ANÁLISE DO PERFIL DE FORÇA DE PREENSÃO PALMAR DE PRATICANTES DE JIU JITSU

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1 ANÁLISE DO PERFIL DE FORÇA DE PREENSÃO PALMAR DE PRATICANTES DE JIU JITSU Douglas Matias Gonçalves 1, Cynthia Maria Rocha Dutra 2 RESUMO: O Jiu-Jitsu é uma arte marcial cujo objetivo é arremessar o adversário ao solo e dominá-lo utilizando técnicas de imobilização, estrangulamentos e chaves nas articulações. Como essa modalidade esportiva é pouco estudada, o objetivo desse estudo é analisar o nível de força de preensão palmar de praticantes de Jiu-Jitsu e correlacionar tempo de treino e nível de força de preensão. Para a mensuração de força de preensão fez-se uso do dinamômetro da marca Jamar, com escala de 0 a 90 Kg (0 a 200 libras), precisão de 2 Kg (5 libras), e contando com ajuste do tamanho da mão/falanges para 5 posições diferentes. O protocolo aplicado seguiu as indicações do manual da American College Sport Medicine (ACSM) para avaliação do grau de força de preensão dos lutadores (ACSM, 2011). Este estudo é caracterizado como pesquisa de abordagem quantitativa e transversal. Participaram desse estudo 103 praticantes de jiu-jitsu do sexo masculino com idade média 26,49± que praticam essa modalidade a pelo menos 3 meses. Os dados obtidos foram idade 26,49±; IMC 26,49±; RCQ 85,75±; Tempo de Prática 25,81±; Frequência Semanal 5,18±; Dinamômetria direita 44,56±; Dinamômetria esquerda 9,60±. Concluise que praticantes de Jiu-Jitsu não possuem valores elevados de força de preensão palmar e não se obteve diferença significativa entre os praticantes com mais ou menos tempo de prática da modalidade. Palavras-chave: Preensão palmar. Jiu-Jitsu. Dinamometria manual. ABSTRACT: Jiu-Jitsu is a martial art whose goal is to throw the opponent to the ground and master it using techniques of immobilization, bottlenecks and keys in the joints. As this sports modality is little studied the objective of this study is to analyze the level of palmar grip strength of Jiu-Jitsu practitioners and to correlate training time and grip strength level. For the measurement of grip strength, the Jamar brand dynamometer was used, with a scale of 0 to 90 kg (0 to 200 lbs), a precision of 2 kg (5 lbs), and counting on hand size / phalanges to 5 different positions. The protocol applied followed the guidelines of the American College Sport Medicine (ACSM) manual to evaluate the degree of grip strength of the fighters (ACSM, 2011). This study is characterized as a quantitative and cross-sectional research. Participating in this study were 103 male jiu-jitsu players with a mean age of ± who practiced this modality for at least 3 months. The obtained data were age 26,49 ±; BMI ±; RCQ ±; Practice Time ±; Weekly Frequency 5.18 ±; Right dynamometry ±; Dynamometry left 9.60 ±. it is concluded that Jiu-Jitsu practitioners do not have high values of palmar grip strength and no significant difference was observed among practitioners with more or less practice time of the modality. Keywords: Palmar grip. Jiu Jitsu. Manual dynamometry. 1 Acadêmico do curso de Educação Física, Bacharelado, da Universidade Tuiuti do Paraná (Curitiba, PR); Contato: douglas230289@gmail.com 2 Professora orientadora. Dra. da Universidade Tuiuti do Paraná. Educação Física, Fisioterapia (Curitiba, PR).

