Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 1ª Câmara de Julgamento

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1 Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 1ª Câmara de Julgamento Número do Processo: / Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL SÃO PAULO-SÃO MIGUEL PAULISTA Benefício: 42/ Espécie: APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS Recorrido: JOSE DO NASCIMENTO FILHO Assunto: INDEFERIMENTO Relator: Relatório Recurso Especial interposto, tempestivamente, pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS contra decisão proferida pela E. 8ª Junta de Recursos. Em 02/08/2013 o SR. JOSÉ DO NASCIMENTO FILHO requereu benefício de Aposentadoria por Tempo de Contribuição, aos 48 anos de idade. Visando o reconhecimento da atividade exercida em condições especiais apresentou Perfil Profissiográfico Previdenciário emitido pela empresa GOODYEAR DO BRASIL PRODUTOS DE BORRACHARIA para os seguintes períodos:. de 30/05/1986 a 25/10/1986, exposto a ruído de 87,5 decibéis;. de 26/10/1986 a 31/10/1996, exposto a ruído de 89,9 decibéis;. de 01/11/1996 a 30/07/2003, exposto a ruído de 89,2 decibéis;. de 31/07/2003 a 30/05/2005, exposto a ruído de 89,2 decibéis, e calor de 26,7ºC;. de 31/05/2005 a 31/05/2006, exposto a ruído de 89,2 decibéis;. de 01/06/2006 a 31/05/2007, exposto a ruído de 90,6 decibéis;. de 01/06/2007 a 31/05/2008, exposto a ruído de 90,6 decibéis;. de 01/06/2009 a 31/05/2010, exposto a ruído de 88,20 decibéis, e agente químico (particulado) de 0,098mg/m³;. de 01/06/2010 a 18/06/2010, exposto a ruído de 85,10 decibéis, e agente químico (particulado) de 0,098mg/m³. Apresentou ainda, DIRBEN 8030 da CIA BRASILEIRA DE BEBIDAS S.A para o período de 16/08/1985 a 27/05/1986, como Ajudante, exposto a ruído de 90 decibéis; No referido formulário, consta informação de que as fábricas de cerveja e de refrigerante foram desativadas em abril de 1996 e junho de 2000, respectivamente, mas as informações contidas no laudo foram coletadas e analisadas quando as unidades estavam em pleno funcionamento. A perícia médica NÃO enquadrou os períodos pretendidos com as seguintes justificativas::

2 . de 16/08/1985 a 27/05/1986 (CIA BRASILEIRA DE BEBIDAS S.A), alegou que o LTCAT individual deverá ter a data da realização da perícia e que não há localização das possíveis fontes geradoras; a extemporaneidade do laudo ambiental tendo em vista a data em que o Engenheiro de segurança do trabalho laborou, de 1991 a 2000, após a atividade informada no LTCAT;. de 30/05/1986 a 30/07/2003, que o código GFIP 0, que indica que não houve exposição ou que a exposição foi atenuada pela proteção eficaz; a fonte calor não ultrapassa o limite do permissivo legal e que deverá ter origem em fontes artificiais e o agente particulado não está arrolado no anexo IV do Decreto 3048/99; a partir de 03/12/1998 o agente foi atenuado pelo uso de EPI eficaz; no PPP. de 31/07/2003 a 18/06/2010, o agente nocivo ruído não ultrapassa os limites de tolerância permitidos pelas normas previdenciárias. O INSS apurou em sua planilha de tempo de contribuição o montante de 25 anos, 06 meses e 26 dias de contribuições. Pleito indeferido em razão da falta de tempo de contribuição. Recurso Ordinário, evento 01. O Julgamento foi convertido conforme Decisório nº 062/2014 pela JR, para esclarecimentos, juntadas de documentos complementares e informações sobre o uso de EPI, nos termos do decisório supramencionado. Em cumprimento foram enviados ofícios às empresas (evento16). A empresa AMBEV (sucessora da extinta CIA BRASILEIRA DE BEBIDAS S.A), informa que o segurado trabalhou no setor de engarrafamento da fábrica de cervejas/refrigerantes, no período de 16/08/1985 a 27/05/1986; que já eram realizados levantamentos ambientais pelo setor de segurança e de engenharia do trabalho da extinta empresa, no período trabalhado anterior ao PPRA de 1994; que as características do agente ruído, no setor de engarrafamento de bebidas, não sofreu qualquer alteração até o fechamento da unidade, em junho de Não consta manifestação da empresa GOODYEAR DO BRASIL PRODUTOS DE BORRACHARIA. Encaminhados os autos a Perícia Médica, anteriormente exarada (evento 21). que se pronunciou em 07/11/2014, ratificando a decisão técnica Decidiu a 8ª JR pelo provimento PARCIAL do recurso do interessado, acrescentou ao tempo de contribuição apurado pelo INSS a conversão dos períodos de 16/08/1985 a 27/05/1986 (código 1.1.6, anexo IV, do decreto /1964), 19/11/2003 a 18/06/2010 ( enquadramento no código 2.0.1, do quadro anexo do Decreto 3.048/99), sem reconhecimento do direito ao benefício em questão por falta de amparo legal ( evento 30). O INSS apresentou recurso a esse Conselho alegando, em síntese, impossibilidade de acatamento do enquadramento procedido pela JR em face do parecer médico contrário de sua perícia médica. Requer a reforma da decisão proferida pelo douto órgão julgador de 1º grau (evento 32). Em contrarrazões o interessado, em síntese, alega que: 1. quanto ao enquadramento dos períodos de 16/08/1985 a 27/05/1986, 19/11/2003 a 18/06/2010 a decisão da JR não merecer reforma; 2. também faz jus ao enquadramento do período de 30/05/1986 a 05/03/1997, por exposição a ruído acima dos limites de tolerância. Inclusão em Pauta Incluído em Pauta no dia 30/06/2015 para sessão nº 0263/2015, de 07/07/2015.

