Ferrugem. (Puccinia kuehnii) I - Histórico e Situação Atual
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- Inês Antunes Teixeira
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1 Ferrugem (Puccinia kuehnii) I - Histórico e Situação Atual A primeira citação de Puccinia kuehnii como agente causador de Ferrugem na cultura da Cana-de-Açúcar data de Todavia, somente no final da década de 1990 o fungo revelou-se de grande importância econômica ao setor açucareiro da Austrália, atacando a variedade Q124, que representava grande parte do plantel da cultura à época naquele país, causando perdas estimadas em 24% na produção em toneladas de pó por hectare (TPH). Em julho de 2007, foi então realizada a primeira detecção da praga no hemisfério ocidental, mais especificamente no Estado da Flórida, nos Estados Unidos da América. Até então, a ocorrência de Puccinia kuehnii se restringia ao continente oceânico e ao asiático. Ainda no ano de 2007 a praga foi detectada na Guatemala, Nicarágua e Costa Rica. No ano seguinte, sua ocorrência foi confirmada no México, Panamá, El Salvador e Jamaica. A dispersão de pragas vulgarmente conhecidas como ferrugens a curtas, médias ou longas distâncias ocorre principalmente por correntes de ventos, que transportam os esporos do fungo de uma região para outra. Além disso, o homem pode ser vetor da praga ao transportar propágulos nas roupas, calçados, na bagagem e através da movimentação de material vegetal. Quatro décadas de qualidade marcam a história da Charbel Como forma de salvaguardar o patrimônio nacional da cultura da Cana-de-Açúcar, que possui uma área plantada de aproximadamente 8 milhões de hectares, da introdução da praga, causada pela movimentação de material vegetal de plantas hospedeiras, o Departamento de Sanidade Vegetal promoveu, 1
2 como medida fitossanitária, a inclusão de Puccinia kuehnii na lista oficial de Pragas Quarentenárias Ausentes, constante da Instrução Normativa n 52/2007. Define-se como Praga Quarentenária Ausente aquela de importância econômica potencial para uma área em perigo, porém não presente no território nacional. Em 2008, quando a praga era, então, uma ameaça iminente, o Departamento de Sanidade Vegetal elaborou material técnico sobre a praga, com função de alerta, denominado Ferrugem Laranja: Ameaça Iminente aos Canaviais Brasileiros, contendo informações importantes de prevenção e recomendando a diversificação do plantel varietal, estabelecendo-se um limite máximo de 15% de área por variedade plantada nos canaviais das unidades produtoras. O material foi encaminhado a todas as Unidades da Federação com expressão econômica na cultura da cana-de-açúcar, tendo como público alvo: agentes de defesa fitossanitária, técnicos do setor sucroalcooleiro e cooperativas de produtores. Ainda no ano de 2008, com a publicação do Edital n 64, que normatizou o Projeto Defesa Agropecuária: Mais Ciência, Mais Tecnologia, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA e do Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT, já havia à disposição cientistas voltados para a pesquisa em Puccinia kuehnii. Esses também atuam junto com outros pesquisadores para a proposição de medidas fitossanitárias relacionadas com a entrada da praga em São Paulo. Em dezembro de 2009, foi oficialmente detectado, na região de Araraquara/SP, o primeiro foco da Ferrugem Alaranjada da Cana-de-Açúcar. A doença se manifestou de forma bastante agressiva em uma prévariedade CV14 (Centaurus) do programa de melhoramento Canavialis em um campo de multiplicação de clones. Neste campo, onde havia aproximadamente 40 genótipos, apenas a pequena parcela desta variedade tinha alto índice de infestação, dando indícios que isto poderá ser um fato recorrente na área canavieira paulista e do Centro-Sul brasileiro, que tem uma grande diversificação de uso de variedades. A variedade mais plantada ocupa aproximadamente 15% da área canavieira. A situação do Brasil, de maneira geral, é diferente da Austrália que em 2000, quando a Ferrugem Alaranjada se manifestou de maneira danosa, tinha 86% da área produtora ocupada com uma única variedade, a qual se mostrou extremamente suscetível à doença. No ano seguinte, houve uma queda de cerca de 30% de produtividade nessa região. Esse fato não deve ocorrer no Brasil pois há ação preventiva iniciada em 2007 e importantes e ativos programas de melhoramento de Cana-de-Açúcar, dentre eles o da Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroalcooleiro - RIDESA, do Centro de Tecnologia Canavieira - CTC, da empresa Canavialis S.A. e do Instituto Agronômico de Campinas - IAC. Os levantamentos que estão sendo realizados pelo MAPA e Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo SAA/ SP, por meio de seus órgãos de defesa fitossanitária, no primeiro momento, tem como principal objetivo o de mapear a dispersão da Ferrugem Alaranjada. Paralelamente, os programas de melhoramento já estão desenvolvendo ações conjuntas para caracterização de suas cultivares quanto à doença, aproveitando-se do fato do patógeno já es- 2
