A variedade de sistemas canônicos limites para curvas nodais com três componentes irredutíveis
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1 Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada Tese de Doutorado A variedade de sistemas canônicos limites para curvas nodais com três componentes irredutíveis Fábio Xavier Penna Orientador: Eduardo Esteves 1 de outubro de 2012
2 Para Camila, Bernardo e Zanforlin.
3 Agradecimentos Agradeço aos meus pais, que mesmo longe acompanharam de perto o meu esforço para a conclusão deste trabalho. À Camila, pela paciência e por compreender que é preciso tempo para construir. Ao meu irmão e à Cintia, que acreditaram em mim. E ao Bernardo, por estar aqui. Agradeço ao meu professor, Eduardo Esteves, que propôs este problema. Ao Alex Abreu, pelas conversas que, embora poucas, foram fundamentais. Ao Nivaldo Medeiros, pela disponibilidade em me receber e discutir o resultado principal. À Carolina Araujo e ao Arnaldo Garcia, pela leitura do trabalho, comentários e sugestões pertinentes. Agradeço ao grupo de Geometria Algébrica do IMPA, onde eu pude aprender muito e ensinar um pouco: André Contiero, Alex Abreu, Pedro Rizzo, Flávio Rocha, Edilaine Ervilha, Douglas Monsores, Flaviano Bahia, Renan Lima... Agradeço ao grupo de Folheações Complexas, companheiros de disciplinas e de pena, em especial Wanderson Costa e Silva e Maycol Falla. Agradeço a amizade, o companheirismo e a cooperação de todos com quem convivi na Voluntários da Pátria, 98/510C: LG, Contiero, Fi, Galão, Sobrinho, Juan, Renavam, Miguel, Adélio, Robertinho. Agradecimentos especiais ao professor Jacob Palis, há dez anos nosso fiador, e ao Sérgio Guerra, sempre aberto a negociações envolvendo aluguel e contrato. Agradeço a Renato Zanforlin, grande amigo e companheiro que estará ao meu lado por toda a vida. Ao João Paulo Roquim Romanelli, amigo sempre presente, de Minas a Botafogo. À Laura Hinsch, uma joia alemã lapidada no Brasil. Ao Fábio Simas, antigo companheiro de sala e recente colega de Universidade. A todos os colegas e funcionários do IMPA pelo apoio técnico, logístico e psicológico durante estes anos. Por fim, agradeço ao CNPq pelo suporte financeiro à minha pesquisa.
4 Sumário Prefácio Terminologia Introdução Sistemas canônicos limites Estruturas enriquecidas Suavizações ao longo de direções gerais Interseções em posição geral Feixes gerais O problema da degeneração O Lema numérico Divisores de Weierstrass limites Estruturas enriquecidas e suavizações regulares Divisores de Cartier e ideais fracionários Sobre a existência de estruturas enriquecidas Propriedades dos grupos H I Suavizações regulares de curvas com três componentes
5 3 Espaços de seções de feixes canônicos Positividade Dimensões Ações de toros Curvas com três componentes Estabilizadores A variedade de sistemas canônicos limites com foco em uma componente A variedade de sistemas canônicos limites Curvas com quatro componentes Estabilizadores A variedade de sistemas canônicos limites com foco em uma componente Sobre outras generalizações Métodos computacionais e exemplos Algoritmo Exemplos Curvas com três componentes Curvas com quatro componentes Apêndice 117 Referências Bibliográficas 122
6 Invento, mas invento na secreta esperança de estar inventando certo. Paulo Emílio Sales Gomes Em Invenção e memória de Lygia Fagundes Telles.
7 Prefácio Neste trabalho construímos uma variedade que parametriza os sistemas canônicos limites, e portanto, os divisores de Weierstrass limites em uma curva nodal com três componentes irredutíveis. Consideramos o caso no qual as componentes da curva limite se intersectam em pontos em posição geral e a degeneração ocorre ao longo de uma direção geral. Assumimos ainda que cada componente irredutível da curva intersecta todas as outras componentes. Não é claro quando Karl Weierstrass estabeleceu e provou seu Lückensatz (ou Teorema das Lacunas ), mas provavelmente isto ocorreu entre os anos 1860 e Este é o início da história dos pontos de Weierstrass. Seu Teorema afirma o seguinte: Seja C uma superfície de Riemann compacta. Então, para cada P C, existem exatamente g inteiros α i (P ) com 1 = α 1 (P ) < < α g (P ) 2g 1 tais que não existe uma função meromorfa em C com um único polo em P de multiplicidade α i (P ). Veja [11], página 432. Os números α 1 (P ),..., α g (P ) são chamados lacunas de C em P ; o número g, que é independente da escolha de P, foi tomado por Weierstrass como a definição do gênero de C. Usando o Teorema de Riemann-Roch, podemos ver que (α 1 (P ),..., α g (P )) (1,..., g) se, e somente se, i(gp ) > 0, onde i( ) denota o índice de especialidade do divisor entre parênteses. Denote por W o conjunto de pontos de C onde i(gp ) > 0. Alguns anos mais tarde, os pontos de W foram chamados points de Weierstrass por Haure em [13]. Ainda no final do século XIX, o artigo [2] escrito por Hürwitz foi de suma importância para a teoria dos pontos de Weierstrass e para sua aplicação ao estudo de curvas algébricas.
