Transcrição da Teleconferência Q&A Resultados do 3T08 Fertilizantes Heringer (FHER3 BZ) 13 de novembro de 2008

Transcrição

1 Pedro Medeiros, UBS Pactual: Bom dia, Dalton. Na verdade eu tenho duas perguntas. A primeira, eu queria, se vocês pudessem elaborar um pouco, comentar sobre como é que está o tamanho do seu estoque neste momento versus o final do 3T. Em resumo, como andou a performance do volume de vendas durante o mês de outubro e novembro, se puder. E a segunda pergunta, a unidade de SSP contribuiu de alguma forma no seu resultado do 3T? Se ela contribuiu, vocês podem detalhar como? Você acha que a gente pode assumir a planta rodando em capacidade máxima para os últimos dois meses de 2008? Obrigado pelas suas perguntas, Pedro. Quanto à primeira pergunta, em relação ao estoque, hoje já se tem um estoque realmente bastante mais baixo do que estava em 30 de setembro. O mês de outubro é um mês de entregas bastante forte para a Companhia, apesar do período em relação à sazonalidade já colocada na apresentação ser menor do que o ano passado, sim, os volumes são muito grandes e os estoques hoje estão bem abaixo do que estavam em 30 de setembro. E conforme a apresentação também, a nossa intenção é estar, no final do ano, com níveis próximos aos históricos ou até possivelmente um pouco mais baixos. Com relação à sua pergunta em relação à produção, não. Até 30 de setembro não tinha efeito nenhum, existiam vários processos em teste, mas com produção ainda realmente muito baixa. A produção iniciou realmente no final de outubro, início de novembro; tem uma curva de aprendizado, estamos passando por ela, e a gente não acredita em uma curva de aprendizado muito longa. A gente tem pessoal com experiência e gabaritado para tocar esse processo de forma a ter essa curva de aprendizado o mais rápido possível absorvida. Então a gente acredita que, a partir de janeiro, sim, teremos a produção a pleno. Neste período de outubro, novembro e dezembro, realmente o start-up começou de fato no final de outubro, e novembro e dezembro vão ter realmente uma curva de aprendizado. Pedro Medeiros: Está ótimo. Muito obrigado. Antonio Rubbo, Banco ABC Brasil: Bom dia. Parabéns pela apresentação. A minha pergunta consiste no aspecto de tentativa de recuperação da formação de preço do produto para este período, após o impacto da desvalorização cambial. O ponto é o seguinte: se vendeu um produto com uma formação de estoque a um preço mais alto em um mercado recessivo, de escassez de crédito aos produtores. Eu queria um comentário seu a respeito de como de fato isso está ocorrendo em novembro, outubro; se esse crédito já chegou a mão - 1 -

2 dos produtores, qual a motivação de eles estarem comprando; você está conseguindo repassar esse preço? É mais é essa questão do seu estoque, eu gostaria de um comentário a respeito disso. E se de fato a expectativa de consumo no ano será os , ou talvez menos, e como o setor vai passar com o estoque? Obrigado. Obrigado pela pergunta. O repasse está sendo feito. Existe realmente, como sempre, dentro dos setores dolarizados um delay de repasse dentro da cadeia. O que tem dificultado mais este ano do que em outras situações cambiais que já vivemos é de fato essa conjuntura de crédito para agricultura. Hoje os estoques estão sendo reposicionados a uma taxa de R$2, R$2,10, tem muita volatilidade cambial presente hoje no câmbio. Então dificilmente você tem uma capacidade de enxergar a variável USD pela volatilidade que você tem hoje. As oscilações têm sido muito bruscas e fortes. Com relação ao volume total do setor, a gente, na apresentação, coloca 23,8 mil. De fato, nos vem causando bastante preocupação essa situação de crédito para agricultura. Isso realmente está nos levando a acreditar que esses 23,8 mil podem até ser revistos para baixo um pouco, pela dificuldade de se ter crédito por parte do agricultor, de fazer todas as compras que ele precisa. Apesar de o setor ter antecipado bastante, vários produtores sempre deixam algum volume para comprar mais próximo da época de uso do fertilizante, em termos de safra de verão. Quem deixou para comprar por esse último tem realmente se deparado com esse problema creditício de forma bastante expressiva. O Governo vem tentando fazer com que esse recurso chegue mais fortemente a mão do produtor, entretanto não é o que a gente tem conseguido observar, de fato esse produtor tendo essa facilidade na ponta do crédito. Então, fazendo com que esses 23,8 mil hoje nos façam ficar preocupados com relação ainda de crédito para se alcançar isso. Com relação a estoque setorial, existe uma expectativa do setor de estar com algo em torno de 6 milhões de toneladas, e eu diria que a Companhia, um percentual deste, parte desses 6 milhões de toneladas não está na mão da mistura, e sim na mão da produção nacional. Ou seja, esse estoque que eu estou citando é o estoque total do Brasil, incluindo inclusive os produtores, na qual a gente acredita estar em uma posição relativa, em termos desse estoque total de passagem de ano, confortável, em um nível de estoque bastante adequado. Antonio Rubbo: Está ótimo. Obrigado

