Conterrorizando Um novo olhar sobre as narrativas de terror
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- Gabriel Henrique Lencastre Natal
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1 Conterrorizando Um novo olhar sobre as narrativas de terror Daniela Forcioni Turba dos Santos Edimar Gonçalves de Barros Filho Fernanda Silvania M. do Vale Nádhia Valença Costa Tatiana Simões e Luna Iniciando o suspense Histórias de terror sempre estiveram presentes nas diversas culturas humanas e possuem, em sua construção, aquilo que escapa à explicação racional. O conto, por sua vez, constitui-se como uma produção ficcional e estabelece uma relação entre seres e acontecimentos. Pautando-se nesses conceitos, o presente trabalho tem o objetivo de relatar a proposta de oficina elaborada na disciplina de Didática de Língua Portuguesa I, do curso de Letras da Universidade Federal Rural de Pernambuco no ano de A oficina aqui apresentada contempla os elementos característicos, os recursos linguísticos e os efeitos de sentido decorrentes, para proporcionar um contato com o gênero conto de terror, de maneira diferenciada, na qual a formulação do suspense, do incomum e do inesperado é o objetivo. Por que o terror na sala de aula? O conto de terror é um gênero que aborda o pavoroso e tem o objetivo de produzir a percepção antecipada e sucessiva de medo (BARBOSA, MEY & SILVEIRA, 2005). Ao pensar nos gêneros como objeto e nos textos como unidade do ensino da linguagem, os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998) recomendam o trabalho com variadas esferas da comunicação social, especialmente a literária, com destaque para o gênero conto. Porém, os contos de terror são pouco explorados em sala de aula e nos materiais didáticos de Língua Portuguesa. paginas.ufrgs.br/revistabemlegal REVISTA BEM LEGAL Porto Alegre v. 4 nº
2 Sistematizar o ensino do conto, em sala de aula, de maneira escrita ou oral, visa à possibilidade de comunicação em seus vários níveis, que é um dos princípios defendidos por Schneuwly e Dolz (2004); por meio do domínio das peculiaridades do gênero - por conseguinte - esse aprendizado faz-se de forma mais contundente. Nas etapas de uma sequência didática que sistematize atividades promotoras desse domínio, a partir das características dos gêneros, o aluno poderá colocar em prática o que foi construído, observando seus progressos e colocando-se como um leitor competente em relação a um discurso específico, uma vez que os gêneros coadunam com a promoção de tais competências discursivas. Aterrorizando em sala de aula A oficina tem o objetivo de proporcionar a discussão e construção de conhecimentos bases para o entendimento do conto e de aspectos fundamentais para a análise da estrutura dos contos de terror, visando uma compreensão dos efeitos de sentido pretendidos pelo gênero. A esfera lúdica, o mistério e a investigação sempre seduziram jovens e adolescentes e, apoiando-se nisso, as atividades que compõem a oficina utilizam o terror como uma ferramenta de ensino prazeroso aos alunos. O projeto divide a oficina em seis etapas que exploram diversos elementos do gênero. Abaixo, estão as etapas da oficina que foram pensadas para uma aplicação em turmas do 9º ano do ensino fundamental: 1- Representações de um personagem: Devem ser entregues descrições distintas de uma mesma personagem (uma velhinha) para a elaboração de uma lista de características que será socializada para que os demais participantes tentem adivinhar a personagem que se encaixaria na descrição. Após essa etapa, deve-se montar na sala, sem a presença dos alunos, um cenário de suspense para a exibição do áudio Velhinha da Caxangá, para que paginas.ufrgs.br/revistabemlegal REVISTA BEM LEGAL Porto Alegre v. 4 nº
3 seja introduzida a temática do gênero conto de terror e discutida a diversidade de representações de um mesmo personagem. (50 minutos) 2- Contextualização histórica: Deve-se realizar uma dinâmica com o curtametragem Alma para contextualizar historicamente o gênero e introduzir os elementos do conto. Alguns alunos assistirão ao vídeo e depois contarão a história a outra pessoa e essa, a outra. Através da analogia da dinâmica com a origem oral do conto, deve ser feita uma explanação dos elementos fundamentais do gênero. (50 minutos) 3- Elementos essenciais do conto de terror: Em grupos, os alunos farão a leitura do conto Entrevista, de Rubem Fonseca, e a cada grupo, será entregue um elemento do conto de terror e orientações para que seja analisado o aspecto no texto lido e, posteriormente, seja socializada a percepção desse elemento no texto. Por meio dessa atividade, busca-se explorar o enredo e o uso dos elementos essenciais na construção do suspense do conto de terror, sistematizando os aspectos do gênero. (30 minutos) 4- Recursos estilísticos de um conto de terror: Deve-se entregar o conto Travesseiro de