P.A. n.º 005/2017-CMTU e PREGÃO PRESENCIAL nº 002/2017-CMTU JULGAMENTO DE REQUERIMENTO DE IMPUGNAÇÃO

Transcrição

1 JULGAMENTO IMPUGNAÇÃO PP002/2017-CMTU página 1 de 17 DECISÃO P.A. n.º 005/2017-CMTU e PREGÃO PRESENCIAL nº 002/2017-CMTU JULGAMENTO DE REQUERIMENTO DE IMPUGNAÇÃO Trata-se de IMPUGNAÇÃO AO EDITAL interposta pela COOPER CARD ADMINISTRADORA DE CARTÕES LTDA, referente ao PREGÃO PRESENCIAL n.º 002/2017-CMTU, cujo objeto é o Contratação de empresa especializada para prestação de serviços de gerenciamento e administração de benefício alimentação, por meio de cartão magnético/eletrônico com chip de segurança, aos servidores desta Companhia Municipal de Transito e Urbanização de Londrina - CMTU-LD, que possibilitem a aquisição de gêneros alimentícios in natura em ampla e abrangente rede de estabelecimentos credenciados, (Hipermercados, Supermercados, Mercados, Mercearias, Açougues, Frutarias, Peixarias, Padarias, etc.), na forma definida na legislação do Ministério de Trabalho e Emprego que regulamenta o PAT Programa de Alimentação do Trabalhador. I DA ALEGAÇÃO A impugnante requer o processamento da impugnação e julgada procedente a fim de modificar o instrumento convocatório, para participação de empresas que possuam a tecnologia de cartão magnético; e a modificação do item 3.9 quanto a exigência de todas as redes de supermercados, tornando a exigência variável entre 10 (dez) ou 12 (doze) redes. II DA TEMPESTIVIDADE Observa-se que a minuta de peça impugnatória fora protolocolizada na data de 03/02/2017, portanto dentro do limite estabelecido pelo Item 1.2 do respectivo edital, sendo, portanto, tempestiva e passível de conhecimento. III DA ADMISSIBILIDADE Preliminarmente, cabe registrar que a peça interposta, traz como impugnante, a empresa COOPER CARD ADMINISTRADORA DE CARTÕES LTDA, com assinatura original, acompanhada de cópias autenticadas de Ata de Reunião de Cotistas e 13ª Alteração do Contrato Social, portanto atendendo as condições elementares mínimas para tratar à impugnante como sendo a empresa COOPER CARD ADMINISTRADORA DE CARTÕES LTDA, desta forma passamos à análise do pleito. IV DAS ALEGAÇÕES A Impugnação em síntese alega que o edital exige cartão com chip de segurança, e que hoje em dia os cartões de chip e magnéticos tem a mesma funcionalidade, e que a segurança do cartão de chip era motivada pelos procedimentos

2 JULGAMENTO IMPUGNAÇÃO PP002/2017-CMTU página 2 de 17 menos restritivos, para o caso de fraude, no ato de transação com cartão de tarja magnética e que atualmente não se utiliza mais outro meio senão a senha pessoal, igualando sua segurança; alega ainda que o edital deveria ser alterado quanto a exigência de toda rede de supermercados relacionadas no item 3.9 do Termo de Referência, que são 15 (quinze), sugerindo a alteração para 10 (dez) ou 12(doze) redes credenciadas. É a breve síntese:

