TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC /2011-4

Transcrição

1 GRUPO II CLASSE III Primeira Câmara TC / Natureza: Monitoramento (em processo de Aposentadoria). Entidade: Núcleo Estadual do Ministério da Saúde no Estado do Rio de Janeiro. Interessados: Alzira da Silva Ventura ( ); Cristovam Mac Cord ( ); Isa de Souza ( ); Lauir Correa de Andrade ( ); Lourdes Siqueira da Silva Flor ( ); Luiz Carlos Binato de Castro ( ); Luiz Carlos Binato de Castro ( ); Luiz Carlos Krauss Silva ( ); Regina Lucia Manne Maia ( ); Yvelise Migueis Pereira Nunes ( ). Advogado constituído nos autos: não há. SUMÁRIO: MONITORAMENTO. APOSENTADORIA. DETERMINAÇÕES CUMPRIDAS. ARQUIVAMENTO. - Os servidores que adquiriram o direito à aposentadoria por idade, com o implemento das condições antes da edição da Emenda Constitucional (EC) nº 41/2003, podem se aposentar, a qualquer tempo, com base nos critérios definidos na legislação anterior, desde que computado apenas o tempo de serviço prestado até a data de publicação dessa Emenda (31/12/2003) RELATÓRIO Adoto, como relatório, a instrução da unidade técnica (doc. 26), com as ressalvas do representante do Ministério Público (doc. 29), in verbis: 1. A Corte de Contas Federal, por intermédio do Acórdão 486/ TCU - 1ª Câmara (v. peça 16), considerou legais os atos de aposentadoria dos interessados em epígrafe e estabeleceu a seguinte determinação: " que, no prazo máximo de 30 (trinta) dias, providencie o cadastramento no Sisac dos atos de alteração que integralizaram as aposentadorias de Luiz Carlos Binato De Castro, Cristovam Mac Cord, Lourdes Siqueira da Silva Flor, Luiz Carlos Krauss Silva, Alzira da Silva Ventura, Yvelise Migueis Pereira Nunes e Regina Lucia Manne Maia, bem como o ato que alterou o fundamento legal da aposentadoria de Isa de Souza (atualmente com o fundamento do art. 3º da Emenda 41/2003); e ainda, noticiar que a Vantagem Pessoal Individual da Lei nº /2003 deixou de ser paga nos proventos de Alzira da Silva Ventura, Cristovam Mac Cord, Luiz Carlos Krauss Silva e Yvelise Migueis Pereira Nunes, tendo cessado a incorreção do valor nos atos, pois tal parcela foi informada em valor integral, sendo as aposentadorias proporcionais." 3. Devidamente comunicada do decisum (v. peças 17/20), a gestora daquele órgão informa que enviou ao TCU, via Sistema de Apreciação e Registro dos Atos de Admissão e Concessões (Sisac), os atos que concederam a integralização de proventos de aposentadoria a Luiz Carlos Binato De Castro, Cristovam Mac Cord, Lourdes Siqueira da Silva Flor, Luiz Carlos Krauss Silva, Alzira da Silva Ventura e Yvelise Migueis Pereira Nunes (v.fl. 1, peça 21), bem como o ato referente à integralização de proventos de Regina Lucia Manne Maia (v. fl. 1, peça 22). 1

