ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA GAB. DES. MANOEL SOARES MONTEIRO

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1 , 1. ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA GAB. DES. MANOEL SOARES MONTEIRO ACÓRDÃO APELAÇÃO CÍVEL N /001 RELATOR: DES. MANOEL SOARES MONTEIRO APELANTE: Tim Nordeste S/A ADVOGADOS: Leidson F. Torres Matos e outros APELADO: Leidson Farias Escritório de Advocacia ADVOGADOS: Thélio Farias e outros INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS C/C REPETIÇÃO DO INDÉBITO Telefonia móvel Plano empresarial pretensamente cancelado Adesão a um novo Cobrança em duplicidade Procedência - lrresignação Rejeição da preliminar de intempestividade argüida nas contra-razões Reforma do julgado - Falta de comprovação da rescisão do plano antigo Serviços de telefonia utilizados pelo promovente - Ausência, ademais, de demonstração de dano à sua honra objetiva Provimento do apelo. Interposto o apelo dentro do prazo legal, rejeitada deve ser a prefaciai de intempestividade. 111 Não demonstrado o efetivo pedido de cancelamento do plano empresarial anterior, a cobrança da fatura deste e do novo serviço contratado não caracteriza defeito em sua prestação, passível de justificar a reparação de dano moral e a repetição do indébito, mormente quando os serviços de ambos foram indiscutível e largamente utilizados pelo promovente. "APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. APARELHO CELULAR. DEFEITO. DANOS MORAIS. PESSOA JURÍDICA. AUSÊNCIA DE PROVAS DE AFRONTA À HONRA OBJETIVA. Para admissão e fixação do pleito indenizatório por dano moral, era necessário que a autora tivesse comprovado a extensão do dano e suas conseqüências, levando em conta todas as peculiaridades da condição de ser pessoa jurídica, ou seja, os efeitos em sua honra objetiva. É rechaçada qualquer hipótese de angústia, perturbação psicológica ou outra forma de sentimento pessoal porque tais hipóteses caracterizam-se com a honra subjetiva que a pessoa jurídica não possui. Não comprovando a autora o abalo a sua imagem ou a sua reputação, descabida a indenização por danos morais. APELO DESPROVIDO." (Apelação Cível N , Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marilene Bonzanini Bernardi, Julgado em 15/04/2009).

2 .. Vistos, relatados e discutidos estes autos, antes identificados: Acorda a Egrégia 1 a Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, a unanimidade, REJEITAR A PRELIMINAR DE INTEMPESTIVIDADE E DAR PROVIMENTO AO RECURSO. Relatório Cuida-se de Apelação Cível interposta pela TIM Nordeste S/A contra a sentença, que, nos autos da Ação de Indenização por Danos Morais c/c Repetição do Indébito, promovida em seu desfavor por Leidson Farias Escritório de Advocacia, julgou procedente o pedido vestibular, condenando-a ao pagamento de R$ ,00 (dez mil reais) a título de danos extrapatrimoniais e a restituir, em dobro, todos os valores indevidamente cobrados e pagos, assim como, solver as custas e honorários de advogado, arbitrados em 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenação. Em suma, alega que não haveria danos morais a serem indenizados, posto que, além de não ter havido o efetivo pedido de cancelamento do plano empresarial anterior por parte do promovente, este, pessoa jurídica, não haveria demonstrado qualquer ofensa à sua honra objetiva. Pugnou, ainda, pelo reconhecimento da ausência de valores a restituir, porquanto prestado e usufruído o serviço de telefonia, ou pela determinação de sua devolução de forma simples (fls. 201/232). Devidamente intimado, o recorrido apresentou contrarrazões, argüindo preliminar de intempestividade e propugnando pela manutenção integral da sentença fustigada (f Is. 238/252). Instada a se pronunciar, a douta Procuradoria de Justiça, em parecer (fls. 258/260), opinou pela rejeição da prefaciai e provimento do apelo. É o relatório. Voto Des. Manoel Soares Monteiro: ventilada pelo recorrido. início, asso a apreciar a preambular de intem estividade P PP P Conjugando os preceitos contidos nos artigos 184, 2, e 240, parágrafo único, ambos do CPC, verifica-se que os prazos somente começam a correr do dia útil subsequente à intimação, a qual, se realizada em dia em que não tenha havido expediente forense, será considerada efetuada no primeiro dia útil seguinte. In casu, a intimação da sentença foi publicada no Diário da Justiça de 11/05/2008, um domingo. Dessa forma, considerando que o prazo recursal teve seu início na terça-feira seguinte, vindo a se findar no dia 27/05/2008, a interposição da apelação nesta data se apresenta tempestiva, justificando a rejeição da prefaciai. No mérito, exsurge dos autos, que a apelado propôs Ação de Indenização por Danos Morais c/c Repetição do Indébito contra a TI M Nordeste S/A. Resumidamente, aduziu que almejando aderir a um plano empresarial diverso do já mantido com a promovida, celebrou com esta, por intermédio da prestadora de serviços MR Administração e Representação, nova modalidade de contrato, habilitando em seu nome as linhas , e

