XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010



Documentos relacionados
4 Avaliação Econômica

PLANTIOS FLORESTAIS E SISTEMAS AGROFLORESTAIS: ALTERNATIVAS PARA O AUMENTO O DE EMPREGO E RENDA NA PROPRIEDADE RURAL RESUMO

Avaliação dos projetos de E&P implantados sob a perspectiva da Análise de Riscos Econômicos

Viabilidade Econômica: Revisão Bibliográfica

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO UNIVERSITÁRIO NORTE DO ESPÍRITO SANTO DISCIPLINA: ECONOMIA DA ENGENHARIA

DISCUSSÃO SOBRE OS CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO ECONÔMICA: VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL), VALOR ANUAL EQUIVALENTE (VAE) E VALOR ESPERADO DA TERRA (VET) 1

CURSO ON-LINE PROFESSOR GUILHERME NEVES

Pindyck & Rubinfeld, Capítulo 15, Mercado de Capitais::REVISÃO

1 Fundamentos de Avaliação de Projetos 1

6 Construção de Cenários

O Plano Financeiro no Plano de Negócios Fabiano Marques

PRIMAVERA RISK ANALYSIS

ANÁLISE DA VIABILIDADE ECONÔMICA PARA PRODUÇÃO DE MELANCIA E CENOURA COM FINANCIAMENTO EM ANAPOLIS GO

Alocação de Recursos em Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária: uma abordagem da Teoria do Portfólio

Modelagens e Gerenciamento de riscos (Simulação Monte Carlo)

DIMENSIONAMENTO DE UM SISTEMA DE SECAGEM E ARMAZENAGEM DE GRÃOS

No cálculo de porcentagem com operações financeiras devemos tomar muito cuidado para verificar sobre quem foi calculada essa porcentagem.

Stela Adami Vayego - DEST/UFPR 1

Um estudo da correlação dos resultados patrimoniais e operacionais das seguradoras Francisco Galiza, Mestre em Economia (FGV)

QUANTIFICAÇÃO DE BIOMASSA FLORESTAL DE PINUS ELLIOTTII COM SEIS ANOS DE IDADE, EM AUGUSTO PESTANA/RS 1

XV COBREAP - CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE AVALIAÇÕES E PERÍCIAS - IBAPE/SP 2009

CLIMAS DO BRASIL MASSAS DE AR

COMENTÁRIO AFRM/RS 2012 ESTATÍSTICA Prof. Sérgio Altenfelder

TEORIA DO RISCO. LUIZ SANTOS / MAICKEL BATISTA economia.prof.luiz@hotmail.com maickel_ewerson@hotmail.com

COMO AVALIAR O RISCO DE UM PROJETO ATRAVÉS DA METODOLOGIA DE MONTE CARLO

Curso CPA-10 Certificação ANBID Módulo 4 - Princípios de Investimento

ANÁLISE DE INVESTIMENTOS. Análise de Investimentos

Escolha de Portfólio. Professor do IE-UNICAMP

7Testes de hipótese. Prof. Dr. Paulo Picchetti M.Sc. Erick Y. Mizuno. H 0 : 2,5 peças / hora

Aspectos Sociais de Informática. Simulação Industrial - SIND

CERNE ISSN: Universidade Federal de Lavras Brasil

Qual é o risco real do Private Equity?

VANTAGENS ECOLÓGICAS E ECONÔMICAS DE REFLORESTAMENTOS EM PROPRIEDADES RURAIS NO SUL DO BRASIL RESUMO

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA LUIZ DE QUEIROZ DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FLORESTAIS LCF-1581

Gerenciamento de Projetos Técnicas e Ferramentas iniciais

Aula 04 Método de Monte Carlo aplicado a análise de incertezas. Aula 04 Prof. Valner Brusamarello

Avaliação de Investimentos

VARIAÇÃO DA VIABILIDADE ECONOMICA FLORESTAL CONFORME O CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO

CAP. 4b INFLUÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA

Método Monte Carlo e a ferramenta do Crystal Ball utilizados na indústria do petróleo: projeções de royalties

TOMADA DE DECISÃO FINANCEIRA: PRODUÇÃO FAMILIAR OU PROGRAMA DE FOMENTO UM ESTUDO SOBRE A PRODUÇÃO DE EUCALIPTO EM SALESÓPOLIS/SP.

