Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 1ª Câmara de Julgamento

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1 Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 1ª Câmara de Julgamento Número do Processo: / Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL RIBEIRÃO PIRES Benefício: 42/ Espécie: APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS Recorrido: JORGE FLORIANO MARTINS - Titular Capaz Assunto: INDEFERIMENTO Relator: Relatório Trata-se de recurso interposto pelo INSS contra a decisão proferida pela Junta de Recursos. O Senhor Jorge Floriano Martins requereu o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição em 23/10/2012, aos 52 anos de idade (Evento 1). Apresentou (Evento 1): 1. PPP Perfil Profissiográfico Previdenciário e formulário de informações sobre atividades exercidas em condições especiais referente aos períodos de: Período Função / agente agressivo alegado 17/12/1975 a Enquadrado pelo SST 27/08/1979 Operador de torno automático ruído de 88 db (A) no setor de usinagem e 86 db (A) no setor de 02/05/1983 a ferramentaria e óleo de corte local de trabalho sofreu mudanças em seu layout e no seu processo 27/07/1984 de trabalho apresentou laudo técnico cuja perícia foi realizada em 18/12/2003 Torneiro ferramenteiro - ruído de 88 db (A) no setor de usinagem e 86 db (A) no setor de 01/09/1984 a ferramentaria e óleo de corte local de trabalho sofreu mudanças em seu layout e no seu processo 27/02/1986 de trabalho apresentou laudo técnico cuja perícia foi realizada em 18/12/ /11/1986 a Mandrilhador ruído de 96 db(a). Apresentou laudo técnico emitido em 5/5/ /11/ /04/1997 a Mandrilador - ruído de 88 db (A) e óleo lubrificante 31/05/ /10/2000 a Mandrilador ruído de 86,7 db(a) 09/12/ /01/2005 a 18/07/2012 (data Mandrilador - ruído de 86,7 db (A), óleo e graxa da emissão do PPP) 2. Declaração de não concordância com a concessão do benefício de forma proporcional, concordância com a concessão do benefício de aposentadoria especial caso tenha direito e concordância com a reafirmação da DER, caso

2 seja necessário. A Perícia Médica do INSS emitiu parecer contrario ao enquadramento dos períodos de (Evento 1): Período 02/05/1983 a 27/07/ /09/1984 a 27/02/ /11/1986 a 26/11/1991 Função / agente agressivo alegado 22/04/1997 a 31/05/1999 Ruído abaixo do limite de tolerância 23/10/2000 a 09/12/2002 Ruído abaixo do limite de tolerância 15/01/2005 a 18/07/2012 (data da emissão EPI eficaz. Não apresentação de memoria de cálculo ou histograma do PPP) O INSS apurou até a DER o tempo de contribuição de 34 anos, 2 meses e 20 dias e indeferiu o benefício sob alegação de falta de tempo de contribuição (Evento 1). Inconformado apresentou recurso as Juntas de Recursos alegando que tem direito a conversão dos períodos por exposição a ruído, óleo e graxa (Evento 1). A Junta de Recursos deu provimento parcial ao recurso do interessado considerando especiais os períodos de 23/10/2000 a 9/12/2002 e de 15/01/2005 a 18/07/2012, com direito a concessão do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição integral (Evento 23). O INSS apresentou recurso as Câmaras de Julgamento alegando que não cabe enquadramento dos períodos de 23/10/2000 a 9/12/20002 (nível de ruído inferior a 90 db (A)) e de 15/01/2005 a 18/07/2012 (comprovada neutralização da nocividade, não apresentação de histograma e memoria de cálculo e não apresentação da utilização do nível de exposição normalizado NEN) - (Evento 25). Em suas contrarrazões solicitou a manutenção da decisão proferida pela Junta de Recursos (Evento 28). Posteriormente o interessado apresentou embargo da decisão proferida pela Junta de Recursos solicitando também o reconhecimento como especial dos períodos de 02/05/1983 a 27/07/1984, 01/09/1984 a 27/02/1986 e de 06/11/1986 a 26/11/1991 (Evento 29). Os autos foram encaminhados para julgamento para que (Evento 36): O interessado apresentasse: Cópia de todas as anotações constantes em todas as suas Carteiras de Trabalho; Laudo técnico contemporâneo de acordo com a legislação previdenciária, que comprovasse a exposição aos agentes agressivos alegados nos períodos de 02/05/1983 a 27/07/1984, 01/09/1984 a 27/02/1986 e de 06/11/1986 a 26/11/1991; Histograma, memoria de cálculo e NEN referente ao período de 15/01/2005 a 18/07/2012. O INSS: Encaminhasse o processo a Perícia Médica do INSS para que emitisse parecer circunstanciado sobre a