2 2 INTRODUÇÃO O Jiu-Jitsu é uma arte marcial milenar criada na Índia por volta de 500 A.C. por monges budistas que buscavam um meio de se defenderem de ladrões e saqueadores. Pelas suas convicções não podiam utilizar armas, e por esse motivo criaram técnicas de luta com mãos livres para se defender (FAYAN, 2000). As duas palavras representativas desta arte marcial são apresentadas no idioma japonês pelos ideogramas que significam Ju - suave e Jitsu - a arte ou técnica (ROBBE, 2007). O Jiu-Jitsu é uma modalidade esportiva em que o lutador deve manter um controle físico intenso sobre o seu opositor e dominá-lo com sua força (RATAMESS, 1998; ASSIS; GOMES; CARVALHO, 2005). Desenvolvendo-se como uma luta de solo, é um desporto que exige enorme necessidade capacidades físicas com perfeito condicionamento, muito devido aos atletas estarem sujeitos a elevadas cargas de trabalho (DEL VECCHIO et al., 2007; GARRETT; DONALD, 2003). Por volta do século XV teve sua expansão por toda Ásia, ganhando muita força no Japão. Chegando ao Brasil em 1914 por meio de Mitsuyo Maeda, também conhecido como Conde Koma, que se instalou no estado do Pará, teve apoio de uma família local, mais precisamente de Gastão Gracie. Para demonstrar gratidão pelo apoio recebido, se dispôs a ensinar o Jiu-jitsu japonês tradicional ao filho mais velho de Gastão, Carlos Gracie. Carlos ensinou o Jiu-Jitsu para seus irmãos, Hélio seu irmão mais novo se destacou, mesmo com seu aspecto franzino e frágil, vencia oponentes fisicamente muito mais fortes utilizando as técnicas do Jiu-Jitsu (FAYAN, 2000). Para o mesmo autor, Hélio Gracie desenvolveu novas técnicas baseadas em alavancas mecânicas e assim deixou o esporte mais eficiente tornando o Jiu-Jitsu o primeiro esporte no mundo a trocar de nacionalidade criando e popularizando internacionalmente o Jiu-Jitsu brasileiro. Em conjunto com seus irmãos, em 1920, ao chegar ao Rio de Janeiro fundou a primeira academia de Jiu-Jitsu do Brasil. Assis, Gomes e Carvalho (2005) apontam esta luta desportiva como uma técnica de defesa pessoal que oportuniza ao mais fraco poder defender-se e derrotar um oponente fisicamente mais forte com o mínimo de esforço. Sua aplicação de leis físicas, tal como o sistema de alavancas, momentos de força, centro de gravidade e o estudo

3 3 cuidadoso dos pontos vitais do corpo humano, proporcionam aos seus idealizadores fazer do Jiu-Jitsu uma arte científica de luta. Na definição de que componentes físicos são necessários para o seu bom desempenho, a avaliação da força de preensão palmar, que tem várias utilidades e aplicações clínicas, é utilizada como indicador de força total e fornece um índice funcional de os membros superiores (BARROS et al., 2004). A força de preensão palmar é a capacidade de segurar objetos, realizar tarefas e imprimir forças por movimento e forças aplicados a um ponto (MOREIRA et al., 2011). A mensuração da força de preensão, utilizando-se de um dinamômetro, é um procedimento simples e de fácil utilização, sendo recomendada pela Sociedade Americana de Terapeutas de Mão (SATM) e pela Sociedade Americana para Cirurgia da Mão (SACM). Nacionalmente, existem vários instrumentos utilizados para a mensuração de força de preensão, mas nenhum é tão eficiente como o dinamômetro Jamar. Esse instrumento tem sido o mais aceito para a avaliação de força de preensão pela sua confiabilidade e por isso é considerado o padrão ouro (BARROS et al., 2004). Na sua maioria, os estudos sobre preensão são voltados para população não atleta, ou mesmo para população que possua alguma disfunção muscular ou articular. Pela sua importância, quer desportiva como funcional, existe a necessidade da realização de estudos de nível de preensão manual em diferentes modalidades esportivas (JUNIOR et al., 2009), muito como forma de se obter parâmetros para auxiliar na prescrição de treinamentos específicos, tal como para o desporto do Jiu-jitsu, com o que se poderá permitir, também, prevenir possíveis lesões. O objetivo desse estudo é determinar o nível de preensão em praticantes de Jiu- Jitsu, analisar o nível de preensão bilateral de praticantes de Jiu-Jitsu e correlacionar tempo de treino e nível de preensão palmar. METODOLOGIA Amostra Este estudo é caracterizado como pesquisa de abordagem quantitativa e transversal e foi conduzido visando identificar o grau de força de preensão palmar de praticantes de Jiu-jitsu.

