INVESTIGANDO E COMPREENDENDO PROCESSOS DE ALFABETIZAÇÃO

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1 INVESTIGANDO E COMPREENDENDO PROCESSOS DE ALFABETIZAÇÃO Michele do Amaral de Oliveira UPF Queila Janara Portes Dias UPF PROJETO: INICIAÇÃO À DOCÊNCIA NO CONTEXTO DAS RELAÇÕES UNIVERSIDADE-ESCOLA: INVESTIGAÇÃO, AÇÃO E INOVAÇÃO PEDAGÓGICA. SUBPROJETO: LICENCIATURA EM PEDAGOGIA COM DESTAQUE PARA PRÁTICA EM CLASSES DE ALFABETIZAÇÃO EIXO TEMÁTICO: Relatos de experiências em oficinas e salas de aula Introdução O presente trabalho tem como objetivo, socializar a trajetória que o grupo de bolsistas PIBID/CAPES/UPF da sub-área da Pedagogia da Universidade de Passo Fundo trilhou. Inicialmente faremos uma breve contextualização, situando o leitor no tempo, no espaço e na proposta. Em seguida, será apresentado o processo de pesquisa e o que esta revelou. Cabe ressaltar que, nesse breve espaço de tempo, inúmeros elementos de pesquisa e aspectos pedagógicos emergiram, como também inquietações que estão servindo de alavancas para a continuidade do trabalho. Assim, pela importância da apresentação dessa experiência, colocamos a público nossos saberes e incertezas. Situando nossa trajetória Nossa trajetória iniciou em agosto de 2010 com um grupo de vinte e cinco bolsistas, vinte, são acadêmicos do Curso de Pedagogia, quatro professorassupervisoras, as quais atuam em escolas públicas com docência, e uma, professora coordenadora de área, que atua no Curso de Pedagogia da Universidade citada. O processo de estudo, pesquisa e intervenção, envolve a Universidade de Passo Fundo e quatro escolas de ensino fundamental, uma da rede estadual de ensino e três da rede

2 municipal localizadas em diferentes espaços do presente município. Pela natureza de nossa área e pela particularidade do processo de aquisição da língua escrita, a pesquisa ocorre especificamente com turmas de 1º, 2º e 3ºs anos do ensino fundamental. Nos propomos centrar nosso trabalho em quatro eixos: Inicialmente, nossa inserção nas escolas, desencadeando um processo de contextualização, o qual permite a aproximação com o espaço escolar e o conhecimento dos aspectos culturais, sócioeconômicos e educacionais que permeiam a vida das crianças e professores. Posteriormente, temos o eixo onde se efetiva a investigação e o acompanhamento do processo de alfabetização em sala de aula, no qual o desafio se desdobra em compreender, efetivamente, o processo de aquisição da língua escrita por crianças em processo de alfabetação. O terceiro eixo diz respeito à inovação pedagógica e intervenções didático-pedagógicas. Nesse momento, além da construção de sequências didáticas, serão confeccionados materiais de alfabetização e espaços pedagógicos que contribuem para a aprendizagem. Por fim, desconsiderando a ordem cronológica, destacamos o eixo de sistematização e difusão do conhecimento, que nos impulsiona a produzir, sistematizar e colocar a público nossa experiência. Cabe dizer que, além de estarmos transitando no quarto eixo, o que se efetivou no tempo de um semestre, ocorreu especialmente no primeiro eixo. Paralelamente ao trabalho de campo, semanalmente, participamos, de sessões de estudos semanais, com temas sobre o professor-pesquisador, estudos e discussões sobre o processo de pesquisa, sobre infância, aprendizagem e alfabetização. O processo investigativo O processo investigativo se deu semanalmente nas escolas envolvidas e fomos desafiados a realizar uma investigação do contexto das escolas no que diz respeito à realidade sociocultural e econômica, ao nível de letramento das famílias das crianças envolvidas no processo de alfabetização, aos documentos da escola e sua proposta pedagógica. Foram elaborados instrumentos de pesquisa, como fichas de dados sócioeconômicos para as famílias das crianças, questionários para professores e funcionários. Nessa perspectiva, foi realizada a pesquisa através do levantamento de dados com registros sistemáticos e, em seguida, a análise e sistematização. Esse olhar foi permeado de teorias construtivistas e sócio-interacionistas.

