Alternativas de alimentação para caprinos e ovinos no semiárido
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- Maria do Loreto Lagos Corte-Real
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1 Alternativas de alimentação para caprinos e ovinos no semiárido Marcos Cláudio Pinheiro Rogério 1 Fernando Henrique M. A. R. de Albuquerque 1 Vinicius Pereira Guimarães 1 Delano de Sousa Oliveira 2 1 Pesquisadores Embrapa Caprinos e Ovinos, Sobral-Ceará 2 Mestrando em Zootecnia, Universidade Estadual Vale do Acaraú, Sobral-Ceará
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4 Introdução Importância da exploração de caprinos e ovinos; Falta de um manejo nutricional adequado devido à reduzida disponibilidade de alimentos; Pode converter em prejuízos na quantidade e qualidade dos produtos; O manejo nutricional é o fator que reflete mais rapidamente sobre a produção; Os rebanhos de ovinos e caprinos podem ser criados em distintos sistemas de produção com diferentes formas de alimentação (Poli et al., 2008) É possível encontrar animais confinados em um sistema intensivo, até animais criados extensivamente, muitas vezes, quase em estado selvagem (Otto de Sá et al., 2007). 4
5 Introdução No semiárido, esses sistemas baseiam-se em combinações diversas com outras espécies como bovinos (Costa et al., 2008), o que pode comprometer ainda mais a disponibilidade de alimentos em quantidade e qualidade; Não há um sistema padrão para a criação de ovinos e caprinos que funcione de maneira eficiente em todas as regiões (Siqueira, 2001); Planejamento alimentar Estabelecimento de estratégias de produção, uso e armazenamento de alimentos para os animais; Atendimento das exigências nutricionais; Categorização do rebanho atendendo assim, as exigências nutricionais do rebanho durante todo o ano 5
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7 Planejamento alimentar As pastagens sofrem uma variação muito grande ao longo do ano, em função das condições climáticas. Mudanças nas áreas de pastagens, número de animais Alimentos volumosos de qualidade Baixo custo Planejamento Equilíbrio entre produção e demanda (produtividade e desempenho animal) Hábitos alimentares Exigências nutricionais Valor nutritivo dos alimentos Produtividade forrageira Particularidades no uso dos alimentos Viabilidade econômica 7
8 Planejamento alimentar Tipo, qualidade e quantidade Fornecimento alimentar Escrituração zootécnica Os pequenos ruminantes têm exigências nutricionais em termos de proteína, energia, minerais e água. É importante que o produtor pense não em alimentos milagrosos que possam atender a toda essas classes, mas em uma questão de balanceamento nutricional com a inclusão de ingredientes que possam de fato atender a essas exigências. 8
9 Exemplo: Planejamento alimentar Necessidades de forragem para um rebanho de 100, 200 ou 300 cabras ou ovelhas no semiárido (peso médio de 40 kg), por um período de seca de oito meses e consumo médio, por animal, de 3,0% do peso vivo em matéria seca (40 x 0,03 = 1,2 kg MS), calculam-se os seguintes quantitativos. 9
10 Planejamento alimentar Tabela. Simulações de consumo médio de matéria seca (MS) e reserva necessária de forragem para o período de estiagem. Número de animais Consumo médio kg MS/dia Consumo médio do rebanho kg MS/dia Reserva necessária para período seco t MS 100 1, x 1,200 = x 240 = 28, , x 1,200 = x 240 = 57, , x 1,200 = x 240 = 86,4 Para atender a necessidade do rebanho de 200 animais com a oferta de volumosos, essa reserva poderia ser formada com a produção de 67,8 t de feno (85% MS) ou 192 t de silagem (30% MS) ou 288 t de capim verde (20% MS). Reserva diversificada: áreas de caatinga manipulada, diferentes gramíneas para pastejo, gramíneas para capineiras, bancos de proteínas, palma forrageira, entre outras alternativas. 10