4 4 Participaram 103 atletas de Jiu-jitsu, todos do sexo masculino, da faixa etária de 18 a 56 anos e praticantes há no mínimo 3 meses. Não apresentavam nenhuma lesão desportiva e concordaram com os termos, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Instrumentos e Procedimentos Para a mensuração de força de preensão fez-se uso do dinamômetro da marca Jamar, com escala de 0 a 90 Kg (0 a 200 libras), precisão de 2 Kg (5 libras), e contando com ajuste do tamanho da mão/falanges para 5 posições diferentes. O protocolo aplicado seguiu as indicações do manual da American College Sport Medicine (ACSM) para avaliação do grau de força de preensão dos lutadores (ACSM, 2011), e que contam com os seguintes procedimentos: 1. Colaborador presente na área de aquecimento pré luta antes de realizar os combates; 2. Colaborador posicionado em de pé para a realização do teste, e no presente estudo o teste visará o escore combinado para as mãos direita e esquerda (somatória das medidas de ambas as mãos); 3. A barra da preensão foi ajustada de tal forma que a segunda articulação dos dedos ficasse fletida ao cabo do dinamômetro; 4. O dinamômetro de preensão manual permanecia seguro pelos membros superiores paralelos ao lado do corpo, com os cotovelos flexionados a 90, estando o dinamômetro regulado, inicialmente, em zero; 5. O dinamômetro deve ser apertado com o máximo possível de força sem prender a respiração (para evitar a manobra de Valsalva). Permitiu-se a opção de estender o cotovelo, e outros movimentos corporais devem ser evitados; 6. Fez-se o registro da força de preensão em quilogramas, mas repetiu-se esse procedimento utilizando a mão oposta; 7. Repetiu-se o teste por três vezes com cada mão. O maior valor foi à medida da força de preensão manual considerada, e na sequência foi ser comparada com as normas apresentadas.

5 5 Análise Estatística Os resultados são apresentados como média ± desvio-padrão, e para comparar os resultados foi utilizado o teste de Pearson. RESULTADOS E DISCUSSÃO As características dos participantes estão demonstradas na tabela 1. Tabela 1 Caracterização da amostra total (n = 103) Máxima Média Mínima Idade 54 26,49 18 IMC 26,49 RCQ 85,75 Tempo de Prática ,81 3 (meses) Frequência Semanal 5, (dias) O objetivo deste estudo foi determinar o nível de preensão em praticantes de Jiu- Jitsu. Os sujeitos desse estudo foram 103 praticantes de jiu-jitsu do sexo masculino com idade media 26,49±. A tabela 1 mostra as características da amostra onde consta a idade 26,49; IMC 26,49; RCQ 85,75; Tempo de Prática média 25,81 meses; Frequência Semanal média 5,18 dias. Tabela 2 Resultados do Teste de Dinamometria da amostra total (n = 103) Média DV Dinamon Direita (Kg/f) 44,56 9,60 Dinamon Esquerda (Kg/f) 42,17 10,13 Tempo de Prática 25,81 2,32 (meses) Frequência Semanal (dias) 5,18 1,06 A tabela 2 mostra a média±desvio-padrão onde Dinamon Direita média de 44,56kg/f e DV ±9,60; Dinamon Esquerda média 42,17kg/f e DV ±10,13 isso mostra uma grande diferença entre força de preensão da mão direita em relação à mão esquerda. O Tempo de Prática média 25,81 meses e DV ±2,32; Frequência Semanal média 5,18 dias e DV ±1,06.

