SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO. CONHECIMENTO. IMPROCEDENCIA. ARQUIVAMENTO. Relatório

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1 GRUPO II CLASSE VII Primeira Câmara TC / Natureza: Representação Entidade: Administração Regional do Senac no Estado de São Paulo Representante: Intelecto Contact Center Ltda. Representação legal: Denise Lombard Branco (OAB/SP ) e outros, representando Administração Regional do Senac no Estado de São Paulo SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO. CONHECIMENTO. IMPROCEDENCIA. ARQUIVAMENTO. Relatório Examina-se representação formulada pela empresa Intelecto Contact Center Ltda. relatando indícios de irregularidade na concorrência presencial 10952/2016, promovida pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial Administração Regional no Estado de São Paulo (Senac-SP) para a prestação de serviços de cobrança judicial ativa através de contatos por telefone. 2. A representante alega que haveria violação ao princípio da publicidade, uma vez que a empresa interessada em participar do certame deverá fornecer dados precisos para identificação e envio de informações, quando necessário (peça 1). 3. Acrescenta que a entidade teria optado indevidamente pela modalidade licitatória concorrência, em detrimento da modalidade pregão eletrônico, que estaria prevista no regulamento da entidade e que seria prática na Administração Pública Federal (peça 1). 4. Destaca que há jurisprudência deste Tribunal para que tais tipos de serviços sejam contratados mediante pregão (acórdãos 767/2012, 1584/2016, 2173/2016, todos do Plenário). 5. Em vista disso, requer o conhecimento da representação e a alteração do edital para que seja adotada a modalidade de pregão, preferencialmente eletrônico, na contratação dos serviços objeto da concorrência presencial 10952/2016, uma vez que tais serviços, no âmbito da Administração Pública Federal, vêm sendo normalmente licitados por meio de pregão e não concorrência, bem como disponibilizar o instrumento convocatório para download no sitio da instituição, aba licitações, para todos que tiverem interesse em obter o edital e seus anexos, com identificação opcional dos interessados. 6. A Secex-RJ, em sua análise, concluiu que: (i) o edital foi publicado em jornal de grande circulação, que há informações sobre a licitação no sítio institucional do Senac-SP e que 64 empresas retiraram o edital, não havendo que se falar em violação ao princípio da publicidade; (ii) as entidades do sistema S devem seguir os princípios da administração pública, dentre eles o princípio da eficiência, razão pela qual deveriam fazer uso obrigatório do pregão nas aquisições de bens e serviços comuns; (iii) no acórdão 767/2012-TCU-Plenário demonstrou-se que os serviços de call center deveriam ser licitados por pregão, por se tratarem de serviços comuns; (iv) no 1

2 regimento de licitações e contratos não consta referência a modalidade pregão para a aquisição de bens e serviços comuns, mas que a não adoção dessa modalidade deveria ser devidamente justificada. 7. Em vista disso, propôs conhecer da representação, realizar a oitiva prévia da entidade para que se manifeste sobre os fatos apontados na representação formulada pela empresa Intelecto Contact Center Ltda., referente à Concorrência /2016, que tem objeto a prestação de serviços de cobrança extrajudicial ativa através de contatos por telefone, especialmente sobre a adoção da modalidade de concorrência, tipo menor preço, considerando que para serviços comuns deve ser adotado o pregão, preferencialmente em sua forma eletrônica, conforme previsto no art. 1º, parágrafo único da Lei /2002, assim considerados aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado, podendo, todavia, ser adotada outra modalidade, mas, neste caso, desde que a escolha seja devidamente justificada. É o relatório. 2