3 Voto EMENTA: APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. RECURSO ESPECIAL DO INSS. IMPOSSIBILIDADE DE CONCESSÃO DO BENEFÍCIO POR NÃO IMPLEMENTAÇÃO DAS CONDIÇÕES NECESSÁRIAS À SUA OBTENÇÃO NA FORMA PREVISTA NOS ARTIGOS 56, 187 OU 188 DO REGULAMENTO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL RPS, APROVADO PELO DECRETO Nº 3.048/99.RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. RECURSO CONHECIDO E NEGADO AO INSS Recurso tempestivo na forma prevista no 1º do artigo 305 do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99, conforme Sistema Informatizado de Protocolo da Previdência Social. A matéria controversa nos autos restringe-se ao reconhecimento como especiais os períodos de trabalho do segurado d e 16/08/1985 a 27/05/1986, 30/05/1986 a 05/03/1997, 19/11/2003 a 18/06/2010 enquadrados pelo agente ruído na decisão proferida pela Junta de Recursos. Conforme formulários constantes dos autos o interessado esteve exposto aos seguintes níveis de ruído:. de 16/08/1985 a 27/05/1986, exposto a ruído de 90 decibéis;. de 30/05/1986 a 25/10/1986, exposto a ruído de 87,5 decibéis;. de 26/10/1986 a 31/10/1996, exposto a ruído de 89,9 decibéis;. de 01/11/1996 a 30/07/2003, exposto a ruído de 89,2 decibéis;. de 31/07/2003 a 30/05/2005, exposto a ruído de 89,2 decibéis;. de 31/05/2005 a 31/05/2006, exposto a ruído de 89,2 decibéis;. de 01/06/2006 a 31/05/2007, exposto a ruído de 90,6 decibéis;. de 01/06/2007 a 31/05/2008, exposto a ruído de 90,6 decibéis;. de 01/06/2009 a 31/05/2010, exposto a ruído de 88,20 decibéis. A perícia médica NÃO enquadrou os períodos em questão com as seguintes justificativas:. de 16/08/1985 a 27/05/1986 (CIA BRASILEIRA DE BEBIDAS S.A), alegou que o LTCAT individual deverá ter a data da realização da perícia e que não há localização das possíveis fontes geradoras; a extemporaneidade do laudo ambiental tendo em vista a data em que o Engenheiro de segurança do trabalho laborou, de 1991 a 2000, após a atividade informada no LTCAT;. de 30/05/1986 a 30/07/2003, que o código GFIP 0, que indica que não houve exposição ou que a exposição foi atenuada pela proteção eficaz; a fonte calor não ultrapassa o limite do permissivo legal e que deverá ter origem em fontes artificiais e o agente particulado não está arrolado no anexo IV do Decreto 3048/99; a partir de 03/12/1998 o agente foi atenuado pelo uso de EPI eficaz;. de 31/07/2003 a 18/06/2010, o agente nocivo ruído não ultrapassa os limites de tolerância permitidos pelas normas previdenciárias. Há informações nos autos de que a empresa AMBEV (sucessora da extinta CIA BRASILEIRA DE BEBIDAS S.A), informa que o segurado trabalhou no setor de engarrafamento da fábrica de cervejas/refrigerantes, no período de 16/08/1985 a 27/05/1986; que já eram realizados levantamentos ambientais pelo setor de segurança e de engenharia do trabalho da extinta empresa, no período trabalhado anterior ao PPRA de 1994; que as características do agente ruído, no setor de engarrafamento de bebidas, não sofreu qualquer alteração até o fechamento da unidade, em junho de Assim, mantenho o enquadramento do período de 16/08/1985 a 27/05/1986 no código do Decreto /1964. Não há amparo legal para enquadramento do período de 30/05/1986 a 05/03/97 haja exposição a ruído abaixo dos limites de tolerância, na forma prevista na legislação vigente na data da prestação laboral.

