Memorial do Estudante
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- Giovana Carreira Carreiro
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1 7 Memorial do Estudante
2 FLORESTABILIDADE LIVRO DO MEDIADOR 7. Memorial do Estudante 29 Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão. Paulo Freire O Memorial do Estudante é um procedimento metodológico utilizado na sala de aula para registro das vivências do cotidiano escolar. Por meio dele, os estudantes reúnem e apresentam informações, evidências concretas e dados específicos sobre a qualidade do ensino e o impacto da aprendizagem. É um excelente instrumental para os estudantes descobrirem seus crescimentos, ou não, como aprendizes, pessoas e profissionais, e, ainda, avaliarem seus desempenhos em sala de aula. Na metodologia Telessala, o Memorial é um caderno de anotações no qual os estudantes podem escrever sobre o seu dia a dia na sala de aula como se fosse um diário. É importante que o registro seja feito diariamente, para que eles possam observar suas descobertas e progressos na sala de aula. Ao final de sua participação no Florestabilidade, os estudantes podem tomar em suas mãos o memorial que construíram ao longo do projeto e saber o que foram capazes de fazer. Eles se sentirão confiantes por serem os autores de tal obra. O Memorial do Estudante deverá conter: Índice Inicialmente, orientado pelo mediador; depois, podendo ser reescrito a critério do estudante. Quem sou eu? Nesta parte, o estudante vai se identificar, escrevendo sobre si, seus sonhos, suas atividades, família, comunidade, escola, tudo que ele considerar significativo para sua identificação. Você pode orientá-lo a usar uma fotografia sua, fazer um desenho ou colar uma gravura. O importante é ele se identificar com o que escolheu para sua autorrepresentação. De quando em quando, ele deve reler o que escreveu e ver se pode acrescentar alguma coisa nova que mostre que foi mudando durante sua caminhada como estudante do Florestabilidade.
3 30 LIVRO DO MEDIADOR Florestabilidade 7. Memorial do Estudante Anotações É tudo o que o estudante quiser escrever sobre o seu dia a dia na sala de aula. Suas responsabilidades como estudante, sua participação nas aulas, seus comentários sobre as atividades desenvolvidas na sala de aula, sobre tudo o que ele considerar importante para seu crescimento como pessoa, estudante e profissional. Além de escrever, o estudante pode usar desenhos, gravuras, fotos, letras de música e poesia, etc. Ou seja, tudo que o ajude a registrar o que aprendeu. Apêndice É a parte extra do Memorial. Para formá-lo, o estudante pode juntar outros materiais que considerar importantes para complementar o que registrou no Memorial. Apresentaremos a seguir para você, mediador, de forma mais detalhada, algumas informações que deverão constar no Memorial. São tópicos que ajudam o estudante a organizar suas ideias antes de começar a escrever. O que posso aprender com o Projeto Florestabilidade? Nesta questão, o estudante deverá escrever sobre o que ele espera encontrar e alcançar nesse projeto. Esse relato vai ajudá-lo a perceber suas mudanças durante essa caminhada. Quais as minhas responsabilidades como estudante? Aqui, o estudante deverá registrar o que ele deve fazer para melhor compreender as temáticas do Florestabilidade. O que eu devo fazer como aluno do Florestabilidade? Nesta etapa, o estudante deverá escrever sobre: os programas de TV aos quais assistiu, as atividades que realizou, a colaboração que prestou aos colegas e ao mediador, sua participação nos debates, os casos e as experiências que contou, as dúvidas que teve, as coisas que acertou, assim como as emoções, as descobertas e os elogios que recebeu e tudo o mais que achar que é importante anotar. O que eu estou fazendo para melhorar? Nesta parte, o estudante deverá registrar o que tem procurado fazer para melhorar, cada vez mais, o seu desempenho como estudante e o seu crescimento como pessoa. Deverá também mencionar estudos, leituras e atividades, como passeios e visitas a museus. Escrever sobre programas de televisão e de rádio, vídeos e filmes que contribuíram para melhorar a sua atividade como estudante na sala de aula. E anotar ainda tudo o que leu, viu, conversou e observou nessas experiências.
4 FLORESTABILIDADE LIVRO DO MEDIADOR 7. Memorial do Estudante 31 Comentários Aqui, é importante que o estudante anote as mudanças que seus colegas, amigos, familiares e professores estão percebendo nele: que agora está lendo jornal, está escrevendo carta, está pensando em fazer um curso de manejo florestal sustentável, está ajudando os filhos ou os irmãos nas tarefas da escola, está mais colaborativo, está participando mais dos trabalhos na sala de aula e outras mudanças importantes que possam ter sido comentadas. E não esquecer de escrever, também, os elogios que seu professor, seus colegas, amigos e familiares fazem a ele. Autoavaliação Nesta etapa, o estudante deverá fazer a sua autoavaliação, registrando o modo em que atua no Florestabilidade, isto é, sua frequência, seu interesse, o cumprimento das tarefas, sua atenção e outros comportamentos e atitudes. Com relação a sua aprendizagem, deverá considerar o aproveitamento, para a vida prática, das coisas que viu durante as aulas, sua frequência/assiduidade, sua participação nas atividades e sua competência para trabalhar em grupo. Minhas reflexões Aqui, o estudante deverá registrar as mudanças relacionadas ao que deu certo e ao que foi difícil de conseguir, e que decisões e providências ele vai tomar para revertê-las.
