LEITURA E COMPREENSÃO DE TEXTOS EM TURMAS DE ENSINO MÉDIO
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- Larissa Pinho Morais
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1 LEITURA E COMPREENSÃO DE TEXTOS EM TURMAS DE ENSINO MÉDIO Ana Rita Sabadin Bruna Bernardon Caroline Gasparini Franci Lucia Favero Universidade de Passo Fundo RS Iniciação à docência no contexto das relações universidade-escola: investigação, ação e inovação pedagógica Subprojeto da área de Letras EIXO TEMÁTICO: Políticas e vivências do espaço escolar Introdução Este trabalho tem como objetivo discutir o desenvolvimento das habilidades de leitura e compreensão de texto do cotidiano por parte de estudantes de quatro escolas de ensino médio estaduais. Representa o resultado de uma primeira etapa do trabalho proposto pelo subprojeto PIBID-CAPES/UPF 2010 área de Letras. A discussão encontra seu respaldo teórico nos fundamentos oriundos da Linguística Textual. Entretanto, seu escopo teórico-metodológico revela-se um pouco mais amplo, uma vez que convoca exteriores teóricos para o diálogo: é o caso da contextualização do ambiente escolar e social dos estudantes envolvidos, aspecto que mereceu grande atenção no início do desenvolvimento do subprojeto e que, regido por princípios da área de políticas e organização escolar, abre também a perspectiva de discussão acerca dos documentos e da estrutura político-pedagógica que sustentam as práticas pedagógicas das escolas envolvidas; e que, portanto, também influenciam ou direcionam, em certa medida, o trabalho com a leitura e compreensão de textos. Este trabalho surge assim como uma necessidade no trato da língua materna, e a atenção dada aos fatores de textualidade que aponta para a emergência do preenchimento de lacunas importantes na formação do estudante. A escola e o ensino de língua materna precisam cumprir seus objetivos de formar cidadãos conscientes do seu papel no mundo e com capacidade de discernimento da realidade em que vivem. 1
2 Fundamentação e ação O princípio de uma prática educativa democrática, liberta e formativa dentro da sala de aula depende, em primeiro lugar, de um conhecimento prévio e também sistemático da realidade em que a escola está inserida, da organização e da gestão da escola como um todo. A escola enquanto instituição de ensino constitui-se como um espaço de formação e aprendizagem construtiva, em que seus membros, alunos, professores, funcionários e equipe diretiva possam realizar ações educativas a partir de práticas de organização e gestão, atendendo pedagogicamente à demanda. Embarca-se no universo escolar no momento em que se compreende como se dá o funcionamento dessa instituição, que engloba diversas esferas sociais e políticas educacionais. Isso mostra que há uma relação de influência mútua entre a sociedade, o sistema de ensino, a instituição escolar e os sujeitos (LIBÂNEO, 2005, p. 297). Decorre daí a necessidade de os profissionais da educação compreenderem e reconhecerem as relações entre o sistema social, de forma geral, o sistema de ensino e o espaço escolar. A organização e a gestão são meios para atingir os principais objetivos da escola, entre eles, o ensino e a aprendizagem dos alunos. Para tanto, o conhecimento da gestão escolar na etapa primeira do Programa de Iniciação à docência PIBID/CAPES/UPF-2010 propiciou o aperfeiçoamento de atividades realizadas por parte dos licenciandos bolsistas em cada escola envolvida. As escolas integrantes do Programa foram escolhidas a partir do IDEB (Índice da Educação Básica) de cada instituição, na busca por realidades diversas, para que se pudesse realizar um trabalho diferenciado no que diz respeito ao contexto escolar, dando ênfase às aulas de língua portuguesa, mais precisamente o trabalho com leitura e compreensão de textos. Por trás dos muros de nossas escolas, existem realidades distintas a serem descobertas, maneiras diferentes de se fazer o ensino e a aprendizagem. A visita e observação da realidade escolar são de imensa importância para o licenciando conhecer essa realidade, habituando-se, assim, ao seu futuro ambiente de trabalho. Além disso, é possível compreender os fatores essenciais que norteiam a educação como um todo e a vida do aluno, que permanece nas mãos do profissional da educação. A partir das leituras prévias e do contato com o Regimento e com o Projeto Político Pedagógico das escolas, pode-se ampliar conhecimentos acerca do funcionamento de uma instituição de ensino, no que diz respeito também à legislação 2
3 pertinente e ao planejamento de metas a serem cumpridas por parte das escolas para uma educação de qualidade. A realidade político-pedagógica da escola está expressa no Projeto Político Pedagógico. Sobre ele, Libâneo (2005, p.359) diz que: O projeto político-curricular é um documento que reflete as intenções, os objetivos, as aspirações e os ideais da equipe escolar, tendo em vista um processo de escolarização que atenda a todos os alunos. [...]