AULA INAUGURAL QUESTÕES DO ENEM ESTATÍSTICA. ETAPA SÉRIE ENSINO TURNO PROFESSORES 2ª 3ª Médio M/T

Custos de Gestão e Produção do Sobreiro

5 Conclusões e Recomendações

MRP II. Planejamento e Controle da Produção 3 professor Muris Lage Junior

PRODUTIVIDADE DO CONSÓRCIO MILHO-BRAQUIÁRIA EM INTEGRAÇÃO COM PECUÁRIA E FLORESTA DE EUCALIPTO

PERGUNTAS MAIS FREQÜENTES SOBRE VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL)

Tomada de Decisão e Distribuições de Probabilidade. Lupércio França Bessegato

Texto para Coluna do NRE-POLI na Revista Construção e Mercado Pini Março 2013.

TAXA INTERNA DE RETORNO - IRR

PLANEJAMENTO OPERACIONAL: RECURSOS HUMANOS E FINANÇAS MÓDULO 16

Aplicação do algoritmo genético na otimização da produção em indústrias de açúcar e álcool

04/08/2013. Custo. são os gastos com a obtenção de bens e serviços aplicados na produção ou na comercialização. Despesa

CAPÍTULO 9 RISCO E INCERTEZA

Tecnologia de Produção de Biomassa Energética. Capítulo 2 Florestas Energéticas

2 Independência e dependência das taxas de juro

ESTUDO DO EFEITO DAS AÇÕES DE MARKETING SOBRE O FATURAMENTO DE UMA INSTITUIÇÃO DE SAÚDE DO SUL DE MINAS GERAIS UTLIZANDO TÉCNICAS DE SÉRIES TEMPORAIS

Teoria da Decisão MÉTODOS QUANTITATIVOS DE GESTÃO

MÉTODO MONTE CARLO APLICADO EM FLORESTAS ENERGÉTICAS

Este capítulo é divido em duas seções, a primeira seção descreve a base de

RELACÃO CANDIDATOS E VAGAS NO VESTIBULAR PARA O CURSO DE ADMINISTRAÇÃO EM AGRONEGÓCIOS DE 2007/1 A 2010/2 - UNEMAT/ CUTS

COMPARAÇÃO DOS TESTES DE ADERÊNCIA À NORMALIDADE KOLMOGOROV- SMIRNOV, ANDERSON-DARLING, CRAMER VON MISES E SHAPIRO-WILK POR SIMULAÇÃO

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010


Atividade 4 - Acerte no alvo

MATEMÁTICA FINANCEIRA

PERT/CPM. POP II UDESC Prof. Adelmo A. Martins

Hipótese Estatística:

Comunicado Técnico 03

MANUAL GERENCIAMENTO DE RISCO DE MERCADO

Março/ Parte3. Pag.1. Prof. Alvaro Augusto

ANÁLISE ECONÔMICA DA CULTURA DE ALGODÃO EM SISTEMAS AGRÍCOLAS FAMILIARES MARÍA GLORIA CABRERA ROMERO; OSMAR DE CARVALHO BUENO;

CURSO ON-LINE PROFESSOR GUILHERME NEVES 1

MS 777 Projeto Supervisionado Professor: Laércio Luis Vendite Ieda Maria Antunes dos Santos RA:

O tornado de projeto é admitido, para fins quantitativos, com as seguintes características [15]:

Análise de Sensibilidade

UNIVERSIDADE LUSÍADA DE LISBOA. Programa da Unidade Curricular ANÁLISE E TRATAMENTO DE DADOS Ano Lectivo 2015/2016

Métodos Matemáticos para Gestão da Informação

NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO E OS PRAZOS DE ROTAÇÃO Samuel Leite Castelo Universidade Estadual do Ceará - UECE