8 Nesse trabalho, Hürwitz desenvolve o método do Wronskiano que, em linguagem moderna, nos permite visualizar W como o esquema de zeros de uma seção de um certo fibrado pluricanônico da curva algébrica C. No mesmo trabalho ele deu uma definição precisa de multiplicidade ou peso de um ponto de Weierstrass e definiu o conceito de pontos de Weierstrass de ordem superior. Uma descrição histórica completa sobre a origem e o desenvolvimento do conceito de pontos de Weierstrass está em [1]. Questões envolvendo pontos de Weierstrass que surgiram dos trabalhos de Noether, Hürwitz, Haure e Hensel foram redescobertas na segunda metade do século XX, como podemos ver em [4]. Após as novas ferramentas introduzidas na área de Geometria Algébrica por Alexander Grothendieck e seus colaboradores, o foco da pesquisa nesta área passou ao estudo de famílias de variedades. Como o espaço de moduli M g das curvas projetivas, conexas e suaves de gênero g admite uma compactificação M g por curvas estáveis, isto é, curvas nodais com grupo de automorfismos finito, tornou-se natural perguntar para o que os pontos de Weierstrass se degeneram quando uma curva suave se especializa para uma curva estável. Recorde que um sistema linear em uma curva suave C é um par (V, L) onde L é um fibrado em retas sobre C e V H 0 (C, L) é um subespaço vetorial. Se o grau de L é d e a dimensão de V é r + 1, então (V, L) é dito um g r d, i.e. um conjunto de d pontos movendo em uma família linear de dimensão projetiva r. Um método clássico na teoria de sistemas lineares em curvas suaves é degenerar a curva em curvas singulares e, estudando a geometria dos limites, derivar propriedades das curvas suaves originais. Castelnuovo, Severi, Kleiman, Kempf, Laksov, Griffiths e Harris aplicaram esta idéia degenerando curvas suaves em curvas nodais racionais e curvas com cúspides. Como os pontos de Weierstrass formam o divisor de ramificação do sistema linear completo H 0 (C, ω C ), pode-se relacionar pontos de Weierstrass
9 degenerados com a teoria de sistemas lineares limites, desenvolvida por Eisenbud e Harris em [3]. Neste artigo eles trabalham com famílias de curvas suaves degenerando em curvas de tipo compacto, ou seja, curvas com apenas nós desconectantes e cujas componentes irredutíveis são suaves. Grosseiramente falando, Eisenbud e Harris definem um sistema linear limite em uma curva C de tipo compacto como uma coleção de g r d s, um para cada componente irredutível de C, satisfazendo certas condições de compatibilidade nas ordens de anulamento dos nós de C. Usando esta teoria, eles encontram condições necessárias para um sistema linear limite ser o limite de sistemas lineares definidos em curvas suaves numa vizinhança de C. Como descrito em [4, 5], usando estas ferramentas eles obtêm vários resultados sobre pontos de Weierstrass, como, por exemplo, uma caracterização dos limites de pontos de Weierstrass para curvas de tipo compacto. Eles perguntam em [4], página 499: Quais são os limites de pontos de Weierstrass em famílias de curvas degenerando em curvas estáveis que não são de tipo compacto? Eisenbud e Harris escrevem em seu artigo [3] que a noção de sistemas lineares se estende para uma curva redutível, contudo não é útil para o estudo da sua geometria. De fato, seja C uma curva nodal com componentes irredutíveis C 1,..., C m e π : S B uma suavização regular de C onde ξ (resp. s) é o ponto genérico (resp. especial) de B. Suponha que (V ξ, L ξ ) seja um sistema linear na fibra genérica S(ξ), isto é, um fibrado em retas L ξ em S(ξ) e um subespaço vetorial V ξ H 0 (S(ξ), L ξ ) de dimensão r + 1. Gostaríamos de determinar um sistema linear limite em C e, estudando sua geometria, dizer algo a respeito da geometria da fibra genérica da família. Como Eisenbud e Harris observam em [3], página 339, embora limites (V s, L s ) existam, eles não são únicos e nenhum deles reflete completamente a geometria de (V ξ, L ξ ). É possível estender L ξ a um fibrado em retas L em S. Neste caso,
10 V ξ terá como limite o subespaço vetorial V s H 0 (C, L C ) de dimensão (r + 1), onde V s = {σ C : σ H 0 (S, L) V ξ } e H 0 (S, L) V ξ = {σ H 0 (S, L) : σ S(ξ) V ξ }. No entanto, se L é tal extensão e D é um divisor de Cartier em S não trivial suportado em C, então L O S (D) é outra extensão de L ξ cuja restrição a C pode ter, por exemplo, graus diferentes dos de L em cada componente. Na teoria de sistemas lineares limites desenvolvida por Eisenbud e Harris em [3], eles consideram uma família suave π : S B de curvas se especializando para uma curva de tipo compacto C = π 1 (s), e uma família de sistemas lineares (L b, V b ) para b s. Neste caso, os diferentes fibrados em retas L s em C que surgem como limite são determinados pelos graus de suas restrições às componentes de C, e qualquer distribuição de graus cuja soma é o grau de L ξ é possível. Para tais curvas, os fibrados em retas O S (C i ) C não dependem da família S/B, e para que a coleção dos L s s seja determinada basta que seja conhecido apenas um deles. Esta propriedade não é verdadeira para curvas estáveis em geral, tornando-se um problema para a extensão da noção de sistemas lineares limites para uma curva C que não seja de tipo compacto. Para superar esta dificuldade, usamos um conceito introduzido por Laila Mainò na sua tese de doutorado [12]. Uma estrutura enriquecida sobre uma curva C com m componentes irredutíveis é uma m-upla de fibrados em retas Γ = {L 1,..., L m } em C tal que existe uma suavização regular S/B de C com L i = OS (C i ) C para i = 1,..., m. Uma curva estável enriquecida é um par (C, Γ) onde C é uma curva estável e Γ é uma estrutura enriquecida em C. Em [12], Mainò introduz a noção de curva estável enriquecida e constrói um espaço de moduli para tais curvas. Ela descreve ainda como uma estrutura enriquecida Γ varia de acordo com a suavização de C e qual é o espaço das estruturas enriquecidas para uma
11 curva estável fixada C. Usando estruturas enriquecidas, Esteves e Medeiros responderam à pergunta proposta por Eisenbud e Harris no caso de curvas estáveis com duas componentes irredutíveis se intersectando em pontos em posição geral; veja [6]. Em [7], Esteves e Salehyan consideram degenerações de curvas suaves em uma curva estável C com m componentes irredutíveis onde cada componente intersecta todas as outras. Sob certas condições de generalidade, para cada l = 1,..., m eles encontram uma m-upla n (l) = (n (l) 1,..., n (l) m ) de inteiros tal que, para uma coleção geral de fibrados em retas L 1,..., L m em C formando uma estrutura enriquecida, o sistema linear completo de seções do feixe L n(l) := ω C L n(l) 1 1 L n(l) m tem número finito de pontos de base, é não degenerado na componente C l e tem posto g 1, onde g é o gênero de C. Eles mostraram no Teorema 6, página 5053 de [7], que dada uma suavização regular π : S B de C, denotando por {L 1,..., L m } a estrutura enriquecida associada, o divisor de Weierstrass limite de π é m W = m l=1 W l + i<j g(g 1 n (i) j n (j) i ) i,j, onde W l é o divisor de ramificação em C l do sistema linear completo H 0 (C l, L n(l) Cl ) e i,j = C i C j. Este problema, o de determinar o divisor de Weierstrass limite, é conhecido como problema da degeneração. Outra questão que surge naturalmente vai na direção contrária e é conhecida como o problema da regeneração. Considere um divisor de Weil em uma curva estável C. É possível encontrar uma suavização regular S/B de C tal que o divisor de Weierstrass limite associado é o divisor de Weil dado? Também em [7], Teorema 6 acima citado, Esteves e Salehyan