3 Tal processo define-se também por sessões de estudos semanais, observações da infância, estudos por grupos de todos os documentos das escolas (regimento escolar, PPP, currículo, plano de ensino etc.). Com a leitura e análise de dados dos questionários, podemos perceber de onde vêm essas crianças que estamos observando, do que gostam, do que brincam, como são seus pais, grau de escolaridade deles, o que lêem, qual o seu nível cultural, quantos irmãos possuem, se participam da vida escolar dos filhos, quem são os professores e funcionários das escolas onde estão inseridas essas crianças, quanto tempo atuam na profissão e na escola, sua formação inicial, o que lhes encanta e o que lhes inquieta e que tipos de leituras realizam. De posse desses dados, nossos grupos de licenciandos-bolsistas, por escola, compilaram os dados, construíram gráficos, sistematizaram o processo em forma de texto e apresentaram no I Seminário PIBID/CAPES/UPF. Nossas descobertas Como resultado, além dos inúmeros elementos encontrados acerca do contexto, destacamos, duas categorias que se evidenciaram: infância e concepção de alfabetização. Sobre infância, cabe dizer que temos um conceito amplo da mesma, ou seja, não falamos de infância e sim de infâncias. Isso se justifica pelas diferenças culturais, modos de vida, situação sócio-econômica, aspectos biológicos, oportunidades que as crianças têm além dos muros da escola. Nesse sentido, o olhar para as crianças das quatro escolas envolvidas no PIBID teve esse óculos que permitiu aprofundar a visão e ampliar as possibilidades de compreender e interpretar as crianças em processo de alfabetização. A infância deixa de ser uma fase para a vida adulta e passa a ter sentido em si, pois a criança é sujeito ativo no meio em que está inserida, modificando-o e por ele sendo modificada. Há atualmente uma nova preocupação, um novo sujeito na sociedade e um novo olhar da mesma para ele. Podemos também dizer um novo cliente para o comércio e a mídia, os quais não apenas vendem, mas manipulam as necessidades dos consumidores, transformando desejo em necessidade. Assim, percebeu-se que os sujeitos que estão nas escolas, as crianças, são criativas, questionadoras, exigentes, além de potencializadoras e carinhosas. São carentes afetivamente e fortemente influenciadas pela mídia.

4 Compreender o caminho que a criança trilha ao se apropriar da língua escrita nos alicerçou para o foco da pesquisa de como acontece esse processo nas escolas em que estamos inseridos, já que a alfabetização está num campo de debates que preocupa o cotidiano das escolas. Portanto, quanto à concepção de alfabetização, nas escolas envolvidas no PIBID, revelamos que a alfabetização é vista como um processo contínuo onde o meio cultural está presente, influenciando as práticas pedagógicas. Obviamente em termos metodológicos afirmamos que ocorre em parte, podendo dizer boa parte. É possível afirmar que práticas pedagógicas que permitem as crianças o contato com o mundo letrado estão presentes. No entanto, o professor necessita de interlocutores, com pares com os quais possam dizer e ouvir. Além disso, foi possível perceber que as crianças são desafiadas a ler e escrever textos de diferentes gêneros textuais e produzir espontaneamente. Focando o olhar para essa infância que temos nas escolas, entendemos que a intervenção pedagógica dos professores em contribui com as aprendizagens dos alunos, é muito importante, inclui-se então, a investigação com os alunos, para que se promova e estabeleça a verdadeira ponte entre teoria e prática, onde permitirá a aprendizagem do grupo de licenciandos-bolsistas, formulando as próprias questões e encarando a experiência diária o que conduzirá a questões e respostas. Destaca-se a importância do estudo da realidade dessas crianças e sua instituição, para que haja uma sistematização do que está sendo escutado e olhado, pesquisando suas histórias e contextualizando com a realidade, contribuindo assim para o desenvolvimento das mesmas de uma forma que se possa subsidiar a ação e a reflexão das propostas observadas. Considerações finais e perspectivas É necessário refletir frente à infância que encontramos nas escolas, é desafiador pensar em propostas coerentes de alfabetização no atual contexto em que vivemos. Que propostas de alfabetização cabem no atual contexto em que vivemos? As crianças, por natureza, são curiosas desde que vêem ao mundo, e ao entrarem para a vida escolar a curiosidade e as dúvidas tendem a aumentar, pois o seu círculo de relações aumenta, pois passa a conhecer o outro, sua cultura seu modo de vida, suas vivências. A professora surge então como a referência e mediação. Nas turmas de alfabetização, a criança tem muita curiosidade, seja de assuntos pertinentes aos

5 conceitos ou sobre o cotidiano, pois elas estão cada vez mais cheias de informação e precisam de um interpretante (FERREIRO, 2005) para auxiliá-las. A percepção que a sociedade muda, e que, a escola sofre com as mudanças é necessário para a elaboração de transposições didáticas nas áreas, pois as crianças precisam de ferramentas para aprender, e respeitar os diferentes saberes que elas possuem para viverem as transformações para a apropriação do conhecimento. Diante da realidade observada nas escolas, percebe-se uma necessidade de mudança que para o processo de alfabetização que seja coerente com o contexto dessa infância que encontramos atualmente nas escolas. Cabe continuar a trajetória, com pesquisa na sala de aula, construção de espaços de leitura, confecção de materiais de alfabetização e elaboração e aplicação de sequências didáticas. O PIBID desafia a olhar para essas crianças, comprometidos em transformar seu processo de alfabetização, buscando caminhos pelos quais a educação esteja presente em seu cotidiano dentro e fora da sala de aula, pois a educação é um processo contínuo. Nessa perspectiva, é possível desenvolver a postura de futuro professor-pesquisador, intensificar o conhecimento teórico-metodológico sobre alfabetização e qualificar o olhar para a infância, para a aprendizagem e para a alfabetização. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CASTORIA, A.C., FERREIRO. E, LERNER, D. OLIVEIRA, M. K. de. Piaget- Vygotsky: Novas contribuições para o debate. São Paulo: Ática, WEISZ, Telma; SANCHEZ, Ana. O diálogo entre o ensino e a aprendizagem. São Paulo: Ática, 2002.