ARACY MARIA BRAGA DE MIRANDA. FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE NITERÓI. O DESAFIO DAS INICIATIVAS: ROMPER BARREIRAS E CONCRETIZAR ESPAÇOS.
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- Marco Antônio Batista de Andrade
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1 ARACY MARIA BRAGA DE MIRANDA. FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE NITERÓI. O DESAFIO DAS INICIATIVAS: ROMPER BARREIRAS E CONCRETIZAR ESPAÇOS. Resumo: Quebrar paradigmas, gerar e concretizar iniciativas: esse foi o desafio lançado pela Rede Municipal de Educação de Niterói ao debruçar-se sobre a proposta de inserir mais uma língua estrangeira na matriz curricular das escolas de 3º e 4º ciclos o espanhol. Pensemos nas famosas armadilhas que, segundo Ezequiel Theodoro (...) se concretizam às escondidas enjauladas em palavras, em símbolos, em discursos. A proposta desta apresentação é expor o processo de implantação do Espanhol como língua estrangeira, com seus obstáculos, sucessos e insucessos, num movimento incessante para desenjaular palavras e discursos, reféns constantes das sucessivas armadilhas da educação. -Descrição do objeto Relato do processo da inclusão da LE Espanhol na matriz curricular das escolas de 3º e 4º ciclos, iniciado através do Projeto Língua Espanhola nas escolas da Rede Municipal de Niterói. - Descrição dos Objetivos A aprendizagem da língua espanhola como língua estrangeira deve oportunizar ao aluno a descoberta de novos horizontes culturais; o exercício da cidadania; a integração social; a motivação; o gosto pela expressão oral e escrita; o conhecimento e a ampliação de vocabulário específico que possibilite a leitura, a compreensão de textos e a escrita básica dessa língua. - Justificativa A aprendizagem de uma língua estrangeira é direito de todos os alunos do ensino fundamental. O ensino da língua espanhola no Brasil obedece a uma necessidade político-cultural porque reafirma os laços de latinidade e torna-se, para os alunos, mais um instrumento de mudança de seu entorno social pela apropriação de um novo sistema lingüístico e descoberta da pluralidade cultural latina. A construção de significados e de estilos de expressão da própria individualidade, através de uma outra língua/linguagem a da língua estrangeira reforça a tese da relevância do ensino de uma segunda língua como instrumento/ferramenta sócio cultural e não como um fim em si própria, para que o aluno faça um melhor sentido do seu dia-a-dia na sua cultura de origem, ao mesmo tempo em que passe a cultivar uma (...) percepção positiva da sua própria cultura e da cultura do outro: o sensibilizar-se interculturalmente.
2 Um pouco de história da Fundação Municipal de Educação A revolução científico-pedagógica do século XX lançou desafios e novas exigências para o terceiro milênio, indicando a proposta de adesão aos ideais de igualdade, considerando a democracia como eixo central do processo de transformação social. Nesse contexto, os municípios, por meio de suas políticas públicas na área social, como a educação, poderiam e deveriam ser palco de experimentações de alcance universal. As novas relações entre Estado e sociedade passaram a conferir cidadania a todos os sujeitos sociais, entendidos como sujeitos de direitos, e a rejeitar as diferentes formas de dominação e opressão, no plano econômico, político e cultural. Nessa perspectiva, coube aos governos locais, no seu cotidiano, transformarem-se em Escola de Cidadania. Entretanto, um novo período histórico sempre traz conflitos, contradições e dúvidas. Assim, a ousadia da mudança para o aprimoramento e a modernização da ação educacional fortaleceu a Cidade de Niterói, a ponto de começar o amanhã, investindo nos fazeres do cotidiano. Após intensos debates ocorridos, com a participação de atores políticos, de profissionais da educação e de instituições da sociedade civil, foi criada a FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE NITERÓI, com base na Lei n 924/91 e no Decreto n 6.172/91, visando garantir o aperfeiçoamento da gestão educacional e a autonomia necessária para a efetivação de atos administrativos ágeis, especialmente no tocante aos processos relativos às unidades municipais de educação. A Fundação Municipal de Educação (FME) avança buscando o diálogo como principal forma de mediação, ao adotar um amplo conjunto de medidas como a reformulação pedagógica com efetiva experimentação do sistema de ciclos; pleno reconhecimento do caráter escolar das Unidades Municipais de Educação Infantil; expansão da Rede Municipal, do ponto de vista do número de unidades escolares e das matrículas; recuperação e modernização das já existentes; valorização dos profissionais da educação, com o advento de um novo Plano de Cargos e com múltiplas ações de formação continuada; fortalecimento da gestão colegiada, seja no tocante aos Conselhos Escola-Comunidade, seja no que se refere aos Conselhos diretamente ligados à gestão educacional (Conselhos Municipais de Educação, do FUNDEF e de Alimentação Escolar); organização do Sistema Municipal de Ensino de Niterói; aprofundamento da promoção da leitura na escola e na Cidade; criação de uma promissora Rede de Bibliotecas Populares Municipais; avanço na inclusão digital, com os Telecentros; aposta nos projetos especiais; preocupação com a inclusão sócio-educacional de jovens, adultos e pessoas com necessidades educativas especiais; colaboração com a União, destacando-se a ampliação do Programa de Educação, Leitura e Escrita (PELE) e a implantação do Colégio Federal Pedro II, desde 2006.