12 apresentam uma solução para curvas estáveis nas quais cada componente intersecta todas as outras. Usando uma caracterização das estruturas enriquecidas dada por L. Mainò em [12], eles identificam os divisores de Weil em C que são limites de divisores de Weierstrass. Nesta tese aprofundamos a discussão acerca do problema da regeneração para curvas com três componentes. Trabalhando sob as mesmas condições de generalidade de [7], apresentamos uma resposta mais precisa, encontrando uma suavização regular π : S B tal que o divisor de Weierstrass limite de π é o divisor de Weil dado. Deixamos claro quais parâmetros estão envolvidos na regeneração de um divisor de Weil e como eles afetam o processo. Por fim, construímos uma variedade que parametriza os divisores de Weierstrass limites em uma curva nodal com três componentes irredutíveis. No início do Capítulo 1 temos uma breve apresentação de sistemas lineares limites contendo os resultados básicos de [9]. Em seguida definimos estruturas enriquecidas da mesma forma feita por E. Esteves e N. Medeiros em [6]. Concluímos o capítulo estabelecendo as condições de generalidade assumidas por Esteves e Salehyan e apresentando os principais resultados de [7]. No Capítulo 2 discutimos condições suficientes para a existência de estruturas enriquecidas em curvas nodais redutíveis. Mostramos a relação entre a existência de estruturas enriquecidas e a Pergunta 2.3. Apresentamos uma resposta parcial para esta Pergunta, conveniente para mostrar a existência de estruturas enriquecidas para curvas nodais com três componentes irredutíveis onde cada componente intersecta todas as outras. No Capítulo 3 mostramos que, para l = 1,..., m, os inteiros que compõem a m-upla n (l) = (n (l) 1,..., n (l) m ), encontrada por Esteves e Salehyan em [7], são positivos, exceto n (l) l que é zero. Usamos este resultado para calcular a dimensão de espaços de seções de feixes canônicos. Na Seção 3.3 apresentamos a técnica que será usada nos Capítulos 4 e 5 para encontrar a variedade
13 dos sistemas canônicos limites com foco em uma componente. No Capítulo 4 introduzimos a noção de componente irredutível desbalanceada de uma curva nodal C. Construímos a variedade dos sistemas canônicos limites para curvas nodais com três componentes irredutíveis. O resultado principal desta tese é o seguinte Teorema, cuja demonstração está na página 80: Teorema 1. Seja C uma curva nodal com três componentes irredutíveis. Assuma que o gênero de cada componente seja positivo. Assuma que as componentes de C se intersectem em pontos em n (l) -posição geral, para cada l = 1, 2, 3. Assuma que δ 1,2, δ 1,3, δ 2,3 > 0. Se, para algum l {1, 2, 3}, C l for uma componente balanceada de C, suponha δ i,j 2, onde {l} c = {i, j}. Então, a variedade dos sistemas canônicos limites de C é um ponto ou birracional a um dos seguintes toros: K δ 1, K δ 2, K δ 3, K δl 1, K δl 2, K δl,i 1 onde l, i {1, 2, 3} são distintos. Na demonstração que apresentamos é necessário supor que as componentes irredutíveis da curva C sejam desbalanceadas. No Capítulo 5 discutimos direções nas quais acreditamos que os resultados dos Capítulos 2 e 4 possam ser generalizados. Finalmente, no Capítulo 6 descrevemos o algoritmo usado para calcular exemplos e apresentamos alguns desses. Uma implementação do algoritmo usando MAPLE está no Apêndice. Terminologia Para qualquer conjunto finito F, denote por #F a cardinalidade de F. Se G é um grupo e F um conjunto, defina G F como o grupo Π p F G. Se v é um elemento do grupo Z m, a representação de v na base canônica de Z m será (v 1,..., v m ). Se V é um espaço vetorial, a
14 dimensão de V será denotada dim(v ). Para um subconjunto I {1,..., m}, defina I c como {1,..., m} I. Se f é uma função, denotamos por Im(f) a imagem de f. Uma curva C projetiva, conexa, reduzida e nodal, definida sobre um corpo algebricamente fechado K de característica zero é dita apenas uma curva nodal C. O gênero aritmético de uma curva será dito apenas gênero de uma curva. Denote por C 1,..., C m as componentes irredutíveis de C e g 1,..., g m seus respectivos gêneros. Assumimos que as componentes irredutíveis de C se intersectam em pontos em posição geral. Sejam g o gênero e ω o feixe canônico de C. Nesta tese os divisores são assumidos como sendo de Weil. Não obstante, se o suporte do divisor está contido no lugar não singular da curva C, então o divisor de Weil será considerado como um divisor de Cartier. Se D é um divisor sobre C, então, para todo i {1,..., m}, a restrição de D a C i será denotada por D i. Para cada subconjunto I de {1,..., m}, denote D I := i I D i. O grau de um divisor de Weil n p p sobre C é a soma np. Denotaremos por D o suporte de um divisor D em C. Assuma m > 1. Para quaisquer i, j distintos em {1,..., m}, seja i,j o divisor de Weil em C reduzido cujo suporte é C i C j. Denote por δ i,j o grau de i,j. Faça i := j i i,j e := i<j i,j. Denote δ i :=grau( i ) e δ :=grau( ). Para cada par I, J de subconjuntos disjuntos de {1,..., m}, defina I,J := i I j J i,j e denote por δ I,J o grau do divisor I,J. Quando o subconjunto {i} aparecer como um índice, será escrito apenas i. Para cada subconjunto não vazio I {1,..., m}, seja C I := i I C i, a subcurva de C determinada por I. Denotaremos seu feixe canônico por ω I e seu gênero aritmético h 0 (C I, ω I )
15 por g I. De acordo com [10], página 61, a relação entre os feixes canônicos de C e C I é (1) ω CI = ωi ( I,I c). Se C I é conexa, como C é uma curva nodal, segue de [10], página 57, que g I = i I g i + i,j I i<j δ i,j #I + 1. Em particular, como C é assumida uma curva conexa, temos que g := m i=1 g i + δ m + 1. Assuma g i > 0 para cada i = 1,..., m. Seja B o espectro de um anel de valoração discreta R e ξ (resp. s) seu ponto genérico (resp. especial). Uma suavização de C é um mapa projetivo e plano π : S B, onde a fibra especial S(s) é isomorfa a C e sua fibra genérica S(ξ) é suave. Se π é uma suavização de C, seja ω π o feixe dualizante relativo de π. Então ω π é uma extensão invertível do feixe canônico da fibra genérica de π a S e sua restrição ω π (s) à fibra especial é o feixe canônico desta fibra. Mais informações sobre o feixe dualizante relativo podem ser encontradas em [16]. Uma suavização π : S B é dita regular se S é um esquema regular. Neste caso, C 1,..., C m são divisores de Cartier em S e qualquer divisor de Cartier suportado na fibra especial de π é uma combinação linear de C 1,..., C m. Note que C C m é um divisor principal de S, isto é O S (C C m ) = O S. Neste trabalho, todas as suavizações são assumidas regulares. Desta forma, uma suavização regular π : S B é dita apenas uma suavização π : S B ou S/B.
16 Capítulo 1 Introdução 1.1 Sistemas canônicos limites Seja C uma curva nodal e π : S B uma suavização regular de C, onde B = Spec(R) com R anel de valoração discreta. Para cada feixe invertível L ξ em S(ξ) existe um feixe invertível L em S tal que L(ξ) = L ξ. Tal feixe L é chamado uma extensão de L ξ a S. Por exemplo, se L ξ = O S(ξ) (D), onde D é um divisor de Cartier em S(ξ), então D é um divisor de Cartier em S e L := O S (D) é uma extensão de L ξ. Dada outra extensão M de L ξ a S, temos que (M L 1 )(ξ) = O S(ξ). Segue que existem inteiros n 1,..., n m tais que M = L O S (n 1 C n m C m ). Fixe um feixe invertível L ξ em S(ξ) e um subespaço vetorial não nulo V ξ H 0 (S(ξ), L ξ ) de dimensão r + 1. Dada uma extensão L de L ξ a S, temos o mapa de restrição L L ξ t t S(ξ) 16
17 que induz o mapa injetivo H 0 (S, L) H 0 (S(ξ), L ξ ). Defina V L := V ξ H 0 (S, L) H 0 (S(ξ), L ξ ). Temos que V L (ξ) = (V ξ H 0 (S, L)) k(ξ) = V ξ H 0 (S(ξ), L(ξ)) = V ξ. Observe que H 0 (S, L) é R-módulo livre de torção, onde R é anel de valoração discreta. Como V L H 0 (S, L), concluímos que V L é um R-módulo livre. Além disso, posto(h 0 (S, L)) = dim(h 0 (S(ξ), L ξ )) e o posto de V L é r + 1. Considere a inclusão V L H 0 (S, L). Se s H 0 (S, L) e f R {0} são tais que fs V L, então fs V ξ. Como V ξ é espaço vetorial sobre k(ξ), temos que f é uma unidade e concluímos que s V ξ. Portanto s V L. Isto mostra que o módulo H 0 (S, L)/V L é livre de torção e podemos obter a inclusão V L k(s) H 0 (S, L) k(s). Por outro lado, como s é o ponto especial de B e corresponde a um divisor principal, o mapa H 0 (S, L) H 0 (S(s), L(s)) tensorizado por k(s) origina o mapa injetivo H 0 (S, L) k(s) H 0 (S(s), L(s)). Obtemos o homomorfismo injetivo V L (s) H 0 (S, L)(s) H 0 (S(s), L(s)). Desta forma, mostramos que, dada uma extensão L de L ξ a S, o sistema linear (V ξ, L ξ ) em S(ξ) se estende ao sistema linear (V L, L) em S, e a restrição deste a S(s) é o sistema linear (V L (s), L(s)). Definição 1.1. Diz-se que (V L (s), L(s)) é um sistema linear limite.