3 JULGAMENTO IMPUGNAÇÃO PP002/2017-CMTU página 3 de 17

13 JULGAMENTO IMPUGNAÇÃO PP002/2017-CMTU página 13 de 17 V DA APRECIAÇÃO A- Cartão com Chip: Afirma, a impugnante, que a exigência de cartão com tecnologia de CHIP estaria a restringir a competitividade, sob o vazio argumento, pois desassistida da devida comprovação, de que somente 3(três) das cerca de 200 (duzentas) empresas de administração de cartão alimentação/refeição possuem cartão com chip. Porém, vejamos: O TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO, instado a se manifestar quanto à possibilidade ou não de se exigir cartão com tecnologia de chip, concluiu ser essa exigência razoável, não havendo restrição ao caráter competitivo do certame. Afirmouse, ainda, que referida tecnologia tem como finalidade ampliar a segurança das transações, além de seguir um procedimento utilizado com sucesso por bancos e operadoras de cartões de crédito, cfr: 4. A exigência do emprego de cartão contendo microprocessador com chip, como ferramenta de controle na prestação de serviços de abastecimento com fornecimento de combustíveis, afigura-se razoável e não merece ser considerada restritiva ao caráter competitivo do certame Publicado 21 de maio de 2013 por VANRAZ. Representação formulada por empresa acusou possíveis irregularidades no edital do Pregão Eletrônico 181/2012, realizado pela Câmara dos Deputados, que tem por objeto a prestação de serviços de abastecimento, com fornecimento de combustíveis, para veículos locados e/ou frota própria, incluindo administração com gerenciamento informatizado do abastecimento, por meio da utilização de cartão com microprocessador com chip. A autora da representação alegou, em síntese, que: a) a exigência de tal cartão teria direcionado a licitação para uma única empresa; b) outras firmas que não possuem tal sistema, seriam capazes realizar o serviço com segurança, por meio do emprego de cartões convencionais e utilização de senhas; c) o sistema pretendido é mais dispendioso, o que pode impactar o preço final do serviço. O titular da unidade técnica, ao divergir desse entendimento, anotou que a sistemática exigida pelo edital não se delineia exacerbada ou incompatível com o interesse público. O relator do feito, ao alinhar-se a esse entendimento, considerou que a utilização de cartão com chip não é desarrazoada nem prejudica a competitividade do certame. E mais: Na verdade, a tecnologia exigida dos licitantes tem como finalidade ampliar a segurança das transações, permitir o controle total do abastecimento dos veículos e dificultar a clonagem de cartões magnéticos, além de seguir procedimento

14 JULGAMENTO IMPUGNAÇÃO PP002/2017-CMTU página 14 de 17 utilizado com sucesso por bancos e operadoras de cartões de crédito. Anotou ainda que os esclarecimentos prestados pelo gestor indicam a existência de outros fornecedores capazes de prestar o serviço nos moldes demandados pelo edital do certame. O Tribunal, então, ao acolher a proposta do relator, decidiu considerar improcedente a representação. Acórdão 112/2013-Plenário, TC 038/520/2012-5, relator Ministro José Múcio Monteiro, Na Tomada de Contas nº /989/13-6, representante: VEROCHEQUE REFEIÇÕES LTDA; representada: DEPARTAMENTO DE ÁGUA E ESGOTO DE AMERICANA, assim se decidiu: (...) Nesta conformidade, constata-se que aludida exigência, diante do escopo do objeto licitado, não está fornecendo indícios suficientes de afronta à lei de regência, na medida em que a utilização de chip de segurança é usualmente adotada no mercado, em face das vantagens conferidas aos usuários nas transações eletrônicas, como maior rapidez, e combate à fraude e à clonagem. Ademais, em todas as vertentes utilizadas para a prestação de serviços com cartões, quer por chip, quanto por tarja magnética, corre-se o risco de sua violabilidade, não sendo prerrogativa maior ou menor de um tipo de cartão. Deste modo, tal argumento não pode servir para que esta Corte intervenha com o fim de obstaculizar o prosseguimento da licitação. No que toca às assertivas de contrariedade à legislação do PAT (Programa de Alimentação do Trabalhador), igualmente, não vejo como prosperar, tendo em vista que não há qualquer proibição acerca da utilização do modelo do cartão com chip. (...) INDEFIRO o requerimento de medida liminar de paralisação do procedimento licitatório. (...) DETERMINO o ARQUIVAMENTO deste processo. Dimas Eduardo Ramalho, Conselheiro. Também diante de crítica à exigência de cartão com tecnologia de CHIP, afirmou que essa tecnologia não é necessária para os limitados cartões alimentação/refeição, que possuem um crédito relativamente baixo, porém, vale ressaltar que o referido crédito quase se equipara ao atual salário mínimo em vigor, não sendo reconhecido por esta companhia como um crédito relativamente baixo. Na Tomada de Contas nº /989/13-6, representante: VEROCHEQUE REFEIÇÕES LTDA; representada: DEPARTAMENTO DE ÁGUA E ESGOTO DE AMERICANA, assim se decidiu: (...) Nesta conformidade, constata-se que aludida exigência, diante do escopo do objeto licitado, não está fornecendo indícios suficientes de afronta à lei de regência, na medida em que a utilização de chip de segurança é usualmente adotada no mercado, em face das vantagens conferidas aos usuários nas transações eletrônicas, como maior rapidez, e combate à fraude e à clonagem. Ademais, em todas as vertentes utilizadas para a prestação de serviços com cartões, quer por chip, quanto por tarja magnética, corre-se o risco de sua violabilidade, não sendo prerrogativa maior ou menor de um tipo de cartão. Deste modo, tal argumento não pode servir para que esta Corte intervenha com o fim de obstaculizar o prosseguimento da licitação. No que toca às assertivas de contrariedade à legislação do PAT (Programa de Alimentação do Trabalhador), igualmente, não vejo como prosperar, tendo em vista que não há qualquer proibição acerca da utilização do modelo do cartão com chip. (...)

