+, perspectiva privado Estudo com dados do mundo real (base de dados Evidências) Distribuição dos pacientes e tempo de tratamento Met óssea 38%, 25-30 meses Met visceral 42%, 16 meses Met óssea e visceral 20%, 14-19 meses Custo médio/paciente/grupo (antes de Afinitor) Met óssea R$135.744 Met visceral R$129.079 Met óssea e visceral 117.172 Introdução de Afinitor em associação com exemestano (80%), variação do custo médio/paciente/grupo Met óssea -3% (Economia) Met visceral -6% (Economia) Met óssea e visceral 11% Custos de EAs 50% menores com Afinitor vs QT 31
Afinitor em Ca de mama avançado HER2- RH+ AFINITOR oferece um novo paradigma de tratamento ao redefinir o papel da hormonioterapia para o câncer de mama avançado RH+HER2- revertendo a resistência endócrina A inibição contínua do mtor estende e aumenta os benefícios da terapia endócrina AFINITOR+inibidor de aromatase (IA) é a única terapia com eficácia comprovadamente superior à da monoterapia com IA após terapia endócrina prévia AFINITOR mais do que dobra a sobrevida livre de progressão (SLP) preservando a qualidade de vida (QV) AFINITOR beneficia todas as pacientes com câncer de mama avançado RH+HER2- na pós-menopausa A melhora consistente na SLP é observada entre todos os subgrupos pré-especificados O benefíco de SLP de AFINITOR excede a observada com terapia endócrina e quimioterapia (QT) AFINITOR tem perfil de segurança / tolerabilidade previsível e manejável, favorável ao da QT 32
Afinitor em Ca de mama avançado HER2- RH+ A relação risco/benefício da QT não é a ideal devido à sua falta de especificidade biológica, à sua maior toxicidade e ao seu benefício clínico limitado AFINITOR pode retardar e potencialmente reduzir os custos associados a regimes QT e tem menos impacto na vida normal do paciente e do cuidador AFINITOR+IA está associado a marcadores ósseos melhorados, o que pode proporcionar efeitos protetores dos ossos Afinitor posterga o uso de quimioterapia e seus custos associados O custo de Afinitor é comparável a demais tratamentos com terapia-alvo em câncer de mama Aumento de sobrevida livre de progressão com preservação da qualidade de vida mantém essas pacientes economica/socialmente ativas Afinitor é custo-efetivo na perspectiva da sociedade O NNT de Afinitor nesta indicação é muito baixo (3,4; 4,5) 33
Conclusão Avaliação econômica como instrumento de decisão criteriosa para alocação de recursos escassos no sistema de saúde Sugestão de leitura: Arbuckle et al, Pharmacoeconomics in oncology, Expert Rev. Pharmacoeconomics Outcomes Res. 2 (3), 251-260 (2002) 34