3 - Procedimentos adotados O compromisso da Rede Municipal de Educação de Niterói de praticar uma educação comprometida com a formação global do educando, investindo no aprimoramento de seus conhecimentos, foi a base para a realização do Projeto Língua Espanhola nas Escolas da Rede Municipal de Niterói, configurando-se no marco inicial de um grande desafio: romper barreiras e concretizar espaços, através da inclusão de mais uma língua estrangeira espanhol - na matriz curricular dos 3º e 4º ciclos. Considerando a necessidade de esgotar todas as possibilidades e o tempo que o processo de inclusão da nova disciplina demandaria, o projeto foi lançado e oferecido nas doze unidades escolares de 3º e 4º ciclos em 2006 e, através dele, iniciou-se a trajetória para a inserção da Língua Espanhola. Objetivando a socialização da nova proposta/do novo ideal, estimulou-se a participação do corpo docente, de forma a conhecer as possibilidades e implicações para a inserção da futura disciplina no currículo escolar. O primeiro passo foi visitar unidades escolares e realizar reuniões com seus dirigentes, de forma que todos, de alguma forma, participassem do processo. O segundo, identificar profissionais graduados e habilitados em língua espanhola, pertencentes ao quadro permanente de funcionários da FME, colaborando para o reconhecimento de competências e valorização dos profissionais da rede municipal. Em seguida, uma parceria foi efetivada com a Universidade Federal Fluminense. Profissionais foram selecionados a partir do estudo de currículo, experiência profissional e entrevista para atuarem no projeto. AMPLIANDO POSSIBILIDADES DE FORMAÇÃO NO SISTEMA DE CICLOS: A OUSADIA DO PROJETO DE LÍNGUA ESPANHOLA NAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE NITERÓI O lançamento do projeto ocorreu, oportunamente, durante o Encontro Niterói com Espanha 2006, na Universidade Federal Fluminense, no mês de abril, com a participação de representantes das escolas municipais, da própria Universidade e da Fundação Municipal de Educação. O projeto foi oferecido, inicialmente, a 523 alunos dos 3º e 4º ciclos, da seguinte forma: aulas duas vezes por semana (2ª e 5ª feiras ou 3ª e 6ª feiras); no horário das 12h às 12h45min (de forma que atendesse aos alunos dos dois turnos) com turmas entre 20 e 35 alunos. Nas escolas de maior demanda, houve a formação de mais de uma turma. Plenamente desenvolvido no período de maio a novembro, o projeto contava com reuniões mensais para planejamento das aulas. O material didático utilizado foi produzido por cada um dos profissionais sob a supervisão da coordenação
4 pedagógica da Fundação Municipal de Educação e reproduzido por cada unidade escolar, a partir de temas que fossem atuais e de relevância. Durante os períodos letivos, verificou-se um processo de evasão dos alunos, ocorrido gradualmente. Diversos foram os fatores considerados, dentre os quais, o desconhecimento por parte do corpo discente em relação à relevância do aprendizado de mais uma língua estrangeira, assim como seu registro no currículo escolar; a falta de incentivo e acompanhamento por parte dos responsáveis; a evasão da própria unidade escolar, diante da necessidade da busca pelo trabalho; e também o horário das aulas. Na busca por conscientizar e recuperar tais alunos, estratégias foram traçadas durante a realização do projeto. Reuniões com os dirigentes das escolas, os alunos, responsáveis e professores foram realizadas em busca de sugestões que dinamizassem as aulas. Algumas turmas foram reorganizadas, em função de mudança dos dias das aulas, assim como a monitoração mais rígida da freqüência. Reavaliações