4 O período de 19/11/2003 a 18/03/2010, mantenho o enquadramento no código 2.0.1, Anexo IV do Decreto nº 3.048/99, uma vez que embora conste GFIP zero e uso de EPI, o ruído foi superior a 85 db(a). Quanto ao EPI, o entendimento jurisprudencial é de que seu uso por parte do trabalhador não descaracteriza a condição insalubre de sua atividade, posto que o uso destes equipamentos apenas minimiza os efeitos nocivos a saúde do segurado, mas não a ponto de eliminá-la. Dispõe a Súmula n.º 9 da Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais e o Enunciado nº 21 deste Conselho, in verbis: Súmula 09: O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), ainda que elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado. Enunciado nº 21: O simples fornecimento de equipamento de proteção individual de trabalho pelo empregador não exclui a hipótese de exposição do trabalhador aos agentes nocivos à saúde, devendo ser considerado todo o ambiente de trabalho. Pelo entendimento esposado no Parecer/CONJUR/MPS n 616/2010 independente da eficácia dos EPI s não fica automaticamente descaracterizado o seu direito à aposentadoria especial, tampouco o dever do recolhimento, por parte dos empregadores, das contribuições adicionais. Informa o parecer, com muita clareza, que se a prova for incontestável de que os EPIs eliminaram o risco de exposição ao agente nocivo, reduzindo-lhe a intensidade a limites de tolerância, o tempo de contribuição será contado como comum, por força do não atendimento aos 3 e 4 do art. 57 da Lei n 8.213/91, o que não ocorreu no presente caso. Quanto ao nível de exposição ao agente nocivo ruído dispõe a legislação previdenciária: superior a 80 decibéis, na vigência do Decreto /64; superior a 90 decibéis a partir de 05/03/97, na vigência do Decreto 2.172/97; superior a 85 decibéis, a partir da edição do Decreto 4.882, de 18/11/03. Resta, então, a conclusão de que mesmo com os devidos enquadramentos o interessado NÃO comprova tempo de contribuição necessário à obtenção da aposentadoria requerida na forma prevista nos artigos 56, 187 ou 188 do RPS ainda que reafirmada a DER para a data do presente julgamento. CONCLUSÃO Pelo exposto, VOTO, no sentido de, preliminarmente, CONHECER DO RECURSO DO INSS, para no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, mantida decisão recorrida. Relator(a) Declaração de Voto Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a). ADRIENE CANDIDA BORGES Conselheiro(a) Suplente Representante dos Trabalhadores Declaração de Voto Presidente concorda com voto do relator(a).

5 MARIA MADALENA SILVA LIMA Presidente Decisório Nº Acórdão: 4371 / 2015 Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros da 1ª Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E NEGAR PROVIMENTO AO INSS, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua fundamentação. Participou, ainda, do presente julgamento, o(a) Conselheiro(a) ADRIENE CANDIDA BORGES. Relator(a) MARIA MADALENA SILVA LIMA Presidente