3 Voto Examina-se representação formulada pela empresa Intelecto Contact Center Ltda. relatando indícios de irregularidade na concorrência presencial 10952/2016, promovida pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial Administração Regional no Estado de São Paulo (Senac-SP) para a prestação de serviços de cobrança judicial ativa através de contatos por telefone. 8. Preliminarmente, conheço da representação, por restarem preenchidos os requisitos de admissibilidade definidos no art. 235 c/c art. 237, parágrafo único, do RI/TCU. 9. A legitimidade do requerente para representar a esta Corte de Contas tem supedâneo no art. 237, VII, do RI/TCU c/c o art. 113, 1º, da Lei 8.666/ No que concerne à violação ao princípio da publicidade, acompanho as conclusões da Secex-RJ de que não ocorreu, uma vez que o edital foi publicado em jornal de grande circulação, que há informações sobre a licitação no sítio institucional do Senac-SP e que 64 empresas retiraram o edital. 11. Embora as contratações do sistema S não sejam regidas pela referida lei, mas por regulamentos próprios, este Tribunal já decidiu não haver restrições para que os licitantes se utilizem desse dispositivo legal para oferecer representação a esta Corte (acórdão 307/2011-TCU-Plenário). 12. As entidades do sistema S não integram a administração pública, são instituições privadas, com característica paraestatal, criadas para atuar ao lado do Estado na consecução de interesses sociais relevantes. 13. É por esse motivo que essas entidades não são regidas pelo mesmo regime jurídico que disciplina as licitações e contratações promovidas por órgãos e entidades da administração pública. 14. Isso significa que se submetem apenas subsidiariamente aos ditames da Lei /2002, da Lei 8.666/1993 e das demais normas pertinentes a essa temática, devendo, contudo, respeitar os princípios gerais que regem a contratação pública. 15. Essa é a jurisprudência assente no Tribunal, a exemplo da decisão 907/1997-TCU-Plenário: Denúncia procedente, em parte. Inspeção realizada no local, objetivando apuração dos fatos constantes da peça acusatória relacionados com problemas em processos licitatórios e contratação de pessoal. Natureza jurídica dos serviços sociais autônomos. Inaplicabilidade dos procedimentos estritos da Lei ao Sistema S. Necessidade de seus regulamentos próprios. Uso de recursos parafiscais impõe necessidade de obediência aos princípios gerais da legislação federal pertinente. Importância da Auditoria Operacional. Determinações. 16. Além da violação ao princípio da publicidade, já refutada, a outra irregularidade reportada pelo representante diz respeito à não utilização do pregão eletrônico para contratação do objeto da concorrência 10952/2016, conforme estaria previsto no regulamento da entidade e como seria prática na administração pública federal (peça 1). 3

4 17. Observo que não consta no regulamento de licitações do Sebrae a obrigatoriedade de utilização do pregão, em qualquer das suas formas, para aquisição de bens e serviços comuns, da forma como prescreve o art. 4ª do Decreto 5.450/2005, para os órgãos da administração pública federal direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e as demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União. O decreto não é diretamente aplicável ao Sebrae. 18. Ao analisar situação semelhante, esta Corte, por meio do acórdão 556/2010-TCU-Plenário, fez a seguinte determinação: 9.4 com fulcro no art. 71, inciso IX, da Constituição Federal, no art. 45, caput, da Lei nº 8.443/92 e no inciso II do art. 250 do RI/TCU, determinar à Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil) que: (..) avalie a conveniência e oportunidade de adotar a modalidade pregão. Caso opte pela concorrência, utilize o tipo menor preço; 19. No voto que fundamentou esse acórdão, o relator, Ministro Raimundo Carreiro, concluiu aplicável ao caso sob análise: 7. Preliminarmente, registro que o TCU tem o entendimento pacificado de que as entidades do Sistema S, entre elas a Apex Brasil, não estão obrigadas a seguir rigorosamente os termos da Lei nº 8.666/1993. Todavia, tais entidades estão obrigadas ao cumprimento de seus regulamentos próprios, os quais devem estar pautados nos princípios gerais do processo licitatório e consentâneos ao contido no art. 37, caput, da Constituição Federal (Acórdãos nº 568/2009 Primeira Câmara; nº 1.188/2009 Plenário; nº 992/2007 1ª Câmara e nº 2.032/2005 Plenário). 8. A Representante contesta a adoção da modalidade de concorrência em detrimento de pregão, sobretudo por tratar-se de licitação para registro de preço. Embora o art. 4º do Decreto nº 5.450/2005 obrigue a Administração Pública Federal a realizar Pregão nas licitações para bens e serviços comuns, a Apex Brasil não é alcançada por essa imposição legal, uma vez que não integra a Administração Direta, nem a Indireta. Nesse sentido, já decidiu o TCU por meio do Acórdão nº 288/2007 Plenário (item 2 do sumário que o integra) e do Acórdão nº 2.034/2009 Plenário (item 2, III, do voto condutor). Ademais, o Regulamento de Licitações e Contratos (RLC) da Apex Brasil não obriga a realização de pregão, independente da natureza da aquisição ou do serviço. Entendo, portando, não haver ilegalidade na opção pela modalidade concorrência no caso ora analisado. 9. Apesar de legítima a opção da Apex Brasil pela escolha da modalidade de licitação, haja vista ter se pautado em regulamento próprio e não ter contrariado a jurisprudência desta Corte de Contas, entendo ser pertinente a proposta da unidade técnica para que seja recomendado àquela entidade que avalie a oportunidade de incluir no 4