11 Planejamento alimentar Com um bom planejamento, em um período de chuvas de cinco meses, os criadores podem realizar, em regime de sequeiro, dois cortes nas capineiras (com intervalos de 45 a 60 dias), com potencial de produção de 20 a 30 t de MV/corte. Essas 10 t MS (25 t MV x 2 x 20% MS) obtidas em apenas um hectare de capim-elefante, quando armazenadas nas formas de feno ou silagem, são suficientes para alimentar 40 cabras ou ovelhas por mais de cinco meses de seca (40 x 1,5 kg MS/dia x 150 dias = 9 t MS). Em um sistema irrigado onde o produtor pode obter seis cortes por ano com intervalo de 60 dias, pode-se então obter o triplo do rendimento acima, ou seja, 150 t de MV por hectare e 30 t de matéria seca. 11
12 Alimentação de pequenos ruminantes Eficiência de utilização dos alimentos concomitante com a redução dos custos com alimentação Manutenção da condição corporal ideal para cada fase do ciclo produtivo Normalmente existem quatro dietas na propriedade Formulada pelo nutricionista Preparada pelo funcionário responsável pela alimentação do rebanho Distribuída no cocho de alimentação Consumida pelos animais (Essa é que importa!) 12
13 Comportamento alimentar Oportunismo: Preferências alimentares: época do ano, disponibilidade e qualidade dos alimentos Altamente seletivos!!! Ramoneio (folhas largas, plantas herbáceas ou arbustivas) Confinados forma (inteiro, picado, desintegrado, peletizado...), freqüência de fornecimento, forma de conservação do alimento Gasta mais tempo com alimentação (procura, seleção e ingestão; maior extensão de área caminhada e explorada) 13
14 Fatores que interferem no consumo alimentar Quadro 1 14
15 Fatores que interferem no consumo alimentar Quadro 2 15
16 Reflexões
17 Reflexões Desafio 1: Tecnologias para aumento da forragem disponível Raleamento Rebaixamento Enriquecimento 17
18 Reflexões Desafio 2: Suplementação concentrada 18
19 Reflexões Fonte: Leite et al. (2002) A ENERGIA É O NUTRIENTE MAIS LIMITANTE NA CAATINGA CAATINGA ENRIQUECIDA AUMENTO DA FORRAGEM DISPONÍVEL 19
20 Reflexões Desafio 3: Aumentar a base de alimentos disponíveis Forragem Fenação e ensilagem Bancos de proteína Capineiras irrigadas Cana-de-açúcar Palma forrageira Pastejo rotacionado Algaroba Outras... Concentrado Mistura múltipla Subprodutos da agroindústria Cereais Frutas Tubérculos 20
21 Manejo alimentar vigente Suporte forrageiro pastagem nativa enriquecida com capim-búfell (Cenchrus ciliares) Suplementação com alimentos volumosos (seca e águas) Palma forrageira (Opuntia ficus) ALIMENTO VOLUMOSO TOLERANTE À SECA Capim-elefante (Penissetum purpureum)???? Silagem???? Feno???? Assistência técnica?? Concentrado (seca e águas) SUPLEMENTAÇÃO CONCENTRADA Milho???? Farelo de soja???? 21
22 Manejo alimentar vigente Época águas 22
23 Manejo alimentar vigente Época seca 23
24 Manejo alimentar vigente-sustentabilidade Alimento 1,0 Litro/dia 1,5 Litros/dia 2,0 Litros/dia Volumoso (%MS) 68,0 44,0 19,0 Concentrado (%MS) 32,0 56,0 81,0 24
25 Hipóteses para o não investimento em forragens 1. Há uma concorrência entre a produção de forragens para conservação e a produção de alimentos, uma vez que boa parte dos ovinocaprinocultores são também agricultores e precisam produzir cereais no período chuvoso; 2. Há uma relação de risco climático para produção de forragens como o milho ou sorgo o que faz com que os produtores prefiram investir em rações concentradas; 3. Há também escassez de mão de obra para executar operações de plantio, colheita e reserva (ensilagem e fenação). 25