15 JULGAMENTO IMPUGNAÇÃO PP002/2017-CMTU página 15 de 17 INDEFIRO o requerimento de medida liminar de paralisação do procedimento licitatório. (...) DETERMINO o ARQUIVAMENTO deste processo. Dimas Eduardo Ramalho, Conselheiro. Sabemos, hoje, que o cartão com tecnologia de CHIP, na escala da evolução, vem após o cartão com tarja magnética, existente no mercado há mais de 30 anos, e logo cairá em desuso, dando espaço aos modelos sem contato do tipo RFID e NFC. Esses futuros modelos não precisão ser inseridos num terminal, eles trocarão informações com máquinas de acesso remoto a alguns centímetros de distância, ou seja, não precisaremos tirar o cartão de nossos bolsos, o que garantirá ainda mais segurança contra clonagem (fonte: A CMTU LONDRINA, portanto, está exigindo uma tecnologia que não é a última em segurança e logo também cairá em desuso. Cartões que possuem chips armazenam dados de forma mais segura utilizando a criptografia e tem maior capacidade de armazenamento de dados em comparação a tarja magnética a qual possui fácil reprodução e clonagem das trilhas. B- Rede Credenciada: Acerca da exigência de estabelecimentos credenciados, tal solicitação não limita a disputa entre as licitantes, visto que, na fase de habilitação técnica não está sendo exigido que a empresa interessada seja credenciada aos estabelecimentos discriminados na relação, o edital é expresso no sentido de que o credenciamento aos estabelecimentos deve ser comprovado no ato da assinatura do Termo Contratual e não na fase de habilitação da licitação. Na fase de habilitação a empresa deverá apresentar, tão somente, a relação das empresas que já possui credenciamento, e caso não haja o número mínimo de estabelecimentos, uma declaração de que se obriga a apresentar a comprovação de convênio com as empresas especificadas no momento da contratação, conforme Item V do Anexo III do Edital. A exigência de credenciamento de estabelecimentos antes da formalização do contrato deve sim ocorrer, especialmente no que tange ao serviço de gerenciamento, implementação e administração de benefício alimentação aos servidores da contratante, para garantir que o serviço prestado pela contratada atenda aos interesses não só da administração, como de seus empregados, que são os reais beneficiários do serviço. Para elaboração do Edital questionado a CMTU/LD realizou pesquisa entre os funcionários, questionando os estabelecimentos em que os mesmos realizam, as suas compras mensais para que todos eles pudessem ser atendidos com o benefício do vale alimentação. Portanto, é cabível a exigência mínima de rede de estabelecimentos comerciais credenciados na fase de contratação para evitar prejuízo aos empregados do órgão licitante, pois, do que adiantaria conceder benefício ao funcionário e restringi-lo a alguns estabelecimentos da cidade? Ademais, não há de se dizer em benefícios de redes, pois não há no edital a exclusão de estabelecimentos, mas sim a determinação mínima de estabelecimentos que permitam a utilização do benefício por parte dos funcionários, nada impede que a contratada possua outros estabelecimentos