. A importância desse Projeto está em envolver a direção, os professores, os funcionários e os alunos em uma atividade conjunta, pois a escola deve ter certos padrões comuns de conduta, certa unidade de pensamento e ação. Essa ação conjunta propicia a realização dos objetivos e o bom funcionamento da escola. Os Projetos Políticos Pedagógicos das escolas envolvidas mostram a construção de um trabalho conjunto, uma ação integrada em que reúne projetos e ações a serem praticadas por toda a comunidade escolar, definindo, assim, ações pedagógicas, educativas e sociais necessárias à aprendizagem. Esse documento tão imprescindível para uma instituição de ensino considera a escola como um espaço de formação, onde se pode ampliar horizontes, fazendo com que os sujeitos envolvidos modifiquem sua forma de pensar e agir sobre o mundo. Para tanto, a organização escolar necessária é aquela que favorece o trabalho do professor, que existe uma relação entre os objetivos, as funções da escola e a gestão. O trabalho na sala de aula é a razão de ser da organização e da gestão, os professores são também responsáveis pelas formas de organização. As salas de aula fazem parte de um todo maior que é a escola, em uma relação de dependência recíproca. Cabe aos educadores contribuírem para a construção de uma escola social, que garanta o acesso e a permanência com sucesso de todos os alunos, respeitando a diversidade. Por isso, Libâneo (2005, p. 302) diz que: Uma escola bem organizada e gerida é aquela que cria e assegura condições organizacionais, operacionais e pedagógicodidáticas que permitam o bom desempenho dos professores em sala de aula de modo que todos os seus alunos sejam bem sucedidos em suas aprendizagens. Para os licenciandos, a importância desse contato com as escolas está em compreender como se dá o processo de ensino-aprendizagem na instituição escola, 3
4 conhecendo, assim, as formas de organização desse espaço, a partir de princípios e procedimentos que se devem à ação de planejar o trabalho na escola, coordenar e avaliar o trabalho das pessoas, bem como estruturar as funções administrativas, tendo em vista o cumprimento de metas educacionais, levando em conta o caráter social que abarca o ambiente escolar. A partir do contato com o Regimento escolar das instituições envolvidas, pode-se constatar que este é um documento de caráter permanente, dotado de estabilidade que, fundamentado na proposta pedagógica da escola, determina a organização administrativa e pedagógica, estabelecendo reflexões a partir de determinados princípios regidos por legislações e ordens que são aplicadas a todo o país, ao Estado e ao município. Esse documento regulamenta a escola no que diz respeito às leis e diretrizes, determinando as portarias das quais autoriza o funcionamento de tais estabelecimentos de ensino. Como o foco do trabalho desenvolvido neste subprojeto é a leitura e produção de textos, o olhar dos licenciandos e supervisores logo se voltou para este aspecto. O trabalho com leitura, compreensão e produção de textos nas escolas é responsável pela construção dos saberes imprescindíveis para a vida do aluno enquanto cidadão em formação. Por isso, tal questão merece grande destaque no que diz respeito à forma como o texto é apresentado nas escolas, e de quais maneiras ele é trabalhado. Sabe-se que, para melhorar a leitura, compreensão e a produção de textos dos alunos, é necessário, sobretudo, que o professor reflita acerca das novas perspectivas de ensino da língua materna, baseando-se em concepções linguísticas que enfatizem a atividade interacional da linguagem, como é o caso da linguística textual. Com relação à concepção de leitura como ato interativo, os Referenciais Curriculares do Rio Grande do Sul afirmam que: leitura é interação: o ato de ler implica diálogo entre sujeitos históricos (Referenciais Curriculares, 2009, p.55). Logo, pode-se afirmar que o objetivo principal das atividades de leitura é, ou deveria ser, desenvolver a competência de discernimento dos alunos acerca da realidade em que vivem, por meio de uma abordagem que os propicie a capacidade de compreender a leitura como um processo de interação, no qual predomina um produtor e um interlocutor. Como em todo discurso, esse produtor possui uma determinada intenção comunicativa, em um dado contexto histórico e concreto. De acordo com Koch (1990. p. 63), no momento em que seu interlocutor percebe essa intenção, identifica o ponto de vista defendido pelo autor e aciona seu conhecimento de mundo para compreender o 4
5 texto e produzir inferências. Pode-se dizer, então, que o diálogo entre autor e interlocutor acontece realmente. A partir de uma charge publicada em jornal de circulação nacional, os estudantes das escolas envolvidas foram submetidos a averiguação da sua competência leitora. Os resultados obtidos foram os seguintes: Escola 1: 41% compreenderam 37% compreenderam superficialmente 22% não compreenderam Escola 2: 9% compreenderam 46% compreenderam superficialmente 42% não compreenderam 3% não responderam Escola 3: 28% compreenderam 45% compreenderam superficialmente 27% não compreende Escola 4: 4% compreenderam 54% compreenderam superficialmente 42 % não compreenderam Conclusão Faz-se necessário explorar a leitura e a compreensão de textos nas escolas, levando em conta também os fatores que extrapolam a língua, mas que mantêm com ela uma relação de complementaridade. O sentido se constrói para o leitor a partir de fatores como a situacionalidade, o conhecimento de mundo, a intencionalidade, entre outros. O diálogo entre áreas, entre textos e entre realidades surge como metodologia necessária para o desenvolvimento de habilidades e competências discursivas na escola. Referências bibliográficas KOCH, I. & TRAVAGLIA, L.C. A coerência textual. São Paulo: Contexto, LIBÂNEO, José Carlos & OLIVEIRA, João Ferreira de & TOSCHI, Mirza Seabra. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2005, 2. ed. RIO GRANDE DO SUL, Secretaria de Educação do Estado. Referenciais Curriculares para a Educação Básica: área de Linguagens e Códigos. vol. 1. Porto Alegre: SERS/DP,
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