Superior Tribunal de Justiça

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1 RECURSO ESPECIAL Nº DF (2007/ ) RELATOR : MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO ADVOGADO : ALESSANDRA ALVES DE OLIVEIRA - DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO EMENTA PREVIDENCIÁRIO E PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL INTERPOSTO COM BASE NAS ALÍNEAS A E C DO ART. 105, III DA CF. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO DEMONSTRADO. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC NÃO CARACTERIZADA. SUSPENSÃO DO BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA EM DECORRÊNCIA DO NÃO COMPARECIMENTO DO SEGURADO À PERÍCIA MÉDICA DESIGNADA. NECESSIDADE DE INSTAURAÇÃO DE PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO. 1. A recorrente não logrou demonstrar o dissídio jurisprudencial nos moldes exigidos pelos arts. 541, parágr. único do CPC e 255 do RISTJ, uma vez que o acórdão paradigma colacionado se baseia em circunstâncias fáticas diversas da contida no acórdão recorrido 2. Não incorre em violação ao art. 535 do CPC o acórdão que não apresenta qualquer vício consistente em omissão, contradição ou obscuridade, não servindo os Embargos de Declaração para a mera reapreciação de matéria já decidida. 3. O segurado em gozo de auxílio-doença deverá se submeter periodicamente à inspeção de saúde, que poderá apresentar as seguintes conclusões: (a) continuação das condições geradoras do auxílio-doença, permanecendo o tratamento e o pagamento do benefício; (b) insuscetibilidade de recuperação para qualquer atividade, com a concessão de aposentadoria por invalidez; e (c) habilitação para o desempenho da mesma atividade, ou de outra, sem redução da capacidade laborativa, cessando o pagamento do auxílio-doença. 4. O auxílio-doença somente poderá ser cancelado automaticamente pelo INSS nessas situações legalmente determinadas. 5. Não estando a hipótese dos autos (ausência do segurado à perícia médica designada) incluída nesse rol, a decisão de suspensão do benefício deverá ser precedida de regular procedimento administrativo, com os consectários do contraditório e da ampla defesa, a fim de evitar atuação arbitrária da Administração. 6. Recurso Especial do INSS parcialmente conhecido e, nessa extensão, improvido. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 26/05/2008 Página 1 de 7

2 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da QUINTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, conhecer parcialmente do recurso e, nessa parte, negar-lhe provimento. Os Srs. Ministros Jorge Mussi, Felix Fischer, Laurita Vaz e Arnaldo Esteves Lima votaram com o Sr. Ministro Relator. Brasília/DF, 03 de abril de 2008 (Data do Julgamento). NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO MINISTRO RELATOR Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 26/05/2008 Página 2 de 7

3 RECURSO ESPECIAL Nº DF (2007/ ) RELATOR : MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO ADVOGADO : ALESSANDRA ALVES DE OLIVEIRA - DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO RELATÓRIO 1. Trata-se de Recurso Especial interposto pelo INSS com fundamento nas alíneas a e c do art. 105, III da Constituição Federal, objetivando a reforma do acórdão do Tribunal Regional Federal da 1a. Região que entendeu que a suspensão de benefício previdenciário, concedido administrativamente, não pode prescindir do devido processo legal. 2. Em seu apelo especial, sustenta o INSS, além da divergência jurisprudencial, violação dos arts. 535 do CPC e 62 da Lei 8.213/91, alegando que o benefício que recebia a parte autora era o de auxílio-doença, benefício temporário, cuja cessação depende apenas de perícia médica conclusiva da recuperação do segurado (fls. 105). 4. Contra-razões às fls. 120/ É o relatório. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 26/05/2008 Página 3 de 7

4 RECURSO ESPECIAL Nº DF (2007/ ) RELATOR : MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO ADVOGADO : ALESSANDRA ALVES DE OLIVEIRA - DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO VOTO PREVIDENCIÁRIO E PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL INTERPOSTO COM BASE NAS ALÍNEAS A E C DO ART. 105, III DA CF. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO DEMONSTRADO. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC NÃO CARACTERIZADA. SUSPENSÃO DO BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA EM DECORRÊNCIA DO NÃO COMPARECIMENTO DO SEGURADO À PERÍCIA MÉDICA DESIGNADA. NECESSIDADE DE INSTAURAÇÃO DE PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO. 1. A recorrente não logrou demonstrar o dissídio jurisprudencial nos moldes exigidos pelos arts. 541, parágr. único do CPC e 255 do RISTJ, uma vez que o acórdão paradigma colacionado se baseia em circunstâncias fáticas diversas da contida no acórdão recorrido 2. Não incorre em violação ao art. 535 do CPC o acórdão que não apresenta qualquer vício consistente em omissão, contradição ou obscuridade, não servindo os Embargos de Declaração para a mera reapreciação de matéria já decidida. 3. O segurado em gozo de auxílio-doença deverá se submeter periodicamente à inspeção de saúde, que poderá apresentar as seguintes conclusões: (a) continuação das condições geradoras do auxílio-doença, permanecendo o tratamento e o pagamento do benefício; (b) insuscetibilidade de recuperação para qualquer atividade, com a concessão de aposentadoria por invalidez; e (c) habilitação para o desempenho da mesma atividade, ou de outra, sem redução da capacidade laborativa, cessando o pagamento do auxílio-doença. 4. O auxílio-doença somente poderá ser cancelado automaticamente pelo INSS nessas situações legalmente determinadas. 5. Não estando a hipótese dos autos (ausência do segurado na perícia médica designada) incluída nesse rol, a decisão de suspensão do benefício deverá ser precedida de regular procedimento administrativo, com os consectários do contraditório e da ampla defesa, a fim de evitar Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 26/05/2008 Página 4 de 7

