Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União PARECER. Recurso contra resposta incompleta ao pedido de acesso à informação. Sem restrição.

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1 Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União PARECER Referência: / Assunto: Restrição de acesso: Ementa: Órgão ou entidade recorrido (a): Recorrente: Recurso contra resposta incompleta ao pedido de acesso à informação. Sem restrição. Informações Diversas; acesso à Justiça Informação incompleta Tentativa de Franqueamento de Acesso Análise CGU: incompetência da CGU como instância recursal dos pedidos feitos à DPU; Emenda Constitucional nº 7 Não conhecimento Considerações da CGU: Indicar a possibilidade de recurso para a instância competente, caso existente. Defensoria Pública da União DPU. C.R.S.G. Senhor Ouvidor-Geral da União, 1. O presente parecer trata de solicitação de acesso à informação, com base na Lei nº /2011, conforme resumo descritivo abaixo apresentado: RELATÓRIO Data Teor Todo o cidadão que não tem recursos para pagar um advogado na justiça tem direito a um advogado do Estado? Se sim, onde conseguimos no caso de ação trabalhista? Em 10/09/201 contato com servidores da DPU, afirmou-se que só se Pedido pegava causa trabalhista de doméstica. Com que embasamento isso é feito? Por que a Defensoria não pega outros casos de ações trabalhistas? Isso é uma decisão baseada na constituição? 21

2 Resposta Inicial Recurso à Autoridade Superior Resposta do Recurso à Autoridade Superior Recurso à Autoridade Máxima Resposta do Recurso à Autoridade Máxima 10/09/201 10/09/201 15/09/201 18/09/201 22/09/201 Informamos que a solicitação feita corresponde ao disposto na Lei Nº , de 18 de novembro de Lei de Acesso a Informação. Como sua necessidade é de assistência jurídica gratuita, procure uma unidade da Defensoria Pública da União mais próxima de sua residência, segue endereço (...). As informações não foram prestadas com embasamento. Ratifica a resposta anterior sem apresentar nova fundamentação. Não preciso apenas de assistência Jurídica gratuita e sim preciso de respostas por ter direito de informação quanto às perguntas iniciais: em contato com servidores da DPU, afirmou-se que só se pegava causa trabalhista de doméstica. Com que embasamento isso é feito? Por que a Defensoria não pega outros casos de ações trabalhistas? Isso é uma decisão baseada na constituição? (grifo meu) Em documento anexado, a DPU informa que a escassez de pessoal acaba limitando o âmbito de atuação da Defensoria, inclusive nas ações trabalhistas. São feitas observações sobre a vulnerabilidade jurídica das empregadas domésticas, destacando-se: o Sindicato dos Empregados Domésticos não detém efetivo serviço de prestação jurídica por meio de advogado. Além disso, muito comum que as causas trabalhistas domésticas, pela menor expressão pecuniária, não recebam a atenção dos advogados trabalhistas. Adiante, aborda-se a Convenção 189 da OIT e a PEC 78/10 que estende aos empregados domésticos os direitos assegurados aos demais trabalhadores urbanos e rurais. Por fim, conclui: em 201 a Defensoria Pública da União no Distrito Federal continua atuando somente nos pedidos de assistência jurídica gratuita apresentados por empregados domésticos cujo eventual processo judicial possa 22

3 Recurso à CGU 23/09/201 ser ajuizado nas varas de Brasília/DF. A constituição em seu artigo 5º informa que "o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recurso". De acordo com o Despacho anexo, a Defensoria Pública informa que não está mais fazendo essa ação para trabalhista, apenas para área de doméstica, no entanto, não informa a quem foi delegada. E no caso de não ter defensores suficientes para atendimento à pessoa que está necessitando de ação trabalhista e estando sem sustento deve-se proceder como? Se a defensoria não tem defensor para fazer valer o que é um direito fundamental do cidadão como se deve proceder? Nesta situação a União deve pagar um advogado para a causa? (grifo meu) É o relatório. Análise 2. Registre-se que o recurso foi apresentado à CGU tempestivamente e recebido na esteira do disposto no caput e 1º do art. 16 da Lei nº /2011 (Lei de Acesso à Informação, doravante LAI), bem como em respeito ao prazo de 10 (dez) dias previsto no art. 23 do Decreto nº 7.72/2012, in verbis: Lei nº /2011 Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se: (...) 1º O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido à Controladoria Geral da União depois de submetido à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior àquela que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias. Decreto nº 7.72/