26 Manejo da alimentação concentrada Escolha econômica de ingredientes Utilização de alimentos alternativos Balanceamento do concentrado Suplementação estratégica 26
27 Suplementação estratégica CURVA DE LACTAÇÃO INÍCIO DA LACTAÇÃO MEIO LACTAÇÃO FIM DA LACTAÇÃO PERÍODO SECO TRANSIÇÃO Parto 8 a Sem Prenhez 60 dias pré-parto 3 semanas pré-parto Parto 27
28 Manejo alimentar por categoria de produção Animais na fase de cria Ingestão de colostro (primeiras 18 horas; 0,5 a 1 litro) Creep feeding cordeiros e cabritos até a desmama (a partir dos 10 dias de idade) Controle de mamada (2 vezes ao dia 30 minutos por cada vez) Animais de recria Alimentação à base de forragem de boa qualidade e de concentrados energético-protéicos Fêmeas para reposição Viabilização do aparecimento do primeiro cio Cobertura de borregas e cabritas com peso ideal Deposição excessiva de gordura aumento do acúmulo de gordura na glândula mamária 28
29 Manejo alimentar por categoria de produção Ovelhas e cabras solteiras Alimentação à base de alimentos volumosos de média qualidade Ovelhas e cabras antes da estação de monta Níveis nutricionais elevados, três semanas antes e três depois da estação de monta, podem aumentar o número de animais nascidos (flushing) Ovelhas e cabras não lactantes e nas primeiras 15 semanas de gestação Possuem exigências pouco acima da mantença, mas necessitam ganhar peso, pois vão emagrecer durante a lactação. Ração a base de forrageiras de boa qualidade atendem as exigências desta categoria. 29
30 Manejo alimentar por categoria de produção Ovelhas e cabras em terço final de gestação Possuem exigências elevadas, já que 70% do crescimento fetal ocorre neste período. Recomenda-se melhorar o plano nutricional, com utilização de forrageira de boa qualidade e concentrado Ovelhas e cabras em lactação Os animais utilizam as reservas corporais (gordura) e perdem peso. Matrizes que pariram dois ou mais filhotes devem receber alimentação diferenciada. A divisão dos animais desta categoria em quatro lotes é recomendada, seja ela baseada na produção de leite ou conforme a ordem de parição e o número de crias Fêmeas para reposição Viabilização do aparecimento do primeiro cio Cobertura de borregas e cabritas com peso ideal Deposição excessiva de gordura aumento do acúmulo de gordura na glândula mamária 30
31 Manejo alimentar por categoria de produção Reprodutores em manutenção e serviço Fora de estação de monta manutenção Em estação de monta dietas enriquecidas em proteína e energia Acompanhamento da condição corporal Urolitíase (relação cálcio:fósforo) Forragem de boa qualidade Evitar fornecimento exagerado de farelos ou concentrados ricos em fósforo 31
32 C.C.= 1 C.C.= 2 C.C.= 3 C.C.= 4 Fonte: Albuquerque (2006)
33 Alimentos alternativos 33
34 Tabela 1. Composição químico-bromatológica (%) dos subprodutos de abacaxi, acerola, caju e maracujá Componentes Abacaxi Acerola Caju Maracujá MS 88,51 82,46 89,10 88,26 PB 9,25 17,36 13,78 13,46 PBVD 4,91 11,08 2,89 9,85 NIDA 0,78 1,04 2,87 0,56 EE 1,34 1,57 3,91 7,97 FDN 66,14 74,18 79,23 57,14 FDA 34,41 59,90 68,59 44,16 CHOT TOTAIS 80,21 78,22 79,53 72,03 Ligninas 10,05 40,83 37,76 25,69 NDT 55,95 46,67 47,20 56,89 Fonte: Adaptado, Rogério (2005) 34
35 Cana-de-açúcar Ponta da cana Forragem verde 35
36 Melaço Subprodutos da cana-de-açúcar 36
37 Bagaço de cana Subprodutos da cana-de-açúcar 37
