TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE MINAS GERAIS SECRETARIA-GERAL E DO TRIBUNAL PLENO COORDENADORIA DE TAQUIGRAFIA / COORDENADORIA DE ACÓRDÃO

Transcrição

1 Acórdão Primeira Câmara Processo: Natureza: Denúncia Pregão Presencial n. 005/2013 Denunciada: Prefeitura Municipal de Esmeraldas Responsáveis: Glacialdo de Souza Ferreira, Prefeito Municipal e Alan Pereira da Silva, Pregoeiro Denunciante: Allbrax Consultoria e Soluções em Informática Ltda. Procurador: não há Representante do Ministério Público: não atuou Relator: Conselheiro Wanderley Ávila EMENTA: DENÚNCIA PREFEITURA MUNICIPAL PREGÃO PRESENCIAL LOCAÇÃO DE SOFTWARE DE SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO PÚBLICA EXIGÊNCIAS EDITALÍCIAS EM DESACORDO COM AS DETERMINAÇÕES DA LEI DE LICITAÇÕES PLAUSIBILIDADE DAS ALEGAÇÕES DA DENUNCIANTE SUSPENSÃO LIMINAR DO CERTAME AD REFERENDUM DA PRIMEIRA CÂMARA REFERENDADA A DECISÃO MONOCRÁTICA. Considerando a plausibilidade das alegações da Denunciante, a evidente arbitrariedade constante do edital e considerando ainda o periculum in mora, procede-se à suspensão imediata do Pregão Presencial n. 005/2013, na fase em que se encontra, devendo os responsáveis se absterem de qualquer ato tendente a efetivar a contratação, sob pena de multa. NOTAS TAQUIGRÁFICAS (Conforme arquivo constante do SGAP) Sessão do dia: 12/03/13 Procuradora presente à Sessão: Cristina Andrade Melo CONSELHEIRO WANDERLEY ÁVILA: PROCESSO n.º: NATUREZA: Denúncia DENUNCIANTE: Allbrax Consultoria e Soluções em Informática Ltda. DENUNCIADA: Prefeitura Municipal de Esmeraldas

2 Denúncia formulada pela empresa Allbrax Consultoria e Soluções em Informática Ltda., em face do Pregão Presencial nº. 005/2013, Processo nº 071/2013, promovido pela Prefeitura Municipal de Esmeraldas. Submeto à deliberação desta egrégia Câmara, para referendum, a decisão monocrática por mim proferida no dia 07/03/2013, com fundamento no art. 197, 2º, do Regimento Interno deste Tribunal, nos autos de nº , que determinou a suspensão do procedimento licitatório mencionado, vazado nos seguintes termos: Tratam os autos de Denúncia formulada pela empresa Allbrax Consultoria e Soluções em Informática Ltda., em face de possíveis ilegalidades no Pregão Presencial nº 005/2013, Processo nº 071/2013, realizado pela Prefeitura Municipal de Esmeraldas, objetivando a locação de software de sistema integrado de gestão pública em diversas áreas da administração municipal, incluindo implantação, capacitação de servidores, atualização dos sistemas e assessoria técnica, nos termos da solicitação da Secretaria Municipal de Planejamento e Gestão, de acordo com as especificações e condições comerciais constantes no Anexo I do Edital, cuja data para o início do certame foi designado para 07/03/2013. Acostados à Denúncia de fls. 01/38, vieram os documentos de fls. 36/194, dentre eles o instrumento convocatório. A Denunciante alega, em síntese, que o referido edital contém exigências que não condizem as determinações da Lei nº 8666/93, quais sejam: Há necessidade do fracionamento do objeto, não considerado no edital; Uso inadequado da modalidade de licitação pregão no tipo menor preço global, entendendo correta a modalidade técnica e preço ; Ilegalidade da assinatura do instrumento convocatório pelo pregoeiro; Ausência de visita técnica em afronta ao art. 30, III, da Lei 8.666/93; Ausência de quantitativos no que se refere ao treinamento; Ausência de balanço patrimonial, consequente ausência de índices contábeis, que levariam à impossibilidade para comprovação da capacidade enconômico-financeira das Licitantes; Exigência de certidão negativa de débito trabalhista, o que restringiria a ampla participação no certame. Diante da exiguidade do prazo, uma vez que os presentes autos deram entrada no meu gabinete no dia 06/03/2013, às 17h36m, e a sessão de abertura da licitação impugnada está designada para o dia 07/03/2013, às 9h, e considerando que a licitação pode ser suspensa em qualquer fase até a assinatura do contrato, nos termos do disposto no art. 267 do Regimento Interno deste Tribunal, irei me ater, em sede de cognição sumária, ao exame dos pontos denunciados relativos à ausência de balanço patrimonial e da exigência de certidão negativa de débito trabalhista. Compulsando o edital denunciado, fls. 53/194, verifico, num primeiro momento, que assiste razão à denunciante, no que se refere à irregularidade relativa ao item 6.4 do