do projeto foram procedimentos permanentes, com o objetivo de aprimorar e obter resultados cada vez mais positivos. O ano de 2007 trouxe novas expectativas. Conhecendo as dificuldades encontradas no ano anterior, uma nova proposta teve lugar, visando um maior envolvimento e compromisso do aluno, da unidade escolar e das famílias, de modo a diminuir o índice de evasão, fortalecendo a relevância para o ensino da língua: aulas às quartas-feiras somente para alunos do 6º ano do 3º ciclo; horário das 10h às 12h; somente 1 turma por unidade escolar; mínimo de 20 e máximo de 35 alunos; período de março a novembro; com participação mensal dos professores do projeto no planejamento das unidades escolares. Todas as unidades escolares e alunos do projeto receberam um dicionário, que serviu como um instrumento a mais para as conquistas diárias. Atualmente, além dos alunos do 6º ano, estão inscritos alunos da Educação de Jovens e Adultos bastante interessados e envolvidos no projeto, num total de, aproximadamente, 240 alunos. O MAIOR DESAFIO: A BUSCA PELA CONCRETIZAÇÃO DO ESPAÇO. A matriz curricular do Ensino Fundamental de 3º e 4º ciclos comporta, atualmente (Carta Regimento, pág. 44), 7 (sete) disciplinas de base nacional comum, assim distribuídas: 6 (seis) aulas de Língua Portuguesa; 6 (seis) de Matemática; 3 (três) de Ciências; 3 (três) de Geografia; 3 (três) de História; 2 (duas) de Educação Física e 2 (duas) de Educação Artística, além de 2 duas de parte diversificada: 2 (duas) aulas de Língua Estrangeira e 1 (uma) de Informática Educativa, totalizando uma carga horária de 28 tempos semanais. Considerando que as aulas de Informática Educativa servem para ampliar as possibilidades de aprendizagem para quaisquer disciplinas e que a Língua Estrangeira não está
5 especificada, abre-se uma grande porta para a inserção da língua espanhola no referido documento. Com base nessa possibilidade, as discussões têm avançado na busca de vencer o maior desafio: a concretização do espaço A proposta para a inserção da LE Espanhol foi lançada. Há que se considerar a atual carga horária semanal de 3º e 4º ciclos, assim como a relevância de cada uma das disciplinas componentes da matriz curricular para a formação do aluno. Um estudo cuidadoso das diversas possibilidades de implantação terá lugar nesse processo. O futuro reserva à FME grandes desafios. Aprofundar os avanços que vêm conquistando ao longo de sua trajetória de quinze anos através da educação, garantindo a dignidade e o exercício da cidadania, é uma de suas principais metas.
6 BIBLIOGRAFIA: Carta Regimento das Unidades de Educação Municipais de Niterói. Secretaria Municipal de Educação/Fundação Municipal de Educação: Niterói: 2003 NEVES, Iara Conceição B. Ler e escrever em todas as áreas: compromisso de todas as áreas. Porto Alegre: Ed. Da Universidade/ UFRGS, 1998 MATOS, Francisco Gomes de. Como aprender línguas positivamente. Revista Ave Maria. São Paulo, 1994) ABRAMOVICH, Fanny. O professor não duvida! Duvida? São Paulo: Summus, BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: AKREBERGER, Marianne. "A transferência na situação de duas línguas próximas: o caso de português e de espanhol. México: CEB/UNAM, Aracy Maria Braga de Miranda: pós-graduanda em Gestão Escolar pela Universidade Cândido Mendes; Graduada em Letras Português/Espanhol pela Universidade Federal Fluminense; Coordenadora Pedagógica de Língua Espanhola da Fundação Municipal de Educação de Niterói; Coordenadora Pedagógica do Colégio Nossa Senhora da Assunção- Niterói. Contato eletrônico: ambmiranda@bol.com.br
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