38 Subprodutos do processamento de frutas Bagaço de caju da extração do suco Foto Caju in natura Foto Extração do suco de caju 38
39 Sorgo 39
40 Mandioca 40
41 Batata doce Foto Raiz da batata doce Foto Rama da batata doce 41
42 Soro de leite bovino Foto. Soro de leite sendo descartado 42
43 Estratégias para a alimentação de pequenos ruminantes em regiões áridas e semiáridas Ensilamento de subprodutos agroindustriais; Agregação de valor e produção de rações/alimentos na forma de blocos alimentares ou peletizados; Recursos forrageiros da caatinga; Sistemas agrossilvipastoris Controle e reserva de recursos hídricos (Ben Salem, 2010) Avaliação do desempenho de ovinos e caprinos em diferentes sistemas de alimentação Cultivo estratégico de forrageiras anuais e perenes 43
44 Tabela 2. Valores médios estimados (média ± desvio padrão) pelo método dos quadrados mínimos para peso ao nascimento (PN), peso ao desmame (PD) e ganho de peso diário (GPD) Efeitos PN (Kg) PD (Kg) GPD (g) Sistemas de alimentação Pastagem nativa 3,19 ± 0,06a 17,07 ± 0,31a 147 ± 3a Pastagem cultivada 3,25 ± 0,06a 14,04 ± 0,29b 116 ± 3b Grupo genético ½ Dorper X ½ SRD 3,41 ± 0,06a 16,02 ± 0,33a 135 ± 3a ½ Santa Inês X ½ SRD 3,16 ± 0,07b 15,07 ± 0,34b 127 ± 3b ½ Somalis X ½ SRD 3,08 ± 0,06b 15,58 ± 0,31ab 132 ± 3ab Sexo Fêmea 3,12 ± 0,06b 15,21 ± 0,29b 128 ± 3b Macho 3,31 ± 0,06a 15,90 ± 0,30a 134 ± 3a Tipo de nascimento Simples 3,40 ± 0,07a 17,24 ± 0,28a 147 ± 3a Duplo 3,03 ± 0,07b 13,87 ± 0,33b 115 ± 3b Ordem de parto 1 2,96 ± 0,11c 15,13 ± 0,54a 129 ± 5b 2 3,04 ± 0,08bc 14,81 ± 0,40a 126 ± 4b 3 3,25 ± 0,06a 15,96 ± 0,29a 135 ± 3ab 4 3,22 ± 0,15abc 16,86 ± 0,70a 146 ± 7a 5 3,24 ± 0,08ab 15,66 ± 0,37a 132 ± 3ab 6 3,31 ± 0,06a 15,75 ± 0,30a 132 ± 3ab 7 3,25 ± 0,06a 15,85 ± 0,30a 134 ± 3ab a 8 3,47 ± 0,39a 14,45 ± 1,85a Médias seguidas pela mesma letra na coluna, dentro de cada efeito avaliado, não diferem pelo teste t (P>0,05) 117 ± 18c
45
46 O Projeto Rota do Cordeiro IMPLANTAÇÃO DOS NÚCLEOS DE INOVAÇÃO Centro de Inteligência Núcleos de Melhoramento Genético Núcleos de Excelência na Produção Centrais de Terminação 46
47 Nutrição SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO ALTA QUALIDADE/MÍNIMO CUSTO Insumos alternativos: Subprodutos da agroindústria e indústria alimentícia Volumoso em áreas irrigadas: capineiras, cana de açúcar e bancos de proteína Fábrica Ração Rebanhos comerciais Central de terminação 47
48 Organização da Cadeia Mercado Sala cortes (terceirizada) Central de terminação Frigorífico (terceirizado) 48
49 Núcleos de Inovação NÚCLEO DE EXCELÊNCIA NA PRODUÇÃO OVINA CENTRO DE INTELIGÊNCIA Incentivo à constituição de um ambiente inovador: Ministério da Integração/ CODEVASF, Embrapa, Sebrae
50 Municípios da Rota Tauá/CE Piauí Bahia Pernambuco Paraíba Alagoas 50
51 51
52 Considerações Finais A alimentação animal representa os maiores custos da atividade pecuária Utilização de fontes alternativas que possam substituir fontes alimentares tradicionais Adaptação à realidade do semiárido O programa nutricional não é receita de bolo, e por isso deve ser feito sob medida para cada categoria animal O planejamento das atividades dos sistemas de produção deve considerar as exigências nutricionais, disponibilidade e custos dos alimentos ao longo do ano 52
53 53
54 54
55 Obrigado Marcos Cláudio Pinheiro Rogério Pesquisador - Embrapa Caprinos e Ovinos Estrada Sobral-Groaíras, Km 04, Zona Rural CEP.: , Sobral Ceará Brasil Telefones: (005588) marcosclaudio@cnpc.embrapa.br
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