FUNDAÇÃO SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DO PARÁ. N 0 Recomendação REC - 003
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- Júlia Caminha Gabeira
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1 Página 1/6 1- INTRODUÇÃO: O trato urinário é um dos sítios mais comuns de infecção hospitalar, contribuindo com cerca de 40% do total das infecções referidas por hospitais gerais. Além das condições de susceptibilidade individual, a sondagem vesical de demora (SVD) é o fator de risco mais importante para as infecções do trato urinário hospitalar (ITUH) e infecções associadas a este procedimento representam 66 a 88% de todas as ITUs do hospital. 2- OBJETIVOS: 1. Geral: Prevenir a ocorrência de infecções urinárias associadas a sondagem vesical. 2. Específicos: Reduzir a morbidade e mortalidade relacionada à ITUH associada à SVD; Diminuir o tempo de internação dos pacientes com ITUH; Estabelecer metas de incidência destas infecções. 3- DEFINIÇÕES: a) Sonda Vesical de Alívio (SVA): é a inserção de um cateter (sonda) estéril pelo canal uretral até a bexiga, para drenagem imediata da urina, sendo logo depois retirado; b) Sonda Vesical de Demora (SVD): é a inserção de um cateter (sonda) pelo canal uretral até a bexiga, para drenagem contínua da urina, por certo período. 4- VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA:
2 Página 2/6 Realizado vigilância do procedimento invasivo (sonda vesical de demora) com construção de tendências de infecções de taxas de infecção do trato urinário associada à sonda vesical de demora (SVD). Adaptada da vigilância por componentes do NNIS/CDC. Os critérios de definição são também adaptados do sistema NNIS (Ver Critérios de Definição da FSCMPA). 5- MEDIDAS PARA PREVENÇÃO DE INFECÇÃO URINÁRIA: A) Equipe de Assistência: 1. Somente pessoas treinadas devem manusear a sonda vesical e o sistema fechado. 2. Deve haver treinamento periódico das técnicas de inserção e manejo da sonda vesical e sua conexão. B) Uso da Sonda Vesical: 1. A medida preventiva mais simples e eficaz é evitar o uso do cateter vesical. A inserção só deve ocorrer quando necessária, e retirada o mais breve possível. 2. Considerar alternativas a SVD: uso de punção suprapúbica, cateterização intermitente e uso de coletor urinário. C) Higienização das Mãos: 1. Realizar sempre a higienização das mãos antes e após a manipulação do sistema. D) Inserção da Sonda: 1. Usar técnica asséptica de inserção. 2. Higienizar as mãos com degermante. 3. Usar luvas estéreis, gazes estéreis e geléia lubrificante de uso único. 4. Usar sonda com o menor calibre possível. 5. Fixar sonda, evitando movimentos que tracionem a uretra. E) Sistema Fechado Estéril:
3 Página 3/6 1. O sistema fechado não deve ser desconectado. 2. Não desconectar a sonda do sistema coletor 3. Trocar todo sistema caso haja desconexão acidental. 4. Manter a ponta distal do sistema coletor protegida evitando que toque superfícies contaminadas como receptores de urina, lixeiras, cama e chão. F) Irrigação: 1. Deve-se evitar a irrigação. 2. Somente é permitida no pós-operatório de cirurgia urológica. Neste caso: a. Preferir o sistema contínuo e fechado. b. A irrigação com antibiótico não deve ser feita. c. A junção sonda-coletor-sistema fechado deve ser desinfectada antes da desconexão. d. Para desobstrução, usar seringas e líquido estéril. e. Se a causa da obstrução da sonda for relacionada ao próprio cateter, deve-se proceder a troca. G) Coleta de Urina: 1. Proceder a coleta de amostra de urina no local apropriado realizando desinfecção prévia com álcool a 70% e utilizando agulha de fino calibre. 2. Nunca colher urina da bolsa coletora. 3. Nunca desconectar o sistema para coleta de urina. H) Fluxo Urinário: 1. Manter fluxo de urina livre. 2. Evitar dobra dos tubos. 3. Esvaziar a bolsa sempre que necessário. 4. Trocar cateteres com problemas de funcionamento. 5. Manter a bolsa coletora em nível inferior à bexiga.