18 Lema 1.2. Sejam C uma curva nodal e π : S B uma suavização regular de C. Sejam Y uma componente irredutível de C, e L ξ um feixe invertível em S(ξ). Então, existe uma extensão L de L ξ a S tal que o mapa V L (s) H 0 (Y, L(s) Y ) é injetivo. Demonstração: Sejam C 1,..., C m as componentes irredutíveis de C. Podemos supor Y = C 1. Seja E uma extensão de L ξ a S. Para qualquer sequência de inteiros n 1,..., n m, o feixe F := E O S (n 1 C n m C m ) também é uma extensão de L ξ a S. É possível encontrar n 1,..., n m tais que grau(f(s) Ci ) < 0 para todo 2 i m. Seja L este feixe. Então H 0 (C i, L(s) Ci ) = 0 para todo i 1 e obtemos as inclusões V L (s) H 0 (S(s), L(s)) m H 0 (C i, L(s) Ci ) = H 0 (Y, L(s) Y ), i=1 onde a segunda inclusão é dada pelo mapa H 0 (S(s), L(s)) H 0 (C 1, L(s) C1 ) H 0 (C m, L(s) Cm ) t (t C1,..., t Cm ). Lema 1.3. Sejam C uma curva nodal, π : S B uma suavização regular de C e Y uma componente de C. Fixe um feixe invertível L ξ em S(ξ). Suponha que L 1 e L 2 sejam extensões de L ξ a S tais que os mapas V Li (s) H 0 (Y, L i (s) Y ) sejam injetivos para i = 1, 2. Então existe uma extensão L de L ξ a S tal que L i = L(Di ), onde D i é um divisor de Cartier em S efetivo, suportado em C, tal que Y D i e V L V Li é um isomorfismo para i = 1, 2. Demonstração: Como L 1 e L 2 são extensões de L ξ a S, existe um divisor de Cartier D = n 1 C n m C m em S, suportado em C, tal que L 1 = L2 (D). Por outro lado,
19 C C m é um divisor principal. Portanto, para todo inteiro n, o divisor D n(c C m ) é linearmente equivalente a D. Escolhendo um n conveniente, podemos supor Y D. Faça D = D 1 D 2, onde D 1 e D 2 são divisores de Cartier efetivos e disjuntos. Seja F := L 1 (D 2 ). Observe que F = L 2 (D 1 ). Além disso, L i (D 3 i )(s) Y = L i (s) Y (D 3 i Y ) para i = 1, 2, onde D 3 i Y é a restrição de D 3 i a Y, o qual é um divisor de Cartier efetivo pois Y D 3 i. As inclusões de feixes L i (s) Y F(s) Y geram os mapas injetivos H 0 (Y, L i (s) Y ) H 0 (Y, F(s) Y ) para i = 1, 2. Do diagrama comutativo V Li (s) H 0 (Y, L i (s) Y ) V F (s) H 0 (Y, F(s) Y ), onde o mapa horizontal superior é injetivo por hipótese, concluímos que o mapa vertical à esquerda é injetivo. Como V F e V Li são R-módulos livres e ambos têm posto igual à dimensão de V ξ, segue que V F = V Li para i = 1, 2. Por outro lado, temos que L 1 ( D 1 ) = L 2 ( D 2 ). Denote este feixe por G. No diagrama comutativo G +D 1 L 1 +D 2 +D 2 +D L 1 2 todos os mapas são injetivos, o que também vale para o diagrama induzido F H 0 (S, G) H 0 (S, L 1 ) H 0 (S, L 2 ) H 0 (S, F).
20 Como D 1 e D 2 são disjuntos, concluímos que H 0 (S, G) = H 0 (S, L 1 ) H 0 (S, L 2 ) H 0 (S, F). Portanto V L1 V L2 = (V ξ H 0 (S, L 1 )) (V ξ H 0 (S, L 2 )) = V ξ H 0 (S, G) = V G V F e V L1 = V G = V L2. Faça L := G. Proposição 1.4. Sejam C uma curva nodal, π : S B uma suavização regular de C e Y uma componente de C. Fixe L ξ um feixe invertível em S(ξ). Existe uma única extensão L de L ξ a S tal que, se M é outra extensão de L ξ a S tal que o homomorfismo induzido V M (s) H 0 (Y, M(s) Y ) é injetivo, então existe um divisor de Cartier efetivo D em S, suportado em C, com Y D, tal que M = L(D) e o mapa injetivo induzido V L V M é um isomorfismo. Demonstração: Pelo Lema 1.2, existe uma extensão E 1 de L ξ a S tal que o mapa V E1 H 0 (Y, E 1 (s) Y ) é injetivo. Se E 1 satisfaz o afirmado, faça L := E 1. Senão, existe uma extensão M de L ξ a S tal que o homomorfismo V M (s) H 0 (Y, M(s) Y ) é injetivo mas não existe um divisor de Cartier efetivo D em S, suportado em C, com Y D, tal que M = E 1 (D). Considerando os feixes E 1 e M, segue do Lema 1.3 que existe uma extensão E 2 de L ξ a S e um divisor de Cartier efetivo D 1 em S, suportado em C tal que Y D 1, E 2 = E1 ( D 1 ) e V E2 V E1 é isomorfismo. Observe que o homomorfismo natural V E2 (s) H 0 (Y, E 2 (s) Y ) é injetivo. Se E 2 satisfaz o afirmado, faça L := E 2. Senão, podemos repetir o argumento acima, encontrando extensões E 1, E 2,..., E n de L ξ e divisores de Cartier
21 efetivos D 1, D 2,..., D n 1 em S, suportados em C, tais que Y D i, E i+1 = Ei ( D i ) e V Ei+1 V Ei é um isomorfismo para cada 1 i n 1. Em particular V E1 = VEn H 0 (S, E 1 ( D 1 D n )). Como V E1 é não nulo, este processo tem de parar para algum valor de n. Então existe n tal que L := E n é como afirmado. Observação 1.5. Se M é uma extensão de L ξ a S tal que V M (s) H 0 (Y, M(s) Y ) é injetivo, então, pela Proposição 1.4, existe um divisor de Cartier efetivo D em S, suportado em C, com Y D, tal que M = L(D). Portanto existe um mapa injetivo natural L M. Dizemos que L é uma extensão minimal de L ξ a S tal que o mapa V L H 0 (Y, L(s) Y ) é injetivo. Definição 1.6. Sejam C uma curva nodal, π : S B uma suavização regular de C e ω S(ξ) o feixe canônico da fibra genérica de π. Seja L uma extensão invertível de ω S(ξ) a S. Diz-se que L é um feixe canônico de π. O Teorema que se segue está em [17] e [9]. Teorema 1.7. Seja C uma curva nodal com componentes irredutíveis C 1,..., C m. Sejam π : S B uma suavização regular de C e s o ponto especial de B. Para cada l em {1,..., m} existe um único feixe canônico L (l) de π com as seguintes propriedades: 1. O homomorfismo canônico induzido V L (l)(s) H 0 (C l, L (l) (s) Cl ) é injetivo; 2. Para cada componente irredutível C i de C, com i l, o homomorfismo canônico induzido V L (l)(s) H 0 (C i, L (l) (s) Ci ) não é identicamente nulo.