2 3.1. Em consulta ao Sisac, comprovamos que a gestora providenciou o enviou de novos atos que integralizam os proventos de aposentadoria de Luiz Carlos Binato de Castro ( ), Cristovam Mac Cord ( e ), Lourdes Siqueira da Silva Flor ( ), Luiz Carlos Krauss Silva ( ), Alzira da Silva Ventura ( ), Yvelise Migueis Pereira Nunes ( ) e Regina Lúcia Manne Maia ( ) Vale ressaltar que os atos citados no item anterior encontram-se no controle interno, aguardando parecer. 4. Em relação à aposentadoria de Isa de Souza, a gestora informa que "não houve qualquer alteração na fundamentação do ato. O mesmo foi publicado no DO n 02, de 30/05/06, e, posteriormente, submetido ao SISAC com fundamento no art. 40, parágrafo 10, inciso III, alínea "B" da Constituição Federal/1988, conforme redação dada pela EC 41/2003, tendo os proventos sido calculados com base no art. 1º da Lei /2004" (v. fls. 1/2, peça 21) E continua informando a gestora: "todavia, por inconsistências sistêmicas, o pagamento vinha sendo mantido em desacordo com a fundamentação legal ora informada, sendo incluídos nos proventos gratificações incompatíveis com o tipo de aposentadoria da servidora. Para sanar este problema foi providenciada convocação a servidora na data de hoje, conforme cópia em anexo, ao passo que se corrigiu o valor dos proventos a ser pagos já na folha de pagamentos de maio/2012, para sua adequação em relação à fundamentação da aposentadoria" (v. folhas de pagamento contidas às fls. 28/36, peça 21) Por fim, acrescenta a gestora que "está sendo providenciada planilha com encontro de contas entre o valor que a servidora deveria ter recebido ao longo do período (2006 até a presente data) e aquele que a mesma efetivamente recebeu. Conforme apreendido a partir da análise das fichas financeiras do período, que também incluímos em anexo, os proventos de aposentadoria servidora não sofreram os reajustes previstos em lei e concedidos anualmente a partir de 2008, de modo que se faz necessária apuração detalhada do valor da diferença nos proventos ao longo do período, que ainda no pode ser confirmado major, para devida reposição ao Erário, ou menor, para devida devolução a servidora" Pois bem, em consulta ao cadastro do SiapeNet (v. peça 23), verificamos que aposentadoria de Isa de Souza, cuja data de vigência é 30/5/2006, está fundamentada no art. 40, inciso III, alínea "b", da Constituição Federal (CF), com redação dada pela Emenda Constitucional (EC) nº 20/98 (e não com redação data pela EC nº 41/03, conforme informou a gestora) - aposentadoria voluntária por idade, aos 60 anos para mulher, com proventos proporcionais. Os proventos de aposentadoria com dita fundamentação legal devem ser pagos com base nos 3º e 17º do mesmo art. 40 da CF, ou seja, com base na média das remunerações estabelecida pela Lei nº /2004; entretanto, em consulta ao contracheque da interessada (v. peça 24), pode ser observado que os proventos estão sendo pagos com "paridade" com a remuneração dos servidores em atividade, demonstrando flagrante irregularidade. CONCLUSÕES 5. Com base nas informações prestadas pela gestora e naquelas extraídas do Sisac e do SiapeNet, consideramos que as determinações constantes do Acórdão 486/ TCU - 1ª Câmara foram integralmente cumpridas pelo Núcleo Estadual do Ministério da Saúde no Estado do Rio de Janeiro, entretanto faz-se necessário determinar ao órgão que providencie o recálculo dos proventos de aposentadoria de Isa de Souza, de forma que sejam pagos com base na "média das remunerações" estabelecida na Lei nº /

3 5.1. Nesse sentido, também consideramos necessário determinar ao jurisdicionado que providencie o encontro de contas de forma a apurar se é necessária a devolução ao Erário dos valores percebidos pela interessada, lembrando que os cálculos devem retroagir à data de vigência do benefício e que aos proventos calculados com base na Lei nº /2004 devem ser aplicados, a partir de 2008, os reajustes concedidos a esse tipo de aposentadoria. PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO 6. Em face do exposto, enviamos os autos à consideração superior com as seguintes propostas: 6.1. Determinar ao Núcleo Estadual do Ministério da Saúde no Estado do Rio de Janeiro que providencie, no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de responsabilização da autoridade administrativa omissa, o recálculo dos proventos de aposentadoria de Isa de Souza (CPF ), de forma que sejam pagos com base na "média das remunerações" estabelecida na Lei nº /2004; e 6.2. Determinar ao Núcleo Estadual do Ministério da Saúde no Estado do Rio de Janeiro que providencie, no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de responsabilização da autoridade administrativa omissa, o encontro de contas de forma a apurar se é necessária a devolução ao Erário dos valores percebidos por Isa de Souza (CPF ), lembrando que os cálculos devem retroagir a data de vigência do benefício e que aos proventos calculados com base na Lei nº /2004 devem ser aplicados, a partir de 2008, os reajustes concedidos a esse tipo de aposentadoria, informando ao Tribunal, no mesmo prazo, as providências adotadas. O representante do Ministério Público, discordando da unidade em relação ao ato de Isa de Souza, assim se manifestou: [...] 6. Conforme extrato do Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos (Siape) constante da peça 23 e contracheque de peça 24, observa-se que Isa de Souza teve alterada a proporcionalidade da aposentadoria de 29/30 para 26/30 e o fundamento legal da concessão foi alterado para o art. 40, inciso III, alínea b, da Constituição Federal, com a redação dada pela EC nº 20/98. Com esse procedimento, o tempo de serviço prestado pela servidora foi computado somente até 31/12/2003 e foram-lhe assegurados proventos reajustados pela regra da paridade, em consonância com jurisprudência do TCU (Acórdãos 4872/2010-1ª Câmara e 4222/2010-2ª Câmara, entre outros). 7. Com efeito, de acordo com jurisprudência do TCU, os servidores com direito à aposentadoria por idade, adquirido antes da edição da EC nº 41/2003, podem se aposentar, a qualquer tempo, com base nos critérios definidos na legislação anterior, desde que computado apenas o tempo de serviço prestado até a data dessa Emenda. 8. De acordo com essa orientação, ou limita-se a contagem do tempo de serviço, para fins de aposentadoria, até 31/12/2003, aplicando-se, nessa hipótese, a legislação até então vigente, ou conta-se o tempo de serviço prestado após essa data e utilizam-se os novos critérios estabelecidos pela EC nº 41/2003 para concessão e cálculo da aposentadoria (média das remunerações de contribuição). No caso, optou-se, portanto, pela primeira solução. 9. O ato que contempla essa alteração encontra-se no Controle Interno, aguardando parecer. 10. Pelo exposto, este representante do Ministério Público opina pelo arquivamento dos autos. É o relatório. 3