AVALIAÇÃO DO MODELO DE ONDAS

CAPÍTULO 9 Exercícios Resolvidos

GESTÃO FINANCEIRA. Prof. Local. Flavio Nicastro aula 4

CAPÍTULO 7 - ÁRVORES DE DECISÃO

Análise de Fluxos de Caixa em ambientes de incerteza e sua aplicação no Controle Externo. Valéria Cristina Gonzaga - TCEMG ENAOP 2011

FINANÇAS AS EM PROJETOS DE TI

Métodos Estatísticos II 1 o. Semestre de 2010 ExercíciosProgramados1e2 VersãoparaoTutor Profa. Ana Maria Farias (UFF)

Tecnologia em Gestão Pública Desenvolvimento de Projetos - Aula 9 Prof. Rafael Roesler

Previdência Complementar

UTILIZAÇÃO DE RECURSOS ESTATÍSTICOS AVANÇADOS DO EXCEL PREVISÃO

Projetos. Universidade Federal do Espírito Santo - UFES. Mestrado em Informática 2004/1. O Projeto. 1. Introdução. 2.

TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR) PERGUNTAS MAIS FREQÜENTES

Correlação e Regressão Linear

CIRCULAR TÉCNICA N o 13 PROGRAMA DE MELHORAMENTO FLORESTAL DA C.A.F.M.A. *

EUCALIPTO COMO FORMA DE COMPLEMENTAÇÃO DE RENDA AO PRODUTOR RURAL

PROGRAMA DE ENGENHARIA DE TRANSPORTE PET/COPPE/UFRJ

Aula 09 Matemática Financeira. Princípios Fundamentais da Engenharia Econômica

MATEMÁTICA FINANCEIRA CARREIRAS FISCAIS 1

A importância do continente europeu reside no fato de este ter

5 Análise dos Resultados Seguro de Vida

Simulação Estocástica

Transcrição:

ANÁLISE DO ORÇAMENTO DE UM SISTEMA AGROFLORESTAL EM SITUAÇÃO DE RISCO RESUMO CAROLINA SOUZA JAROCHINSKI 1 ; ANTONIO DONIZETTE DE OLIVEIRA 2. Objetivou-se neste trabalho analisar o risco de um sistema agroflorestal através de possíveis variações no seu orçamento e analisar os custos que mais influenciam o orçamento final do projeto. Os dados utilizados foram obtidos do estudo realizado por Coelho Junior et al. (2008). A área em que está instalado o sistema agrossilvopastoril analisado situa-se no município de Vazante (17 36 09 S e 46 42 02 W), estado de Minas Gerais. Na análise de risco foi utilizada a simulação de Monte Carlo e envolveu a realização de 100.000 interações. As variáveis de entrada e saída utilizadas na simulação foram respectivamente os custos envolvidos no orçamento e o Valor Presente dos Custos (VPC). Concluiu-se que investir no sistema agrossilvipastoril é uma atividade de baixo risco quando se analisa a variação de seu orçamento. Os custos que mais influenciaram o orçamento do projeto tiveram correlação positiva e foram: custo de implantação do eucalipto, custo de cultivo da soja e custo de cultivo do arroz. Palavras-chaves: Análise de risco, Simulação de Monte Carlo, Sistemas Agroflorestais INTRODUÇÃO Investir no setor florestal é uma atividade que requer análise criteriosa devido ao longo prazo de retorno de seus investimentos. Há na literatura trabalhos que comprovam a viabilidade econômica de plantios florestais no Brasil sob condições determinísticas (ACERBIR Jr. et al.,1999; SOARES et al., 2003; FIGUEIREDO et al., 2005; MALINOVSKI et al., 2006; OLIVEIRA et al., 2008). Neste tipo de análise pressupõe-se 100% de certeza em relação aos valores das variáveis. Coelho Junior et al.(2008) mostram que o consórcio do eucalipto com culturas agrícolas também tem se mostrado viável até mesmo sob condições de risco. Na análise de risco os valores fixos das variáveis são substituídos por distribuições de probabilidades. Sabendo-se da viabilidade dos sistemas agroflorestais torna-se relevante conhecer o orçamento desse tipo de investimento em condições de risco, ou seja, quais valores esse orçamento pode atingir caso ocorram variações nos custos. Conhecer a reserva de capital necessária para o investimento confere maior segurança ao investidor, pois permite que ele saiba se o projeto está realmente ao seu alcance financeiro. A análise quantitativa de risco, usando a simulação de Monte Carlo, oferece ao usuário um método poderoso e preciso para abordar as várias incertezas associadas a cada atividade e produzir uma apreciação realística da incerteza total associada ao problema que se pretende resolver. Sendo assim, o presente trabalho tem como objetivos analisar quantitativamente o risco econômico de um sistema agroflorestal através de possíveis variações no seu orçamento; e analisar os custos que mais influenciam o orçamento final do projeto. MATERIAL E MÉTODOS Dados coletados Os dados utilizados foram obtidos do estudo realizado por Coelho Junior et al. (2008). A área em que está instalado o sistema agrossilvopastoril analisado pertence à Vmetais Unidade Aço ¹ Mestranda em Ciências Florestais, DCF/ UFLA carolsjs@gmail.com 2 Professor Associado, DCF/UFLA donizete@dcf.ufla.br