22 Demonstração: Existência: Considere L (l) a extensão dada pela Proposição 1.4. O mapa V L (l)(s) H 0 (C l, L (l) (s) Cl ) é injetivo. Suponha, por absurdo, que exista uma componente irredutível C i de C, com i l, tal que o mapa V L (l)(s) H 0 (C i, L (l) (s) Ci ) é identicamente nulo. Então V L (l) ( C i ) = V L (l), contradizendo a minimalidade de L (l). Portanto V L (l)(s) H 0 (C i, L (l) (s) Ci ) é não nulo para cada i. Unicidade: Suponha que E seja um feixe canônico de π tal que V E (s) H 0 (C l, E(s) Cl ) é injetivo e, para cada componente irredutível C i de C, com i l, o homomorfismo canônico induzido V E (s) H 0 (C i, E(s) Ci ) não é identicamente nulo. Pela Proposição 1.4, existe um divisor de Cartier efetivo D em S, suportado em C, tal que C l D, E = L (l) (D) e o homomorfismo induzido V L (l) V E é um isomorfismo. Então V E = VL (l) H 0 (S, L (l) ) = H 0 (S, E( D)). Observe que cada seção de V E (s) se anula em D. Como V E (s) H 0 (C i, E(s) Ci ) não é identicamente nulo para todo i l e C l D, então D = 0 e E = L (l). Definição 1.8. Para cada l = 1,..., m, dizemos que L (l) é o feixe canônico de π com foco em C l. O sistema linear limite (H 0 (S, L (l) )(s), L (l) (s)) é chamado o sistema canônico limite de π com foco em C l. Para cada l {1,..., m}, ambos os feixes L (l) e ω π são extensões do feixe canônico da fibra genérica de S/B. Portanto, existem inteiros n (l) 1,..., n (l) m tais que L (l) = ωπ (n (l) 1 C n (l) m C m ). Além disso, como V L (l)(s) H 0 (C l, L (l) (s) Cl ) é injetivo, podemos supor n (l) l = 0. Desta forma obtemos a unicidade dos inteiros n (l) 1,..., n (l) m.
23 O seguinte resultado está em [6], página 277. Proposição 1.9. Sejam C uma curva nodal e C 1,..., C m suas componentes irredutíveis. Seja π : S B uma suavização regular de C. Se M é um feixe canônico de π tal que a restrição H 0 (S, M) H 0 (C j, M(s) Cj ) é não nula para cada j = 1,..., m, então, para cada l = 1,..., m, existem inteiros não negativos n (l) 1,..., n (l) m L (l) = M(n (l) 1 C n (l) m C m ), únicos, com n (l) l = 0, tais que onde L (l) é o feixe canônico de π com foco em C l. Demonstração: Fixe l {1,..., m}. Como M é um feixe canônico de π, existem inteiros n (l) 1,..., n (l) m, com n (l) l = 0, tais que L (l) (l) = M(n 1 C n (l) m C m ). Sejam D 1 := n (l) i 0 n (l) i C i e D 2 := n (l) i <0 n (l) i C i. Desta forma, D j é um divisor de Cartier em S efetivo, suportado em C, tal que C l D j para j = 1, 2. Além disso, L (l) = M(D1 D 2 ), onde D 1 e D 2 são disjuntos. Denote F := L (l) (D 2 ) e G := L (l) ( D 1 ). Observe que F = M(D 1 ) e G = M( D 2 ). Seja ξ o ponto genérico de S. Faça V ξ := H 0 (S(ξ), ω S(ξ) ). Como C l D 2, o mapa V F (s) H 0 (C l, F(s) Cl ) é injetivo e, pela Proposição 1.4, temos a igualdade V L (l) = V F. Como D 1 e D 2 são disjuntos, por procedimento análogo ao aplicado na demonstração do Lema 1.3, obtemos que V G = V L (l) V M V F. Portanto V G = VM e o homomorfismo injetivo V M (s) H 0 (C, M(s)) se fatora V M( D2 )(s) V M (s) H 0 (C, M( D 2 )(s)) H 0 (C, M(s)).
24 Por hipótese, V M (s) H 0 (C j, M(s) Cj ) é não nulo para cada j = 1,..., m. Concluímos que D 2 = Estruturas enriquecidas Seja C uma curva nodal com componentes irredutíveis C 1,..., C m. Para cada p, existem únicos i p, j p {1,..., m}, com i p < j p, tais que p C ip C jp. Tome parâmetros locais t ip e t jp de C ip e C jp em p, respectivamente. Dado λ Z m, seja λ p := λ jp λ ip. Para cada a K, defina o mapa E a : Z m Div(C) onde associamos λ Z m ao divisor de Cartier em C definido pela equação a λp p (t ip ) λp + (t jp ) λp = 0 em cada p e trivial nos pontos fora de. Então E a é um homomorfismo de grupos denotado estrutura préenriquecida de C. Por construção, E a depende da escolha de parâmetros locais para cada p, mas o conjunto formado por todas as estruturas pré-enriquecidas de C não depende, como mostrado em [6], página 291. Definição Um homomorfismo de grupos L : Z m Pic(C) é chamado uma estrutura enriquecida em C se existe uma estrutura pré-enriquecida E : Z m Div(C) tal que L(λ) = O C (E(λ)) para todo λ Z m. Exemplo (Cf. [6], página 291.) Seja C uma curva nodal e C 1,..., C m suas componentes irredutíveis. Tome S/B uma suavização regular de C. Para cada p, sejam ũ p = 0 e ṽ p = 0 equações locais para C ip e C jp em O S,p, respectivamente. Sejam u p e v p as restrições de ũ p a C jp e de ṽ p a C ip. Desta forma, u p e v p são parâmetros locais de C ip e C jp em p. Seja t um parâmetro local de B em seu ponto especial. Existe uma unidade ν O S,p tal que t = ν pũ p ṽ p. Seja ν p a restrição de ν p a C. Considere o elemento a K
25 cuja coordenada correspondente ao ponto p é ν p (p). A estrutura enriquecida determinada pela estrutura pré-enriquecida E a : Z m Div(C) é L : Z m Pic(C) e i O S (C i ) C. A sequência O S (C 1 ) C,..., O S (C m ) C é chamada uma base ordenada para a estrutura enriquecida, cf. [12]. Como C 1 + +C m é a fibra especial de S/B, temos que O S (C C m ) = O S. Isto nos permite calcular a autointerseção de C i. Para cada i = 1,..., m, fazendo Ĉi := C C i, obtemos (1.1) O S (C i ) Ci = OCi ( i ) e O S (C i ) Ĉi = OĈi ( i ). Esteves e Medeiros provam em [6], página 291, que toda estrutura enriquecida é do tipo apresentado no Exemplo 1.11: Teorema Seja C uma curva nodal e C 1,..., C m suas componentes irredutíveis. Então, para cada suavização regular S/B de C, existe uma estrutura enriquecida L de C tal que (1.2) L(λ) = O S (λ 1 C λ m C m ) C para todo λ Z m. Reciprocamente, para cada estrutura enriquecida L de C existe uma suavização regular S/B de C satisfazendo (1.2) Suavizações ao longo de direções gerais Fixe uma curva nodal C. Seja V C o espaço versal de deformações de C. Denote por N C o espaço normal em [C] V C ao espaço das deformações equissingulares de C. Uma suavização S/B de C está associada a um arco µ S em N C que passa pela origem. O seguinte Teorema está em [12], página 14.