5 32 LIVRO DO MEDIADOR Florestabilidade 7. Memorial do Estudante 8 A construção de projetos complementares
6 FLORESTABILIDADE LIVRO DO MEDIADOR 8. A construção de projetos complementares 33 Para conquistar coisas importantes, devemos não apenas agir, mas também sonhar, não apenas planejar, mas também acreditar. Anatole France O Florestabilidade representa uma excelente oportunidade para a realização de projetos complementares e interdisciplinares na escola. Constituídos de atividades pedagógicas coletivas, os projetos complementares: ampliam o conhecimento dos estudantes; contribuem para a melhoria da qualidade de vida dos estudantes e de suas relações com o entorno; fortalecem a dimensão cidadã do aluno; agregam qualidade ao processo pedagógico; possibilitam trabalhar as temáticas de forma multidisciplinar; estimulam os estudantes a organizar atividades socializadoras, como mostra cultural, feira de produtos da região e dia temático. Como podem ser desenvolvidos os projetos complementares? Considerando que um projeto deve ser uma atividade coletiva, de cujas decisões todos os estudantes devem participar, apresentamos agumas dicas para a sua construção: Proponha temas que despertem o interesse da turma, atividades que valorizem as diferentes formas de expressão. Estimule a pesquisa e sugira diferentes fontes, como livros, entrevistas e instituições. Planeje cada momento, definindo tarefas e dividindo-as entre os estudantes. Considere a possibilidade de a ideia inicial tomar um rumo diferente do planejado. Mas, lembre-se: nem sempre as hipóteses se confirmam. Observe o tamanho dos grupos, o tempo disponível, o espaço e os recursos necessários, e o objetivo de cada atividade. Por onde começar? Para maior dinamismo e concretude das temáticas trabalhadas, propomos a você, professor/mediador, um roteiro para auxiliá-lo nessa construção coletiva.
7 34 LIVRO DO MEDIADOR Florestabilidade 8. A construção de projetos complementares TEMA/FOCO (O quê?) JUSTIFICATIVA (Por quê?) OBJETIVOS (Para quê?) METODOLOGIA (Como?) CRONOGRAMA (Quando?) RECURSOS (Com quem e o quê?/ Parcerias e materiais/ bibliografia) Que tema será trabalhado pelos estudantes e professor/mediador em cada projeto? Por que o tema é importante? Quais as relações entre o tema escolhido e as disciplinas? O que se pretende com o projeto? De que forma o tema contribuirá para a vida dos participantes? Quais os resultados esperados? O que acontecerá ao final do trabalho? Como será construído o conhecimento? Em quanto tempo será desenvolvido? Que tipo de material será necessário? Com quem poderemos contar para desenvolver a proposta: estudantes, professores, comunidade escolar, etc.? CONCLUSÕES Na sua opinião, o que acontecerá ao final? A prática de pesquisa A pesquisa é uma atividade importante em qualquer processo educativo. Ela pode ser feita, basicamente, a partir de fontes orais, escritas e visuais. Lembramos que, tanto nas fontes escrita e visual quanto na fonte oral, opiniões diferentes enriquecem a pesquisa. O uso de mais de uma fonte possibilita o confronto de opiniões e a formulação de opiniões mais consistentes, e estabelece comparações. E a crítica deve ser vista pelos estudantes como crescimento do conhecimento. Fontes escrita e visual As escritas são livros, dicionários, enciclopédias, artigos, notícias de jornais e revistas, documentos, relatórios, informações disponíveis na internet, etc. As visuais são as iconografias (fotográficas, desenhos, mapas, ícones, etc.) e os audiovisuais (vídeos e filmes). Além de ético, citar as fontes utilizadas na construção do projeto é importante, pois serve como referência para o leitor, assim como para dar respaldo teórico
8 FLORESTABILIDADE LIVRO DO MEDIADOR 8. A construção de projetos complementares 35 para quem fez a pesquisa. Além disso, contribui para a multiplicação das ideias dos autores das obras consultadas. As citações das fontes devem ser organizadas em forma de bibliografia. Quando uma ou mais frases do autor pesquisado forem citadas na íntegra, elas devem ser escritas entre aspas e, entre parênteses, devem ser citados o sobrenome do autor, em letras maiúsculas e, em seguida, o ano da publicação do texto. Fontes orais São entrevistas cujas informações podem ser transmitidas por meio de anotações ou gravações audiovisuais. Nas pesquisas orais, é importante elaborar um roteiro de perguntas antes da entrevista. Como um guia, ele possibilita obter o máximo de informações no momento da entrevista. Durante a entrevista, novas perguntas podem surgir. Da mesma forma, outras podem perder o propósito. É preciso ser flexível, sem perder de vista os objetivos. As perguntas formuladas não devem induzir as respostas, deixando o entrevistado livre para se posicionar. Uma análise dos depoimentos se faz necessária antes da elaboração das conclusões do entrevistado, a fim de verificar se contêm todas as informações desejadas, ou se é necessário colher novos relatos. Convém lembrar aos estudantes que uma entrevista nada mais é do que um bom bate-papo. Por isso, eles devem ser estimulados a serem curiosos e a pedir explicações quando não entenderem uma resposta. Eles também devem estar dispostos a se surpreender com novos conhecimentos. A culminância Deve ser definido em conjunto com os estudantes como serão apresentados os projetos: mostra cultural, feira de produtos da região ou dia temático. No contexto do Florestabilidade, os produtos florestais não madeireiros extraídos por comunidades nas quais vivem os estudantes, ou o trabalho dos profissionais de manejo madeireiro na região, por exemplo, são aspectos que podem ser valorizados pelos projetos complementares. A memória do projeto É importante que você, professor/mediador, e os estudantes façam um registro de todo o trabalho desenvolvido em cada projeto. Recomendamos, também, que as produções mais representativas dos trabalhos dos estudantes (desenhos, produção de textos, etc.) sejam arquivadas para compor os relatórios de acompanhamentos e o relatório final dos projetos realizados pelos estudantes.
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