4 Página 4/6 6. Clampear o tubo de extensão e colocar a bolsa coletora entre as pernas do paciente durante transporte de pacientes sondados. I) Recomendações Específicas: Cuidados na manutenção: Higienizar a região perineal, com água e sabão, pelo menos duas vezes ao dia. Realizar anti-sepsia do meato uretral com PVP-I aquoso duas vezes ao dia. Realizar antissepsia das mãos com solução de PVP-I degermante ou fricção alcoólica antes e após o manuseio do cateter, tubo ou saco coletor. Manter os fluxos contínuos de urina, favorecendo a drenagem contínua/espontânea por gravidade. Esvaziar o saco coletor sempre que necessário, assegurando-se que a bolsa coletora permaneça abaixo do nível da bexiga. Utilizar nestas tarefas luvas de procedimento, obedecendo a seguinte técnica: a) Fazer antissepsia das mãos com PVP-I degermante ou álcool a 70%; b) Calçar luvas de procedimento; c) Clampear o tubo de extensão; d) Posicionar o tubo de drenagem do saco coletor para o recipiente que irá receber a urina, evitando o contato de ambas as superfícies durante o procedimento; e) Abrir o clamp do tubo de drenagem; f) Acompanhar o esvaziamento espontâneo da urina do saco coletor no recipiente de uso individualizado; g) Fechar o clamp do tubo de drenagem; h) Realizar desinfecção, com álcool etílico a 70%, na ponta do tubo de drenagem; i) Colocar o tubo de drenagem no seu protetor; j) Observar o volume drenado e aspecto da urina; k) Desprezar a urina no vaso sanitário; l) Retirar e desprezar as luvas de procedimento;
5 Página 5/6 m) Realizar antissepsia das mãos com álcool a 70% ou solução de PVP-I. IMPORTANTE! Todos os passos desta técnica devem ser repetidos para o esvaziamento da urina de cada paciente; É proibido o esvaziamento simultâneo de vários sacos coletores bem como a utilização de um único recipiente para várias coletas; Encaminhar a CME os recipientes coletores para processamento adequado (desinfecção de baixo nível); Indicações de urocultura em pacientes com cateter vesical: Suspeita de infecção do trato urinário, orientados pelos dados clínicos e epidemiológicos; Investigação de febre a esclarecer; Bacteremia/Septicemia de provável origem urinária; Pacientes procedentes de outros hospitais e com sonda vesical deve ser colhida urina rotina no momento da admissão no Hospital. Caso seja detectado piúria, a urocultura deve ser solicitada; Nos pacientes admitidos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) procedentes de outras unidades do Hospital, deve-se colher na admissão na UTI o exame de urina rotina. Caso seja detectado piúria, a urocultura deve ser solicitada; Não está indicada a coleta de urina para realização de vigilância periódica. Indicações de troca: Não existe periodicidade na troca da sonda vesical e do sistema coletor; Obstrução da luz do cateter ou tubo coletor;
6 Página 6/6 Suspeitas ou evidências de incrustações na superfície externa do cateter urinário quando é previsível a obstrução do cateter; Contaminação do cateter por técnica inapropriada na instalação ou manuseio; Desconexão acidental do cateter com o tubo coletor, ou quando apresentar mal funcionamento. IMPORTANTE! Quando houver violação do sistema fechado, por exemplo, vazamento no saco coletor, a indicação é de troca de todo o sistema e não apenas do saco coletor. 6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 1. Mayhall CG. Hospital epidemiology and infection control. Williams e Wilkins, 1999,1.286 p. 2. Bennett JV et al. Hospital infections. 3 ed., Boston: Little Brown and Company, Wenzel RP. Preventions and control of nosocomial infections. Williams & Wilkins, 3 ed Couto CR. Infecção hospitalar e outras complicações Não-infecciosas da Doença Epidemiologia, Controle e Tratamento. 3 ed., RJ: MEDSI, 2003
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