26 Teorema Dada uma suavização regular π : S B de uma curva nodal C, seja µ S o arco correspondente a S/B no espaço normal N C. Então a estrutura enriquecida induzida em C por S/B depende apenas da direção tangente ao arco µ S na origem em N C. Para i = 1,..., dim(n C ), seja H i o i-ésimo hiperplano coordenado de N C. Defina N C := N C H i. Usando o Teorema 1.13, Laila Mainò demonstra o seguinte resultado na página 18 de [12]: Proposição Fixe uma curva nodal C. Existe uma correspondência bijetiva entre estruturas enriquecidas em C e classes de equivalência de deformações de primeira ordem em N C /. Na Proposição 1.14, é uma relação de equivalência para direções lineares em N C. 1.3 Interseções em posição geral Seja C uma curva nodal com componentes irredutíveis C 1,..., C m. Nesta seção, denotaremos o conjunto {1,..., m} por Λ. Fixe uma m-upla de inteiros n := (n 1,..., n m ). Um subconjunto I Λ será chamado n-balanceado se n i é constante para i I. Neste caso, faça n I := n i para qualquer i I. O inteiro n I é chamado o n-peso de I. Qualquer subconjunto não vazio I {1,..., m} pode ser decomposto, de forma única, em subconjuntos maximais n-balanceados. Estes subconjuntos são chamados as n-componentes de I. Reproduziremos a argumentação de [14], página 19. Para cada i, j Λ distintos, seja Σ i j um conjunto ordenado com δ i,j pontos simples de C i. Escolha os Σ i j de forma que Σ i j Σ i l = para i, j, l Λ distintos. Seja C a curva nodal obtida pela união de C 1,..., C m com a identificação ordenada de Σ i j e Σ j i para todo i e j. Seja Σ i,j o divisor de Weil reduzido em C com
27 suporte C i C j. Para cada I Λ não vazio, seja C I C a união das componentes C i para i I e ω I o feixe canônico de C I. Faça os conjuntos Σ i j variar. Diremos que as componentes de C se intersectam em pontos em n-posição geral se, para cada divisor efetivo D = i<j D i,j, com 0 D i,j i,j, e cada subconjunto n-balanceado I Λ, h 0 (C I, ω I ( i I j / I (1 + n j n i ) i,j D i,j )) h 0 ( C I, ω I ( i I j / I (1 + n j n i )Σ i,j E i,j )) para todas as possíveis escolhas de Σ i j e dos divisores efetivos E i,j tais que E i,j Σ i,j e grau(e i,j ) = grau(d i,j ) para todo i e j. Por semicontinuidade, se os Σ i j são escolhidos genericamente, então as componentes de C se intersectam em pontos em n-posição geral. Portanto a condição é geral. 1.4 Feixes gerais Seja C uma curva nodal, D C uma coleção de nós e f : C C a normalização parcial de C ao longo de D. Existe um mapa natural Φ : Pic(C) Pic( C) definido por pullback via f. Fixe [ L] Pic( C) e defina S := Φ 1 ([ L]). Considere o seguinte subconjunto de S S 0 := {[N] S h 0 (C, N) é mínimo}. Por semicontinuidade, S 0 é um subconjunto aberto não trivial de S. Além disso, como S é um toro, S é irredutível. Portanto S 0 é um subconjunto denso de S. O seguinte Lema pode ser encontrado em [7], página 5039.
28 Lema Seja C uma curva projetiva, reduzida, definida sobre um corpo algebricamente fechado K de característica zero. Seja D C uma coleção de nós e f : C C a normalização parcial de C ao longo de D. Sejam L um feixe invertível em C e L um feixe invertível geral em C tal que f L = L. Se, para cada p D, existe uma seção s H 0 (C, L) tal que s(p) 0, então h 0 (C, L) = h 0 ( C, L) #D. 1.5 O problema da degeneração E. Esteves e P. Salehyan apresentam em [7] uma resposta parcial para a pergunta proposta por Eisenbud e Harris (veja página 9 do Prefácio). Eles usam os resultados de [9] para encontrar sistemas canônicos limites quando as componentes da curva limite se intersectam em posição geral e a degeneração ocorre ao longo de uma direção geral. Em seguida eles usam os sistemas canônicos limites para encontrar os divisores de Weierstrass limites. Em [7] são tratados pontos de Weierstrass de ordem superior. No entanto, para aqueles de ordem um, os autores supõem que cada componente da curva limite intersecta todas as outras componentes O Lema numérico Seja Γ um grafo conexo, não orientado, com m vértices. Ordene os vértices. Para todos i, j {1,..., m} distintos, seja δ i,j o número de arestas entre o i-ésimo e o j-ésimo vértice. Seja δ := i<j δ i,j. Dados subconjuntos I, J {1,..., m} disjuntos e não vazios, seja δ I,J := δ i,j. Se I {1,..., m} é um subconjunto, denote I c := {1,..., m} I. i I j J
29 Para cada par de m-uplas de inteiros e = (e 1,..., e m ) e n = (n 1,..., n m ), defina ɛ e,n i := e i + j i (n j n i )δ i,j para cada i = 1,..., m. Fixado um subconjunto não vazio I {1,..., m}, seja ɛ e,n I := i I ɛ e,n i i,j I i<j δ i,j. Para cada m-upla de inteiros n = (n 1,..., n m ) e cada subconjunto não vazio I de {1,..., m}, seja m n I := máx{n i i I}. Faça m n :=. Se I {1,..., m} é não vazio, faça γ n I := 0 se mn I c mn I e γn I := 1 caso contrário. Fixado um subconjunto I {1,..., m}, defina h I i := 1 se i I e h I i := 0 caso contrário. Seja h I a m-upla (h I 1,..., h I m). Em [7], página 5046, E. Esteves e P. Salehyan demonstram o seguinte resultado. Lema Assuma δ i,j 0 para todo i e j. Fixe um inteiro l {1,..., m}. Seja e = (e 1,..., e m ) uma m-upla de inteiros tal que e 1 + +e m = δ. Então existe uma única m-upla de inteiros n = (n 1,..., n m ), com n l = 0, tal que para todo I {1,..., m} próprio e não vazio, γ n+hic I c ɛe,n I δ I,I c γ n+hi I. A prova deste Lema é essencialmente algorítmica. No Capítulo 6 apresentamos um algoritmo baseado em sua demonstração Divisores de Weierstrass limites Seja C uma curva nodal com componentes irredutíveis C 1,..., C m, as quais possuem gêneros g 1,..., g m, respectivamente. Sejam ω o feixe canônico de C e g o gênero de C. Para