5 atuação arbitrária da Administração. 6. Recurso Especial do INSS parcialmente conhecido e, nessa extensão, improvido. 1. Inicialmente, no que pertine à alínea c, observa-se que a recorrente não logrou comprovar o dissídio jurisprudencial nos moldes exigidos pelos arts. 541, parágr. único do CPC e 255 do RISTJ. No caso, verifica-se que o acórdão paradigma colacionado se baseia em circunstância fática diversa da contida no acórdão recorrido, uma vez que naquele o auxílio-doença foi suspenso em razão da recuperação do segurado, com o retorno às suas funções, após reabilitação profissional, enquanto que na presente hipótese o benefício foi suspenso por não ter o segurado comparecido à perícia médica designada. 2. No tocante ao art. 535 do CPC, inexiste a violação apontada. O Tribunal de origem apreciou fundamentadamente a controvérsia, não padecendo o acórdão recorrido de qualquer omissão, contradição ou obscuridade. Observe-se, ademais, que o julgamento diverso do pretendido, como na espécie, não implica ofensa à norma ora invocada. 3. Quanto ao mais, cinge-se a questão na necessidade de instauração de processo administrativo para a suspensão do benefício de auxílio-doença, em razão do não comparecimento do segurado ao exame médico periódico. 4. A Lei 8.213/91, que dispõe sobre os benefícios da Previdência Social, preceitua em seu art. 62, in verbis : Art O segurado em gozo de auxílio-doença, insusceptível de recuperação para sua atividade habitual, deverá submeter-se a processo de reabilitação profissional para o exercício de outra atividade. Não cessará o benefício até que seja dado como habilitado para o desempenho de nova atividade que lhe garanta a subsistência ou, quando considerado não-recuperável, for aposentado por invalidez. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 26/05/2008 Página 5 de 7

6 5. Da leitura do citado dispositivo, constata-se que o segurado em gozo de auxílio-doença deverá submeter se periodicamente à inspeção de saúde, que poderá apresentar as seguintes conclusões: (a) continuação das condições geradoras do auxílio-doença, permanecendo o tratamento e o pagamento do benefício; (b) insuscetibilidade de recuperação para qualquer atividade, com a concessão de aposentadoria por invalidez e a interrupção do pagamento de auxílio-doença; e (c) habilitação para o desempenho da mesma atividade, ou de outra, sem redução da capacidade laborativa, dando fim ao recebimento do auxílio-doença. 6. Assim, o auxílio-doença somente poderá ser cancelado automaticamente pelo INSS nessas situação legalmente determinadas. 7. No caso, não estando a hipótese dos autos (não comparecimento à perícia médica) incluída nesse rol, a decisão de suspensão do benefício deverá ser precedida de regular procedimento administrativo, com os consectários do contraditório e da ampla defesa, a fim de evitar atuação arbitrária da Administração. 8. De se ressaltar, ainda, que deve ser repelido o cancelamento abrupto de benefício previdenciário por se tratar de verba de caráter alimentar, sob pena de comprometimento da própria subsistência do segurado. 9. Com base nessas considerações, conheço, em parte, do Recurso Especial e, nessa extensão, nego-lhe provimento. 10. É como voto. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 26/05/2008 Página 6 de 7

7 ERTIDÃO DE JULGAMENTO QUINTA TURMA Número Registro: 2007/ REsp / DF Números Origem: PAUTA: 03/04/2008 JULGADO: 03/04/2008 Relator Exmo. Sr. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA Subprocurador-Geral da República Exmo. Sr. Dr. OSWALDO JOSÉ BARBOSA SILVA Secretário Bel. LAURO ROCHA REIS AUTUAÇÃO ADVOGADO : ALESSANDRA ALVES DE OLIVEIRA - DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO ASSUNTO: Previdenciário - Benefícios - Auxílio doença CERTIDÃO Certifico que a egrégia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: "A Turma, por unanimidade, conheceu parcialmente do recurso e, nessa parte, negou-lhe provimento." Os Srs. Ministros Jorge Mussi, Felix Fischer, Laurita Vaz e Arnaldo Esteves Lima votaram com o Sr. Ministro Relator. Brasília, 03 de abril de 2008 LAURO ROCHA REIS Secretário Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 26/05/2008 Página 7 de 7