6 6 Os resultados foram divididos em Acima da média, Média, Abaixo da média e Precária (ACSM, 2011). Os valores obtidos através deste estudo apontam que somente 13% possuem valores de preensão Acima da Média; 8% com valores na Média; 5% com valores Abaixo da Média e 76% com valores Precários mostrando que praticantes de Jiu- Jitsu não possuem valores elevados de preensão manual. Estudos anteriores, como o de Franchini (2003), também encontraram valores reduzidos de preensão palmar em atletas de Jiu-Jitsu comparados a atletas de outras modalidades como de Judô. Claessens (1987) realizou um estudo em judocas belgas de alto nível encontrando valores muito superiores a atletas de Jiu-Jitsu (mão direita = 64,9 + 8,9 kgf; mão esquerda = 59,7 +8,8 kgf). Semelhantemente Andreato et al. (2011) afirma em seu estudo que atletas de jiu-jitsu possuem valores inferiores de preensão palmar comparado a atletas de Judô e Westling. O presente estudo constatou valores com diferenças entre mão direita e esquerda, mostrando que a grande maioria dos participantes tem seu lado de dominância o lado direito, ou seja, são destros. Segundo Moreira e colaboradores (2004), a maioria dos sujeitos destros apresentam em média 10% de força a mais na mão dominante, enquanto que para sinistros esta é a mesma para as duas mãos. De acordo com Borges Junior et.al. (2009) na grande maioria das vezes a mão dominante tem um melhor desempenho não apenas no quesito força, mas também tem menor variabilidade dos dedos. Franchini (2001) constatou que modalidades como Judô e Jiu-Jitsu mesmo não apontando níveis elevados de preensão palmar promovem aumento da resistência muscular na preensão palmar em ambas as mãos. Do mesmo modo Oliveira (2006) afirma que a prática de Jiu-Jitsu provoca um aumento significativo não da força, mas da resistência muscular para movimento de preensão palmar. A prática do Jiu-Jitsu proporciona alterações fisiológicas que se caracterizam pelo ganho de resistência muscular no movimento de preensão palmar (OLIVEIRA, 2006). No Jiu-Jitsu os praticantes são divididos em categorias de peso e faixas de graduação, isto é, lutadores com peso e graduação similares competem entre si, tornando o nível técnico proporcional, fazendo com que o condicionamento físico seja de extrema importância, tornando a resistência muscular de preensão palmar um fator determinante para o resultado da luta (GASPAROTTO, 2015). Mesmo havendo essas alterações fisiológicas nos praticantes dessa modalidade Oliveira (2006) afirma em seu estudo que o

7 tempo de pratica e a graduação são fatores não determinantes para o aumento de força de preensão palmar. 7 Diferente desses autores citados Lima e colaboradores (2014) realizaram um estudo com 30 atletas de Judô de nível competitivo, sendo formado por 15 faixas brancas e 15 faixas pretas, encontraram valores com diferenças significativas entre faixas de graduação. Dessa forma, concluíram que, quanto maior o tempo de prática nessa modalidade, maior o nível de preensão palmar em ambas as mãos. CONCLUSÃO Na análise dos resultados, conclui-se que no presente estudo praticantes de Jiu- Jitsu não possuem valores elevados de força de preensão palmar e não se obteve diferença entre os praticantes com mais ou menos tempo de prática da modalidade. Diante deste achado, propõe-se que sejam realizados novos estudos com essa população para que ocorram avanços científicos para esse esporte que está crescendo mundialmente.

8 8 REFERÊNCIAS ASSIS, M. M. V.; GOMES, M. I.; CARVALHO, E. M S. Avaliação isocinética de quadríceps e ísquios-tibiais nos atletas de jiu-jitsu. Revista Brasileira em promoção da saúde, Fortaleza, v.18, n.2, p.85-89, BIANCHI, S. Caracterização morfofuncional de atletas praticantes do Brasilian Jiu-Jitsu. 43 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, DA SILVA, J, L, F. Lesões no Jiu-Jitsu f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) Universidade Estadual Paulista, Júlio de Mesquita Filho, São Paulo, DANTAS, E. H. M. A Prática da preparação física. 5. ed. Rio de Janeiro: Shape, DEL VECCHIO, F. B. et al. Análise morfo-funcional de praticantes de brazilian jiu-jitsu e estudos da temporalidade e da quantificação das ações motoras na modalidade. Rev. Movimento & Percepção, São Paulo, v. 7, n. 10, p , FAYAN, D.D. Jiu-Jitsu: Um resgate histórico. 39 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade Estadual de Campinas, São Paulo, GARRETT, W. E; DONALD, T. K. Jr. A ciência do exercício e dos esportes. Porto Alegre: Artmed, GASPAROTTO, G. S. et al. Força de preensão manual em atletas de Jiu-Jitsu brasileiro: estudo comparativo entre graduações. Cinergis, v. 16, n.3, p , GURGEL, F. Manual do Jiu-Jitsu: Básico. Axcel Books do Brasil, São Paulo, v.1, p. 4-8, LIMA, M. C. et al. Força de preensão manual em atletas de Judô. Rev Bras Med Esporte, São Paulo, v. 20, n. 3, Mai/Jun, MOREIRA, V. Lactato sangüíneo: controle da produção, acúmulo, remoção e relação com o treinamento físico. Corpo em Movimento: revista de ciência do movimento humano e desporto/ universidade luterana do Brasil, Canoas: v.1, n.1, 2003.

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