4 VOTO Trata-se de monitoramento do Acórdão 486/2012 TCU 1ª Câmara, que considerou legais as aposentadorias constantes dos autos e determinou ao Núcleo Estadual do Ministério da Sáude/RJ que providenciasse o cadastramento, no Sistema de Apreciação e Registro dos Atos de Admissão e Concessões (Sisac), dos atos de alteração que integralizaram as aposentadorias dos interessados, bem como o ato que alterou o fundamento legal da aposentadoria de Isa de Souza; e noticiasse que a vantagem pessoal individual da Lei nº /2003 deixou de ser paga nos proventos de alguns dos interessados. Concordo com os pareceres uniformes da unidade técnica e do representante do Ministério Público de que foram integralmente cumpridas as determinações do acórdão monitorado. Com relação à inativa Isa de Souza, a unidade técnica, em consulta ao Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos (Siape), verificou que os proventos da servidora permanecem calculados com a regra da paridade, com fundamento no art. 40, inciso III, alínea b, da Constituição Federal (CF), com a redação dada pela Emenda Constitucional (EC) nº 20/98. Entende que os proventos deveriam ser pagos com base nos 3º e 17 do art. 40 da CF, ou seja, com base na média das remunerações de contribuição estabelecida pela Lei nº /2004, e propõe determinações para recálculo dos proventos de aposentadoria e encontro de contas para apurar se há necessidade de devolução ao Erário. O representante do Ministério Público, entretanto, observou, no extrato do Siape, que a servidora teve diminuída a proporcionalidade da aposentadoria e alterado o fundamento legal da concessão para o art. 40, inciso III, alínea b, da Constituição Federal, com a redação dada pela EC nº 20/98. Com esse procedimento, o tempo de serviço prestado pela servidora foi computado somente até 31/12/2003 e foram-lhe assegurados proventos reajustados pela regra da paridade, em consonância com jurisprudência do TCU. Concordo com a análise realizada pelo representante do Ministério Público. De fato, é entendimento do Tribunal que os servidores com direito à aposentadoria por idade, adquirido antes da edição da Emenda Constitucional (EC) nº 41/2003, podem se aposentar, a qualquer tempo, com base nos critérios definidos na legislação anterior, desde que computado apenas o tempo de serviço prestado até a data de publicação dessa Emenda (31/12/2003). No caso em exame, a contagem do tempo de serviço, para fins de aposentadoria de Isa de Souza, foi corretamente limitada até 31/12/2003, com aplicação da legislação até então vigente. Ante o exposto, concordo com a proposta do representante do Ministério Público de arquivamento dos autos e voto no sentido de que seja aprovado o Acórdão que ora submeto à deliberação deste Colegiado. TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 7 de abril de WALTON ALENCAR RODRIGUES Relator ACÓRDÃO Nº 1896/2015 TCU 1ª Câmara 4

5 1. Processo nº TC / Grupo II Classe de Assunto: III Monitoramento (em processo de Aposentadoria). 3. Interessados/Responsáveis: 3.1. Interessados: Alzira da Silva Ventura ( ); Cristovam Mac Cord ( ); Isa de Souza ( ); Lauir Correa de Andrade ( ); Lourdes Siqueira da Silva Flor ( ); Luiz Carlos Binato de Castro ( ); Luiz Carlos Binato de Castro ( ); Luiz Carlos Krauss Silva ( ); Regina Lucia Manne Maia ( ); Yvelise Migueis Pereira Nunes ( ). 4. Entidade: Núcleo Estadual do Ministério da Saúde no Estado do Rio de Janeiro. 5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues. 6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin. 7. Unidade técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (Sefip). 8. Advogado constituído nos autos: não há. 9. Acórdão: VISTOS, relatados e discutidos estes autos de monitoramento das determinações do Acórdão 486/2012 TCU 1ª Câmara, que julgou legais as concessões de aposentadoria deferidas pelo Núcleo Estadual do Ministério da Saúde no Estado do Rio de Janeiro, ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, diante das razões expostas pelo Relator, com fundamento no inciso II do art. 39 da Lei nº 8.443/92, em: 9.1. considerar integralmente cumpridas as determinações do acórdão monitorado; 9.2. determinar o arquivamento dos autos. 10. Ata n 10/2015 1ª Câmara. 11. Data da Sessão: 7/4/2015 Ordinária. 12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC / Especificação do quorum: Ministros presentes: José Múcio Monteiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues (Relator) e Bruno Dantas Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti Ministro-Substituto presente: Weder de Oliveira. JOSÉ MÚCIO MONTEIRO na Presidência WALTON ALENCAR RODRIGUES Relator Fui presente: LUCAS ROCHA FURTADO Subprocurador-Geral 5