3 edital, que discrimina os documentos necessários à comprovação da qualificação econômico-financeira, conforme demonstra cópia à fl. 61 destes autos. O edital impugnado, a fim de comprovar a qualificação econômico-financeira das licitantes, determina a apresentação de certidão negativa de falência, concordata, recuperação judicial e extrajudicial expedida pelo distribuidor da sede da pessoa jurídica, ou de execução patrimonial, expedida pelo distribuidor do domicílio da pessoa física, conforme previsto pelo art. 31, II, da Lei 8.666/93. Ocorre que a referida previsão legal, em rol taxativo, determina, ainda, em seu inciso I, a apresentação de balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último exercício social, já exigíveis e apresentados na forma da Lei, in verbis: Art. 31. A documentação relativa à qualificação econômico-financeira limitar-se-á a: I - balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último exercício social, já exigíveis e apresentados na forma da lei, que comprovem a boa situação financeira da empresa, vedada a sua substituição por balancetes ou balanços provisórios, podendo ser atualizados por índices oficiais quando encerrado há mais de 3 (três) meses da data de apresentação da proposta; Conclui-se, pois, que há ofensa à expressa determinação legal, o que indubitavelmente vicia o certame. No mesmo sentido, entendo que há irregularidade quanto à exigência de apresentação de Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas, nos termos previstos pelo item do Edital, sem que haja previsão de possibilidade de apresentação de Certidão Positiva com Efeito de Negativa, o que restringe a participação no certame. Certo é que, na hipótese de existência de débito trabalhista, em que existem débitos garantidos por penhora suficiente ou exigibilidade suspensa, em face de recursos pendentes, será expedida Certidão Positiva de Débitos Trabalhistas, em nome do interessado, com os mesmos efeitos da CNDT. Logo, a existência de bens que garantam a execução, bem como a existência de execuções suspensas, não demonstra irregularidade trabalhista capaz de impedir à participação em certame. Neste sentido: ADMINISTRATIVO. LICITAÇÃO. CERTIDÃO POSITIVA COM EFEITO DE NEGATIVA. INABILITAÇÃO INJUSTA. SEGURANÇA DEFERIDA. I - A existência de certidões positivas com efeito de negativas não é motivo suficiente para inabilitar empresa de licitação.ii - Comprovada a regularidade fiscal da impetrante e, sendo esta a causa de sua exclusão do certame, deve-se proceder à anulação do ato administrativo, assim como de seus efeitos como a contratação da litisconsorte passiva necessária.iii - Apelação não provida. ADMINISTRATIVO. LICITAÇÃO. CERTIDÃO POSITIVA COM EFEITO DE NEGATIVA. INABILITAÇÃO INJUSTA. SEGURANÇA DEFERIDA. I - A existência de certidões positivas com efeito de negativas não é motivo suficiente para inabilitar empresa de licitação. II - Comprovada a regularidade fiscal da impetrante e, sendo esta a causa de sua exclusão do certame, deve-se proceder à anulação do ato administrativo, assim como de seus efeitos como a contratação da litisconsorte passiva necessária. III - Apelação não provida. (AMS /GO, Rel. Juiz Carlos Alberto Simões De Tomaz (conv), Terceira Turma Suplementar,DJ p.371 de 14/11/2002)

4 Desta forma, considerando a plausibilidade das alegações da Denunciante, denotada pela existência da fumaça do bom direito por ela invocada em face de evidente arbitrariedade constante do edital e considerando ainda o periculum in mora, porquanto o recebimento das propostas ocorre nesta data, entendo ser caso de se proceder à suspensão imediata do Pregão Presencial nº. 005/2013, na fase em que se encontra. Assim, no exercício da competência prevista no art. 197 c/c art. 264 do Regimento Interno Resolução 12/2008, determino, inaudita altera parte, a suspensão liminar do certame, devendo os responsáveis se absterem de qualquer ato tendente a efetivar a contratação, ad referendum da 1ª Câmara, sob pena de multa de R$ ,00 (dez mil reais), nos termos do art. 85, inciso III, da Lei Complementar nº. 102/2008. Intimem-se o Prefeito Municipal e o Pregoeiro, via fax e , na forma do art. 166, 1º, incisos VI e VII do Regimento Interno, para que comprovem a suspensão da licitação, no prazo de 05 (cinco) dias, sob pena de aplicação da multa acima referida. Determino, ainda, à Diretora da Primeira Câmara que dê ciência aos demais membros da Câmara de que o despacho será levado a referendum na próxima sessão do dia 12/03/2013. Intime-se a denunciante. CONSELHEIRO JOSÉ ALVES VIANA: Voto de acordo com o Conselheiro Relator. CONSELHEIRO PRESIDENTE SEBASTIÃO HELVECIO: Também acompanho a decisão do Conselheiro Relator. REFERENDADA A DECISÃO MONOCRÁTICA, POR UNANIMIDADE. (PRESENTE À SESSÃO A PROCURADORA CRISTINA ANDRADE MELO.) ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de n , relativos à Denúncia formulada pela empresa Allbrax Consultoria e Soluções em Informática Ltda., em face do Pregão Presencial nº. 005/2013, Processo nº 071/2013, promovido pela Prefeitura Municipal de Esmeraldas, objetivando a locação de software de sistema integrado de gestão pública em diversas áreas da administração municipal, incluindo implantação, capacitação de servidores, atualização dos sistemas e assessoria técnica, ACORDAM os Exmos. Srs. Conselheiros da Primeira Câmara do Tribunal de Contas, incorporado neste o relatório, na conformidade das notas taquigráficas, por unanimidade, diante das razões expendidas no voto do Relator, em referendar a decisão monocrática exarada

5 pelo Conselheiro Wanderley Ávila, que determinou, liminarmente, a suspensão do Pregão Presencial n. 005/2013, nos termos em que foi proferida, com as intimações e advertências impostas. Plenário Governador Milton Campos, 12 de março de SEBASTIÃO HELVECIO Presidente WANDERLEY ÁVILA Relator Fui presente: CRISTINA ANDRADE MELO Procuradora do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas ECR/