3 Luis Mann, M. Safra: Bom dia. Eu queria voltar a pergunta para as unidades de super simples. Tem alguma indicação de impacto na margem, ou valor incremental de EBITDA que a gente pode ter em mente para o ano de 2009, ou é muito cedo para falar isso? Com certeza a gente vai ter realmente, com esse aprendizado de novembro e dezembro, mais firmeza para estar afirmando isso. Mas a gente acredita ainda no guidance dado desde a abertura de capital, no qual a gente teria um incremento da margem da Companhia em termos de margem EBITDA normalizada entre 0,5% e 1% de margem incremental EBITDA. Mesmo com esse aumento de quantidade que foi bastante expressivo, foi de toneladas. Você acha que se fosse para , isso vai significar um aumento de EBITDA? Qual o impacto? Na realidade, é mais produção, é mais capacidade de gerar, com o mesmo investimento, um volume maior de produto no decorrer do ano. Mas qual seria a expectativa sua em termos de impacto disso, desse incremento de volume? Como é que fica em relação a sua provisão inicial? De fato é o que a gente está colocando. Ou seja, se tinha uma expectativa de produção no projeto inicial, lá na abertura de capital que, no decorrer da construção e da viabilização do projeto, gerou-se essa capacidade de produzir mais, com os ajustes feitos dentro da construção. O guidance inicial, dado lá atrás, de fato era esse 0,5% a 1%. A gente tem conforto para estar realmente reafirmando esse guidance em termos de margem EBITDA normalizada, e agora de fato, para realmente rever essa posição, eu diria que a partir do momento do start-up, dessa curva de aprendizado e tudo, vai ficar mais fácil para colocarmos alguma coisa nova, em termos de nova expectativa. Mas, de fato o que se tem hoje é que a produção nesses níveis, e com essas projeções que temos aqui, seria nessa faixa de 0,5% a 1% de incremento de margem EBITDA para a Companhia. Está bom. Outra pergunta, em relação à relação com seus fornecedores. Você está vendo alguma dificuldade em financiar o seu capital de giro, caso você tenha necessidade? - 3 -

