A REPRESENTAÇÃO DA MULHER: CONTO E MEMES

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Matheus Henrique Mendonça Cesário
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1 A REPRESENTAÇÃO DA MULHER: CONTO E MEMES André Trindade Fonseca Marjorie Moraes Viviane Tebaldi Moras Introdução A partir do tema da representação da mulher, em evidência em diferentes esferas na sociedade atual, nosso projeto aborda a leitura e produção de texto envolvendo os gêneros conto, como leitura para embasar a discussão da temática, e memes, como produção final. O conto caracteriza-se por ser um gênero de pequena extensão, com um narrador, personagens e enredo. O conto escolhido é Apenas um Saxofone ¹, da autora Lygia Fagundes Telles, uma vez que a autora foi uma das primeiras mulheres a ter destaque na literatura brasileira, na década de 50. Além da sua primogenia no âmbito da literatura, introduziu, também, a figura da mulher como protagonista de suas histórias. Já o meme refere-se a uma imagem, vídeo e/ou frase relacionado ao humor, que se espalha via Internet. A escolha do gênero meme, recorrente no meio virtual, é a ligação que criaremos com os alunos, unindo um tema importante e atual a algo que faz parte da vida deles. Entendemos que tal tarefa seja ideal para alunos da segunda série do ensino médio, de escolas públicas ou privadas, em uma turma com média de 30 alunos. Por conter o gênero memes, o uso de projetor é necessário. O objetivo do nosso planejamento é discutir esse tema de grande relevância social, o papel da mulher, a partir da leitura e produção textual. Referencial teórico Para o nosso projeto de trabalho, assumimos uma teoria pós-crítica do currículo (Silva, 2001), pois acreditamos que o espaço da sala de aula é o lugar de aprendizado, não apenas dos conteúdos escolares tradicionais aplicados, na sua maior parte sem contexto, mas de conhecimento do mundo em que vivemos. Para darmos paginas.ufrgs.br/revistabemlegal REVISTA BEM LEGAL Porto Alegre v. 6 nº

2 continuidade àquilo que acreditamos, ou seja, que o conhecimento de diferentes grupos e reinvindicações sociais devem ter seu espaço garantido no meio escolar, aplicaremos em sala de aula a teoria do multiculturalismo, em que as diversas formas de cultura devem ser exploradas e debatidas tanto dentro das salas de aula quanto fora delas. Segundo Silva (2001), a exposição em sala de aula das diferentes culturas raciais e étnicas - incluímos também a discussão de gênero e sexualidade - é vista como uma solução para os problemas. Uma vez tratando esses assuntos em aula e mostrando diferentes visões, acreditamos que não se pode estabelecer hierarquia entre as culturas humanas, pois todas as culturas são epistemológica e antropologicamente equivalentes. Com a prática de discussões e de esclarecimentos sobre os vários aspectos do mundo em que vivemos, não trabalhando a ideia de tolerância nem mesmo o respeito, pois esse comportamento implica superioridade, mas trabalhando a compreensão das bases sociais, assunto, este, que deveria estar no currículo escolar e ser trabalhado em sala de aula, acreditamos que haverá consciência da parte dos alunos sobre esses pontos. Também pensando de acordo com Walkerdine (2007, pg. 7), [...] é necessário desconstruir os termos, os conjuntos de oposições criados entre masculino e feminino, e conduzir o que se denomina uma história do presente expressão utilizada por Foucault para o exame das condições que produziram nossas práticas, assumidas como verdadeiras, até se parecerem fatos óbvios e inquestionáveis. Com isso, aliados à teoria pós-crítica do currículo, não queremos apenas falar sobre a representação da mulher na sociedade hoje, mas, sim, questionar o porquê da existência dessa visão do feminino, como ela foi formada, para que e para quem essa visão serve, a partir de discussões sobre a situação da mulher e, especialmente, sua manifestação na literatura. Assim, desconstruiremos, juntamente com os alunos, essa paginas.ufrgs.br/revistabemlegal REVISTA BEM LEGAL Porto Alegre v. 6 nº