Florestal Grupo Votorantin, localizada no município de Vazante (17 36 09 S e 46 42 02 W), estado de Minas Gerais. Apresenta clima tipo Aw de acordo com a classificação Köppen, sendo inverno seco e verão chuvoso, com precipitações anuais em torno de 1.450 mm, temperatura média anual de 24 C e altitude de 550m (COELHO JUNIOR et al., 2008). O sistema agrossilvopastoril foi instalado em dezembro de 1993, em talhões de clones híbridos naturais Eucalyptus urophylla x Eucalyptus camaldulensis, com espaçamento 10x4m (orientado nas linhas no sentido leste- oeste). Na implantação da floresta, o eucalipto foi consorciado com arroz (Orizza sativa, cultivar Guarany), plantado no espaçamento 0,45m nas entre-linhas. Um ano após, ao povoamento florestal foi associada a cultura da soja (Glycine max (L.) Merril, culivar Conquista), cultivada no espaçamento de 0,45m. A formação da pastagem de Brachiaria brizantha associada à floresta foi realizada dois anos após a implantação do sistema. A pecuária de corte foi agregada ao sistema do 3º até o 6º ano, compreendendo até o final do ciclo da floresta (COELHO JUNIOR et al., 2008). Na análise de risco foi utilizada a simulação de Monte Carlo. Ela começa pela construção do modelo base de cálculo do Valor Presente dos Custos (VPC) do sistema agrossilvipastoril. Depois são identificadas as estimativas aleatórias do projeto e são definidas suas correspondentes distribuições ou, de outra maneira, são definidas as variáveis aleatórias. Por último é gerada a série com certa quantidade de resultados de VPC que será analisada (LAPPONI, 2007 adaptado). Os passos da simulação de Monte Carlo estão descritos na sequência. Identificação dos riscos e incertezas (variáveis de entrada do modelo) A determinação dos custos em um orçamento pode ser considerada uma fonte de riscos, pois existem incertezas em relação aos valores estimados. Assim, as variáveis de entrada do modelo em estudo (fontes de incertezas) foram as distribuições de probabilidade referentes a cada tipo de custo envolvido no sistema agrosilvipastoril (Tabela 1). A distribuição de probabilidade que melhor se ajustou às séries de dados dos custos foi a distribuição triangular, pois para defini-las, atribuíram-se apenas valores máximos, mínimos e mais prováveis, considerando-se um grau de certeza razoável para a análise do investimento (Tabela 1) (COELHO JUNIOR et al., 2008). Tabela 1. Custos das diversas atividades do sistema agrossilvipastoril. Ano Tipo de custo (US$/ha) Mínimo Mais provável Máximo Distribuição 0 Implantação de eucalipto 546,28 606,98 667,68 606,98 Cultivo de arroz 192,74 214,16 235,57 214,16 Manutenção do eucalipto 83,54 92,82 102,10 92,82 1 Cultivo de soja 239,23 265,81 292,39 265,81 Manutenção do eucalipto 73,65 81,83 90,02 81,83 2 Formação de pastagem 90,29 100,32 110,35 100,32 Manutenção do eucalipto 66,19 73,54 80,89 73,54 Infra-estrutura da pecuária 47,83 53,14 58,45 53,14 3 Insumos da pecuária 17,88 19,86 21,85 19,86 Mão-de-obra da pecuária 4,94 5,49 6,04 5,49 Aquisição de novilhos 145,10 161,22 177,34 161,22 Manutenção do eucalipto 40,25 44,72 49,19 44,72 4 Insumos da pecuária 17,88 19,86 21,85 19,86 Mão-de-obra da pecuária 4,94 5,49 6,04 5,49