3 tar presente em São Paulo. Até o momento, em condições de campo, três importantes variedades apresentaram reação de suscetibilidade à doença. São elas a RB72454 (suscetível), SP (suscetível) e SP (suscetível). No entanto, devido à grande diversificação na adoção varietal por parte dos produtores, as três juntas compõem área de cultivo inferior a 10%, podendo ser rapidamente substituídas por outras dezenas de variedades com reação de resistência. Outro fato que nos tranqüiliza é a excelência do corpo técnico presente nas unidades produtoras. Esta excelência proporciona uma grande interface do setor produtivo com a área de pesquisa e desenvolvimento, o que nos faz prever que estratégias de proteção contra a Ferrugem Alaranjada serão adotadas em conjunto, por todos, de forma rápida e eficaz. Assim, pode-se adiantar que o uso de variedades resistentes será a principal medida fitossanitária a ser adotada no Brasil. Nesse item, o país é privilegiado pois tem esta tecnologia de forma abundante, fruto da excelência dos programas brasileiros que nos últimos dez anos liberaram aproximadamente 80 novas cultivares de Cana-de-Açúcar. 3
4 II - Fotos da Ferrugem Alaranjada Fotos 1 a 4. Sintomas da ferrugem alaranjada no campo (Araraquara/SP). Autor: SEDESA/DT/SFA/SP Foto 5. Pústulas contendo as urédias de Puccinia kuehnii em folhas de cana observadas em microscópio esteroscópico. Autor: Josiane Takassaki Ferrari(IB/APTA) Foto 6. Urediniosporos de Puccinia kuehnii observados em microscópio ótico. Autor: Josiane Takassaki Ferrari(IB/APTA)
5 III - Protocolo de Amostragem 01. Identificar plantas com possível sintoma de ferrugem alaranjada; 02. Coletar ao menos três secções de folhas de cana de 10 a 20 cm de comprimento com possíveis sintomas, envolvê-las em folha de papel de filtro ou papel toalha branco e acondicionar em saco plástico; 03. Lacrar e manter em local fresco e seco até o momento do envio (a amostra deve chegar ao laboratório em até 3 dias após a coleta); 04. Identificação da amostra: - Nome da propriedade; - Nome do responsável pela propriedade; - Endereço completo (incluindo CEP, telefones e endereço eletrônico); - Local de coleta (ponto georeferenciado); - Nome da variedade; - Idade e corte da planta; - Data da coleta; e - Responsável pela coleta. IV - Escala de dano Para avaliação da severidade da praga, utilizar a escala visual de Amorim para a Ferrugem Marrom, que classifica as variedades em suscetíveis, intermediárias e resistentes, com a utilização da folha +3 para efetuar as leituras. 5
6 V - Relação de Variedades Suscetíveis e resistentes De acordo com as informações disponíveis até o momento pelos levantamentos efetuados em São Paulo, as variedades RB72454, SP e SP apresentaram sintomas significativos de ferrugem alaranjada. As empresas que obtêm variedades de cana-de-açúcar por meio de programas de melhoramento devem informar aos seus clientes quais são as variedades resistentes. VI - Controle Químico O Mapa está analisando algumas solicitações de registro de fungicidas à base de estrobirulina + triazol para o controle da Ferrugem Alaranjada. Em face da severidade da praga em determinadas variedades e da importância econômica que a cultura da cana representa para o país, espera-se que alguns desses produtos estejam registrados até o mês de março. VII - Mapeamento Climático A primeira versão dos Mapas Espaciais de Favorabilidade à Germinação de Esporos de Ferrugem Alaranjada (Puccinia kuehnii) no Estado de São Paulo seguem abaixo e se referem aos meses de janeiro a novembro de Outras versões para outras regiões do país disponíveis em breve. MAPAS DE FAVORABILIDADE -20 Janeiro
7 -20 Fevereiro Março
8 -20 Abril Maio
9 -20 Junho Julho
10 -20 Agosto Setembro
11 -20 Outubro Novembro
12 -20 Dezembro
IV - somente tiverem registro de importação em data anterior a 12 de agosto de 1997.
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