3 : z Asseverou, ainda, que quando da celebração da novel avença teria ficado pactuado que o plano anterior seria cancelado, migrando as linhas de ns e para o novo. Acontece que, segundo o autor, o cancelamento não teria sido efetivado, dando azo à cobrança dos serviços de telefonia em duplicidade e ao dano em sua honra objetiva, já que anteriormente ao fato narrado a sua reputação seria inabalável. Pois bem, a despeito da fundamentação constante da sentença guerreada, acolhendo a pretensão formulada pelo promovente, entendo que ela deva ser inteiramente reformada. Compulsando o caderno processual, verifico que em momento algum houve a comprovação do pedido de rescisão do plano anterior e da migração das linhas e para o novo, já que do formulário de pedido de adesão ao plano empresarial "Nosso Modo", celebrado posteriormente pelo recorrido, não existe qualquer referência ao cancelamento da prestação dos serviços de telefonia então vigente (fl. 16). No mesmo caminho, malgrado tenha o apelado notificado extrajudicialmente a irresignada, pugnando pela obliteração do plano anterior, tal pedido, a par de sequer indicar as linhas telefônicas que o compunham, derivou da sua não concordância em solver a multa rescisória cobrada por aquela em um primeiro contato via SAC Serviço de Atendimento ao Cliente (fls. 18/19). Nesse norte, se para a ré o plano anterior somente poderia ser cancelado após a quitação da multa epigrafada, não paga esta, impossível se ter como legitima a postulação formulada pelo promovente, que deveria, em se sentindo prejudicado, questionar previamente, perante o Procon ou a Justiça, a cobrança de tal importância, para só então aderir a um novo plano, solicitando o cancelamento do anterior e a migração de suas linhas. Ausente, portanto, a demonstração efetiva da má prestação dos serviços, impossível se perquirir acerca da ocorrência de danos morais. Ad argumentandum, ainda que o cancelamento tivesse sido correta e legitimamente requerido, decorrendo a manutenção dos dois planos de conduta oponível à 11, ré, a meu sentir, não haveria indenização a ser reconhecida, visto que embora pacificada no âmbito da jurisprudência a possibilidade de a pessoa jurídica poder sofrer dano moral, sendo a matéria inclusive objeto de súmula do Superior Tribunal de Justiça, ele não é, via de regra, in re ipsa, necessitando a comprovação, ausente no caso em testilha, da repercussão do ilícito na honra objetiva daquela, que consistente no respeito, admiração, apreço e credibilidade junto à sua clientela. k}r Adstrito ao tema, pontificam os seguintes julgados: --Pim--- "APELAÇÃ O CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. APARELHO CELULAR. DEFEITO. DANOS MORAIS. PESSOA JURÍDICA. AUSÊNCIA DE PROVAS DE AFRONTA À HONRA OBJETIVA. Para admissão e fixação do pleito indenizatório por dano moral, era necessário que a autora tivesse comprovado a extensão do dano e suas conseqüências, levando em conta todas as peculiaridades da condição de ser pessoa jurídica, ou seja, os efeitos em sua honra objetiva. É rechaçada qualquer hipótese de angústia, perturbação psicológica ou outra forma de sentimento pessoal porque tais hipóteses caracterizam-se com a honra subjetiva que a pessoa jurídica não possui. Não comprovando a autora o abalo a sua

4 : imagem ou a sua reputação, descabida a indenização por danos morais. APELO DESPROVIDO." (Ap. Civ. N , 9 a C.C., TJRS, Rei: Marilene Bonzanini Bernardi, Julg. 15/04/2009) "RESPONSABILIDADE CIVIL. VIVO S.A. COBRANÇA INDEVIDA. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. CABIMENTO. SERVIÇO DE TELEFONIA. MEROS DISSABORES. PESSOA JURÍDICA. MORAL NÃO CONFIGURADO. O estatuto do consumidor não exige prova da má-fé no ato da cobrança da dívida, sendo suficiente o pagamento indevido, por débito inexistente, para que reste autorizada a restituição em dobro. A obrigação só resta excluída se comprovado que a cobrança decorreu de engano justificável, o que inocorre no caso concreto. 2. Considerando que a ofendida trata-se de pessoa jurídica, deve ser considerada eventual agressão a sua honra objetiva, para efeitos de reparação por dano moral. Indispensável, portanto, a prova do abalo moral em sua boa fama e conceito, o que não ocorreu na hipótese em comento. Sentença parcialmente reformada. APELO PARCIALMENTE PROVIDO." (Ap. Civ , 10 a C. C., TJRS, Relator: Paulo Antônio Kretzmann, Julg. 12/03/2009) Por fim, impossível se me afigura a determinação de repetição do indébito, posto que a despeito de se ter ou não solicitado o devido cancelamento do plano empresarial anterior, o serviço de telefonia foi muito bem utilizado pelo promovente, conforme se extrai das contas colacionadas ao álbum processual, que retratam, discriminadamente, o consumo de cada uma das linhas a ele pertencente, inclusive as referentes ao plano antigo (fls. 21/67, 74/90 e 123/140). Como pontificou a erudita Procuradoria de Justiça, "o fato do apelado tencionar o cancelamento do contrato não o autoriza a utilizar o serviço, para, depois, insurgir-se contra a cobrança das faturas do que foi efetivamente consumido. Em verdade, ao expor os fatos na inicial, o apelado faz parecer que não utilizou o serviço, tentativa que, no entanto, não resiste a uma breve análise das contas juntadas aos autos." (f ). Por tais razões, dou provimento ao recurso, para, reformando a sentença fustigada, julgar improcedente o pedido, invertendo-se o ônus da sucumbência. É como voto. Por votação indiscrepante, rejeitou-se a preliminar de intempestividade e deu-se provimento ao recurso. Participaram do julgamento, além do Relator, os Exmos. Des. José Di Lorenzo Serpa e Miguel de Britto Lyra Filho (Juiz Convocado). Presente a Exma. Dra. Otanilza Nunes de Lucena, representante da Procuradoria de Justiça. Sala de Sessões da Egrégia i a Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, aos 21 dias do a) mês e maio d? ano Des. M oel Soares Monteiro Relator

5 , TRIBUNAL DE JUSTIÇA Coordenado ria Judiciária Registrado er5,90lta