Aquisição de novilhos 145,1 161,22 177,34 161,22 Manutenção do eucalipto 40,25 44,72 49,19 44,72 Insumos da pecuária 17,88 19,86 21,85 19,86 5 Mão-de-obra da pecuária 4,94 5,49 6,04 5,49 Aquisição de novilhos 145,1 161,22 177,34 161,22 Manutenção do eucalipto 52,57 58,41 64,25 58,41 Insumos da pecuária 17,88 19,86 21,85 19,86 6 Mão-de-obra da pecuária 4,94 5,49 6,04 5,49 Aquisição de novilhos 145,10 161,22 177,34 161,22 Colheita 412,05 457,83 503,61 457,83 Fonte: COELHO JUNIOR et al. (2008). Identificação da variável de saída do modelo A variável de saída determinada para o modelo foi o Valor Presente dos Custos (VPC) que é dado pela equação 1: VPC n j = C j (1 + i) j= 0 onde Cj é o valor dos custos; i é a taxa de juros; j é o período em que as receitas ou os custos ocorrem; n é o número de períodos ou duração do projeto. A taxa de desconto utilizada foi 6% ao ano. Simulação e análise dos dados A partir de 100.000 interações realizadas com as variáveis de entrada, gerou-se a distribuição de probabilidade para a variável de saída do modelo. Com isso foi possível analisar o risco do orçamento para o sistema agrossilvipastoril e tomar decisões a respeito do investimento. RESULTADOS E DISCUSSÃO Análise de risco no orçamento A Figura 1 apresenta a distribuição ajustada para o VPC (representada pela linha) e a distribuição de probabilidade do VPC obtida a partir da simulação (representada pelas barras). De acordo com o teste do Qui-quadrado a distribuição BetaGeneral foi a que apresentou o melhor ajuste. O Valor Esperado para o orçamento é de R$1.777,66, e ele é obtido através do Valor Presente dos valores mais prováveis da série (Tabela 1). Segundo Lapponi (2007), a mediana é um valor na posição central da mesma série ordenada de forma crescente. A comparação do valor esperado e da mediana antecipa a forma da distribuição de freqüência do VPC. Como o valor esperado (R$1.777,66) é aproximadamente igual a mediana (R$1.777,82) a distribuição não tem nenhuma inclinação, nem para a direita nem para esquerda (Figura 1). Isso também pode ser constatado através da assimetria que é próxima de zero (Tabela 2). A Tabela 2 mostra que os valores mínimos e máximos encontrados para o VPC foram respectivamente de R$1.672,55 e R$1.880,22. A curtose indica a largura da cauda. O coeficiente de curtose da normal é 3. As distribuições que possuem coeficiente de curtose menor do que o da normal, ou seja, menor que 3 são ditas distribuições de caudas leves. (1)

Figura 1. Modelo ajustado e distribuição de probabilidade do VPC. Tabela 2. Estatística descritiva dovpc. Estatística descritiva Valores Mínimo 1672,55 Máximo 1880,22 Média 1777,86 Desvio Padrão 28,95 Variância 838,07 Assimetria 0,00534 Curtose 2,65 Mediana 1777,82 Moda 1780,44 5% 1730,21 10% 1739,80 15% 1746,86 20% 1752,52 25% 1757,50 30% 1762,03 35% 1766,27 40% 1770,24 45% 1774,04 50% 1777,82 55% 1781,61 60% 1785,42 65% 1789,47 70% 1793,62 75% 1798,26 80% 1803,29 85% 1808,91 90% 1815,75 95% 1825,69 Considerando a moda dos valores o VPC foi de R$1.780,44 (Tabela 2). Ao considerar 5% de risco o VPC foi de R$1.825,69 (Tabela 2), ou seja, em 95% das simulações realizadas a estimativa terá este valor.

