Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 21ª Junta de Recursos

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1 Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 21ª Junta de Recursos Número do Processo: / Unidade de Origem: Benefício: 87/ Espécie: Recorrente: Recorrido: Assunto: Relator: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL TRÊS LAGOAS BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL À PESSOA COM DEFICIÊNCIA JORGE MARINO DA SILVA INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS REVISÃO Relatório Trata-se de recurso interposto por JORGE MARINHO DA SILVA, na condição de beneficiário, à esta JUNTA (Doc. 01, evento 06), contra a decisão do INSS, que Cessou o beneficio AMPARO ASSISTENCIAL À PESSOA PORTADORA DE DEFICIENCIA, NB 87/ , após reavaliação médico-pericial, constatou inexistência de deficiência (Doc. 01, evento 07). Trata-se de reavaliação de beneficio Amparo Social à Pessoa com Deficiência, pela Autarquia Previdenciária sob a alegação de Não ter constatado deficiência (Doc. 01, evento 07), sendo o beneficio cessado em 28/11/2013, e os valores recebidos após esta data deverão ser ressarcido, sendo o total atualizado de R$ 5.879,67. Inconformado com o indeferimento a interessada interpôs recurso à Junta de Recursos, em 30/09/2014 (Doc. 01, evento 06), alegando que mora sozinho, sofre de cirrose hepática e não pode trabalhar. Declara não ter comparecido no dia 08/09 por está internado. Tendo em fase recursal, o recorrente apensado ao processo: - Laudo Médico apresentado pela Dra. Luciana A. Bento, Hepatologista, CRM/ MS 4078, datado de 01/08/2014, informando tratar-se de paciente de Cirrose Hepática complicada, com varizes de esôfago, apresentou hemorragia digestiva por rotura de varizes, CID10: k70 (Doc. 01, evento 08); - Exame ALFA Fetoproteina AFP, realizado em 30/04/2014 (Doc. 01, evento 10); - Exame ALFA Fetoproteina AFP, realizado em 04/06/2013 (Doc. 01, evento 11); - Laudo de Análise Laboratorial, realizado em 29/08/2014 (Doc. 01, evento 12; 14/18). Consta apenso de Processo Concessório NB 87/ (Doc. 01, evento 21/50). Sendo em visita da Assistente Social do INSS, ao domicilio do beneficiário, em 30/05/2014, com o objetivo de aprofundar o conhecimento da realidade do beneficiário, sendo observado, mediante Relatório (Doc. 01, evento 55), que este, mora sozinho e a fonte de renda é o beneficio de Prestação Continuada BPC/LOAS. Tendo o mesmo

2 declarado que não trabalha prestando serviço como vendedor de espetinhos como diz a denúncia. O negócio é do filho que mantém e trabalha vendendo espetinhos, apenas cedeu espaço de sua casa, mesas e cadeiras que tinha para seu filho. Que tinha o apoio da mãe, que faleceu em dezembro de O filho ajuda nas despesas com água ou luz. Uma irmã sempre o acompanha nos retornos médicos em Campo Grande. Consta ainda, defesa do beneficiário, apresentada em 01/07/2014 (Doc. 01, evento 58), solicitando que seja revista a sua situação, pois foi cancelado o seu beneficio, por ter em sua casa um carrinho de espetinho, alegando que esse era o seu meio de vida durante muitos anos, mas por ordens médicas tive que parar a atividade por ter pancleatite crônica; faz o tratamento em Campo Grande. Seu filho Janderson Marino da Silva, que trabalha como autônomo fazendo pinturas de paredes, resolveu continuar o seu trabalho com a venda dos espetinhos durante a noite. Declara ter documentos do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora, onde esteve na UTI daquela unidade de saúde, que comprovam a gravidade do problema de saúde, além de atestado da sua médica que atesta que seu problema é crônico. Requer nova perícia médica, oportunizando comprovar suas afirmações. Para comprovar a sua habilitação ao beneficio o recorrente juntou ao presente Processo: - Laudo de Análise Laboratorial, realizado em 16/04/2014 (Doc. 01, evento 61/66); - Laudos, solicitação de exames, Evolução do Paciente emitidos pelo Hospital Auxiliadora, (Doc. 01, evento 73/221), informando ter o beneficiário episódios de sangramento, sendo solicitado vaga na UTI. Consta ter o Instituto, através de Ofício INSS/ / nº 460, emitido pela Gerencia-Executiva: Campo Grande/MS, em 04/08/2014, comunicado ao beneficiário que após reavaliação médico pericial, foi constatada a inexistência de deficiência; bem como, foi considerada a defesa apresentada improcedente, sendo o benefício cessado em 28/11/2013, e os valores recebidos após esta data deverão ser ressarcidos, no total de R$ 5.879,67. Consta ciência da decisão do INSS, pelo recorrente em 26/06/2014; 22/07/2014 e 07/08/2014, mediante correspondência via AR (Doc. 01, evento 231/232; Doc. 02, evento 235). Mediante consulta processual, não consta Ação Judicial de mesmo objeto do presente recurso (Doc. 03, evento 241; Doc. 04, evento 244). Conforme Despacho de Contrarrazões do INSS Doc. 05, evento 244), o recorrente foi convocado à avaliação social e médica em 28/11/2013, a perícia médica constatou que o interessado não cumpriu os requisitos de incapacidade para a vida independente e para o trabalho. Em 17/07/2014, houve nova convocação para avaliação médica; sendo a decisão de inexistência de incapacidade ratificada. O segurado teve ciência da decisão em 07/08/2014, sendo o agendamento realizado em 16/09/2014. Sendo considerado o recurso intempestivo. Sendo portanto, após adoção dos procedimentos: Avaliação social e pericial, Análise da defesa. Ainda, após nova avaliação pericial e social. O beneficio foi Cessado e apurou-se o recebimento de valores indevidos, a ser ressarcidos, no total de R$ 5.879,67, uma vez que não foi constatada a incapacidade para a vida independente e para o trabalho. Solicito Inclusão em Pauta. Inclusão em Pauta Incluído em Pauta no dia 07/01/2015 para sessão nº 0038/2015, de 14/01/2015.

