UTILIZAÇÃO DOS RESULTADOS DE ANÁLISE DE LEITE: O SISTEMA DE INFORMAÇÃO DA CLÍNICA DO LEITE-ESALQ/USP
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1 UTILIZAÇÃO DOS RESULTADOS DE ANÁLISE DE LEITE: O SISTEMA DE INFORMAÇÃO DA CLÍNICA DO LEITE-ESALQ/USP Laerte Dagher Cassoli 1, Paulo F. Machado 2 Clínica do Leite ESALQ /USP Piracicaba, SP 1 Eng. Agrônomo, Gerente de Operações da Clínica do Leite ESALQ/USP 2 Professor Titular do Departamento de Zootecnia da ESALQ/USP e coordenador da Clínica do Leite 1 INTRODUÇÃO A entrada em vigor da Instrução Normativa 51 (IN-51) do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) em julho de 2005 causou aumento da demanda de análises de leite. Além das indústrias que já monitoraram a qualidade do leite de seus produtores por iniciativa própria, todas as outras ligadas ao SIF iniciassem este trabalho. Como se pode imaginar, cada laboratório tem gerado enorme volume de dados. Somente a Clínica do Leite da ESALQ/USP efetuo mais de 4 milhões de análises de leite nos últimos 10 anos. Somente em 2006 este número será na ordem de 2 milhões. Um grande questionamento que pode ser feito é em relação à utilização destes dados, ou seja, como transforma-los em informação para que esta possa ser utilizada efetivamente pelo setor com o objetivo comum de melhoria da qualidade do leite. O presente texto tem como objetivo apresentar o sistema de informação, desenvolvido pela Clínica do Leite, e que é disponibilizado as indústrias e aos produtores de leite para a análise, interpretação e utilização dos resultados de análise de leite. TIPOS DE ANÁLISES REALIZADAS A Clínica do Leite oferece aos seus clientes diferentes tipos de análise de leite, como descrito na Tabela 1. Tabela 1. Serviços oferecidos pela Clínica do Leite ESALQ/USP Análise Início Exigida pela IN-51 Gordura, Proteína, ESD 1996 Sim Contagem de células somáticas (CCS) 1996 Sim Contagem Bacteriana Total (CBT) 2004 Sim Nitrogênio ureico 2002 Não Resíduo de antibióticos (ATB) 2005 Sim Cultura e identificação de agentes causadores de mastite 2006 * - Antibiograma 2006 * - Análise de água (físico-químico e microbiológica)
2 Algumas destas análises são obrigatórias pela IN-51 e os laboratórios integrantes da RBQL foram estruturados para realizá-las. Outras são oferecidas em função da demanda gerada pelas industrias e pelos produtores. OBJETIVO DAS ANÁLISES a) Qualidade do leite O objetivo principal das análises de leite efetuadas pela RBQL, é sem dúvida alguma, avaliar a qualidade do leite. Qualidade pode ser avaliada pela quantidade de nutrientes presentes no leite, como também pela presença de substancias estranhas que venham a comprometer as características organolépticas do leite e seus derivados e o tempo de prateleira dos produtos. As principais análises para se avaliar a qualidade do leite são as análises de composição (gordura, proteína, sólidos totais), de contagem de células somáticas (CCS) e a contagem bacteriana total (CBT). b) Segurança Outro objetivo seria o de verificar a presença de substâncias estranhas que venham a comprometer a saúde de consumidor. A principal análise que vem sendo realizada é a análise de resíduo de antibióticos, mas outras como resíduos de pesticidas, antiparasitários e micotoxinas devem ser consideradas. c) Avaliação da sanidade da glândula mamária A análise de CCS é um bom indicador da prevalência de mastite no rebanho. Existe alta correlação entre a CCS do tanque (leite conjunto dos animais) e a prevalência da doença. Além disso, ao se efetuar a análise individual dos animais, pode-se traçar um estudo epidemiológico da doenças, conhecendo-se a prevalência, taxa de novas infecções e infecções crônicas. Estes indicadores são indispensáveis ao se elaborar um programa de controle da mastite. As análises de cultura e antibiograma são ferramentas dão suporte ao programa. d) Avaliação nutricional Assim como a CCS, as análises de composição e de nitrogênio ureico no leite podem ser utilizadas pelo produtor para definir ações de melhorias em relação ao status nutricional de seu rebanho. A análise do tanque possibilita uma visão geral, enquanto que a análise individual, um diagnostico de situação preciso como será discutido a diante. O SISTEMA DE INFORMAÇÃO DA CLINICA DO LEITE A Clínica do Leite tem focado seus esforços não somente em gerar o resultado de análise, mas também em como transformá-lo numa informação. Dentro deste conceito, a 2
3 própria tomada em decisão com base nesta informação é discutida periodicamente através de treinamentos voltados especificamente para produtores ou para as indústrias. O sistema é composto basicamente por dois softwares desenvolvidos para acesso via internet. O LeiteStat, desenvolvido para as industrias, e o RebStat desenvolvido para os produtores que efetuam análise individual dos animais. Ambos serão apresentados a seguir. O LEITESTAT O software pode ser acessado por diferentes usuários de qualquer computador conectado à internet (Figura 1). Sempre que um novo resultado de análise está disponível, o sistema envia um automático para todos os usuários. Foram desenvolvidos nove relatórios de apresentação e avaliação dos resultados descritos na Tabela 2. Tabela 2. Relatórios disponíveis no LeiteStat Relatório Objetivo Figura Relatório Lista os resultados de análise de leite para todos os produtores numa Figura 1 determinada data de análise selecionada pelo usuário. 