4 Art. 23. Desprovido o recurso de que trata o parágrafo único do art. 21 ou infrutífera a reclamação de que trata o art. 22, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à Controladoria-Geral da União, que deverá se manifestar no prazo de cinco dias, contado do recebimento do recurso. 3. Quanto ao cumprimento do art. 15 da LAI c/c o art. 21 do Decreto n.º 7.72/2012, observase que consta da resposta que a autoridade que proferiu a decisão, em primeira instância, era a hierarquicamente superior à que adotou a decisão, assim como também consta que a autoridade que proferiu a decisão em segunda instância foi o dirigente máximo do órgão/entidade.. Primeiramente, a cidadã indaga sobre os fundamentos que justificam o fato de na esfera trabalhista a DPU somente acompanhar as causas apresentadas por empregados domésticos. Conforme sugere, tal conduta iria de encontro ao art. 5º, inciso LXXIV, que diz: LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos; 5. Em resposta, o recorrido faz referências ao Projeto Piloto de atuação na Justiça do Trabalho, direcionado ao Conselho Superior da Defensoria Pública da União. Parte do projeto é então apresentada: a DPU encontra na prestação da assistência jurídica trabalhista peculiaridades que prejudicam a atuação do Defensor: a)número elevado de demandas; b) enorme quantidade de audiências, o que ocasiona um maior dispêndio de tempo do Defensor no Fórum; c) elevado número de varas do Trabalho; d) maior tempo na composição da peça judicial, que é muito pautada em descrever detalhes minuciosos da demanda, o que requer por inúmeras vezes o contato telefônico/pessoal com o assistido, o que provoca um maior tempo no trabalho de gabinete. Todos os fatores citados acima demonstram que a continuidade da atuação trabalhista da forma que é prestada nos dias atuais levará ao claro colapso e inviabilidade do Projeto, além de prejudicar iniciativas extrajudiciais de assistência ao assistido. 6. O recorrido cita, então, alguns critérios referentes à escolha das causas apresentadas pelos empregados domésticos: 2

5 Destacamos que a eleição dos trabalhadores domésticos não prejudicará o acesso das demais classes de trabalhadores à Justiça, uma vez que na seara laboral é comum o advogado trabalhista prestar o serviço jurídico com a promessa de ganhos apenas com o êxito da demanda. Além disso, inúmeros são os sindicatos que possuem uma assistência jurídica efetiva. Mencionamos, ainda, que ao contrário das demais áreas do direito, o trabalhador possui a prerrogativa de ajuizar a ação sem o patrocínio de um advogado mediante o jus postulandi, bem como destacamos a existência de núcleos de faculdade que também prestam o serviço de assistência jurídica. (grifo meu) (...) Vale destacar que a categoria dos empregados domésticos é mais vulnerável e prejudicada quando se trata do acesso à justiça. Convém destacar que o Sindicato dos Empregados Domésticos não detém efetivo serviço de prestação jurídica por meio de advogado. Além disso, muito comum que as causas trabalhistas domésticas, pela menor expressão pecuniária, não recebam a atenção dos advogados trabalhistas. (grifo meu) 7. Sobre o fundamento jurídico para tal conduta, a DPU prossegue: Aliás, o atual momento é bem propício à atuação voltada ao trabalho doméstico em virtude da Convenção 189 da OIT, aprovada em durante a 100ª Convenção da referida organização internacional, que dispõe sobre o trabalho decente para os trabalhadores domésticos. Ademais, está em tramitação no Congresso Nacional a PEC 78/10 que, em consonância com a Convenção 189 da OIT, estende aos empregados domésticos os direitos assegurados aos demais trabalhadores urbanos e rurais. 8. Finalmente, a DPU conclui: Assim, em 201 a Defensoria Pública da União no Distrito Federal continua atuando somente nos pedidos de assistência jurídica gratuita apresentados por empregados domésticos cujo eventual processo judicial possa ser ajuizado nas varas de Brasília/DF. 9. Apresentados tais esclarecimentos, entende-se que não houve negativa de acesso à informação inicialmente demandada. 25