3 Voto EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO COM RELEVANCIA DA INTEMPESTIVIDADE. BENEFICIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA DA ASSISTENCIA SOCIAL À PESSOA COM DEFICIENCIA. RECONHECIDO O DIREITO DO BENEFICIÁRIO, COM BASE EM PARECER DO SERVIÇO SOCIAL E DO LAUDO DA MÉDICA ASSISTENTE DO BENEFICIÁRIO; AINDA CONFORME ENTENDIMENTO DA TNU PROCESSO: (RELATOR JUIZ PAULO RICARDO ARENA FILHO) E PROCESSO: (RELATO JUIZ ALCIDES SALDANHA LIMA). PROCESSO: POSSIBILIDADE INTELIGENCIA AO 2º DO ART. 20 DA LEI 8.742/93. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO O recurso é tempestivo e instruído conforme os requisitos previstos na legislação pertinente em vigor. Visto que trata-se de matéria médica, e que da análise dos autos, verifica apenas Parecer Técnico Social, mediante Relatório apensado ao processo (Doc. 01, evento 55), informando que este, mora sozinho e como única fonte de renda o beneficio de Prestação Continuada BPC/LOAS. Tendo este, declarado que não trabalha prestando serviço como vendedor de espetinhos como diz a denúncia; que o negócio é do filho que mantém e trabalha vendendo espetinhos; que apenas cedeu espaço de sua casa, mesas e cadeiras que tinha para seu filho. Que tinha o apoio da mãe, que faleceu em dezembro de 2013; que o filho ajuda nas despesas com água ou luz. E ainda, que uma irmã sempre o acompanha nos retornos médicos em Campo Grande. Como se vê, não consta nenhum parecer da Técnica Social do INSS, afirmando que o segurado não se enquadra nos requisitos da LOAS. Ao contrário afirma ser a única fonte de renda o beneficio de Prestação Continuada. Outrossim, não consta nos autos do processo, qualquer indício de avaliação por pericia médica do INSS. No entanto, consta robusta documentação apensada pelo beneficiário (solicitação de exames, documentos de internação, exames, laudos, etc.), comprovando a patologia declarada. Assim sendo, com base em Laudo Médico, com data recente, emitido pela médica assistente do beneficiário, Dra. Luciana A. Bento, Hepatologista, CRM/MS 4078, datado de 01/08/2014, informa tratar-se de paciente de Cirrose Hepática complicada, com varizes de esôfago, apresentou hemorragia digestiva por rotura de varizes, CID10: k70 (Doc. 01, evento 08). Ainda, conforme entendimento da TNU incapacidade não é só o que priva a pessoa das atividades cotidianas Para juíza, incapacidade deve considerar todas as peculiaridades do indivíduo, inclusive de natureza cultural, psíquica e etária. Publicado em 11 de outubro de 2013 às 12:01, por Renan Oliveira em Notícias. Fonte: CJF Na sessão realizada nesta quarta-feira, dia 9 de outubro, a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU) reafirmou a tese, já consolidada por meio da Súmula 29, de que incapacidade para a vida independente não é só aquela que impede as atividades cotidianas e básicas da pessoa, mas também a que impossibilita sua participação na sociedade, principalmente na forma de exercício de atividade para prover o próprio sustento. Incapacidade para os atos da vida civil independente portador necessidades especiais. Tal entendimento voltou a prevalecer em julgamento de pedido de uniformização no qual a parte autora requer a revisão do acórdão da 5ª Turma Recursal de São Paulo, que confirmou sentença de 1º grau que julgara improcedente o pedido de concessão de benefício assistencial ao filho da autora, portador de deficiência. O fundamento para negar o benefício foi a ausência de comprovação da incapacidade para os atos da vida independente, mesmo tendo sido comprovada a incapacidade laboral. No pedido de uniformização, a autora argumenta que a tese do acórdão recorrido contraria a Súmula 29 da TNU, bem como o entendimento do Superior Tribunal de Justiça e da Primeira Turma Recursal do Amazonas, segundo os quais a incapacidade para os atos da vida independente também é aquela que impossibilita a pessoa de prover o próprio sustento. Na análise do mérito da questão, a juíza federal Kyu Soon Lee, relatora do processo na TNU, deu razão à autora, considerando que a jurisprudência da Turma Nacional é firme em admitir que a incapacidade para a vida independente