5 seu regulamento a utilização, quando pertinente, da modalidade de pregão de forma obrigatória. Justifico a recomendação tendo em vista a o pregão notoriamente propicia economia aos cofres públicos bem como maior transparência do processo licitatório, entre outras vantagens. Diante do exposto, voto pela aprovação do acórdão que ora submeto à apreciação deste Colegiado. TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 6 de dezembro de WEDER DE OLIVEIRA Relator 5

6 ACÓRDÃO Nº 7596/2016 TCU 1ª Câmara 1. Processo nº TC / Grupo II Classe VII Assunto: Representação. 3. Representante: Intelecto Contact Center Ltda. 4. Entidade: Administração Regional do Senac no Estado de São Paulo. 5. Relator: Ministro-Substituto Weder de Oliveira. 6. Representante do Ministério Público: não atuou. 7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Rio de Janeiro (Secex-RJ). 8. Representação legal: Denise Lombard Branco (OAB/SP ) e outros, representando Administração Regional do Senac no Estado de São Paulo. 9. Acórdão: VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação formulada pela empresa Intelecto Contact Center Ltda. relatando indícios de irregularidade na concorrência presencial 10952/2016, promovida pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial Administração Regional no Estado de São Paulo (Senac-SP) para a prestação de serviços de cobrança judicial ativa através de contatos por telefone. ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara, ante as razões expostas pelo Relator, em: 9.1. conhecer da representação com fundamento no art. 237, VII, do RI/TCU c/c o art. 113, 1º, e o art. 116, 1º, ambos da Lei 8.666/93, para, no mérito, considerá-la improcedente; 9.2. recomendar ao Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial Administração Regional no Estado de São Paulo que avalie a conveniência e a oportunidade de adotar, obrigatoriamente, a modalidade pregão, preferencialmente sua forma eletrônica, para a aquisição de bens e serviços comuns; 9.3. enviar cópia desta deliberação à representante e ao Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial Administração Regional no Estado de São Paulo; 9.4. encerrar o processo e arquivar os presentes autos. 10. Ata n 43/2016 1ª Câmara. 11. Data da Sessão: 6/12/2016 Ordinária. 12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC / Especificação do quorum: Ministro presente: José Múcio Monteiro (na Presidência) Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Weder de Oliveira (Relator). 6

7 (Assinado Eletronicamente) JOSÉ MÚCIO MONTEIRO na Presidência (Assinado Eletronicamente) WEDER DE OLIVEIRA Relator Fui presente: (Assinado Eletronicamente) LUCAS ROCHA FURTADO Subprocurador-Geral 7