6 10. Já no recurso dirigido à CGU, a cidadã questiona sobre como deve proceder o trabalhador hipossuficiente que necessita de apoio para ter acesso ao Poder Judiciário. Sobre o tópico, verificase na resposta dada pelo Defensor Público-Geral Federal, indicação de que inúmeros são os sindicatos que possuem uma assistência jurídica efetiva. 11. Dando continuidade, a recorrente pergunta: Se a defensoria não tem defensor para fazer valer o que é um direito fundamental do cidadão como deve proceder? Nesta situação a União deve pagar um advogado para a causa? 12. Nota-se que tal solicitação inova em relação ao objeto do pedido inicial. A CGU entende ser inadmissível a realização de questionamentos que diferem do pedido inicial, isso porque sua aceitação implicaria a inobservância dos procedimentos legalmente fixados, não se admitindo a supressão de instâncias recursais. Referência: /2013-1, / , / e / Ementa: Projeto / planejamento estratégico Interesse social / interesse público inovação no pedido recursal não conhecimento. A inovação em sede recursal é, na verdade, um novo pedido que deveria ser feito com observância dos procedimentos previstos em lei, em especial no art. 11 da Lei de Acesso à Informação; assim, deveria o cidadão ter realizado novo pedido de acesso a informações. Se admitida, a apresentação de nova demanda, no texto do recurso à CGU, implicaria supressão das instâncias recursais internas ao órgão recorrido, pois não oportunizaria, às autoridades públicas inicialmente requisitadas, qualquer possibilidade de se manifestarem sobre as especificidades só posteriormente apresentadas. Ademais, acatar novo pedido em sede recursal implicaria diminuição do prazo de 20 dias para entrega da informação. (grifo meu) 13. A despeito de todas as considerações acima descritas, em relação ao objeto deste recurso, é preciso lembrar que o art. 16 da LAI prevê as únicas quatro situações em que é possível interpor recurso de mérito à CGU: 26

7 Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se: I - o acesso à informação não classificada como sigilosa for negado; II - a decisão de negativa de acesso à informação total ou parcialmente classificada como sigilosa não indicar a autoridade classificadora ou a hierarquicamente superior a quem possa ser dirigido pedido de acesso ou desclassificação; III - os procedimentos de classificação de informação sigilosa estabelecidos nesta Lei não tiverem sido observados; e IV - estiverem sendo descumpridos prazos ou outros procedimentos previstos nesta Lei. grifo meu. 1. Pontua-se que a DPU não mais é parte da administração pública federal em virtude da Emenda Constitucional nº 7/2013. Sendo assim, a Controladoria-Geral da União deixou de ser competente para apreciar em grau recursal os pedidos de acesso à informação feitos para a DPU. Nota-se que o presente recurso foi interposto em 29/09/201, ou seja, após a entrada em vigor daquela emenda. Ressalta-se que o sistema e-sic está sendo adaptado a fim de que o cidadão tenha conhecimento prévio dessa nova realidade. 15. Por fim, vale lembrar que o cidadão tem diversas alternativas para obter patrocínio em demandas judiciais na Justiça do Trabalho, a saber: a) sindicato da categoria profissional ao qual se vincula; b) núcleos de prática jurídica de instituições de ensino autorizadas pelo MEC, tais como o da Universidade do Distrito Federal (UDF) - Conclusão 10. De todo o exposto, opina-se pelo não conhecimento do recurso, uma vez que: não se caracterizou a negativa de acesso à informação prevista no caput do art. 16 da LAI; parte do objeto do recurso dirigido à CGU inovou em relação ao pedido inicial; desde a entrada em vigor da Emenda Constitucional nº 7 de 2013, a CGU não é competente para apreciar em grau recursal os pedidos de acesso à informação feitos à DPU. 27

8 11. Sugere-se orientar a autoridade de monitoramento da DPU que reavalie os fluxos internos para assegurar a observância das normas relativas ao acesso à informação, de forma eficiente e adequada aos objetivos legais, em especial recomenda-se: a) Informar em suas respostas ao cidadão a possibilidade de recurso, o prazo para propor o recurso e a autoridade competente para apreciar o recurso; b) Informar em suas respostas ao cidadão a incompetência recursal da CGU para pedidos de acesso à informação dirigidos à DPU em virtude da Emenda Constitucional nº 7/2013. ÍCARO DA SILVA TEIXEIRA Analista de Finanças e Controle D E C I S Ã O No exercício das atribuições a mim conferidas pela Portaria n da Controladoria-Geral da União, de 22 de agosto de 2013, adoto, como fundamento deste ato, o parecer acima, para decidir pelo não conhecimento do recurso interposto, nos termos do art. 23 do referido Decreto, no âmbito do pedido de informação nº /201-18, direcionado à Defensoria Pública-Geral da União- DPU. JOSÉ EDUARDO ROMÃO Ouvidor-Geral da União 28

9 PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Controladoria-Geral da União Folha de Assinaturas Documento: PARECER nº 3790 de 29/09/201 Referência: PROCESSO nº / Assunto: Recurso contra resposta incompleta ao pedido de acesso à informação. Signatário(s): JOSE EDUARDO ELIAS ROMAO Ouvidor Assinado Digitalmente em 29/09/201 Este despacho foi expedido eletronicamente pelo SGI. O código para verificação da autenticidade deste documento é: 68a2807_8d1aa2d2cdd25ee