16 JULGAMENTO IMPUGNAÇÃO PP002/2017-CMTU página 16 de 17 credenciados, desde que haja, preferencialmente, o credenciamento de pelo menos daqueles previamente estipulados no item 3.9 do anexo I do edital. A resposta encontra amparo não só na legislação como também se coaduna com o entendimento da doutrina sobre a mais vantajosa que deve nortear toda e qualquer contratação pelo poder público. Esse é o entendimento de Marçal Justen Filho, segundo o qual A vantagem não se relaciona apenas e exclusivamente com a questão financeira. O Estado necessita receber prestações satisfatórias, de qualidade adequada. De nada serviria ao Estado pagar valor irrisório para receber objeto imprestável. Muitas vezes, a vantagem técnica apresenta relevância tamanha que o Estado tem de deixar a preocupação financeira em segundo plano. Cabe ressaltar ainda que o edital prevê possibilidade de participação de empresas interessadas que por ventura não possuam rede credenciada exigida, bastando para isso apenas declarar que se compromete em realizar tais credenciamentos, inclusive permite a aceitação de justificativas para o não credenciamento, conforme item 2, inciso V, alíneas a.1 e a.2 do Anexo III; V. Relação de empresas que a proponente já possui credenciamento, localizadas nas cidades de Londrina, discriminando o nome fantasia, endereço, telefone e horário de funcionamento, devendo constar preferencialmente os estabelecimentos elencados no item 3.9 do Anexo I do edital. a.2. Caso não haja o número mínimo de 150 (cento e cinquenta) estabelecimentos, deverá apresentar declaração, de que a mesma se obriga a apresentar a relação completa dos convênios firmados com os estabelecimentos no ato de assinatura do Termo Contratual sob pena de desclassificação, e/ou justificativas daqueles estabelecimentos comerciais para não adesão ao credenciamento. a.1. Não será admitida justificativas que remetam a taxas/valores ou prazos de reembolsos Considerando que as alegações quanto as exigências de cartão com uso de chip e de que a licitante deva possuir rede credenciada, foram ambas sanadas pelo área técnica da CMTU-LD, portanto tal impugnação é improcedente, não merecendo prosperar, ficando mantida os termos do edital. VI DO PEDIDO Que o pedido seja acolhido, e julgado procedente e o edital seja modificado, permitindo a aceitação de cartão com tarja magnética, e a alteração da exigência para a credenciamento de todas as redes elencadas no item 3.9 do Termo de Referência, sendo admitida entre 10 (dez) a 12 (doze) redes de supermercados. VII DA DECISÃO Inicialmente cabe ressaltar que em consonância com os ditames editalícios e após devido exame das argumentações produzidas pela impugnante, entendeu-se que não

17 JULGAMENTO IMPUGNAÇÃO PP002/2017-CMTU página 17 de 17 há fundamentos naquelas argumentações, pois a exigência de cartão com uso de chip não é tecnologia recente e sua utilização trará maior segurança, e quanto a rede credenciada já está prevista a possibilidade de não credenciamento integral da rede, bastando apenas as devidas justificativas para o não credenciamento. Consequentemente, JULGA IMPROCEDENTE o Requerimento de Impugnação interposto, mantendo o entendimento contido no Edital e não dando provimento à impugnação da empresa COOPER CARD ADMINISTRADORA DE CARTÕES LTDA, permanecendo inalterados os termos do Edital e mantidas suas datas. Londrina, 06 de fevereiro de Flávio Toshio Hatanaka Pregoeiro VISTO JURÍDICO: Francismara Tumiate Ass. Jurídica - OAB/PR