3 perspectiva da mulher - como uma classe inferior a do homem - que foi imposta a nós e que, sem reflexão, aceitamos como verdadeira. Sumário das aulas AULA 1: 1º momento: o professor inicia uma discussão a respeito da posição da mulher na sociedade contemporânea, mostrando uma linha do tempo dentro da literatura: Quais as mulheres famosas que você conhece? Qual o motivo de sua fama? Vocês se lembram de mulheres na literatura? Quais autoras vocês conhecem? Vocês se lembram de algum livro, conto, poesia em que uma mulher seja a protagonista? Sobre o que esse texto fala? Quais os possíveis motivos que não há tantas mulheres como protagonistas literárias, tanto como autoras ou personagens? 2 momento: o professor apresenta a autora Lygia Fagundes Telles e faz uma linha do tempo das mulheres na literatura brasileira. Os alunos leem o texto, Apenas um saxofone em pequenos grupos e discutem entre si. O professor propõe uma reflexão geral para o grande grupo, ainda sem focar as particularidades do texto, a partir de perguntas provocadoras em relação ao texto: Como a mulher é retratada no conto de Lygia? Como é o ambiente em que vive a personagem? O que significa 44 anos e cinco meses? Qual a referência para a frase mas agora, onde?, repetida pela personagem? Por que a personagem tem aquelas atitudes? Você concorda com o modo como a autora representa a figura da mulher? Por quê? paginas.ufrgs.br/revistabemlegal REVISTA BEM LEGAL Porto Alegre v. 6 nº

4 Há indícios de que a protagonista manteve/alterou a sua postura ao longo do tempo. Quais elementos comprovam essa mudança? AULA 2 1º momento: o professor apresenta para a turma exemplos de memes (em anexo) e discute sobre questões de inferência, conhecimento de mundo, conhecimento compartilhado, fatores de contextualização, intencionalidade, intertextualidade, etc. 2º momento: produção de memes, em grupos, com o auxílio do professor, baseado na representação da mulher no conto Apenas um Saxofone. A turma poderá criar um perfil no aplicativo Instagram ou mesmo espalhar os memes pela escola, provocando um debate geral e saindo de dentro da sala de aula. Notas ¹ O conto Apenas um saxofone está disponível online em e%20-%20lygia%20fagundes%20telles_1.pdf (acessado em 21/09/2016). paginas.ufrgs.br/revistabemlegal REVISTA BEM LEGAL Porto Alegre v. 6 nº

5 Referências SILVA, Tomaz Tadeu da. Diferença e identidade: o currículo multiculturalista. p In:. Documentos de identidade. Uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, WALKERDINE, Valerie. Ciência, razão e a mente feminina. Revista Educação e Realidade. N. 32. Volume 1; jan/jun p paginas.ufrgs.br/revistabemlegal REVISTA BEM LEGAL Porto Alegre v. 6 nº

6 Anexos: paginas.ufrgs.br/revistabemlegal REVISTA BEM LEGAL Porto Alegre v. 6 nº

André Trindade Fonseca Licenciando em Letras com ênfase em Português, Inglês e respectivas literaturas pela Universidade Federal do Rio Grande do

Marjorie Moraes Licencianda em Letras com ênfase em Português, Inglês e respectivas literaturas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Atualmente é professora estagiária do Programa Português para Estrangeiros (PPE) e professora de Redação no Projeto Educacional Alternativa Cidadã

7 André Trindade Fonseca Licenciando em Letras com ênfase em Português, Inglês e respectivas literaturas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atualmente é bolsista/professor de Inglês do programa Idiomas sem Fronteiras. Marjorie Moraes Licencianda em Letras com ênfase em Português, Inglês e respectivas literaturas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atualmente é professora estagiária do Programa Português para Estrangeiros (PPE) e professora de Redação no Projeto Educacional Alternativa Cidadã (PEAC). Viviane Tebaldi Moras Licencianda em Letras com ênfase em Português e suas Literaturas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atualmente, é bolsista PIBIC/CNPq e professora de Redação no Projeto Educacional Alternativa Cidadã (PEAC). paginas.ufrgs.br/revistabemlegal REVISTA BEM LEGAL Porto Alegre v. 6 nº

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