30 cada l = 1,..., m, seja e (l) = (e (l) 1,..., e (l) e (l) j := m ) a m-upla de inteiros definida por g j 1 + δ j se j l g l g + δ l se j = l. (1.3) Observe que, para cada l, e (l) e (l) m = δ. Assuma que δ i,j 1 para todo i e j. Seja Γ o grafo dual de C, com os vértices ordenados de acordo com a ordem das componentes irredutíveis de C. Para cada l = 1,..., m, seja n (l) = (n (l) 1,..., n (l) m ) a única m-upla de inteiros n (l) dada pelo Lema Defina L n(l) π := ω π (n (l) 1 C n (l) m C m ). Denote por L n(l) π e L n(l) π,i as restrições L n(l) π C e Lπ n(l) CI, respectivamente. Recorde a notação estabelecida na Seção Terminologia. A Proposição seguinte pode ser encontrada em [7], página Proposição Fixe l {1,..., m}. Assuma que as componentes de C se intersectem em pontos em n (l) -posição geral. Seja π : S B uma suavização regular de C ao longo de uma direção geral. Assuma δ i,j 0 para todo i e j. Então: 1. h 0 (C {l} c, L n(l) π,{l} c ( l )) = 0; 2. h 0 (C {i} c, L n(l) π,{i} c ( i )) < g para cada i {l} c ; 3. h 0 (C, L n(l) π ) = g. Seja π : S B uma suavização regular de C. Faça V ξ := H 0 (S(ξ), ω(ξ)). Para cada extensão invertível L de ω(ξ) a S, seja (V L (s), L(s)) o sistema linear limite induzido por V ξ em C.
31 Definição O divisor de Weierstrass do sistema canônico completo da fibra genérica de π, i.e. o sistema completo de seções de ω(ξ), se estende a um único subesquema fechado W S que é plano sobre B. Dizemos que a fibra especial W π de W é o divisor de Weierstrass limite de π. O seguinte Teorema é o principal resultado mostrado por Esteves e Saleyhan em [7]. Teorema Para cada l = 1,..., m, seja e (l) a m-upla de inteiros dada por (1.3) e n (l) = (n (l) 1,..., n (l) m ) a única m-upla de inteiros estabelecida pelo Lema Assuma que as componentes de C se intersectem em pontos em n (l) -posição geral, para cada l = 1,..., m. Assuma que δ i,j 0 para todo i e j. Então: 1. Seja π : S B uma suavização regular de C ao longo de uma direção geral. Para cada l = 1,..., m, denote por W l o divisor de ramificação em C l do sistema linear das seções de L n(l) π,l gerado por H 0 (C, L n(l) π ). Então, como divisor de Weil, W π = W, onde W = m l=1 W l + i<j g(g 1 n (i) j n (j) i ) i,j. 2. Reciprocamente, seja M 1,..., M m uma coleção de feixes gerais invertíveis em C satisfazendo (a) M 1 M m = OC, (b) M i C{i} c = O C{i} c ( i ) para cada i = 1,..., m. Para cada l = 1,..., m, seja W l o divisor de ramificação em C l do sistema linear de seções de L (l) Cl gerado por H 0 (C, L (l) ), onde L (l) := ω M n(l) 1 1 M n(l) m m.
32 Então W, como dado acima, é o ciclo fundamental de um divisor de Weierstrass limite. O Lema 1.15 é necessário para a demonstração do Teorema Portanto, de acordo com a Seção 1.4, é necessário que os feixes M 1,..., M m sejam gerais.
33 Capítulo 2 Estruturas enriquecidas e suavizações regulares Seja C uma curva nodal com componentes irredutíveis C 1,..., C m. Recorde a notação usada no Capítulo 1, Seção 1.2. Uma estrutura enriquecida em C é um homomorfismo de grupos L : Z m Pic(C) para o qual existe uma estrutura pré-enriquecida E : Z m Div(C) satisfazendo L(λ) = O C (E(λ)) para todo λ Z m. Neste capítulo seguiremos na mesma direção de [6], Seção Divisores de Cartier e ideais fracionários Seja C uma curva nodal com m componentes irredutíveis. Para cada i {1,..., m}, seja K i o corpo de funções racionais da i-ésima componente irredutível de C. Faça K := K 1 K m e veja cada K i dentro de K de forma natural. Para cada i em {1,..., m}, seja K i o feixe constante sobre C i associado a K i e K := K 1 K m. A ação de (K ) m em K 1 K m 33
34 dada por (K ) m K 1 K m K 1 K m ((c 1,..., c m ), (f 1,..., f m )) (c 1 f 1,..., c m f m ) induz uma ação em K. Seja Div(C) o grupo dos divisores de Cartier em C e Frac(C) o grupo dos ideais fracionários localmente principais em C. O mapa abaixo é um isomorfismo Φ : Div(C) Frac(C) D I(D) onde I(D) K é o ideal fracionário gerado em cada ponto p C pelo inverso de uma equação local de D em p. Via o isomorfismo Φ, a ação de (K ) m em K induz uma ação natural em Div(C). Para cada c (K ) m e D Div(C), esta ação será denotada por c D. Observação 2.1. Recorde a notação da Seção 1.3. Dado λ em Z m, seja I um subconjunto de {1,..., m} λ-balanceado. Seja E : Z m Div(C) uma estrutura pré-enriquecida em C. Afirmamos que O C (E(λ)) CI = OCI ( i I j / I (λ j λ i ) i,j ). De fato, considere o isomorfismo Φ : Div(C) Frac(C). Fixe p. Sejam i p, j p {1,..., m}, com i p < j p, os únicos índices tais que p C ip C jp. Faça λ p := λ jp λ ip. Por definição, a equação de E(λ) em p é a λp p (t ip ) λp + (t jp ) λp = 0 para algum a p K. Se {i p, j p } I, então λ p = 0 e teremos que E(λ) é trivial em p. Se i p I e j p / I, então o ideal I(E(λ) CI ) p é gerado pelo inverso da equação local de E(λ) em p, ou seja, por t λp i p. A seguinte Proposição está em [6], página 289. Proposição 2.2. Seja C uma curva nodal com componentes irredutíveis C 1,..., C m. Suponha que D e D são divisores de Cartier em C tais que D Ci = D Ci para cada i = 1,..., m. Então D D se, e somente se, existe c (K ) m tal que D = c D.
