Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 1ª Câmara de Julgamento

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1 Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 1ª Câmara de Julgamento Número do Processo: / Unidade de Origem: Benefício: 87/ Espécie: Recorrente: Recorrido: Assunto: Relator: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL IBIRATAIA BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL À PESSOA COM DEFICIÊNCIA INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS DANIELA DOS SANTOS ALMEIDA INDEFERIMENTO RODOLFO ESPINEL DONADON Relatório Trata-se de recurso interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS contra decisão unânime da 22ª JR que deu provimento ao recurso da representante de Daniela dos Santos Almeida. Em 23/11/2013 a interessada requereu Amparo Social benefício de prestação continuada, na condição de deficiente, quando apresentou entre outros documentos: 1) Declaração sobre composição do grupo e renda familiar, composto pela requerente, seu filho e sua genitora, sem renda declarada. Perícia médica atestou a requerente como portadora de deficiência. O INSS indeferiu o pedido sob o argumento de que a renda per capita do grupo familiar ultrapassa o montante legal. A requerente recorreu a Junta de Recursos, sendo que a 22ª JR deu provimento ao seu recurso, após diligenciar os autos para emissão de Parecer Social que retornou com a constatação de situação de miserabilidade social da família. O grupo é composto pela requerente e sua mãe. Seu filho está sob a guarda do Conselho Tutelar. Houve pedido de revisão do acórdão onde o INSS sustentou que a genitora já era beneficiária de um LOAS (87/ com DIB em 23/05/13). Pedido de revisão rejeitado. Inconformado, o INSS recorre as Câmaras de Julgamento pedindo a reforma da referida decisão, alegando que a renda per capita do grupo familiar é superior ao limite legal considerando a renda do benefício da genitora. Houve tentativa de comunicação da requerente mas o Carteiro não foi atendido. É o relatório. Inclusão em Pauta Incluído em Pauta no dia 26/01/2015 para sessão nº 0024/2015, de 02/02/2015.

2 Voto Recurso tempestivo. EMENTA: BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL À PESSOA COM DEFICIÊNCIA. LEI 8742/93. NÃO IMPLEMENTAÇÃO DAS CONDIÇÕES PREVISTAS NO 3º DO ART. 20 DA LEI Nº 8.742/93. RENDA PER CAPITA FAMILIAR SUPERIOR A ¼ DO SALÁRIO MÍNIMO. GENITORA JÁ DETENTORA DE LOAS AO DEFICIENTE. PARECER CONJUR/MPS 616/2010. VINCULAÇÃO AO CRPS. PARECER Nº 6/2013/WJR/CGU/AGU. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO AO INSS Busca a requerente a concessão do benefício de prestação continuada contido no caput do art. 20 da Lei 8.742/93, sendo esse a garantia de 1 (um) salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais e que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção e nem de tê-la provida por sua família. Sendo a requerente deficiente, nos termos da lei, cabe analisar a renda familiar que, conforme o disposto do 3º do artigo 20 da Loas, é incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário mínimo. No presente caso, o grupo familiar em questão é composto pela requerente e sua genitora, sendo essa beneficiária de Loas ao deficiente. No que tange aos efeitos da Ação Civil Pública nº /MG, temos que o efeito da decisão que solicita a desconsideração da análise de benefício assistencial para fins de renda do grupo tem abrangência apenas para o Estado de Minas Gerais, conforme decisão que julgou parcialmente procedente o pedido de embargos de declaração do INSS em 06/2012: III DISPOSITIVO ANTE O EXPOSTO, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido, para determinar ao INSS que: 1. na análise dos requerimentos de benefício assistencial apresentados no território de jurisdição desta Seção Judiciária de Minas Gerais, não compute, no cálculo da renda familiar per capita, o benefício previdenciário ou assistencial, no valor de um salário mínimo, recebido por pessoa idosa ou deficiente integrante do grupo familiar. 2. (...) Portanto, a ampliação dos efeitos de tal ACP para todo o resto do Brasil contrario o próprio teor da decisão. Neste sentido, cumpre destacar que o Parecer nº 395/2013/CONJUR-MPS/CGU/AGU, é claro no sentido de limitar a atuação do CRPS quando em confronto com o decidido judicialmente e não deter competência para declaração inconstitucionalidade de texto normativo, a saber: EMENTA: CGPRE. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. CONSULTA ORIUNDA DA PFE/INSS. LIMITES NA ATUAÇÃO DO CRPS. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE PORTARIA MINISTERIAL. DECISÃO EM CONFRONTO COM OS TERMOS DO ACORDO HOMOLOGADO JUDICIALMENTE NO BOJO DA ACP N O CRPS não poderia ter afastado a aplicação da Portaria MPAS n 4.883, de 16/01/1998 e da Portaria MPS n 12, de , ainda que utilizasse por fundamento a decisão proferida pelo STF no bojo do RE /SE, uma vez que não detém competência para declarar a inconstitucionalidade ou ilegalidade de ato normativo ministerial. A existência de decisão judicial de âmbito nacional, que verse sobre idêntica matéria discutida na esfera administrativa, prejudica a análise do recurso interposto perante o CRPS. Logo, analisaremos o processo nos termos legais. Nos termos do Estatuto do Idoso, em seu art. 34, está expresso:

3 Art. 34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, que não possuam meios para prover sua subsistência, nem de tê-la provida por sua família, é assegurado o benefício mensal de 1 (um) salário mínimo, nos termos da Lei Orgânica da Assistência Social Loas. Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer membro da família nos termos do caput não será computado para os fins do cálculo da renda per capita a que se refere a Loas. (grifo nosso). Desta forma, o benefício referido no parágrafo único do citado art. 34 do Estatuto do Idoso remete ao caput do artigo, ou seja, benefício da Loas ao Idoso. Dessa forma, não se pode excluir o valor do LOAS ao Deficiente do calculo da renda per capita, uma vez que se trata de espécie de benefício diferente do amparo ao idoso. Corroborando com o entendimento empossado na Legislação, temos o Parecer CONJUR/MPS/N.º 616/2010, de 23/12/10, tratando sobre a solução de diversas questões jurídicas relativas à aplicação da legislação e no presente caso, a questão 11, aqui resumida, a saber: Parecer CONJUR/MPS/N.º 616/2010 (...) Questão 11. Valor da renda familiar para concessão de BPC da LOAS: o benefício previdenciário de valor mínimo, recebido por familiar idoso, integra ou não o montante da renda? 67. A resposta é afirmativa, à luz do art. 6º, inciso IV, do Regulamento do Benefício de Prestação Continuada - BPC, aprovado pelo Decreto nº 6.214, de 26 de setembro de De acordo com citada norma, para os fins do reconhecimento do direito ao benefício, considera-se renda mensal bruta familiar a soma dos rendimentos brutos auferidos mensalmente pelos membros da família composta por salários, proventos, pensões, pensões alimentícias, "benefícios de previdência pública ou privada", comissões, pró-labore, outros rendimentos do trabalho não assalariado, rendimentos do mercado informal ou autônomo, rendimentos auferidos do patrimônio, Renda Mensal Vitalícia e Benefício de Prestação Continuada, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 19, disposição que remete à exceção do art. 34, parágrafo único, da Lei nº , de 1º de outubro de 2003 (o Estatuto do Idoso). 69. Nesse raciocínio, entre os "benefícios de previdência pública" encontram-se os citados benefícios previdenciários no valor igual a um salário mínimo, tais como aposentadoria, pensão, auxíliodoença etc. 70. Apenas a título de esclarecimento, convém referir que o parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso exclui da renda mensal bruta familiar, para fins de reconhecimento do direito ao BPC ao Idoso, o benefício já concedido a qualquer membro da família. Nesse sentido, dispõe expressamente o parágrafo único do art. 19 do Regulamento do BPC. (grifo nosso) Convém ressaltar que ao CRPS cabe a aplicação do disposto em lei, decreto e ato normativo ministerial e que os Pareceres Ministeriais vinculam sua tese aos julgamentos administrativos nos termos dos art.69 e 70 do Regimento Interno do CRPS, Portaria MPS 548/2011. O acima exposto, além do já citado Parecer Conjur/MPS nº 395/2013, se materializa nas explanações contidas no Parecer nº 6/2013/WJR/CGU/AGU, aprovado pelo Consultor Geral da União, do qual destaco parte da ementa: DIREITO ADMINISTRATIVO. CONSELHO DE RECURSOS DA PREVIDENCIA SOCIAL (CRPS). VINCULAÇÃO DO COLEGIADO TRIPARTITE AOS PARECERES JURÍDICOS EMITIDOS PELO ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO, OU PELA UNIDADE CONSULTIVA JUNTO AO MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL (CONJUR/MPS), QUANDO APROVADOS PELO PRESIDENTE DA REPÚBLICA OU PELO MINISTRO DE ESTADO DA PREVÊNCIA SOCIAL, RESPECTIVAMENTE. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. ARTIGO 10. LEI COMPLEMENTAR Nº 73, DE 10 DE

4 FEVEREIRO DE 1993 (ARTIGOS 40, 41 E 43). (...) Portanto, em que pese o entendimento jurisprudencial sobre o caso, o mais recente dado pelo próprio Supremo Tribunal Federal, por meio do Acórdão proferido nos Recurso Extraordinário nº , DJ-e de 03/10/2013, que declarou a inconstitucionalidade parcial, sem pronuncia de nulidade, do 3, do artigo 20, da lei 8.742/93, o fato é que administrativamente, não se mostra possível concretizar o direito pretendido pelo requerente. Destaco que tal ação do STF não foi proveniente de ação direita de inconstitucionalidade, logo, não se adequa ao contido no art.70 do Regimento Interno do CRPS. Assim, o LOAS ao deficiente da genitora da requerente integra o cálculo da renda per capita familiar, e sendo essa superior a ¼ do salário mínimo, a requerente não faz jus ao benefício pleiteado. Pelo exposto, VOTO no sentido de, preliminarmente, CONHECER DO RECURSO DO INSS para, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO. RODOLFO ESPINEL DONADON Relator(a) Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a). JEFFERSON GERALDO MORAES MORETTI Conselheiro(a) Suplente Representante dos Trabalhadores Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a). ROSALINA GOMES FERREIRA Conselheiro(a) Suplente Representante do Governo Presidente concorda com voto do relator(a). ANA CRISTINA EVANGELISTA Presidente Decisório Nº Acórdão: 494 / 2015 Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros da 1ª Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR PROVIMENTO AO INSS, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua fundamentação. Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros JEFFERSON GERALDO MORAES MORETTI e ROSALINA GOMES FERREIRA.

5 RODOLFO ESPINEL DONADON Relator(a) ANA CRISTINA EVANGELISTA Presidente