A Figura 2 mostra que considerando um risco de 5%, existe 41,5% de probabilidade do orçamento ser maior do que o valor da moda (R$1780,44). Essa variação é de R$45,25 e esse é o valor que o investidor precisa ter para cobrir eventuais custos no futuro. Isso prova que o investimento é de baixo risco, pois não seria necessário desembolsar uma quantia grande de capital além do que foi planejado. 1,65 1,70 1,75 1,80 1,85 1,90 Figura 2. Distribuição de probabilidade do VPC. Influência dos custos no orçamento O gráfico tornado apresenta os coeficientes de correlação dos custos do sistema agrossilvipastoril (Figura 3). Observa-se que o custo de implantação do eucalipto foi o que apresentou maior influência na variável de saída VPC. Sua correlação é positiva e no valor de 0,854, ou seja, para um aumento de 10% no VPC haverá um aumento de 8,54% no custo de implantação do eucalipto. Em seguida os custos que apresentaram maior influência no VPC foram o cultivo da soja e o cultivo do arroz com correlações nos valores de 0,316 e 0,287, respectivamente. Figura 3. Gráfico tornado para os custos do sistema agrosilvipastoril.

CONCLUSÕES De acordo com a análise quantitativa pode-se concluir que investir no sistema agrossilvipastoril é uma atividade de baixo risco quando se analisa a variação de seu orçamento. Os custos que mais influenciaram o orçamento do projeto foram o custo de implantação do eucalipto, custo de cultivo da soja e custo de cultivo do arroz. REFERÊNCIAL BIBLIOGRÁFICO ACERBI Jr, F.W.; SCOLFORO, J.R.S.; OLIVEIRA, A.D. de et al. Simulação e avaliação econômica de regimes de desbastes para Pinus taeda para obtenção de múltiplos produtos da madeira. Revista Cerne, Lavras, v.5, N.1, p. 081-102. 1999. COELHO Jr. L.M.; REZENDE, J.L.P. de; OLIVEIRA, A.D. de. Análise de investimento de um sistema agroflorestal sob condição de risco. Cerne, Lavras, v. 14, n. 4, p. 368-378. out/dez. 2008. FIGUEIREDO, E. O.; OLIVEIRA, A.D. de; SCOLFORO, J.R.S. Análise econômica de povoamentos não desbastados de Tectona grandis L.f., na microrregião do baixo Rio Acre. Revista Cerne, Lavras, v. 11, n. 4, p. 342-35. out/dez. 2005. LAPPONI, J.C. Projetos de investimentos na empresa. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. 332p. MALINOVSKI, R.A.; BERGER, R.; SILVA, I.V.; MALINOVSKI, R.A.; BARREIROS, R.M. Viabilidade econômica de reflorestamentos em áreas limítrofes de pequenas propriedades rurais no município de São José dos Pinhais PR. Floresta, Curitiba, v. 36, n. 2, p. 261-274, mai./ago. 2006. OLIVEIRA, A.D. de; FERREIRA, T.C.F.; SCOLFORO, J.R.S et al. Avaliação econômica de plantios de Eucalyptus grandis para a produção de celulose. Revista Cerne, Lavras, v. 14, n. 1, p. 82-91, jan/mar. 2008. SOARES, T.S.; SILVA, M. L. da; GAMA, J.R.V. et al. Avaliação econômica de plantações de eucalipto submetidas a desbaste. Revista Árvore, Viçosa, v.27, n.4, p.481-486, 2003.