35 Demonstração: Sejam I(D) K e I( D) K os ideais fracionários associados a D e D. Como D Ci = D Ci para cada i = 1,..., m, então I(D)O Ci = I( D)O Ci para todo i. Segue que (2.1) I(D)O C1 I(D)O Cm = I( D)O C1 I( D)O Cm K. Sabemos que D D se, e somente se, I(D) = I( D). Pela relação (2.1) isto ocorre se, e somente se, existem automorfismos ψ i de I(D)O Ci tais que ψ(i(d)) = I( D), onde ψ = (ψ 1,..., ψ m ). Como I(D)O Ci é um feixe invertível, temos que Hom(I(D)O Ci, I(D)O Ci ) = K, para cada i = 1,..., m. Então ψ i é a multiplicação por algum c i K. 2.2 Sobre a existência de estruturas enriquecidas Fixe um homomorfismo de grupos Ψ : Z d Pic(C). Nesta seção, discutiremos condições sobre um homomorfismo λ : Z d Z m para que exista uma estrutura enriquecida L : Z m Pic(C) satisfazendo (2.2) Ψ = L λ. Na análise que se segue, reduziremos esta questão a outra puramente algébrica, cf. [6], páginas Nesta seção, o conjunto {1,..., m} é denotado por Λ. Fixe um homomorfismo de grupos λ : Z d Z m. Para cada I Λ, defina o grupo abeliano H I := {l Z d λ(l) i = λ(l) j para todo i, j I}.
36 Suponha que exista uma estrutura enriquecida L : Z m Pic(C) satisfazendo a Equação (2.2). De acordo com a Observação 2.1, para cada I Λ, (2.3) Ψ(l) CI = OCI ( i I (λ(l) j λ(l) i ) i,j ) para cada l H I. j / I Considerando conjuntos unitários {i} Λ, obtemos Ψ(l) Ci = OCi ( j i (λ(l) j λ(l) i ) i,j ) para cada l Z d. Esteves e Medeiros provaram em [6], página 294, que existe um homomorfismo Ψ : Z d Div(C) tal que (2.4) Ψ(l) = O C ( Ψ(l)) para cada l Z d e (2.5) Ψ(l) Ci = j i (λ(l) j λ(l) i ) i,j para cada l Z d e i Λ. Pela definição de estrutura enriquecida, existe L : Z m Pic(C) satisfazendo (2.2) se, e somente se, existe uma estrutura pré-enriquecida E : Z m Div(C) tal que (2.6) Ψ(l) = O C (E λ(l)) para cada l Z d. Por raciocínio análogo ao da Observação 2.1, para qualquer estrutura pré-enriquecida E : Z m Div(C) também temos que E λ(l) Ci = j i (λ(l) j λ(l) i ) i,j, para todo l Z d. Como Ψ(l) Ci = Eλ(l) Ci para cada i = 1,..., m, as condições da Proposição 2.2 são satisfeitas. Portanto, dada uma estrutura pré-enriquecida
37 E : Z m Div(C), a Equação (2.6) é satisfeita se, e somente se, existe um homomorfismo c : Z d K Λ tal que (2.7) E λ(l) = c(l) Ψ(l) para cada l Z d. Podemos fazer uma análise mais detalhada considerando parâmetros locais. Para cada p, seja i p, j p Λ, com i p < j p, os únicos índices tais que p C ip C jp. Defina λ(l) p := λ(l) jp λ(l) ip. Sejam t ip e t jp parâmetros locais de C ip e C jp em p, respectivamente. A Equação (2.5) indica que existe um único homomorfismo φ : Z d K tal que φ(l) p (t ip ) λ(l)p + (t jp ) λ(l)p = 0 é uma equação local para Ψ(l) em p, para cada p e l Z d. Usando este homomorfismo, obtemos a seguinte equivalência: existe um homomorfismo c : Z d K Λ e uma estrutura pré-enriquecida E : Zm Div(C) tal que a Condição (2.7) é satisfeita se, e somente se, existem a K e um homomorfismo c : Zd K Λ tal que (2.8) a λ(l)p p = c(l) i p c(l) jp φ(l) p para cada p e l Z d. Seja I um subconjunto de Λ. Suponha que a Condição (2.3) seja válida. Defina Ψ I := Ψ HI e λ I := λ HI. Existem isomorfismos Ψ I (l) = O CI ( Ψ(l) CI ) e Ψ I (l) = O CI (E λ I (l)) para cada l H I. Observe que, novamente pela Observação 2.1, para qualquer estrutura pré-enriquecida E : Z m Div(C) temos que E λ(l) CI = i I (λ(l) j λ(l) i ) i,j, j / I
38 para todo l H I. Portanto, pela Proposição 2.2, o isomorfismo O CI ( Ψ(l) CI ) = O CI (Eλ I (l)) é equivalente à existência de um homomorfismo c I : H I K I tal que (2.9) E λ I (l) = c I (l) Ψ(l) CI para cada l H I. Além disso, por argumento similar ao apresentado no parágrafo anterior, existe um homomorfismo c I : H I K I e uma estrutura pré-enriquecida E : Zm Div(C) tal que (2.9) é satisfeita se, e somente se, existem a K I, onde I é o divisor de Weil reduzido correspondente à soma dos nós redutíveis de C I, e um homomorfismo c I : H I K I tal que a λ(l)p p = c I(l) ip c I (l) jp φ(l) p para cada p I e l H I. Para cada nó redutível p de C I temos λ(l) p = 0, portanto a Equação (2.9) é válida se, e somente se, (2.10) c I (l) ip c I (l) jp φ(l) p = 1 para cada l H I e p nó redutível de C I. Se (2.8) é satisfeita para certos a K e c : Zd K Λ, então (2.11) c(l) ip c(l) jp φ(l) p = 1 para cada p e l H {ip,j p}. Como podemos ver em [6], página 295, a recíproca desta afirmação também é verdadeira, i.e. dado um homomorfismo c : Z d K Λ tal que (2.11) é válida, então existe a K tal que (2.8) é satisfeita. Tendo em vista as considerações desta seção, a existência de uma estrutura enriquecida L : Z m Pic(C), tal que a condição Ψ = L λ
39 é satisfeita, é consequência de uma resposta afirmativa à seguinte Pergunta: Pergunta 2.3. Seja φ : Z d K um homomorfismo de grupos. Suponha que, para cada I Λ, exista um homomorfismo de grupos c I : H I K I tal que c I (l) ip c I (l) jp φ(l) p = 1 para todo p I e l H I. Existe um homomorfismo c : Z d K Λ tal que c(l) ip c(l) jp φ(l) p = 1 para todo p {ip,j p} e l H {ip,j p}? O resultado abaixo está em [6], página 295. Ele foi mostrado usando o raciocínio desenvolvido nesta seção. Além disso, ele foi utilizado por Esteves e Medeiros para a obtenção de estruturas enriquecidas em reduções semi-estáveis de curvas com duas componentes irredutíveis. Proposição 2.4. Seja λ : Z d Z m um homomorfismo de grupos. Para cada I Λ seja H I := {l Z d λ(l) i = λ(l) j para todo i, j I}. Seja P uma coleção de subconjuntos não vazios de Λ. Para cada I P, seja h I o menor inteiro em Λ para o qual h I I. Faça T := P {{i} i Λ}. Assuma as seguintes condições: 1. Para cada par i, j Λ de elementos distintos com C i C j, o subgrupo H {i,j} Z d é gerado por todos os H I com I P tais que i, j I. 2. Para cada h Λ, os H I, para todo I P com h I e h I < h, são distintos e linearmente dependentes.
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