4 Boa pergunta, Luis. Junto a fornecedores, não. A gente vem trabalhando já há muitos anos com fornecedores em termos de compra a prazo. Basicamente são compras de 180 dias, prazos realmente bastante curtos, no qual esse fornecedor tem uma dependência também bastante grande do Brasil e da Companhia para distribuir esses produtos internamente. Nossa relação é uma relação duradoura e de longo prazo, então a gente não tem tido, até então, para as necessidades atuais de compra, que são pequenas neste período; mas já fizemos alguns navios, vamos colocar assim, algumas compras de regularização de demanda para algumas regiões, na qual, de agosto para cá, continuando a se fazer nas bases anteriores em termos dos fornecedores. O que se tem em relação a crédito, em um primeiro momento, foi uma queda muito abrupta na parte de bancos, começando a se retomar hoje a normalidade. A gente tem já vários bancos operando e fazendo algumas operações, já iniciando novamente a parte de trading finance, em termos de comércio exterior, normalizando aos poucos as linhas internacionais bancárias. Então, a parte de fornecedor até não teve nenhuma interrupção, e já na parte bancária, sim, teve um ajuste mais forte, que está começando a retomar de agora para frente. A gente vem sentindo que a coisa vai se normalizando na parte de linhas externas bancárias. Eu tenho uma última pergunta, em relação à situação do mercado como um todo. Você mostrou aqui um aumento de market share, que em grande parte está associado ao fato de você ter entrado em novas regiões. Mas você pode comentar um pouco como está o seu market share nas regiões onde você já está atuando? Acredito que a situação do setor seja uma situação onde há alguns misturadores com dificuldades. Se pudesse abordar um pouco esse assunto. Na maioria das regiões, mesmo as que a gente tem atuação de muitos anos, vimos nos mantendo, até crescendo um pouco. De fato, o grosso, a maior parte do incremento vem de regiões novas, mas existe essa situação que você colocou, de várias companhias que ainda estão realmente disputando esse mercado nacional, que podem ter, algumas delas, dificuldade de se manter, como historicamente vem acontecendo, uma redução dos números desses menores em termos de participação total do mercado. Quer dizer, eu estou falando até de histórico, porque isso já vem acontecendo, quem acompanha e analisa, vê realmente as nossas apresentações, sabe que isso já vem acontecendo. Uma crise nessa magnitude pode acelerar esse processo; apesar de a gente não estar afirmando que vai acontecer, mas pode acelerar o processo

5 Minha última pergunta, em relação ao seu balanço. Você coloca que você tem níveis de inadimplência bastante baixos e um controle bem intenso dos seus recebíveis. Eu queria entender qual é o nível percentual de inadimplência da Companhia hoje. Vamos fazer até uma resposta bastante ampla, para lhe dar um entendimento bastante interessante para essa área. O setor trabalha, em uma média, algo em torno de 0,5% do faturamento como inadimplência. Essa é uma histórica média do setor. A nossa Companhia vem trabalhando com níveis abaixo disso, em termos históricos, eu diria que abaixo de 0,4%. Os últimos dois anos foram bem mais interessantes em termos de liquidez, a gente trabalhou na faixa de 0,3%, e este ano estamos trabalhando com uma previsão um pouco abaixo de 0,3% do faturamento do ano como perda efetiva de PDD. Isso tem se mostrado estável nos últimos meses? Tem. Basicamente o que se tem, em um primeiro momento, soja no caso específico, sendo vendida com prazos extremamente curtos. Os prazos maiores são para algumas culturas que já têm uma tradição de compra com 30, 60 dias. Isso vem sendo realmente trabalhado fortemente no crédito. O risco basicamente aumentou mais fortemente em algumas culturas como cana, por falta de recurso financeiro, bancário em um primeiro momento. Mas os volumes para cana são baixos, então a gente vem realmente acompanhando isso com bastante cuidado, e a gente não enxerga, nesse quesito inadimplência, uma situação de problema. OK. Obrigado. Diogo Souza, Banco ABC Brasil: Bom dia, Dalton. Eu gostaria de saber em relação ao atraso de recebimentos. Você já foi abordado sobre inadimplência, mas atraso de recebimentos. Se esse impacto que está tendo de aperto de crédito para o produtor já está refletindo em relação a atrasos que vocês estão tendo. E outra coisa, eu queria saber como vocês pretendem reduzir os estoques, se o produtor está tendo problemas de crédito. Vocês têm uma política de que vão aumentar o prazo para clientes, ou o prazo vai se manter e o produtor vai ter que ir atrás de linhas de crédito para comprar o produto de vocês? Obrigado