3 possibilidade de enquadramento ou não dos períodos; o INSS fizesse nova análise da documentação apresentada nos autos e nova contagem do tempo de contribuição atualizado do benefício requerido pelo interessado. O interessado apresentou (Evento 41). Declaração se manifestando sobre os documentos apresentados alegando que referente ao período de 06/11/1986 a 26/11/1991 o laudo técnico contemporâneo já se encontrava nos autos, de 02/05/1983 a 27/07/1984 e de 01/09/1984 a 27/02/1986 a empresa já forneceu os laudos e para o período de 15/01/2005 a 18/07/2012 a empresa somente apresentaria se fosse requerida diretamente pelo INSS; Laudo técnico datado de 17/09/2003 e ficha de informação de segurança de produto químico ; Carteira de trabalho. Os autos foram encaminhados a perícia médica do INSS que emitiu parecer sendo contrario ao enquadramento dos períodos solicitados alegando que de (Evento 48): 02/05/1983 a 27/07/1984 laudo extemporâneo com menção de que o local de trabalho sofreu mudanças agentes químicos sem especificação; 01/09/1984 a 27/02/ laudo extemporâneo com menção de que o local de trabalho sofreu mudanças agentes químicos sem especificação 06/11/1986 a 26/11/1991 documento apresentado esta fora dos moldes determinados pela legislação previdenciária e não foi informado a técnica utilizada para medição do ruído; 15/01/2005 a 18/07/2012 não foi preenchido o campo 13.7 do PPP e não há informação sobre o responsável técnico pela monitoração biológica e uso de EPI eficaz. A representante do interessado solicitou que as empresas fossem oficiadas para apresentação de documentos para comprovar o direito do interessado a concessão do benefício, pedido este já solicitado ao INSS e não realizado (Evento 49). Procedimento solicitado por este Colegiado (evento 53). O INSS encaminhou oficio as empresas (Evento 57). As empresas apresentaram documentos PPP e laudo técnico extemporâneo referente aos períodos de 02/05/1983 a 27/07/1984 e de 01/09/1984 a 27/02/1986 (evento 60). A pericia médica do INSS ratificou o entendimento anterior: para o período de 02/05/1983 a 27/07/1984, 01/09/1984 a 27/02/1986, 15/01/2005 a 18/07/2012 e de 06/11/1986 a 26/11/1991 os documentos apresentados não comprovam a exposição alegado (evento 62). Inclusão em Pauta Incluído em Pauta no dia 29/05/2014 para sessão nº 0054/2014, de 01/07/2014. Voto EMENTA: APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. ART. 52 A 56 - IMPLEMENTAÇÃO DOS REQUISITOS CONFORME O DISPOSTO NO ART. 56 DO REGULAMENTO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL - RPS, APROVADO PELO DECRETO Nº , DE 6 DE MAIO DE 1999 RECURSO CONHECIDO E NEGADO AO INSS Recurso tempestivo nos termos do 1º do art. 305 do RPS aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 6 de maio de Preliminarmente transcrevo abaixo os artigos que tratam sobre o assunto em questão, de acordo com o Regulamento da Previdência Social - RPS, aprovado pelo Decreto nº. 3048, de 6 de maio de 1999:

4 Art. 56. A aposentadoria por tempo de contribuição será devida ao segurado após trinta e cinco anos de contribuição, se homem, ou trinta anos, se mulher, observado o disposto no art. 199-A. Art.187. É assegurada a concessão de aposentadoria, a qualquer tempo, nas condições previstas na legislação anterior à Emenda Constitucional nº 20, de 1998, ao segurado do Regime Geral de Previdência Social que, até 16 de dezembro de 1998, tenha cumprido os requisitos para obtê-la. Parágrafo único. Quando da concessão de aposentadoria nos termos do caput, o tempo de serviço será considerado até 16 de dezembro de 1998, e a renda mensal inicial será calculada com base nos trinta e seis últimos salários-de-contribuição anteriores àquela data, reajustada pelos mesmos índices aplicados aos benefícios, até a data da entrada do requerimento, não sendo devido qualquer pagamento relativamente a período anterior a esta data, observado, quando couber, o disposto no 9º do art. 32 e nos 3º e 4º do art. 56. Art.188. O segurado filiado ao Regime Geral de Previdência Social até 16 de dezembro de 1998, cumprida a carência exigida, terá direito a aposentadoria, com valores proporcionais ao tempo de contribuição, quando, cumulativamente: I - contar cinqüenta e três anos ou mais de idade, se homem, e quarenta e oito anos ou mais de idade, se mulher; e II - contar tempo de contribuição igual, no mínimo, à soma de: a) trinta anos, se homem, e vinte e cinco anos, se mulher; e b) um período adicional de contribuição equivalente a, no mínimo, quarenta por cento do tempo que, em 16 de dezembro de 1998, faltava para atingir o limite de tempo constante da alínea "a". O INSS alega que não cabe enquadramento como especial dos períodos de 23/10/2000 a 9/12/2002 (nível de ruído inferior a 90 db (A)) e de 15/01/2005 a 18/07/2012 (comprovada neutralização da nocividade, não apresentação de histograma e memoria de cálculo e não apresentação da utilização do nível de exposição normalizado NEN). O interessado solicita em contrarrazões, a manutenção da decisão proferida pela Junta de Recursos e o reconhecimento, como especial, dos períodos de 02/05/1983 a 27/07/1984, 01/09/1984 a 27/02/1986 e de 06/11/1986 a 26/11/1991, tendo apresentado laudos extemporâneos para estes períodos. E apesar das diligências efetuadas, ainda assim não foram juntados nos autos os documentos que comprovasse o direito a conversão destes períodos como especiais. O local de trabalho sofreu mudanças em seu layout e no seu processo de trabalho e o Laudo técnico apresentado para os períodos de 02/05/1983 a 27/07/1984 e de 01/09/1984 a 27/02/1986 é extemporâneo e não comprova as condições de exercício especial conforme alegado pelo interessado, devendo ser considerado comum. O período de 06/11/1986 a 26/11/1991 o laudo também é extemporâneo sem declaração sobre alteração de maquinário ou layout por parte da empresa, devendo ser considerado comum. No período de 23/10/2000 a 9/12/2002 o nível de ruído era inferior a 90 db(a). Em que pese a Sumula 32 da Turma Nacional de Uniformização, não houve alteração no entendimento da legislação previdenciária referente ao período de 6/3/97 a 18/11/2003, sendo que conforme o Decreto nº 2.172/97 este limite é superior a 90 db (A). Além deste fato, a Sumula 32 do TNU foi cancelada em 11/10/2013. Desta forma, este período deve ser considerado comum. Quanto ao período de 15/01/2005 a 18/07/2012, além do uso de EPI eficaz também foi considerado comum o período em razão da não apresentação de histograma e memoria de cálculo e não apresentação da utilização do nível de exposição normalizado NEN. Contudo entendo que cabe o enquadramento do período com base no que dispõe a Súmula n.º 9 da Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais e o Enunciado nº 21 do CRPS - Conselho de Recursos da Previdência Social quando o assunto é o EPI - Equipamento de Proteção Individual transcrito abaixo: Súmula 09. o uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), ainda que elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado ). Enunciado nº 21. O simples fornecimento de equipamento de proteção individual de trabalho pelo empregador não exclui a hipótese de exposição do trabalhador aos agentes nocivos à saúde, devendo ser considerado todo o.

5 Desta forma, tem-se que na Data de Entrada do Requerimento, o interessado faz jus ao benefício, uma vez que implementa as condições exigidas no art. 56 do RPS, aprovado pelo Decreto nº. 3048, de 6 de maio de 1999, ou seja, possui 35 anos de tempo de contribuição na DER. Conclusão: Pelo exposto voto no sentido de CONHECER DO RECURSO DO INSS para, no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO. Relator(a) Declaração de Voto Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a). NEURACY CUNHA CAMARA Conselheiro(a) Suplente Representante das Empresas Declaração de Voto Presidente concorda com voto do relator(a). MARIA MADALENA SILVA LIMA Presidente Decisório Nº Acórdão: 235 / 2014 Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros da 1ª Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E NEGAR PROVIMENTO AO INSS, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua fundamentação. Participou, ainda, do presente julgamento, o(a) Conselheiro(a) NEURACY CUNHA CAMARA. Relator(a) MARIA MADALENA SILVA LIMA Presidente