2 Relatório 2 Exibe o histórico de análise por produtor. O usuário seleciona o tipo de análise e número de resultados anteriores que deseja visualizar Figura 3 Relatório Verifica, para cada produtor, se o resultado de gordura variou além do Figura 3 esperado, o que pode ser um indicativo de falha de coleta. O usuário 4 seleciona o resultado que deseja avaliar e estipula o limite de variação esperado entre o resultado atual e a média histórica. Produtores com variação acima do esperado são identificados Relatório Calcula media e desvio padrão, mês a mês, para cada tipo de analise. Figura 4 Relatório 5 Relatório 6 Relatório 7 Relatório 8 Exibe extrato individual de qualidade dos produtores, considerando as três ultimas análises. O usuário informa qual tipo de análise deve ser exibida e qual o valor maximo ou mínimo. Resultados fora do padrão são marcado em vermelho. O extrato pode ser impresso com a logomarca da empresa. Monta cartas de controle (gráficos) por produtor e por tipo de análise. Na carta de controle são exibidos os limites de variação em função do desvio padrão, e, com isso, visualizar se o processo está sob controle. Avalia se os produtores estão de acordo com os padrões mínimos de qualidade exigidos pela IN-51. O usuário seleciona o tipo de análise e qual mês deseja avaliar. No caso especifico da CCS e CBT, calcula média geométrica dos últimos 3 meses e compara com o limite maximo. Já calcula a porcentagem de produtores não conformes. Este relatório permite que o usuário faça seleções de produtores utilizando filtros. Por exemplo, selecionar produtores com gordura acima de 4,0% E proteína acima de 3,3 % Exibe gráficos de distribuição dos produtores para todas as análises. Relatório 9 Copyright Direitos autorais da Universidade de São Paulo (proibida a cópia ou reprodução) 3 5 Figura 6 Figura 7 Figura 8 Figura 9 Figura 10
4 4 Todos os relatórios podem ser exportados para o Excel ou impressos. O REBSTAT Assim como o LeiteStat, o software pode ser acessado por diferentes usuários de qualquer computador conectado à internet (Figura 11). Além disso, clientes que efetuam análise de seus animais em outro laboratório, que não o da Clínica, poderão adquirir este serviço. Foram desenvolvidos dez relatórios de apresentação e avaliação dos resultados, descritos na Tabela 3. Tabela 3. Relatórios disponíveis no RebStat Relatório Grupo Objetivo Figura Resultado Geral Lista os resultados de análise de leite para todos Figura 12 de análise os animais numa determinada data de análise de leite selecionada pelo usuário. Sanidade da Contagem Exibe para as dez ultimas análises de leite, a Figura 13 glândula de células prevalência da infecção, taxa de novas e de somáticas crônicas, além da distribuição dos animais em função da CCS (Escore linear EL) Histórico de Contagem Exibe o histórico de CCS de cada animal - animais de células somáticas Histórico de Contagem Exibe o histórico de CCS do tanque - tanques de células somáticas Animais Contagem Exibe os animais infectados (com CCS > 283 Figura 14 infectados de células mil) numa determinada data de análise. Identifica somáticas ainda os animais crônicos, ou seja, cuja CCS anterior indicava infecção. Avaliação Contagem Calcula as perdas financeiras decorrentes do Figura 15 financeira de células decréscimo da produção de leite somáticas Gráficos Contagem Este módulo exibe gráficos relacionados à CCS. Figura 16 de células Permite gerar gráficos da prevalência, taxa de somáticas novas e crônicas, além das médias de CCS. Avaliação Nutricional Utilizando resultados de proteína e nitrogênio Figura 17 nutricional ureico, é gerado gráfico de avaliação nutricional, em que é possível verificar o balanço de proteína e energia da dieta dos animais Histórico Nutricional Exibe histórico de cada animal para as análise de - individual composição e nitrogênio ureico. Gráficos Nutricional Gera gráficos de dispersão dos resultados de Figura 18 composição, em função da produção de leite dos animais ou do numero de dias em lactação. Copyright Direitos autorais da Universidade de São Paulo (proibida a cópia ou reprodução)
5 5 COMENTÁRIOS FINAIS Qualquer tipo de dado precisa ser transformado em informação para que tenha valor e que possa contribuir para a tomada de decisão. Além disso, o usuário precisa ser treinado em como utilizar estas informações para que possa elaborar planos de ações e atingir as metas que o seu negócio exige.
6 6 LISTA DE FIGURAS Figura 1. Tela de acesso ao LeiteStat Figura 2. Relatório 1
7 7 Figura 3. Relatório 2 Figura 4. Relatório 3
8 8 Figura 5. Relatório 4
9 9 Figura 6. Relatório 5 Figura 7. Relatório 6 Figura 8. Relatório 7
10 10 Figura 9. Relatório 8 Figura 10. Relatório 9
11 11 Figura 11. Tela de acesso ao RebStat Figura 12. Resultados de análise de leite
12 12 Figura 13. Relatório de Sanidade Glândula Mamária Figura 14. Lista de animais infectados
13 13 Figura 15. Avaliação financeira Figura 16. Gráfico de evolução da infecção
14 14 Figura 17. Gráfico de avaliação nutricional Figura 18. Gráfico de dispersão relação Gordura/Proteína x Produção de leite
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