6 Obrigado, Diogo. Na realidade, o nosso prazo vai se manter. O reflexo desse prazo nosso mantido e uma dificuldade do produtor de muitas vezes se financiar em termos bancários, faz com que aconteça o que a gente já está colocando como projeção de consumo menor no total. O ajuste de estoque passa, além da questão do volume, também pelas compras. O ajuste está sendo feito nas duas pontas, nas cadeias da entrega, que conforme a gente falou, esse 4T para a Companhia é um 4T sempre muito interessante, também para o setor de fertilizantes bastante interessante com entregas, e o ajuste passa pelas compras. A gente está fazendo compras dentro de um programa para realmente levar os estoques para níveis que colocamos, bastante inferiores aos trimestres anteriores. Diogo Souza: OK. Eu queria saber também se vocês estão tendo que dar desconto para o seu cliente para que tenha uma redução desses estoques. Conforme a gente falou, o setor tem trabalhado com uma oferta e uma demanda bastante justa, na qual você tem realmente uma expectativa de redução de consumo, fazendo com que você tenha nesse período uma oferta bastante grande. De certa maneira, a sazonalidade que a gente está colocando no setor reflete um pouco essa situação comercial que estou colocando. Então você tem, neste 4T, margens um pouco mais apertadas do que você verificou, por exemplo, no 1S, na qual, historicamente, a sazonalidade era bem menor, os volumes foram muito superiores ao que estão sendo agora. Hoje você tem um consumo em níveis inferiores aos dos períodos anteriores, a igual período anterior, fazendo com que a margem realmente fique um pouco mais apertada do que se verificou no 1S08. Isso já está até um pouco refletido de certa forma no 3T, e também se verifica um pouco dessa situação que estou te colocando para o 4T. Diogo Souza: Obrigado Dalton. Operadora: Senhoras e senhores, encerramos neste momento a sessão de perguntas e respostas. Gostaria de passar a palavra ao Sr. Dalton Heringer para as considerações finais. Obrigado a todos pela presença e pelas perguntas. A Companhia vem fazendo todo seu esforço dentro da política de estar realmente fazendo os investimentos e - 6 -

7 concluindo esse processo importante de investimentos que estamos concluindo agora. E aguardando realmente com esperança essa crise financeira internacional, em termos de melhoras, para se ter de fato um pouco mais de previsibilidade e facilidade como País e com a agricultura em termos de futuro. A gente acredita demais na agricultura brasileira. Ela é uma agricultura com custos muito competitivos, com uma logística em termos de clima, de topografia, de terra, bastante favorável, e a gente vem realmente conseguindo, no longo prazo, ter um destaque muito interessante dentro do agronegócio. A gente acredita que, realmente, essa situação é para médio e longo prazo. Dentro dessa crise financeira, basicamente, alguns setores podem estar mais afetados do que outros. Eu até brinco aqui dentro da Companhia que dificilmente as pessoas vão poder, a não ser por uma situação absoluta de renda, deixar de almoçar e deixar de jantar. Outras coisas podem deixar de ser feitas: trocar um carro, trocar uma casa, mas deixar de almoçar e de jantar, em termos absolutos, a não ser por uma questão absoluta de renda, as pessoas não vão deixar de manter um patamar de consumo de alimentos. Esses fundamentos são muito fortes, e o Brasil, dentro dessa questão de fundamentos de custo e de projeção futura, é muito forte. A perspectiva para o negócio, dentro de uma conjuntura favorável, em termos de melhoria da crise financeira internacional, é de retomada e de crescimento. Basicamente, agradecer novamente, e um abraço a todos. Operadora: A áudio-conferência da Fertilizantes Heringer está encerrada. Agradecemos a participação de todos, e tenham um bom dia. Obrigada. "Este documento é uma transcrição produzida pela MZ. A MZ faz o possível para garantir a qualidade (atual, precisa e completa) da transcrição. Entretanto, a MZ não se responsabiliza por eventuais falhas, já que o texto depende da qualidade do áudio e da clareza discursiva dos palestrantes. Portanto, a MZ não se responsabiliza por eventuais danos ou prejuízos que possam surgir com o uso, acesso, segurança, manutenção, distribuição e/ou transmissão desta transcrição. Este documento é uma transcrição simples e não reflete nenhuma opinião de investimento da MZ. Todo o conteúdo deste documento é de responsabilidade total e exclusiva da empresa que realizou o evento transcrito pela MZ. Por favor, consulte o website de relações com investidor (e/ou institucional) da respectiva companhia para mais condições e termos importantes e específicos relacionados ao uso desta transcrição