4 está relacionada com a incapacidade produtiva. Segundo a magistrada, esse entendimento encontra-se consolidado no enunciado da Súmula 29 desta TNU, que diz: Para os efeitos do artigo 20, 2º, da Lei n , de 1993, incapacidade para a vida independente não é só aquela que impede as atividades mais elementares da pessoa, mas também a impossibilita de prover ao próprio sustento. A magistrada destacou ainda que o precedente que gerou a edição da referida súmula (Pedilef ) considerou suficiente para o atendimento da previsão legal que o indivíduo esteja impossibilitado para o ingresso no mercado de trabalho, não reputando necessário que ele esteja também impossibilitado de desenvolver os atos básicos da vida. O conceito de incapacidade para a vida independente, portanto, deve considerar todas as condições peculiares do indivíduo, sejam elas de natureza cultural, psíquica, etária em face da reinserção no mercado do trabalho e todas aquelas que venham a demonstrar, in concreto, que o pretendente ao benefício efetivamente tenha comprometida sua capacidade produtiva lato sensu, concluiu a relatora, citando outros julgados da TNU no mesmo sentido: Pedilef (relator juiz Paulo Ricardo Arena Filho) e Pedilef (relator juiz Alcides Saldanha Lima). Processo Outrossim, quanto a Intempestividade do recurso, alegada pelo Instituto, o recorrente, alega em seus argumentos de recurso (Doc. 01, evento 06), não ter comparecido no dia 08/09 por está internado. Ao exposto, consta ter o interessado tomado ciência da decisão do Instituto em 07/08/2014 (Doc. 02, evento 235); tendo protocolado recurso em 30/09/2014 ((Doc. 01, evento 06), sendo o presente recurso intempestivo; no entanto, diante da certeza do direito do segurado, por estar em consonância com o estabelecido na Portaria MPS Nº 548/2011: Art. 13. Incumbe ao Conselheiro relator das Câmaras e Juntas: II - propor à composição julgadora relevar a intempestividade de recursos, no corpo do próprio voto, quando fundamentadamente entender que, no mérito, restou demonstrada de forma inequívoca a liquidez e certeza do direito da parte. Diante do exposto, concluo fazer o recorrente jus ao beneficio Amparo Social à Pessoa com Deficiência, a partir da data de cessação (28/11/2013), estando portanto, desobrigado de devolver o valor de R$ 5.879,67, considerado pelo Instituto como sendo indevido. Pelo exposto, VOTO, no sentido de, preliminarmente, Conhecer do Recurso, para no mérito DAR-LHE PROVIMENTO. Relator(a) Declaração de Voto Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a). ANA IZABELLA SOARES DE FREITAS Conselheiro(a) Suplente Representante das Empresas Declaração de Voto Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a). MARCONDES JOSE FRANCISCO DA SILVA Conselheiro(a) Suplente Representante do Governo

5 Declaração de Voto Presidente concorda com voto do relator(a). MARIZA DE SÁ MONTEIRO Presidente Decisório Nº Acórdão: 737 / 2015 Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros da 21ª Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua fundamentação. Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros ANA IZABELLA SOARES DE FREITAS e MARCONDES JOSE FRANCISCO DA SILVA. Relator(a) MARIZA DE SÁ MONTEIRO Presidente