plumas, de Horacio Quiroga, para a leitura em equipes e, juntamente com cada texto, os alunos receberão um roteiro de perguntas, focadas na estilística do conto. Os alunos devem responder e discutir, posteriormente, com os demais, com o intuito de identificar os recursos estilísticos utilizados no gênero e realizar uma sistematização de alguns métodos utilizados para a construção do conto de terror. (30 minutos) 5- Os elementos e seus encadeamentos: Divididos em equipes os alunos receberão o conto Passeio noturno, de Rubem Fonseca, separado em partes. As equipes serão orientadas para a montagem dos fragmentos para a composição do conto, buscando estabelecer coerência e considerando os recursos do gênero. Após a montagem, deve-se realizar a leitura do conto original e discutir as possibilidades de construção dos recursos. (20 minutos) paginas.ufrgs.br/revistabemlegal REVISTA BEM LEGAL Porto Alegre v. 4 nº
4 6- Produção textual: Para encerrar a oficina e realizar uma atividade que sistematize tudo que foi explorado, serão exibidos os resumos de algumas narrativas clássicas infantis para a discussão de quais aspectos os alunos apontam nas narrativas apresentadas que possam remeter a um elemento dos contos de terror. Logo após, deve-se solicitar a produção de uma paródia dos clássicos infantis, utilizando elementos e recursos do gênero trabalhado para posterior socialização e conclusão da oficina. (100 minutos) Com a elaboração das sequências didáticas, a oficina propõe a exploração das narrativas de terror. Objetiva-se estimular a leitura, aproveitando os efeitos característicos que esse gênero produz em quem o lê, e incentivar ainda a produção escrita. paginas.ufrgs.br/revistabemlegal REVISTA BEM LEGAL Porto Alegre v. 4 nº
5 Bibliografia NICOTTI, João Armando; GONZAGA, Sergius; GONZAGA, Pedro (Org.). Contos de mistério e morte. Porto Alegre: Leitura XXI, SCHNEUWLY, Bernard; DOLZ, Joaquim et al. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas: Mercado das Letras, CORTÁZAR, Julio. Alguns aspectos do conto. In:. Valise de Cronópio. São Paulo: Perspectiva, TODOROV, Tzvetan. Introdução à literatura fantástica. São Paulo: Perspectiva, paginas.ufrgs.br/revistabemlegal REVISTA BEM LEGAL Porto Alegre v. 4 nº
6 Edimar Gonçalves de Barros Filho Licenciando em Letras Português/Espanhol pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), foi Pesquisador pelo Programa Institucional de Iniciação Científica (PIBIC/FACEPE) por dois anos e, há três, trabalha como monitor e corretor na Equipe de Redação do Curso de Português - UTI, voltado para o pré-vestibular. Desde 2012, integra, também, o E&E Tradutores Associados, um escritório on-line de revisão, edição e tradução de textos em geral, com especialidade em gêneros acadêmicos. Atua, atualmente, também como professor de Redação no Colégio GGE, da Rede Particular de Ensino de Recife. Fernanda Silvania M. do Vale Licencianda em Letras Português/Espanhol pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), foi bolsista pelo Programa Institucional de Iniciação à Docência (PIBID/UFRPE) por um ano e meio e por seis meses participou como pesquisadora do Programa Institucional de Iniciação Científica (PIBIC/CAPES/UFRPE). Desde fevereiro de 2012 trabalha como professora de Língua Portuguesa/Redação no Colégio Decisão, da Rede Particular de Ensino de Recife. paginas.ufrgs.br/revistabemlegal REVISTA BEM LEGAL Porto Alegre v. 4 nº
7 Nádhia Valença da Costa Licencianda em Letras Português/Espanhol pela Universidade Federal Rural De Pernambuco (UFRPE), foi bolsista pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID/UFRPE) por três anos, participou do grupo de estudo (Neo)Barroco e Modernidade e atua como participante do grupo de Leitura e Fruição da Literatura Contemporânea do curso de Letras da UFRPE, Parataxes, e como bolsista do projeto Oficinas de didáticas da linguagem da UFRPE. Daniela Forcioni Turba dos Santos Licencianda em Letras Português/Espanhol pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), atua há quatro anos como professora de Português e Produção Textual nas séries do ensino fundamental II,e há dois anos,como professora de Língua Espanhola, fundamental I e II,ambas experiências em Rede Particular de Ensino de Recife e Jaboatão dos Guararapes. paginas.ufrgs.br/revistabemlegal REVISTA BEM LEGAL Porto Alegre v. 4 nº
8 Tatiana Simões e Luna Possui graduação em Letras pela Universidade Federal de Pernambuco (2003) e Mestrado em Linguística (2006) pela mesma instituição. Atualmente é professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco. Tem experiência na área de Língua Portuguesa e Linguística, com ênfase em Teoria e Análise linguística e Linguística Aplicada e atuou como orientadora do projeto Conterrorizando. paginas.ufrgs.br/revistabemlegal REVISTA BEM LEGAL Porto Alegre v. 4 nº
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